Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 80
Ruivos e coloridos


Notas iniciais do capítulo

Aproveitando o ressesso escolar para escrever...rs
Capítulo feito entre as 20h da 3º feira e as 03h da 4ª feira...rs, ou seja, tá fresquinho...

Espero que gostem de mais este segredinho...rs segredinho que ninguém pensou que pudesse existir....rs

Lembram da Debrah? Então...



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#15/03#

Quem vai vencer o concurso culinário? Esta era a pergunta que pairava na mente dos alunos, professores e funcionários. A prof.ª Nancy já tinha em mãos todos os trabalhos escritos, inclusive o de Castiel e Emília. Ninguém vacilou na hora de montar a planilha com os valores, produtos, quantidade e local de compra, nem mesmo na folha da receita, incluindo a foto do prato escolhido, e algumas estavam tão bonitas que davam água na boca só de olhar.

— Professora. Posso falar com a senhora? — pediu Rosa depois do almoço, antes de ir para a sala de aula.

— Claro, Rosalya, mas seja breve. — parou diante da porta da sala dos professores, segurando nos braços a pasta com todos os trabalhos. — Tenho que ir à secretaria. Preciso organizar as coisas para amanhã.

— Como a senhora sabe, o Lysandre adoeceu, então não conseguimos fazer a pesquisa, nem mesmo escolher a receita. — falou com cara de "nós não tivemos culpa!" — Eu queria pedir que nos deixasse entregar tudo amanhã. Eu juro que entrego pessoalmente, bem cedinho, antes do concurso começar.

— Há quanto tempo é minha aluna, Rosalia? — perguntou, séria.

— Dois anos, professora. — respondeu com o coração começando a palpitar, pois já imaginava a resposta.

— E ainda não aprendeu que eu não quebro as regras, principalmente as que eu mesma crio?

— Eu sei, professora. Mas é que...

— Sem mas, Rosa! — interrompeu-a. — E eu deveria desclassificar você e o Lysandre agora que sei que não o ajudou em nada, pois se tivesse ajudado saberia que seu parceiro me enviou o trabalho de vocês por e-mail, hoje.

— C-Como assim? — questionou sem entender nada. Lysandre não havia lhe dito nada.

— Como assim? Eu é quem deveria te perguntar isso! — ironizou. — Saiba que eu só não vou desclassificá-los porque Lysandre, apesar de estar acamado, correu atrás e fez o a atividade, apesar de estar doente. E eu que pensei que tinha sido ideia sua tirar uma foto dele segurando o prato, por ele estar usando máscara. Mas pelo visto me enganei. — Rosa teve vontade de enfiar a cabeça num saco naquele momento. — Mas para não dizerem que eu fui complacente demais com vocês, apesar de poderem participar do concurso, independente do resultado, vou descontar 1 ponto na nota de cada um dos dois, pela falta de parceira. — puniu-os, deixando-a sozinha com cara de taxo, deixando bem claro que se ela não ajudasse o parceiro no dia do concurso ambos seriam desclassificados e teriam a nota zerada.

— Que cara é essa, Rosa? Aconteceu alguma coisa? — perguntou Melody que estava indo ao toalete.

— NÃO! MAS VAI ACONTECER! — berrou, saindo pisando duro, louca da vida, possessa. — EU VOU MATAR AQUELE CABEÇA DE VENTO! ELE TINHA QUE TER ME AVISADO!

Melody não entendeu nadinha e nem se atreveu a perguntar mais nada. "Vai que sobra para mim!" pensou, tentando imaginar quem havia despertado a fúria da Rosa.

— Eu que não quero estar na pele dele! — disse a si mesma enquanto entrava no toalete feminino.

A tarde não foi diferente da manhã, o assunto ainda era o concurso.

Nathaniel passou a tarde no grêmio. Ele nunca passou tanto tempo arrumando os arquivos. Tudo o que estava fora do lugar encontrou seu destino nas pastas e gavetas, tudo o que tinha que ser digitalizado foi, até o que não precisava fazer foi feito, como limpar organizar os armários.

