Earth Ruins escrita por MH Lupi


Capítulo 3
Capítulo 3 - Galhos Mortais


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui estou eu, na véspera de ano novo :3
Certo, é possível que amanhã eu não tenha tempo de postar, e muito menos nno dia 1 [Isso significa que eu vou estar com tanta comida no estômago que vou hibernar, OU eu posso morrer depois do meu tio contar a piada do "Pavê ou pá comer"] então eu já vou programar o capítulo Quatro para Quarta-feira ou Quinta-feira [Sou indeciso, gente]; Até lá, Feliz Ano Novo galera u.u



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~~LUPUS

SAIO DE CASA E ENTRO NO QUINTAL, RELAXADO. Olho pro céu, vendo o laranja e amarelo tocar o azul-escuro e o roxo. Observo alguns insetos pairarem no ar, moscas, pernilongos, e alguns outros que não conseguia identificar a espécie, produzindo um leve zumbido irritante. Formigas andavam em filas por entre a grama macia verde, e um tanto quanto alta. Pelo jeito que cobria meus pés descalços, deveria ter sete centímetros. Meu olhar se volta pras teias de aranha escondidas entre os galhos de uma macieira, e nas folhas das bananeiras. Alguns pássaros me observavam, descansando nos galhos mais altos das árvores.

Eu vou até o fim do quintal. Devia ter o dobro do tamanho da nossa casa. Era grande – e isolado - o suficiente para suportar nossos treinamentos. A maioria deles, pelo menos.

Minha atenção se dirige pro buraco carbonizado no meio do tronco de uma das mangueiras. O meu sorriso aumenta quando me posiciono atrás da árvore e me sento, encostando minhas costas no tronco, um pouco depois de tirar minha camisa e jogá-la na sua frente. Então começo o passo um do meu plano de Como-se-vingar-de-alguém-que-te-jogou-em-uma-parede. A dor se espalha pelo meu corpo, enquanto meu Legado entra em ação. Os ossos em minhas costas se expandem pra trás e rasgam minha pele enquanto saem. Vejo os quatro pares de ossos, sujos com meu sangue, ascenderem-se e se curvarem pra frente, provocando em mim ondas de dor. Meu corpo treme, e eu seguro um grito, me curvando pra frente. Então a mesma coisa segue-se acima do meu lábio, em menor proporção. Meus olhos ardem, e eu os pressiono com as mãos, sentindo os pelos negros em meu rosto que tinham acabado de crescer. Quando a dor passa, me consigo mexer minhas oito novas patas de aranha, e os dois pedipalpos. Confesso que fico tentado a tentar atirar uma teia em algum lugar.

Estico minhas estranhas – e cabeludas – recém-recebidas patas de aranha. Deviam ter dois metros cada. Quando me apoio sobre elas, levanto meio metro do chão. As flexiono, e, segundos depois, estou em cima da Mangueira. Era grande o suficiente pra me esconder, contanto que ficasse em quieto e em silêncio. As minhas novas patas estavam esticadas, me prendendo entre os galhos. Através de uma brecha entre as folhas verdes, consigo ver Isa empurrar a grande porta de correr transparente, e entrar no quintal. Ela olha em volta, e bufa.

–Lupi! – Grita – Sempre atrasado.

Concentro-me na camisa abaixo de mim, e a faço flutuar um metro acima do chão, apoiando-a em um galho mais baixo. Por um momento, fico alegre que a minha telecinesia não tenha falhado, então controlo minha respiração outra vez. Isa olha em volta, e sorri sarcástica.

–Ah, sim, muito divertido. O que exatamente você quer fazer? Me matar com sua camisa fant—

Ela anda até a camisa, e, quando está perto o suficiente, eu pulo, pousando com um baque no chão.-Boo!

Ela olha pra mim, e seu grito agudo ecoa por toda a vizinhança. Ela dá um passo pra trás, tropeça, e cai. Fico suspenso por cima dela, e grito também. Isa fecha os olhos, e coloca as mãos na frente do corpo, quase chorando.

Aracnofobia, o medo – ou, no caso de Isa, terror total - irracional de aranhas. Lembro da primeira vez que encontramos uma aranha; Estávamos na Austrália. Estávamos fazendo uma trilha, nós dois e Elena. Isa esbarrou numa teia de aranha que ninguém, nunca, deveria esbarrar – A casa da Aranha-teia-de-funil. Segundo os livros de biologia “Atrax Robustus, ou Aranha-teia-de-funil, é, atualmente, a aranha considerada a mais venenosa do mundo, tendo um veneno que pode causar um ataque cardíaco em poucos minutos”. Eu lembro do terror em seu olhar quando recebeu a picada, e dela desenvolvendo o legado de cura logo depois.

Isso foi um dia antes de encontrarmos uma Nephila Edulis, ou Aranha Australiana, comendo um pássaro que ficou preso em sua teia. Acho que foi mais ou menos nesse momento que ela obteve esse desprezo por aracnídeos – E, provavelmente, da Austrália em geral.*

Isa coloca a mão no meu peito, o que me assusta imediatamente. Antes que pudesse falar qualquer coisa, sinto a dor forte se espalhar pelo meu corpo. Tento respirar, mas parece que meus pulmões estão sendo queimados por dentro. Minhas novas patas tremem, e eu caio sobre meus joelhos e mãos no gramado, em cima de Isa.

