Prólogo

Há quem diga que pensar no passado é enterrarmo-nos num poço sombrio, do qual é difícil escapar para voltar a ver a luz da superfície. Mas elas estão erradas. Pensamos no passado quando ele está reflectido no presente e com os erros que nele cometemos, ou que os nossos antepassados cometeram, aprendemos como lidar com as coisas do futuro. Pensar no passado é saber que ali existe uma lição de vida a ser aprendida e absorvida.

Também eu aprendi com os meus erros e com os dos meus antepassados. Se isso fez de mim uma pessoa mais forte, mais preparada para o que se avizinha… Bem, realmente não sei, apenas sei que deles tirei lições de vida que não serão esquecidas. Cresci com essas lições e jurei que um dia transformaria toda a teoria em prática para poder alcançar o meu objectivo, o meu sonho e o dos meus antepassados mais recentes: a liberdade de Alagaësia.

Não seria isso uma traição ao Império? Ao rei?

Que rei? Eu não tenho um rei. Ah, Galbatorix! Não, ele não é meu rei. Aquela ratazana traidora com uma coroa de ouro e diamantes na cabeça não é, nunca foi nem nunca será meu rei!

Aquela memória… Aquele dia ficou gravado a fogo na minha mente. As tochas que iluminavam a noite escura, cujas estrelas eras ocultadas pelo denso fumo que se elevava no ar, ao redor de um palco de madeira improvisado, o reflexo das pequenas chamas que dançavam no metal prateado da guilhotina, a população de Urû’bean, sedenta de sangue e morte, que enchia a larga praça onde aconteceria algo inédito na história de Alagaësia… Naquela noite prometi que aquelas duas mortes não seriam em vão, que iria continuar o seu legado nem que no fim tivesse o mesmo final. Morreria feliz por saber que tinha lutado por algo em que acreditava. Dali em diante, aquele transformou-se no meu destino.

Destino. Wyrda.