Falling in Love escrita por Susannah Grey


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá amoores ^^
Como prometido, voltei mais cedo *----*
Vou logo avisando que esse capítulo tá um pouquinho parado, mas depois de tanto tempo sem Amy narrar eu tive que explicar o que estava acontecendo na vida dela... Os próximos acho que vocês vão gostar ^^
Já estou com minhas provas marcadas, além de vários eventos pra arrecadar dinheiro pra formatura, ser a líder da comissão não é fácil, mas estou tentando dividir meu tempo direitinho pra não deixar vocês na mão!
Capítulo dedicado a Lary Farias e a Gabriella Jackson que comentaram no capítulo passado e me incentivaram bastante! Mesmo não planejando desistir de escrever, ver que tem gente gostando do que eu escrevo é muito bom!!!
Boa leitura, espero que gostem da decisão de Amy... kkkkk



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Já havia se passado quase um mês desde o ocorrido na casa de Chris e muitas coisas aconteceram desde aquele dia.

No domingo, depois que eu dormi enquanto eu assistia um filme com Ash, Lipe e Chris, eu fui forçada a contar o que havia acontecido para ter aparecido no meio da noite, descalça e de pijama na casa dos meninos. E claro que eles aproveitaram a primeira oportunidade para contar aos meus pais que provavelmente tinha alguém querendo me sequestrar. Isso levou meu pai a cancelar o pedido do meu carro, que ele iria me dar na terça, para encomendar um novo, e dessa vez blindado! Além disso, fui proibida de ficar em casa ou sair dela sozinha. Ótimo isso, não? E pra completar minha desgraça, agora eu terei que ficar na casa de Robert quando meus pais precisarem viajar, já que eles tiveram a certeza que cuidarão bem de mim enquanto eu estiver lá. Até mesmo se eu ficar sozinha com os meninos, afinal, "a Ashley pode ir te fazer companhia", foi o argumento que minha mãe usou pra convencer meu pai.

Pelo que meu pai disse, meu carro chegará a duas ou três semanas, e estou agradecendo muito por isso. Não porque eu não gosto da companhia de Will, ele é muito legal, mas sim porque estou tendo uma leve sensação que ele esteja interessado em algo além da nossa amizade. E eu não quero me arriscar em um relacionamento que eu sei que ele sairia machucado, já que eu amo outro homem.

O meu relacionamento com Chris não passou da amizade, embora eu sinta que ele queira dar o passo que nos separa de amigos e amantes. Ele é um ótimo amigo e, mesmo abusando do meu autocontrole perto dele, eu sinto que não conseguirei recusar todas as investidas que ele tem dado por tanto tempo. Diversas vezes enquanto estudamos ele tentou me beijar e quase sempre que almoçamos juntos ele tenta puxar o assunto "namoro" relacionado a nós dois. Mas eu sei que isso é tudo uma fachada, para o quê eu não sei. Os amigos dele, Eric e Damen, continuam indo a festas e ele os acompanha sempre que pode, e no outro dia na escola o papo sempre é: "a escolhida de Christopher Mills". Não que eu precise escutar a conversa das garotas, o próprio conversa comigo a respeito do que faz nas festas e sempre me chamou pra acompanhá-lo, até cogitei ir uma ou duas vezes, mas sempre que me lembrava do que aconteceu na última que eu fui, acabava desistindo. Mesmo morrendo de ciúmes e isso me matando aos poucos por dentro, eu mantenho a imagem da boa melhor amiga que ele merece.

Há umas duas semanas eu e ele nos juntamos para ajudar Ashley e Phillipe a assumirem o que sentem, e finalmente eles estão namorando oficialmente. Nós dois conversamos muito com Lipe e conseguimos convencê-lo a pedir a Ash em namoro.

O pedido foi em uma tarde no parque principal da cidade. Combinamos os quatro de fazer um piquenique e depois de um tempo conversando e comendo sob a sombra das árvores, curtindo a chegada da primavera, eu e Chris demos uma desculpa para fugir dali e os deixamos sozinhos. Foi aí que aconteceu o planejado. Quando eu e Chris voltamos um pouco mais tarde encontramos os dois se beijando e minha amiga veio toda empolgada me contar a "novidade".

