Earth Ruins escrita por MH Lupi


Capítulo 2
Capítulo 2 - O outro lado da história


Notas iniciais do capítulo

Bem, fiquem com mais da minha loucura natalina.
Também, quando vocês encontrarem um *no texto, isso significa que existe uma nota nas... Bem, notas finais.
MARRY CHRISTIMAS YA'LL



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POV Sky.

O DR KAZAR TIRA A SERINGA DO MEU BRAÇO E VAI EMBORA. Era a segunda vez que tiravam meu sangue enquanto eu estava acordado. Estavam ficando descuidados. Antes eles esperavam eu dormir, e então faziam seus testes. Mesmo que estivesse consciente na grande maioria das vezes, não podia reclamar.

Não por enquanto.

Eles deixam o quarto. O cientista e os dois guardas, armados até os dentes, e visivelmente temerosos. Levanto e estico os braços. Na bancada, ao lado da cama de solteiro, estava a minha cópia do Grande-Livro de Mogadore e uma garrafa vazia d’água. Ambos tinham a mesma importância pra mim: Nenhuma realmente.

Pego meu uniforme de cima da cama, e alguns segundos depois estou andando pelos corredores da mais nova base Mogadoriana. Paro em frente à sala de treinamento, onde VBM's* eram treinados pelo general Orion, um Assassino de Mogadore Nascido de Verdade. Uma das únicas pessoas suportáveis desse lugar.

Às vezes as diferenças me surpreendiam. Os vat-born, ou VBM's eram os combatentes, criados artificialmente. A pele pálida - que era coberta de tatuagens - e os dentes pontudos eram as maiores diferenças entre eles e os nascidos de verdade, além de suas habilidades modificadas geneticamente.

Caminho direto ao refeitório, onde metade da base estava reunida. Respiro fundo, pensando se realmente queria comer o que chamam de comida por aqui. Olho pras paredes de pedra polida, recheadas de rachaduras - e que aposto que teriam teias de aranha, caso o gás venenoso não estivesse ativo-, as mesas retangulares azuis, com dezenas de Mogs à sua volta. Respiro fundo outra vez, escutando as vozes roucas falando em mogadoriano. Então desisto. Giro nos calcanhares e consigo dar dois passos antes de escutar a risada que eu tanto odiava.

Argo era tão irritante quanto uma barata voadora - e eu nunca sequer tinha visto uma. Com seu cabelo castanho curto, e seus olhos negros, era um espelho perfeito do pai, o General Orion. Argo era mais alto, um pouco mais musculoso, e dois anos mais velho que eu. Não preciso me virar para ter certeza que ele está acompanhado pelos seus dois VBM's de estimação.

Sinto meu corpo esquentar.

–Bom dia, aberração. – Sua voz rouca não acoberta a risada.

Dou mais um passo, e sinto sua mão em meu ombro. Penso em quebrar sua mão – ou seu rosto -, o que seria fácil, e então me lembro da solitária e de Orion. Tiro sua mão do meu ombro, resistindo ao impulso de fazer qualquer coisa. Ainda não o olho.

–O que você quer?

–Oh, - sua voz transborda de ironia. - eu só queria ver se você estava bem. Percebi que você faltou as duas primeiras aulas... E eu, bem... Fiquei preocupado.

Dou mais um passo. Ele recoloca o mão em meu ombro. Respiro fundo.

–Por que tanta pressa? Aliás, tem outra razão para eu estar aqui. Sabe, pedido especial e tal. Enfim, você deve encontrar meu pai no portão nordeste, às sete da noite.

–Recado dado – pela primeira vez, viro para encará-lo. – Agora, me solte.

Meus olhos ardem, e os fecho, apertando-os. Uma dor aguda invade minha cabeça, e eu a balanço. Argo ri debochadamente e murmura a palavra “esquisitão”, voltando ao refeitório logo em seguida. Assim que ele se afasta, tudo para. O ardor desaparece, e minha cabeça para de doer. Suspiro e então caminho pelos corredores, indo na direção do meu dormitório.

Isso vinha acontecendo faz um mês, desde que eu acordei. Os meus últimos dias são abarrotados de incêndios acidentais, curtos circuitos, enchentes, e coisas destruídas. Desde que acordei, não consigo controlar a mim mesmo. Às vezes é estranho. Nunca sei o que posso fazer até fazê-lo, e então me arrepender por ter feito. E sempre ficava pior: Mal podia mais ir às aulas; Meu dormitório era cada vez menos recorrente, visto que sempre me jogavam em alguma cela; E cada vez ficava mais incontrolável, a ponto de me mandarem pro corredor das bestas.

Deito-me na cama, olhando para um ponto queimado acima da minha cama. Foi o primeiro incêndio que tinha provocado. Acordara no meio da noite, depois de um sonho estranho que não conseguia me lembrar, e, quando percebi, estava no meio de uma labareda gigante de fogo. E que não estava sendo queimado por ela. Eu ainda olhava o ponto. Por alguma razão, achava aquilo familiar. Como se a cena estivesse se repetindo. Minha cabeça dói no mesmo instante, e desvio o olhar.

Soco a cama com a lateral dos punhos. Isso é frustrante. Não conseguir se lembrar; Não poder se lembrar do seu passado. Ou de qualquer coisa.

Fecho os olhos e ponho o braço direito sobre meus olhos, tentando raciocinar.

Primeiro: Orion sabe que eu e Argo nos odiamos, então por que pediria para ele me dar um recado?

Segundo: Por que ninguém, além da droga daquela seringa, veio me acordar pras aulas?

E, por último: Por que diabos eu ainda estou preso aqui.

O som da porta do meu dormitório sendo aberta me tira dos meus devaneios. Levanto o braço apenas o suficiente para ver quem era.

–O que você quer? – A acidez das palavras me surpreende, mas continuo sem expressão alguma.

–Bem, - escuto ele puxar a cadeira que estava ao lado da escrivaninha – Argo disse que tinha entregado a mensagem... Mas não acredito que ele a tenha completado. Até que parte ele chegou?

–Portão nordeste, sete horas...

–Ah, sim. – Ele joga algo em cima de mim. Retiro meu braço da frente dos olhos. Era uma... Roupa. – Você vai precisar disso.

Me apoio nos cotovelos.

–E por que eu vou precisar disso?

Orion olha pra cima, pra mancha no teto.

–Bem... Eu não posso dizer. Mas vá preparado. Será um exercício, e um dos grandes.

Ele volta a olhar pra mim. Olhos negros, cabelo castanho. Ele e seu filho eram verdadeiros clones. Orion se levanta, e arrasta a cadeira de volta ao lado da mesa de cabeceira.

Ele sai do quarto com um sorriso no rosto. Sinistro.

Mesmo sendo o cara mais suportável desse lugar, Orion tinha um senso de humor meio macabro. E uma personalidade mais ainda. Levanto da cama e respiro fundo, tentando tomar coragem para enfrentar mais um dia nesse lugar.


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Notas finais do capítulo

* - Eles realmente existem na história original, e são aqueles que, quando mortos, viram cinzas. A sigla eu criei, para não ter que ficar repetindo Vat-born o tempo todo.

Vejo vocês provavelmente semana que vem. Byye duuuudes



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