Earth Ruins escrita por MH Lupi


Capítulo 6
Capítulo 6 - Lembre-se.


Notas iniciais do capítulo

Alguns probleminhas (Entre eles, um monte de viagens, uma matrícula escolar, um priminho que só consegue dormir quando eu cuido dele, e uma irmã que ama destruir minha vida), me impediram de postar esse capítulo antes, mas, bem... Aqui vamos nós :3



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SKY

Enquanto eu entrava na base, alguns vigilantes olhavam pra mim e mexiam em suas armas. Eu não sou levado ao meu dormitório – Orion, três guardas e eu desviamos antes, na direção do bloco de celas.

Por um momento sinto um frio na barriga. Ficar naquelas celas é assustador, vazio demais. Mas nós continuamos andando até uma sala no final do corredor. Era totalmente branca, com uma mesa no meio. Acima dela, um luz pendia no teto, e duas cadeiras de metal. Eles não me algemam, o que me surpreende, quando me sento, Orion ocupa o espaço à minha frente. Uma grande janela negra ocupava grande parte da parede atrás dele, e eu imaginava quem estaria nos observando.

Orion assistia algo em algum tipo de aparelho televisivo, parecido com um celular. Seu semblante era assustador: Era sombrio, como se não soubesse o que pensar ou sentir.

Ele aperta algo na tela, e põe o retângulo negro na mesa.

Temos que conversar.

~~//~~

LUPUS

Elena ainda não tinha chegado quando eu desisti de tentar dormir. Sempre que tentava, via aqueles olhos vermelhos, e sua voz invadia minha cabeça.

Mas o pior de tudo era não lembrar. Não fazia ideia do que tinha acontecido: Os olhos estavam nítidos na minha mente. Pareciam duas chamas dançando no escuro - uma vermelha, e uma azul. Mas o que diabos ele falou? Tudo fica embaralhado nessa parte: As frases recortam uma as outras, se embaralhando, formando palavras que nunca ouvi na vida. As vezes pensava estarem em outra língua, mas eu reconhecia algumas sílabas.

Era uma em ponto quando fui até o porão. A passagem no quintal se abriu com um estalo, e tive que iluminar com o celular pra poder descer a pequena escadaria. Eu acendo a luz ao chegar no chão de metal.

A claridade apenas mostrava o que eu já conhecia: As estantes nos cantos com quatro malas de emergência, e os vários computadores de Elena, e algumas armas escondidas em compartimentos secretos. No centro, porém, três sacos de areia e alguns itens de combate estavam esperando pela sessão de chutes e socos. Eu pego um pequeno tecido em um dos balcões, e enrolo na minha mão.

Parecia que eu que daria o primeiro bom-dia. Ele veio em forma de um gancho de direita, e eu senti as vibrações passarem do meu braço pro saco de areia. Era como passava meu tempo: Socando coisas.

Eu vou pro meio dos três, e começo uma luta imaginária onde estou cercado. Acerto meu punho fechado nos três, nas barrigas de areia, nos rostos não-existentes, chuto costelas imaginárias.

Então fico entediado, e pego uma pistola do arsenal. Estou pra apertar o gatilho quando o alçapão se abre. Eu aponto a arma pra fora, enquanto vejo um salto alto descer as escadas. Isa aparece com uma expressão curiosa. O modo como ela olha pra mim não era como na boate. Ela fecha o alçapão atrás dela. Abro os braços, tombando a arma nos dedos. Não tinha percebido que estava ofegante.

–Posso ajudar?

Ela cruza os braços.

–Não consegue dormir?

Eu me sento na lona macia azul, cruzando as pernas. Agora que a adrenalina diminuía, eu sentia o frio. E minhas roupas leves de dormir não ajudavam exatamente. Isa se aproxima, tirando os sapatos. Ela soca os sacos de areia duas vezes, com golpes de box.

–Então Elena ainda não chegou – Ela fala, entre os socos – E você está com medo de dormir, ok. Eu até entendo, mas você tem que se concentrar.