Por diversas vezes Melody lhe ofereceu ajuda, mas ele não aceitou, sendo grosseiro com ela em alguns momentos, visto que não parava de insistir. Ele queria ficar sozinho para pensar em tudo o que havia acontecido. Ele sabia que havia feito uma grande besteira e que o único motivo de não ter sofrido uma punição que prejudicaria sua vida acadêmica foi por Sartre gostar muito dele. Ele foi protegido pelo seu amigo de kruang, que também é professor de Muay Thai na academia, sendo o braço direito do Guerin.

No último horário os alunos que participariam do concurso foram dispensados das aulas para ajudarem a arrumar a sala de Artes, que era a maior dentre as salas de aula, para o concurso, depois foram liberados para irem embora, já que faltavam poucos minutos para encerrar o dia de aula.

— Você não vai embora, Cast? — perguntou Iris ao ver o ruivo sentado no degrau da escada que ligava o 1º ao 2º piso da escola.

— Não posso. O coordenador quer falar comigo.

— Ainda o probleminha de ontem?

— Só falta. Já resolvemos isso! — fechou a cara, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, sentado de pernas abertas, com seu material jogado a sua frente. — Ele que não me venha com mais um "castigo educativo"!

— Como assim, castigo educativo? Que castigo ele deu a vocês? — perguntou curiosa, sendo interrompidos pela música alta que tocou do bolso traseiro da calça do ruivo.

HEY, MR. SEEKER HOLD ON TO THIS ADVICE / IF YOU KEEP SEEKING YOU WILL FIND / DON'T WANT TO FOLLOW / DOWN ROADS BEEN WALKED BEFORE / IT'S SO HARD TO FIND UNOPENED DOORS…

Castiel atendeu o celular e deixou Iris sem sua resposta. Era Emília preocupada com o concurso. Ela queria saber se Cast havia entregue a planilha e a receita.

— Mas como você fez com a foto? — perguntou ela do outro lado da linha.

— Eu usei a foto que tirei com o celular quando testamos a receita pela primeira vez. — contou, distanciando o aparelho do ouvido pelo berro que Emília deu do outro lado, reclamando, pois eles não tinham arrumado a sobremesa para uma foto.

— E daí que a foto não está produzida. É um pudim, merda, não uma bolsa da Dupont! — ralhou com ela, comparando a foto deles aos editoriais de moda de uma das marcas de vestimenta feminina mais cobiçada entre as mulheres sofisticadas, onde a foto de uma simples bolsa era uma perfeita obra de arte.

— Era isso ou não entregar e sermos desclassificados! — explicou, já sem paciência, pois Emilia não parava de reclamar, culpando a ele por não ter ido a casa dela na 5ª feira.

— Eu não fui ontem e se continuar me perturbando com isso, não vou hoje e amanhã você se vira sozinha no concurso! — ameaçou.

— Você não teria coragem? É sua nota também! — questionou ela, com medo dele cumprir a ameaça.

— Você quer arriscar? Vai me testar mesmo? — indagou e Sol preferiu não arriscar. Ela sabia que para o ruivo tocar um foda-se em tudo era um segundo.

— Então não enche o saco e já deixa tudo no esquema pra quando eu chegar! — ordenou, desligando o celular sem esperar por uma resposta dela, que gritou do outro lado para espantar a raiva.

— Nossa, Cast. A relação de vocês dois já chegou a esse patamar? Você manda e ela obedece? — brincou Iris.

— Há, há, há... — ironizou, fingindo um riso da piadinha da amiga. — Tá cheia de graça hoje! Beijou na boca por acaso? — perguntou de forma debochada, perturbando a amiga que há dias reclamava que fazia tempo que não beijava ninguém.

— Eu não, mas você... aposto que já deu uns beijos na Sol! — comentou, sentando ao lado dele. — Vai, conta. É namoro?

Nathaniel estava procurando o inspetor para ele assinar a liberação das suas férias, a pedido da diretora, quando ouviu a conversa dos dois, parando atrás da porta que dava para a escadaria. Ao mesmo tempo que ele não estava emocionalmente pronto para ouvir que Castiel e Sol estavam juntos, ele precisava ouvir, pois isso lhe daria forças para tirá-la de seus pensamentos, pois do seu coração seria mais difícil.