Agora eu tinha que ficar segurando vela dos meus melhores amigos e do meu mais novo melhor amigo, que eu sou completamente apaixonada e que a cada semana está com uma garota diferente. Uma vez ele chegou a me perguntar se o fato de ficar com várias garotas diferentes poderia interferir na nossa amizade, só respondi pra ele ao menos se proteger pra não pegar nenhuma doença. Eu mantinha o tom sarcástico e irônico pra ele não notar o quanto me incomodava.

Estava na piscina da escola, a educação física tinha acabado há quase uma hora e desde então eu estava nadando de um lado para o outro com pequenos intervalos pra regular minha respiração. Já podia sentir meus pulmões e os músculos dos braços e pernas queimando. Parei um pouco na borda e mergulhei de olhos fechados, contando quanto tempo ficava submersa. Senti uma ondulação ao meu lado e logo voltei à superfície pra ver o que era.

– Vai ficar muito tempo por aqui? - Olhei para cima e encontrei o dono da voz. Senti meu corpo arrepiar e um leve sorriso brincar em meus lábios. Meu mais novo melhor amigo continuava lindo como sempre.

– Não sei, ainda estou pensando se vale a pena sair. - respondi sorrindo de lado. Chris revirou os olhos e sorriu, vi Ashley e Phillipe se aproximando também.

– Anda, Amy. Queremos sua ajuda pra ensaiar. - Ashley falou pegando minha toalha e segurando perto da borda, ao meu alcance.

– Meninos, se virem, por favor. - eu disse antes de sair da piscina. Eles reviraram os olhos e ficaram de costas, ao mesmo tempo em que saí da agua e peguei a toalha pra me enrolar. - Ensaiar o que? Podem se virar. - continuei, indo até a arquibancada pegar minha bolsa com a toalha extra, uma muda de roupas e meu celular.

– Você tá com a cabeça onde, garota? Esqueceu do trabalho que a professora de arte passou, em dupla? - Ashley perguntou levemente irritada, revirei os olhos e escutei os meninos rirem. Os três estavam me acompanhando até o vestiário feminino. Como a escola já estava praticamente vazia agora que fazia quase uma hora que as aulas tinham acabado, os meninos não se preocupavam em entrar lá. Até porque eu me arrumava na ala mais afastada de onde eles ficavam com Ashley, nos chuveiros, e graças à ótima acústica de lá podíamos manter nossa conversa sem eu precisar ficar perto deles. Adiantaria os dois lados.

– Não me esqueci, estressadinha. Só não queria ficar lembrando o tempo todo. Caso você não se lembre, minha dupla é o idiota do Eric. - Suspirei pesadamente. - Eric consegue ser mais irritante do que Chris. Sem ofensas, eu sei que ele é seu amigo. - Me direcionei a Chris que estava com um sorriso de lado perfeito. Dei de ombros enquanto deixava minha bolsa no armário e andava até os chuveiros. - Vocês já decidiram a música que querem cantar? - perguntei elevando minha voz, os corredores fariam o trabalho de levar o som até eles. Entrei no chuveiro pra tirar o cloro dos meus cabelos.

– Pensamos em All of Me. Ideia do Lipe. - Pude perceber o sorriso na voz de Ashley. Minha amiga estava completamente apaixonada por Phillipe. Sorri com isso.

– Piano ou violão? - perguntei. Provavelmente era dessa ajuda que eles queriam.

– O que você acha melhor? - Foi a vez de Lipe se pronunciar.

– Podemos testar com os dois e depois vocês decidem.

– Pode ser. - Ashley fez uma pausa. - Vai demorar muito aí?

– Já estou terminando, se quiser ir treinando a divisão de voz, fiquem a vontade. Cantar no banheiro é o que há de bom.

Alguns minutos de silêncio se seguiram, imaginei que ela achou que fosse brincadeira, então resolvi puxar a música, pra eles continuarem.

What would I do without your smart mouth ( O que eu faria sem a sua boca esperta)

Drawing me in, and you kicking me out ( Me atraindo, e você me afastando)

Got my head spinning, no kidding, I can’t pin you down ( Minha cabeça está girando, sério, eu não consigo te decifrar)

Comecei com um tom mais fácil, fazendo o contralto. Se pelo menos um deles me acompanhasse eu poderia começar a divisão, mas a voz que continuou não era a de Phillipe, mas sim a de seu irmão. Senti um arrepio percorrer todo meu corpo diante daquela voz rouca e suave.