Giro a pistola no meu dedo indicador, torcendo a boca.

–Sim, Isa, eu estou com medo, tenho o direito, sabe?

Eu coloco os braços atrás da cabeça, e me deito, olhando as luzes brilhantes do teto.

–Eu também estaria se fosse você – Ela diz, indo até uma das prateleiras. Não olho o suficiente para sabe o que ela pega. - Esses sonhos... Eu não tenho ideia como devem ser.

Um silêncio toma conta do porão. O vento balançava as árvores no jardim, sacudindo as folhas e formando um ruido permanente.

~~//~~

SKY

–Eu não sei. – digo, pela terceira vez. Orion não parecia acreditar em nenhuma das vezes. Ele apenas me olhava sério, e de vez em quando encarava a sua coisa.

–S, fale a verdade.

Eu bato os punhos na mesa, o que envia uma onda de dor pelo meu corpo. Orion se assusta por uma fração de segundos, mas não parece se abalar muito mais.

–Eu já disse que não sei! – grito – Eu apaguei quando o verme do seu filho armou contra mim. Porque você não vê a droga das gravações?

–Alguma coisa danificou as câmeras do centro, menos uma. – ele gira o dispositivo na mesa. Era uma grande tela, sem botões, apenas um retângulo de vidro e plástico preto. Eu assisto tudo sem me mover,

A câmera estava em um dos corredores laterais - E a visão era assustadoramente clara. Estava atrás de Argo, e eu podia ver a mim mesmo e os dois VBM’s atrás. Não tinha áudio, mas via os corpos deles tremerem. Não estava frio, disso eu lembrava. Eles estavam rindo. Eu vejo os flashes, todos de uma vez, e tudo explode em vermelho.

Ou melhor: Eu explodo em vermelho. Os projéteis não batem em mim, sendo interrompidos de sua trajetória como se tivessem atingido uma parede invisível. As labaredas aparecem do nada, como círculos surgindo da luz branca, então aumentam, fundindo-se num turbilhão de fogo ao meu redor.

Tudo treme quando vários relâmpagos caem ao mesmo tempo nos corredores, e a estrutura do labirinto treme. O fogo é encoberto quando o poço explode, e a água sobe em paredes, me cercando em uma grande orbe cristalina. Eu flutuava no meio de tudo, com os braços estendidos pros lados. A água se expande em funis, se lançando contra os VBM's. Eu– e eu nem sabia se ainda podia chamar aquilo disso - levanta o braça na direção de Argo, e, com mais um flash, a gravação é cortada. Tudo vira estática e chiado.

O horror em meu olhar deve ser obvio, porque Orion pega de volta seu dispositivo, e o guarda em seu casaco.

Isso, S, é o que aconteceu.

~~//~~

LUPUS

–São como os pesadelos que você tinha, não são? Aqueles em que você acordava gritando?

–Mais ou menos. Isso não foi um sonho; Eu estava acordado. Isso foi diferente, de algum jeito. Mas eu não... Me lembro exatamente como.

–Como assim você não lembra? – Isa pergunta, sentando no tatame comigo.

–Eu apenas não lembro direito. Eu sei que haviam olhos, e uma voz. Mas só isso.

–E aconteceu no meio de todo mundo? Quando

–Um pouco depois de vocês saírem pra dançar...

–Talvez eu possa te ajudar – ela muda de posição, ficando sobre as penas, olhando mais alto pra mim. – Eu poderia tentar a hipnose.

–Não, obrigado.

Eu tento levantar, e a resposta não é exatamente gentil ou sutil. Os sacos de areia giram em suas armações, que formavam um círculo no teto. Isa cruza os braços, e levanta uma sombrancelha.

–Eu posso, sério. Eu fiz isso com Elena quando ela teve os pesadelos.

–E ela não conseguiu dormir por três dias.

–Ela não conseguia dormir antes também, pra minha defesa. – Ela coloca as mãos nas laterais da minha cabeça. As suas mãos estavam geladas. A sua voz é calma e gentil. – É sério, eu posso e vou fazer isso. Agora, apenas relaxe. Durma.