— Eu não sei o que é pior, a sua imaginação fértil ou as birras da Sol! — referiu Cast, pegando a caixinha de balas refrescantes do bolso traseiro do shorts da amiga, que sentou ao seu lado.

— Tá bom. Não quer me contar, não conta. Eu pensei que fossemos amigos, mas vejo que me enganei. — reclamou fingindo desolação, levantando-se, mas Cast a puxou de volta, fazendo-a despencar de bunda sobre o degrau.

— Não tem nada pra contar. Sol e eu somos amigos, só isso.

— Então por que suas bochechas coraram? — perguntou apertando suas maças. — Qual é, Cast. Eu nunca te escondo nada. Vai manter isso em segredo mesmo?

— Eu não estou escondendo nada, Iris. E pare de agir como se manter as coisas em segredo fosse algo ruim. — insinuou e ela entendeu o recado.

— Já entendi... Mas é uma pena. Sol é legal e bonita.

— É, ela é legal e "bonitinha", mas chegou atrasada na entrega das curvas. — riu-se.

— Vai desdenhando. Do dia pra noite ela vai encorpar e você vai morder a língua. — defendeu a amiga. — Além do mais, quem desdenha quer comprar! — fazendo-o se calar por um instante. — Quem cala, consente!

— Meu Deus, se falo, estou mentindo, se me calo, estou confirmando! O que você quer que eu faça para te convencer que Sol e eu somos apenas amigos?

— Nada. Eu acredito em você. O que é uma pena, eu já disse. Vocês formariam um casal lindo. — disse, rindo das bochechas vermelhas do amigo, que rapidamente tirou o corpo fora. Para ela, Cast tinha uma quedinha pela Sol, mesmo que não admitisse.

— Não delira, ô casamenteira. Está começando a parecer a Rosa com a mania de tentar arrumar uma namorada para o Lysandre.

— Bom, já que você tocou no assunto, eu vou te contar a fofoca que rola no banheiro feminino. — sorriu com certa malícia. — Com isso de você e do Lys "fugirem" das garotas e viverem grudados, as meninas estão começando a desconfiar, levantando hipóteses... — contou, dando a entender exatamente o que o ruivo entendeu.

— Um bando de cabeças de vento juntas no banheiro só podia dar nisso! Melhor pensar isso do que admitirem que não são nem um pouco atraentes aos nossos olhos! — debochou, sem se mostrar muito incomodado com o falatório das garotas.

— Vai me dizer que isso não te incomoda, justo você que odeia falatório com seu nome?

— Lysandre e eu não temos que dar satisfações de nada pra ninguém. Que pensem ...

— Como assim? Então é verdade! — interrompeu-o, com cara de espanto pela colocação dele. Na verdade ela sabia que ele se expressou mal, mas não ia deixar passar a chance de provocar o amigo.

— O q-que? VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE GRAÇA! JUSTO VOCÊ ACHANDO QUE SOU VIADO? É ISSO? — bradou, vermelho de raiva, levantando do degrau.

Nath deu um risinho do outro lado. Ele já estava mais tranquilo em saber que Sol não tinha nada com o ruivo. Ele teria ido embora, mas preferiu esperar um pouquinho, pois queria ver, ou melhor, ouvir se ainda falariam dela e o que falariam, visto que Iris estava empenhada em juntar os dois.

— Se for isso, pode sumir daqui! Não pedi companhia, então está sobrando aqui do meu lado! — falou abrandando a voz. Ele não gostava de gritar com a Iris, mesmo quando ela tirava ele do sério.

— Nossa. Você se enrola todo e a culpa é minha agora? — falou, perturbando ainda mais o ruivo, que era o único com quem ela brincava daquele jeito, sendo ela super gentil e amigável com todos. Os dois eram muito próximos, melhores amigos, não como ele e o Lysandre, mas quase, e ex vizinhos, sendo ela quase como uma melhor amiga; e também tinham seus segredinhos.

— Eu só contei a fofoca, quem confirmou foi voc... huuummm — dizia, tendo sua provocação interrompida pela boca quente do ruivo, que praticamente a deitou sobre os degraus, num beijo apertado e curto, mas suficiente para fazê-la perder o fio da conversa.