What’s going on in that beautiful mind (O que está acontecendo nessa mente linda?)

I’m on your magical mystery ride (Estou em sua jornada mágica e misteriosa)

And I’m so dizzy, don’t know what hit me, but I’ll be alright ( E eu estou tão tonto, não sei o que me atingiu, mas eu ficarei bem)

Continuei cantando, começamos o refrão juntos. Ele continuou com seu tom e eu fiz a divisão. Enquanto ele se manteve em sua tessitura de tenor em toda a música, eu alternava entre as notas mais graves de contralto e as mais agudas de soprano. Em algumas partes arrisquei entrar mais fundo na quinta oitava ou fazer a segunda voz.

Eu podia não estar vendo ele, mas sabia que se estivesse meus olhos estariam fixos nos seus. Ele tinha uma belíssima voz. E só em ouvi-la, já me arrepiava toda e ficava com as pernas bambas.

– A professora deveria colocar vocês dois pra fazer um dueto, ficou perfeito. Me arrepiei, sério! - Ouvi Ashley comentar, pela voz, um pouco surpresa.

– Ela sabe o que tá fazendo. Deixa ela. - Chris disse, aparentemente entediado. Fiquei triste, por um segundo achei que cantarmos juntos poderia ter causado nele a mesma sensação que causou em mim.

– Aposto que a Lindsey está oferecendo ou ameaçando ela com alguma coisa. Não é possível que vocês tenham ficado juntos nas últimas 6 aulas. E ela mudou as duplas de praticamente todo mundo! - Sorri ao ouvir minha amiga protestando indignada.

– Ela não muda a sua há 4 aulas. - Percebi o sorriso na voz de Chris. Desliguei o chuveiro e saí do box enrolada na toalha. Minhas roupas estavam ali mesmo para eu me arrumar.

– Ela disse que a minha voz casava muito bem com a do Phillipe e que faríamos um dueto na apresentação do final do ano. E você sabe como ela leva isso a sério. E não é possível que aquela lá seja sua dupla permanente, além da professora não ter dito nada sobre isso, ela fica entediada em todas as suas apresentações. Enquanto você é o backing da estrelinha que ama aparecer.

Assim que Ashley terminou de falar eu voltei para onde eles estavam. Meu maiô estava enrolado na toalha que usei na ida, a outra eu usava para secar meus cabelos.

– Menos, Ash. Como o Chris disse, nossa professora sabe o que está fazendo. - Dobrei as toalhas molhadas e meu maiô e guardei em uma bolsa impermeável que eu levava só para isso. Penteei meu cabelo enquanto Ashley continuava protestando. Saímos de lá assim que eu terminei de me arrumar.

A escola estava praticamente vazia. Com exceção dos funcionários, nós éramos os únicos que ainda estavam circulando por ali. Fomos direto para auditório, onde nossas aulas de arte aconteciam, lá teria todos os instrumentos que precisaríamos. Corri meus dedos pelo piano, tocando alguns acordes e notas aleatórias até começar realmente a música. Comecei cantando só pra Ashley saber a entrada dela, logo ela e Phillipe se viraram sozinhos. Eu dava uma dica aqui ou ali, para não ficar uma apresentação monótona. Ela estava alternando entre soprano e contralto, como eu fiz mais cedo com Chris.

Depois de quase duas horas de ensaio, e de decidir cantar com o violão ao invés do piano, começamos a cantar algumas músicas diversas. Chris me acompanhou com um violão, a união dos dois instrumentos era bem harmônica. Enquanto Chris cantava o baixo e Phillipe o tenor, Ashley cantava o soprano e eu o contralto. Nossa divisão não estava perfeita, mas estávamos nos divertindo com aquilo. Fomos interrompidos pelo som da voz de Humberto Gessinger cantando Dom Quixote. Eu amava aquela música! Mas tinha que atender, minha mãe estava me ligando. Parei de tocar na hora que me lembrei que não tinha avisado que ficaria mais um pouco na escola.