~~//~~

SKY

O problema era que Orion estava completamente louco. E ele não era o único. Minha cabeça ainda estava girando quando ele me contou a boa notícia: Eu iria na missão. No final de tudo, eu era o último aluno de pé no labirinto. E um dos únicos conscientes também

Eu não estava exatamente certo disso até que ele me empurrou pelos corredores até meu quarto. Agora tinha acabado de estocar minhas roupas em uma mochila, e estava voltando ao hangar. O meu pulso direito latejava enquanto tentava paralisá-lo, o que era inútil, já que a cada passo ele estremecia de dor. A outra nave não estava ali, mas todos as outras vagas estavam agora ocupadas por outros helicópteros e picapes e SUV's. O silêncio era tão inquietante, era tudo tão uniformemente calmo, sem confusões. Vazio. Mas o barulho do helicóptero estava ali. O ruído agudo consistente do motor, que ninguém além de mim parecia nunca notar. E eu tentava me segurar nele.

E tinham os ecos. Eles ainda estavam na minha mente. E os dois pares de olhos. Eles também. Eu me lembrava agora. Do sonho. Mas só disso. Outra vez eu esquecia do que aconteceu, do passado.

Orion me conduz até um dos helicópteros, segurando meu ombro direito. Ele também tinha uma mochila nas costas, o seu sobretudo arrastando no chão. Os ruídos do metais se chocando dentro do tecido pesado de couro enquanto ele anda me assusta um pouco. Tinham armas ali, mais que uma, e bem letais nas mãos certas. E as mãos dele eram as certas. Ela entra por último, trancando a grande porta de metal negro.

–Orion...

Ele balança a cabeça, com um semblante sério.

–Não. - Fala, indo até algum tipo de bancada no meio da passagem. Quem colocaria aquilo ali? - Não temos tempo para conversas, S. Está é a sua primeira missão pós-coma, e uma das mais difíceis que irá participar no seu tempo de vida.

~~//~~

LUPUS

Eu acordo antes que Isa e Elena no dia seguinte – não sabia quando ela tinha chegado, mas eu ouvia o seu batimento cardíaco do outro lado da porta. -, descendo até a cozinha e preparando café, e me dando socos mentais por ser idiota o suficiente para deixar Isa brincar com a minha mente. Eu dormi na minha cama, isso era bom – Significava que não tínhamos passado a noite toda lá em baixo. A parte ruim era que eu não conseguia lembrar do que aconteceu depois que eu fechei os olhos. Isa estava falando comigo; Tentando me fazer lembrar.

Bem, isso não parece ter funcionado. E tinha me bagunçado ainda mais, porque quando eu tentei pegar o copo de café, minhas unhas cresceram e se curvaram, com uma coloração amarela e suja de vermelho. E eu apenas consigo retraí-las quando quando as enfio nas palpas das minhas mãos. O sangue que escorre lentamente pinga na mesa, manchando-a de vermelho. Quando solto o aperto nas mãos, as garras tinham desaparecido, e os cortes já se curavam. Tenho que jogar fora o pano com que limpo o sangue.

E a sensação volta com força outra vez, quando ponho as mãos cobrindo o rosto, e as subo pelo couro cabeludo, apertando meu cabelo.

O apito da cafeteira me assusta, e eu grunho com dor nos ouvidos. Esse era outro item na lista das coisas que não conseguia controlar – meu sentidos. E pelo jeito que os pelos no meu braço se eriçavam, pelo modo que minhas mãos tremiam quando chegava perto a xícara cheia de café, o frio na barriga – Eu lembro de sentir isso uma vez na minha vida. Sim, tudo isso, o que eu sentia...

Eu sentia a Morte.


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Notas finais do capítulo

Se vocês leram minha fic anterior, sabe que eu tenho um péssimo hábito de fazer coisinhas ruins com meus personagens. Então fiquem espertos, porque eu sou meio psicótico assim mesmo.
Vejo vocês por ai :3



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