Nathaniel não acreditou no que viu, mas adorou.

— O que seria de você se não fosse eu na sua vida, em Iris? Ia tecer uma manta de inverno com as teias de aranha da sua boca. — debochou, com seu sorriso malicioso, sentando novamente ao lado dela, que deu-lhe um soco no ombro.

— Seu besta! Podiam ter nos vistos, sabia!? Íamos virar a fofoca da semana! — ralhou segurando o riso, recuperando-se do ataque.

— Eu posso ser a fofoca do banheiro feminino, mas você não? Gozada você, né! — disse ele, rindo, apoiando as costas na parede e um dos braços sobre o joelho, virando de frente para ela, vendo que estava mais rubra que seu cabelo alaranjado. — E que cara é essa agora? Parece até que é a primeira vez que eu te beijo!

— Mas é a primeira vez que você me agarra na escola, e desde jeito. Seu louco! — falou, ajeitando o cabelo. — O que te deu? Você não era assim!

— Assim como? — quis saber, melhor, ouvi-la dizer.

— Não se faça de bobo, Cast. — desdenhou, fazendo-o rir, pois ela estava cada vez mais rubra.

— Ah, qualé, Iris. Vai ficar de histórinha agora. — disse batendo o pé na perna dela. — Fala logo! — ordenou — Ou vou te prensar contra a escada de novo! — colando nela novamente, com cara de lobo faminto.

— Ai, sai daqui, peste! — empurrou-o, rindo. — Você está lascivo demais! Prefiro você mais calminho. Se bem que...

— Sabia. Está reclamando, mas gostou da pegada! Admita!

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. — justificou-se, tentando desconversar. Ela adorou a pegada, mas achou "forte" demais para eles dois. — Somos amigos e esse tipo de pegada ultrapassa a linha da "friendzone"!

— Vai continuar me chamando de viadinho?

— Eu não te chamei de viadinho!

— Vai continuar insinuando que sou viadinho? — interou a pergunta com um sorriso lascivo, com a rosto a menos de um palmo do rosto dela, segurando-a pela nuca.

— Não! Agora sai de cima e mim antes que alguém nos veja. — empurrou-o novamente.

Castiel apenas riu.

— Ai, ai, Cast. Você precisa arrumar uma namorada. Urgente! — comentou arrumando novamente o cabelo, rindo da audácia do amigo.

— Você sabe que se eu arrumar uma namorada a nossa amizade volta a ser em "preto e branco", não sabe!

— Não me importo. Quero te ver feliz de novo, com uma garota legal! Você e eu é só curtição. Deu a louca e pronto, trocamos uns amassos e depois nem falamos no assunto, porque é só isso, curtição de momento.

— Fica inventando moda. Se eu arrumar uma namorada você vai perder a mamata. Ai já sabe. Vai ter que dar seus pulos para desteiar a boca. — sarriou, tentando desconversar. Ele não se sentia a vontade quando ela falava da vida amorosa dele, pois ela sempre lembrava sobre quem ele queria esquecer.

— Sem graça. Você fala como se eu fosse voltar a ser BV se parar de ficar contigo, de vez em quanto por sinal.

— Toda vez que você está na seca, quer dizer.

— Há, há, sem graça. Faz uns dois meses que não fico com garoto nenhum e nem por isso te procurei.

— Fazia! — rebateu.

— Hoje não conta! — rebateu de volta, rindo.

— Se você diz! — concordou. — Mas que você ia me procurar cedo ou tarde ia, você sempre procura. — vangloriou-se.

— Ah, idiota. E você não? Essa via é de mão dupla. — lembrou-o. Ambos riram.

— Você devia parar de se preocupar comigo e tentar arrumar um namorado pra você se acha que pra ser feliz tem que ter um namorado.

— Não destorce as coisas, Cast. Eu sei bem que ninguém precisar estar namorando ou casado para ser feliz. Mas ...

— Então para de me encher o saco com isso. — cortou-a, antes da conversa ficar desagradável. — Eu to muito bem sozinho!