– Droga! - exclamei alto, pegando minha bolsa em cima do piano e procurando meu celular. Assim que o achei a chamada encerrou. Olhei o horário, 19:38. Desbloqueei meu celular e vi que tinham 26 ligações perdidas da minha mãe. - Droga. - exclamei de novo enquanto colocava minha bolsa no ombro e saía correndo dali com meus amigos logo atrás sem entender nada. Disquei o numero da minha mãe e esperei ela atender. Só chamou uma vez antes de eu escutar sua voz desesperada.

– Emily! Onde você está? Você está bem? Por que não atendeu minhas ligações? O que aconteceu? - minha mãe disparou todas as perguntas ao mesmo tempo, estava falando em português. Tinha alguém perto dela.

– Estou bem, só esqueci de avisar que ficaria até mais tarde na escola. - disse com a voz calma. Já estava perto do estacionamento da escola.

– Ainda está na escola?

– Estou. A Ashley e os meninos também estão aqui.

– Em casa conversamos. Venha logo, estou te esperando.

E desligou. Suspirei enquanto me virava para me despedir dos meus amigos que esperavam uma explicação sobre o que acabara de acontecer. Fuzilei eles com o olhar e todos sorriram, provavelmente já imaginavam o que era. Chris destravou o carro dele e passou por mim, indo na frente, provavelmente tentando se livrar da bronca.

– Te espero no carro. - ele comentou sutilmente, percebi que sorria.

– Tá vendo o que vocês fizeram? Agora minha mãe tá surtando toda vez que demoro de chegar em casa. Aaarg! - rugi, frustrada, jogando os braços pro alto enquanto ia para o carro de Chris, sendo acompanhada por Lipe e Ashley. O carro dele estava ao lado do de Chris. - Vou fazer 18 anos e não posso ficar na escola até mais tarde com meus amigos. O quanto nossa vida pode ser injusta, né? - Percebi que minha voz ficara mais carregada de ironia do que eu pretendia.

– Desculpa, Amy. Mas você sabe que nós tivemos que contar. Você viu como seus pais ficaram surpresos quando chegaram naquele domingo em casa e não encontraram a filha, mas acharam o celular dela. E além disso, eles tentaram falar com você durante todos os dias em que ficou na casa dos meninos. Você não teria nenhuma desculpa pra dar a eles e você sabe. - Minha amiga tentou se desculpar. Suspirei e entrei no carro, Chris estava mandando uma mensagem para alguém.

– Eu sei, mas é que isso irrita. Mas uma hora vai acabar e vou poder voltar a fazer o que eu quero. - Ashley e Lipe se despediram e saíram dali. Virei-me para Chris, ele ainda estava mexendo no celular. - Podemos ir assim que você quiser.

– Okay. - Ele ligou o carro e engatou a ré sem ao menos desgrudar os olhos do celular. Somente quando o carro começou a se mover ele bloqueou a tela e começou a dirigir rumo a nossa casa.

– Quem é a da vez? - perguntei fingindo desinteresse, olhando para a cidade que passava calmamente pela janela.

– Quem era quem?

– A menina que você estava conversando. Para ter ficado tão focado só pode ser uma menina. - Com o canto do olho percebi que ele me olhou rapidamente e sorriu.

– Stella. Quarto B. Só temos a aula de arte com ela. - ele disse e eu acenei com a cabeça. Um silêncio reconfortante preencheu o carro. Eu estava decidindo se perguntaria ou não a maior dúvida que sempre tive sobre ele. - Pergunte. - Virei-me para ele assustada, ele não me olhou, mas estava sorrindo. - Eu te conheço bem o suficiente pra saber quando você quer fazer uma pergunta, mas não sabe se deve. Pode perguntar, prometo tentar responder.

– Okay então. - Respirei fundo e desviei meus olhos, olhando para minhas mãos em meu colo, antes de fazer a pergunta. - Por que você fica com tantas meninas diferentes?

– Oi? - Percebi o sorriso pelo seu tom de voz. Senti meu rosto queimar.

– É que tipo, como você consegue ficar com tantas meninas, mas não se prender a nenhuma? Só queria entender o porquê que você faz isso. Você é lindo, inteligente, legal. Mas ao mesmo tempo é um moleque que não quer assumir um compromisso. Eu só... - Fiz uma pausa, estava muito constrangida. - Não te entendo.

