Wyrda escrita por Lii Butterfly


Capítulo 2
Sol Nascente




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Capitulo 1 – Sol nascente

O sol ainda não tinha nascido no horizonte. O céu continuava escuro, desprovido de qualquer estrela e a lua era quase invisível. Tudo estava silencioso, um silêncio desconfortável que dava à cidade um aspecto morto; uma cidade abandonada por entre as sombras, sem nada que a iluminasse.

Saphira descrevia círculos no firmamento, com Eragon nas suas costas. Olhavam juntos o triste cenário que tinham por baixo de si. A destruição da batalha ainda era perceptível. Ninguém se atrevera a sair às ruas naquele dia, nem mesmo para providenciar um funeral digno para os entes queridos que haviam dado o seu último sopro de vida em plena batalha. O medo do exército que acampava perto das muralhas e do Cavaleiro que o acompanhava era maior, mais forte que qualquer vontade de realizar uma última despedida aqueles que amavam.

- Está na hora Eragon. – informou Saphira.

- Vamos então. – respondeu o Cavaleiro num sussurro mental, ainda observando a paisagem massacrada daquela que fora, outrora, uma magnifica cidade.

Cruzaram a cidade numa lentidão propositada, vagueando pela escuridão do céu nocturno até ao centro do povoado, onde no cimo de uma pequena elevação se erguia a residencia senhorial.

O sol começava a estender os seus primeiros raios pelo horizonte quando estavam a cerca de dez metros da imponente residência. Mas algo chamou a atenção de ambos, Cavaleiro e Dragão, antes que pudessem percorrer a pequena distância. O choro alto de uma criança erguia-se a cima de qualquer outro som. Olhando para baixo, puderam ver três soldados dos Varden perseguindo uma pequena criança. Quando a conseguiram alcançar, rodearam-na, tirando-lhe qualquer hipótese de fuga. Um dos soldados ergueu um bastão de madeira, pronto a desferir um golpe sobre a pequena menina ruiva, cujos olhos negros brilhavam de medo.

Indignado, Eragon preparou-se para lançar um feitiço que imobiliza-se o soldado. Acabou por parar ao aperceber-se de um vulto que rapidamente se colocou à frente da criança, ajoelhando-se e abraçando a menina, como forma de protecção. Distinguiu uma cascata de cabelos dourados, que caiam em longas ondas até à cintura do vulto. Uma capa branca, adornada por um padrão dourado a toda à volta, ocultava parte de um vestido verde.

Observou a coragem da rapariga fazer o soldado hesitar. Mas apenas por alguns segundos. Quando ele voltou a ergueu o bastão, pronto a desferir o golpe, Eragon deixou as palavras escorrerem rapidamente pela sua língua, saindo com convicção. Um ódio pelo soldado crescia no seu ser e a sua mente já trabalhava numa forma de o castigar. Esperou uma repreensão de Saphira que não chegou. Apercebeu-se então que ela era domada pelos mesmos sentimentos que ele.

Saphira desceu rapidamente até ao solo, aterrando numa ampla praça que ficava a pouco mais de cinco metros do local onde o acontecido havia ocorrido.

O impacto das musculadas patas da Saphira no solo fê-lo estremecer ligeiramente, chamando a atenção dos dois soldados capacitados de se mexerem e da rapariga. Assim que observou pela primeira vez a sua face de traços suaves e angulados, viu toda a sua atenção atraída para uma beleza que lhe retirou o fôlego, beleza essa concentrada unicamente no seu olhar. Duas esmeraldas líquidas pareciam terem sido incrustadas no seu rosto, atribuindo-lhe um olhar profundo e hipnotizante que conseguia ser tão desafiante quanto doce, um olhar que parecia ter um efeito calmante sobre o Cavaleiro.

- Eragon. – o chamamento de Saphira, feito num tom ligeiramente divertido, pareceu despertá-lo do transe em que entrara sem mesmo se dar conta. Foi então que percebeu que permanecia parado ao lado de Saphira, completamente mergulhado no olhar da desconhecida e inumanamente bela jovem.

