"Cause it's a beautiful night

We're looking for something dumb to do

Hey, baby

I think I wanna marry you"

(Marry you)

Bruno Mars

Anabelle's part

–Você está tão linda, filha! -Meu pai falou, enquanto entrava no meu quarto.

–Obrigada, pai. -O olhei pelo reflexo do espelho da minha penteadeira.

–Anna, eu sei que o que você esta fazendo para com a nossa família é um sacrifício enorme e que nenhuma jovem da sua idade merecia passar por isso.

Meu pai falava como se tivesse cem anos de idade, ele tinha cabelos loiros iguais aos meus, só que seu penteado era parecido com o do meu irmão, um cabelo curto e bagunçado. Diferente dos olhos dele, os meus eram claros, enquanto os dele eram castanho-claro.

–Anna, eu amo você, e quero que saiba que esse casamento ajudará não só a nós como...

–Como a toda Vacancyville. -Completei, minha mãe falara a mesma frase meses atrás. -Vocês já me submeteram a essa situação, não precisam repetir as mesmas frases consoladoras.

–Anabelle? -Austin bateu na minha porta interrompendo meu breve diálogo com meu pai. -Preciso falar com você.

–Bom, vou deixá-los sozinhos, desçam em meia hora. -Meu pai se levantou do sofá que sentara e sorriu para mim e Austin.

–O que você deseja? -Falei, em tom falsamente doce, sentando na penteadeira e refazendo minha trança.

–Queria falar sobre o nosso beijo...

–De novo esse assunto, Pigplle? -Perguntei, rindo pelo nariz.

–Pigplle?

–Seu apelido, você odiava, não é?

–Sim, e continuo odiando.

–Ótimo. -Sorri satisfeita e continuei a fazer meu penteado. Ele suspirou derrotado e continuou a falar.

–Por que me deu aquele beijo?

–Bom, você e eu nunca nos beijamos, achei que você estivesse curioso com relação a mim e aos meus lábios. -Falei rindo.

–Por que você nunca se apaixonou por mim?

–Austin... -Olhei para ele com a cara de que a pergunta que ele me fez fosse necessária uma resposta. -Olha, você é um cara legal, tem um papo bacana e não é feio, mas acontece que eu não vejo futuro com você.

Austin's part

–Austin... -Ela falou, suspirando e amarrando seu cabelo. -Olha, você é um cara legal, tem um papo bacana e não é feio, mas acontece que eu não vejo futuro com você.

As palavras dela eram afiadas como facas perfurando diversas partes do meu corpo. Doíam igual.

–Sinto muito que pense assim.

–Você se acha, Monville. Lembra na quarta série, eu dividi meu bombom com você e você disse que gostava de mim e que seríamos amigos para sempre. Então, no dia seguinte você me empurrou no chão no parquinho da escola e pisou no meu lanche, dizendo que aquilo era uma porcaria, que eu era uma idiota.

Anabelle tinha uma memória incrível. Eu realmente fizera isso com ela.

–Não foi para te magoar, foi só uma coisa boba de criança.

–Bom, eu gostava muito de você naquela época. -Ela disse, então realmente Anabelle era apaixonada por mim.

Naquele tempo, nós éramos tão crianças. Bobos. E eu gostava muito dela,de todas as formas que se podia gostar de uma garota. E então, o irmão dela, Richard, descobriu e me mandou fazer aquilo tudo, xingá-la, humilhá-la. Ele tinha uma espécie de amor inexplicável pela irmã. Eu sabia que se eu contasse tudo isso para ela, com certeza Anna nem sua família acreditariam nisso.

–Eu gostava de você também, por que não acredita nisso?

–Olha, Austin, chega né? -Ela se levantou e alisou o vestido. -Aliás, quando nós formos maiores de idade, o cancelamento do casamento seja possível, talvez depois de um ano.

–Estão prontos? -Emma pergunta, enfiando a cabeça pela fresta da porta. -Lembrem-se, façam um bom teatrinho.

Eu e ela rimos, mesmo isso sendo um pouco doloroso para nós dois.