— Eu sei que você está bem sozinho. Mas não negue que às vezes sente falta de uma namorada, nem que seja só pra azucrinar a vida da coitada.

— Se for por essa sua lógica, de ter alguém para azucrinar, você é que precisa arrumar um namorado, porque tá osso você me pegando pra Cristo.

— E quem disse que não estou tentando! — Ambos riram novamente.

— É sério, Cast. Você precisa arrumar uma namorada. Desde que a Debrah foi embora que você não se envolve com ninguém e isso faz quase 1 ano.

— Pronto. Começou. Vamos mudar de assunto!? — fechou-se, virando de lado para ela, apoiando os braços sobre os joelhos, fitando os degraus abaixo dos seus pés. Sua expressão alegre sumiu por completo.

— Mas é verdade, Cast. Está na hora de você deixar a Debrah no passado e se abrir para o amor de novo. Esquece isso de que toda garota é volúvel e insensível, e que nenhuma vale a pena.

— Essa conversa está ultrapassando a linha da "friend zone", Iris! Muda o foco. — pediu educadamente, começando a se estressar.

— Está vendo só. Toda vez é isso! Quando eu falo dela você fica nervoso e se fecha. Ela foi viver a carreira dela e está vivendo a vida dela também. E você aqui, curtindo o abandono.

— Eu não fui abandonado! — ralhou estressado, mas sem elevar a voz, começando a agitar as pernas de nervoso.

— Tá, eu sei, você foi traído, pela garota que amava e pelo amigo e por isso não confia mais nas garotas e troca socos com Nath sempre que tem a oportunidade. — falou deixando o ruivo mais estressado.

— Caralho, Iris! Eu não devia ter te beijado com força, eu devia ter te mordido. Com a boca inchada você não ia falar demais. — ralhou, encarando-a com reprovação. — Eu não fui traído... — afirmou, — Não por ela... — quase num sussurro, voltando os olhos para os degraus.

— Às vezes eu acho que você sente mais pelo que o Nath fez do que pela Debrah ter ido embora, te trocando pela música.

— Não fala besteira! Estou pouco me lixando para o CDF. Quero que ele se exploda.

— Não parece. Você não perde a chance de provocá-lo. Você devia esquecer isso e ficar de boa com ele, já que sente tanta falta da amizade dele.

— Agora você apelou, Iris. Quer me arrumar uma namorada, tudo bem, arrume. Se eu vou aceitar ou não é outra história. Mas daí você querer que eu tenha como amigo um traîte[1], é pedir muito! — ralhou, deixando claro que Nathaniel e nada para ele eram a mesma coisa.

Nathaniel ouviu cada palavra. Saber que Cast e Iris viviam uma amizade colorida o fez acalmar seu coração em relação a Sol, pensando inclusive que ele estava se referindo a Iris quando falou do perfume no roupão e não à Sol como ele achou. Mas como ele podia saber? Porém, aquele papo sobre a Debrah também o incomodou. Por culpa dela ele quase ficou mal visto entre os colegas da escola, tendo demorado um semestre inteiro para recuperar sua credibilidade, salvo com Castiel, que desde aquele maldito dia se tornou seu inimigo nº 1, acreditando fielmente na mentira de uma namorada "fiel e apaixonada" do que na verdade de um amigo convoité[2].

— Cada um acredita na verdade que lhe convém. — murmurou para si, voltando para o grêmio. Ele não ia perder seu tempo ouvindo sobre a Debrah. "Cada um tem a namorada que merece!" pensou, pois para ele Debrah e Castiel se mereciam.

— Já tá viajando de mais, Iris! E chega de conversinha. Pega seu rumo antes de eu mesmo te indicar o caminho! — ameaçou, pegando seu último cigarro numa pequena cigarreira de metal que ele carregava no pequeno bolso interno da jaqueta. Ele estava estressado e precisava acalmar os pensamentos.

— Você ficou doido! — disse Iris tomando o cigarro da mão dele. — Aqui não é lugar pra isso! — saindo da escada para ficar longe dele, parando perto do painel de recados.

— EI. Devolve isso agora!— ordenou e como ela não o fez ele foi para cima dela para tentar pegar. — Eu não tenho outro!