Caminhou, por fim, ao encontro do grupo, encarando duramente os soldados que pareceram se encolher sob o seu olhar gélido. Retirou o bastão da mão do soldado que tentara agredir a pequena menina, antes de cortar o fluxo de magia que alimentava o encantamento que lançara sobre ele.

Depressa os três soldados se ajoelharam diante de Eragon, numa demonstração de respeito e obediência. O jovem Cavaleiro dirigiu-se a eles num tom de voz autoritário, grave e seco, um tom de voz que nunca usara antes.

- Poderia algum de vós explicar-me o motivo de tal atrocidade?

Os soldados entreolharam-se enquanto Eragon olhava pelo canto do olho para a rapariga que ainda abraçava a criança, tentando acalmá-la e fazer cessar os pequenos soluços que ainda saiam da sua garganta.

- A miúda roubou-nos. – respondeu num tom firme o mais corpulento dos três soldados. – Entrou no acampamento sem que ninguém percebe-se e roubou parte da nossa ração para o dia de hoje.

- E por isso perseguiram-na e iam agredi-la com um bastão… - fingiu ponderar Eragon, ainda revoltado com uma atitude tão exagerada para com uma pequena e indefesa criança.

Percebeu a rapariga levantar-se. Podia observar livremente a sua silhueta esguia e de estatura média. A sua pose era orgulhosa mas simultaneamente graciosa, qual flamingo banhado pela luz dourada do resplandecente nascer do sol. A sua face era dominada por uma expressão de fúria e incredibilidade.

- E seria esse motivo suficiente para decidirem emboscar uma pequena e indefesa criança, planejando bater-lhe até que provavelmente perdesse os sentidos? – perguntou descrente – Vocês realmente não são dignos de pertenceram a uma aliança como os Varden! Não sabem avaliar as situações antes de agir. São apenas homens embrutecidos pelo calor da batalha e que não sabem usar o cérebro para mais nada que não seja a violência!

Eragon olhou a jovem admirado. Ela desafiava com uma autoridade incomum três soldados experientes e armados que poderiam simplesmente cortá-la em postas caso o seu temperamento e paciência fossem levados ao limite. Aquela altura já ela gritava, olhando os soldados com olhos semicerrados e de mandíbula trincada.

- É apenas uma criança com fome. Uma criança que se viu presa numa cidade destruída e rodeada por um exército que invadiu as muralhas sem piedade, destruindo e matando. – a sua voz já estava enrouquecida e embargada, parecendo conter um choro iminente – Pode até ter sido algo inevitável, que teria de acontecer para o bem desta terra, mas não esperem que uma criança assustada e com fome perceba isso. Os últimos mantimentos da cidade acabaram esta noite. Eram tão poucos que não chegaram para todos os habitantes. A cidade está destruída e não temos mais forma de alimentar a população, sejam condescendentes e deixem a pobre menina seguir em paz!

- E quem pensas que és tu para nos dares lições de moral? – perguntou o soldado de cabelos ruivos, olhando para a rapariga com desdém.

Eragon preparava-se para repreende-lo e já trabalhava na sua mente uma forma de humilhá-lo pelas suas palavras quando percebeu aquele inquietante olhar esmeralda sobre si, com um pedido mudo para que se mantivesse quieto.

- Sou Lhianan. – respondeu ela – Princesa da Casa Senhorial de Feinster.


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Notas finais do capítulo

Aqui a Lii está tristinha ;__;
Gentinha boa que leu o prólogo, eu sei que às vees é dificil ler e comentar mas, sejam criticas positivas ou negativas, era muito importante para mim que dessem a vossa opinião. As criticas são importantes para os autores poderem melhorar a qualidade dos seus textos, assim como para terem algo que os incentive a continuar.

Por isso...

Deixem um comentário e façam uma autora feliz *-*



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