– É... Complicado. - Percebi que ele estava hesitando. - Tenho vários motivos para fazer isso.

– E qual seria o principal? - perguntei, dessa vez olhando para ele. Ele parecia tenso, seus olhos estavam fixos na estrada e suas mãos apertavam tanto o volante que os nós de seus dedos estavam brancos. Ele hesitou novamente antes de responder.

– Digamos que eu esteja tentando esquecer alguém que eu realmente goste muito.

– Christopher Mills está gostando de uma garota? - perguntei realmente surpresa. - Não sei o que você pode estar pensando, mas se você quiser a opinião de uma amiga é só falar. - Dizer que eu estava desapontada era pouco, eu estava realmente arrasada. O homem que eu amo gosta de outra mulher. O quão frustrante poderia ser isso?

– Por favor. Gostaria de saber o que você acha.

– Eu acho que você deveria chamá-la pra sair e falar pra ela o que você sente. - disse simplesmente, olhando para seu rosto. Desviei logo em seguida com o rumo dos meus pensamentos. - Às vezes até parece que você não sabe o poder que tem. - comentei baixinho, falando comigo mesma.

– Você acha que eu devo fazer isso mesmo? - ele perguntou olhando ligeiramente para mim. Já tínhamos chegado a minha casa, ele estava parando o carro na entrada da frente.

– Tenho certeza. Vai que ela também sente o mesmo?

Não fiquei para ouvir uma resposta. Dei um beijo em sua bochecha, agradeci a carona e saí do carro logo em seguida, indo direto para dentro de casa e deixando-o com seus próprios pensamentos.

Assim que passei pela porta dei de cara com minha mãe andando de um lado para outro sem parar. Tive que reprimir um sorriso.

– Cheguei, mãe. - avisei enquanto fechava a porta. Ela me fuzilou com o olhar.

– Por que não avisou que ficaria até mais tarde?

– Desculpa. Eu estava nadando quando meus amigos me chamaram para ensaiar o trabalho de artes. Eu sei que devia ter ligado, mas esqueci. - Seus braços me envolveram no mesmo instante, me apertando contra si.

– Nunca mais faça isso, por favor! Não sei o que seria da minha vida sem você. - Ela se afastou um pouco para olhar em meus olhos, mas sem soltar meus ombros. Percebi que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Senti os meus lacrimejarem também. - Eu te amo, minha flor. Você foi a melhor coisa que me aconteceu e eu não quero te perder! - Ela me abraçou novamente, dessa vez mais forte.

– Você não vai, mãe! Eu também te amo! - sussurrei perto de seu ouvido.

– Acho que estamos precisando de uma daquelas nossas sextas-feiras. - disse minha mãe completamente recuperada do choque, me soltando rapidamente do abraço e me puxando para as escadas. - Sabe, tem muito tempo que não fazemos uma e eu quero poder ter um tempo só pra mim com minha filha. Está crescendo tão rápido, meu anjo.

– Mãe... - tentei protestar, mas ela levantou a mão indicando-me a não continuar. Revirei os olhos.

– Essa sexta não dá, tá muito em cima e vou dar um plantão na próxima. Então faremos na outra, daqui a duas semanas, tudo bem?

– A senhora sabe o que eu acho sobre isso. - já estávamos no corredor do meu quarto.

– Eu sei que você não gosta de sair, muito menos de fazer compras, mas é uma ótima desculpa para sairmos juntas e conversar. Preciso ficar a par do que acontece na vida da minha filha. - Ela estava com um sorriso radiante no rosto. Observando bem a minha mãe, eu podia ver nossa semelhança. E não eram só os olhos azuis marcantes, nosso sorriso era o mesmo, mas o dela era muito contagiante. Não consegui deixar de sorrir também. – E temos uma vantagem, ninguém fala português por aqui. Podemos conversar em paz.

– Tudo bem! - disse por fim, com um suspiro derrotado.

– Isso! - Minha mãe deu um pulinho em comemoração e me abraçou, ri com sua empolgação. - Tenho que ir agora, vou arrumar minhas coisas, vou passar a noite no hospital, tenho uma cirurgia daqui há quatro horas. Venho me despedir antes de ir. Boa noite, minha flor.