Iris o esfarelaria para evitar que o amigo fumasse, mas se fizesse isso o ruivo ia se zangar com ela, então tentou de todas as formas manter a mão com o cigarro longe dele, ora no alto, ora para baixo, para trás e até atrás dele, que tentava recuperá-lo agarrado a ela. Ele podia simplesmente impor sua força e tomá-lo, mas além de não querer estragar o cigarro, não queria machucar sua amiga.

— Eu estou perdendo a paciência, Iris. Vou acabar te machucando! — ameaçou-a e percebendo que ele estava chegando no seu limite de tolerância, não viu escolha, colocou-o dentro do sutiã.

— Pode esquecer, Cast. Aqui você não põe a mão! — avisou-o, rindo.

— Ah, Iris. Você está pedindo. Devolve logo está merda! — ordenou novamente, desta vez cerrando o punho, tentando conter sua irritação.

— Se você mesmo diz que é uma merda, porque quer de volta? Esqueça, Cast. Não vou devolver.

— Ou você devolve ou eu mesmo pego!

— Você não se atreveria!? AAAIIIII. TIRA A MÃO DAÍ!

— Posso saber o que significa isso? — ralhou Kim engrossando a voz, enquanto descia a escada, ao ver Castiel com a mão dentro da blusa da Iris enquanto esta tentava agachar para fugir da investida do ruivo.

Pensando ser uma professora ou outra funcionária qualquer, Iris deu um pulo que fez o ruivo desequilibrar e cair de bunda no chão, cuja cara não negou que ele sentiu a queda, mas não pelo tombo em si e sim pela "beseta" que ainda incomodava. Kim sentou no degrau para rir.

— P-Por favor, Kim, não faça mais isso! — pediu sentindo o coração acelerado. Ela quase teve uma síncope.

— E quer saber, pegue esta merda, Cast. Depois não reclame se broxar antes dos 30! — jogou o cigarro no chão, irritada pelo susto, indo embora com Kim que não parava de rir. Ela, além do Lys, sabia que os dois trocavam uns amassos de vez em quanto, por tê-los flagrado uma vez. Ele levantou, pegou suas coisas na escada, deu uns passos até o cigarro e enquanto abaixava para pegar, com um sorrisinho de lado, sentindo-se vitorioso.

— Desculpe a demora, Castiel. Eu tive que pegar estes descartáveis no porão a pedido da prof.ª Nancy. — disse Sartre saindo do porão, surpreendo o ruivo, que na hora só reagiu, sem pensar, pisando sobre o cigarro. — Por favor, espere-me na minha sala. Vou deixar isso na sala de Artes e já o encontro lá. — pediu, passando direto, sem nem olhar para os lados, quanto mais para o chão. Na verdade ele queria saber quem foi o idiota que guardou a caixa de descartáveis no porão ao invés de no almoxarifado e sem identificar, obrigando-o a procurar por quase uma hora.

— Só pode ser praga! — resmungou ao levantar o pé e ver o cigarro sujo, amassado e esfarelado. Só o que pôde fazer foi recolher e jogar na lixeira do corredor, indo em seguida para a sala do coordenador. Nathaniel entrou em seguida. Eles não trocaram uma palavra enquanto esperavam.

Sartre pediu a eles que começassem a cumprir o combinado na 2ª feira depois da última aula, entregando-lhes uma folha com todas as orientações necessárias.

Eles foram embora sem nem mesmo se olharem.

Castiel foi para a loja de animais de estimação e Nathaniel para casa. Ele disse a Sartre que não podia ir a academia por estar de castigo, que não era mentira. Ele só não mencionou que também estava com vergonha de encarar o Guerin.

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Notas finais do capítulo

[1] Traîte: Traidor.

[2] Convoité: de cobiçar. Na fic será usada como gíria para denominar a pessoa que se envolve fisicamente ou emocionalmente (de forma imprópria) com uma pessoa comprometida com um dos(as) seus amigos(as) (talarico).


Ai Dios mio, o que será que tinha no perfume daquele roupão....rs O ruivo esta com os hormônios a flor da pele....

(Na fic, a banda Creed representa a Winged Skull)



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