Escuto todo meu corpo fazer um rangido alto, quando inicio minha volta ao normal – o que provoca duas vezes mais dor. Quando as longas e finas ramificações do meu corpo são tomados por espasmos, e meu grunhido ecoa pelo quintal, Isa me joga pro lado. Fico deitado pra cima, respirando fundo. Ela se levanta, batendo na calça, retirando a grama e a areia presas no tecido.

–Odeio quando você faz isso – Diz, olhando pra mim.

–E eu amo fazer.

Ela se abaixa, enquanto me sento na grama.

–Você é uma grande criança metade-alienígena de dezoito anos.

–E você é uma alienígena velha. Jovem, mas velha.

Trocamos um sorriso breve, e ela fica de pé.

–Vamos, levante – diz, e dá alguns passos pra trás – Temos que continuar o treino.

Com telecinese, ela levanta um galho solto, e o aponta pra mim. Vejo o galho fino pairar a dois metros, flutuando irregularmente. Um segundo depois, ele vira um borrão, e rolo pra direita tentando não ser empalado. Fico em pé num Kip-Up e levanto a mão espalmada. Folhas secas flutuam ao meu redor, girando e tremendo com o vento. Respiro fundo, e fecho os olhos. Toda minha concentração se volta para telecinese, enquanto as folhas dançam num pequeno turbilhão, me cercando.

Num momento, tenho tudo sobre controle, e no outro tudo explode. Pedaços de folhas secas pairam e caem no chão, totalmente destruídas. Vejo Isa com um olhar desapontado. Isso dura dois segundo, até sentir meu corpo flutuar, e ser jogado no fim do quintal. Pouso apoiado nos joelhos e no pé esquerdo. O mesmo galho passa raspando pelo meu rosto, sendo cravado numa árvore atrás de mim. Começo a correr com um impulso, e apenas consigo ver marrom e verde-escuro. Coloco meu braço em frente dos olhos, e meu corpo é coberto pelas folhas que tentava levitar poucos segundos atrás.

Não percebo o qual era a intenção dela até que sinto seu punho no meu rosto. Perco meu equilíbrio, e ela chuta forte meu tórax; sou jogado dois metros para trás. Bato minhas costas numa árvore, e seguro em um galho baixo.

Isa estava na minha frente, apontando a mão pra mim. Ela a abre, utilizando sua telecinesia, e outra vez fico sem visão. Arranco o galho, e corro pra frente, o balançando freneticamente à frente do meu corpo. Tento me livrar da cegueira momentânea causada pelas folhas, e tudo que faço é inútil. Quando não estão presas no meu corpo, então rodeando-o, impossibilitando a visão.

Sinto uma forte pancada nas costas, e caio no chão, arrastando meu rosto na grama. Sinto o gosto da terra e, antes que pudesse me levantar, Isa vira meu corpo, e aparece em cima de mim. Consigo ser mais rápido, e a derrubo. Rolo pra esquerda, e apanho o galho outra vez. Ela consegue manter-se sobre os joelhos, e chuto sua mão. O pequeno pedaço de madeira pousa alguns metros depois.

Isa tenta um soco, eu desvio pra direita e fico por trás dela. Encosto o galho em sua garganta.

–Se isso fosse uma luta de ver—

Ela coloca as mãos em meu pescoço, ainda de costas. E outra vez sinto a dor se espalhar pelo meu corpo. Todos os meus músculos tremem, minha visão fica turva por uma fração de segundo. Isa se vira, sem tirar a mão da lateral do meu pescoço, e, quando ela chuta minha barriga, fico de joelhos. Vejo-a sorrir maliciosa.

Sinto minhas mãos queimarem. Escuto o chiado da grama abaixo delas queimando. O sorriso de Isa de repente desaparece. O calor aumenta, e eu levo meus braços pra frente do corpo. Um clarão forte me faz fechar os olhos, e sinto a energia quente batendo no meu peito. Fico de pé em um salto, e corro antes de abrir os olhos.

Isso foi uma péssima ideia.

Sinto algo bater forte contra minha testa, e caio no chão. algo cai sobre minhas mãos e minha barriga. Quando meus olhos acostumam-se à claridade, vejo Isa sobre mim. O galho encostado no meu pescoço, o sorriso outra vez nos seus lábios. Tento me levantar, e todo o esforço é inútil. Provavelmente ela estava me segurando com telecinesia.

–Como era que você estava dizendo mesmo? – O sarcasmo em sua voz era reconhecível a quilômetros de distância – Ah, sim. Se isso fosse uma luta de verdade, você já estaria morto.


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Notas finais do capítulo

*Lupi também é cultura, gente. Pode contar pros seus pais que tão lendo coisas edificantes na internet agora.
Vejo vocês algum que eu vou tirar no par ou impar com a minha irmã. Bye o/



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