– Boa noite, mãe. E boa sorte lá. - Dei um beijo em sua bochecha antes dela sair e me joguei em minha cama.

Meus pensamentos estavam a mil, mas bem longe dali. Estavam na conversa que eu tive com Chris no carro. Não pensei duas vezes antes de pegar meu celular e ligar para minha amiga. Ela atendeu no quarto toque.

– Deixe-me adivinhar, o Lipe tá com você? Atrapalho algo? - perguntei brincando e sorrindo, estava escutando a respiração ofegante dela.

– Nada demais. Diga aí, amiga. Do que precisa? - Ela também estava brincando, mas não entendi o porquê que meus olhos se encheram de lágrimas. Não consegui evitar que minha voz ficasse embargada quando respondi.

– Um colo amigo? Conselhos, talvez. - Respirei fundo tentando afugentar as lágrimas.

– Estou chegando. - ela disse simplesmente e desligou. Percebi a preocupação em sua voz.

Fiquei deitada em minha cama, olhando para o teto e sentindo uma lágrima ou outra escapar dos meus olhos. Não sei quanto tempo fiquei nessa posição, mas despertei assim que ouvi passos próximos à porta do meu quarto.

– Amy? - Virei à cabeça em direção a porta e encontrei minha amiga só com a cabeça dentro do quarto. Sorri fracamente e ela entrou, fechando a porta logo em seguida. - O que aconteceu? - ela se sentou ao meu lado e ficou afagando meu cabelo, voltei a minha posição inicial.

– Acabou. Já era. - disse simplesmente.

– O que acabou?

– Estava conversando com Chris essa tarde. Ele afirmou que gostava de uma menina. - Virei-me para Ashley que me olhava com um misto de surpresa e pena nos olhos. - Acabou. Qualquer chance que eu tinha dele gostar de mim de verdade foram esgotadas.

Falar aquilo em voz alto doía mais do que pensar. Senti meus olhos se encherem de lágrimas novamente. Dessa vez não as segurei. Sentei-me na cama e logo fui envolvida pelos braços da minha amiga.

Ficamos um tempo assim. Ela me abraçando, eu chorando em seu ombro e ela dizendo que tudo terminaria bem, que encontraríamos algo para fazer. Forcei-me a parar de chorar. Eu não podia demonstrar fraqueza. Sequei as lágrimas que restaram e me soltei de seu abraço. Ashley ainda me analisava minuciosamente, como se eu fosse desmoronar a qualquer momento.

– Eu quero esquecê-lo. - disse resignada. - A qualquer custo. O que você fez para conseguir esquecê-lo? Eu quero fazer também. Não sei se vou aguentar continuar assim sabendo que eu ainda o amo.

– Amy, eu não sei se é uma boa...

– Não. - a interrompi. - Uma má ideia seria continuar apaixonada pelo seu amigo que é apaixonado por outra mulher e fala sobre isso livremente com você. Não sou forte o suficiente pra isso. Não vou aguentar vê-lo falar de outra mulher e muito menos me afastar de vez dele.

– Não sei se você vai gostar de saber o que eu fiz pra tentar esquecê-lo... - ela disse com o olhar baixo.

– Diga. - Ela levantou os olhos e eu olhei diretamente para eles, para ela não desviar o olhar novamente e perceber o quanto eu queria isso.

– Eu comecei a ir mais às festas, comecei a beber muito e ficava com qualquer homem que quisesse alguma coisa comigo. Não me orgulho muito disso, sei que magoei e preocupei muito meu pai nessa época, mas foi a única saída que achei. Eu tive sorte de ter o Phillipe ao meu lado naquela época, ele me ajudou muito.

– Eu tenho que tentar, Ash. Você sabe disso melhor do que ninguém.

– Eu vou te ajudar! E tenho certeza que o Lipe também. - Ela sorriu de leve, como que me encorajando, e me abraçou.

– Obrigada, amiga! Eu te amo! - disse e também sorri.

Era só disso que eu precisava para saber que não tinha tomado a decisão errada.

Eu iria esquecer o Chris. Por bem ou por mal.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Quem acha que essa decisão de Amy vai dar o que comentar levanta a mão o/
Alguém tem alguma ideia do que ela vai fazer? Se quiserem dizer o que vocês acham eu não mordo, prometo!



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