Falling in Love escrita por Susannah Grey


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, meus amores ^^
Só vim pedir desculpas pela demora.. O capítulo tem quase uma semana pronto, mas não encontrava tempo para revisá-lo (estou em semana de prova - de novo).. Enfim, já comecei o próximo e ele já tem umas 1000 palavras escritas - pouco, mas tá no comecinho.. Enfim, espero que gostem da Amy desse capítulo.. Eu quis aproximar um pouco mais ela e a mãe..
Aaah, e, se vocês quiserem, podem acompanhar a parte que Amy menciona essa musica - Pitbull - Timber ft. Kesha: https://www.youtube.com/watch?v=hHUbLv4ThOo
Acho que vocês podem gostar...
Boa leitura ^^



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Já estava provando meu 24° vestido só aquela tarde. Por mais que eu não gostasse de fazer compras eu iria continuar com aquilo, era por uma boa causa.

Ashley tinha conseguido três entradas para uma festa de um amigo dela que cursava faculdade de Direito. Ela tinha me explicado em detalhes o que ela fez para tentar esquecer Chris e me garantiu que as festas da faculdade são mais seguras que as da escola, já que nem todo mundo podia entrar nela.

Saí do provador com o último vestido que ela tinha escolhido. O gosto dela era completamente diferente do meu, mas eu estava disposta a muitas coisas para conquistar meu objetivo. E isso incluía usar um vestido que mal cobria um palmo das minhas coxas e possuía um grande decote ou nas costas ou nos seios. Pelo menos eu não ficava parecida com uma Lindsey da vida vestindo eles.

– Esse é o último. - disse dando uma voltinha para que ela analisasse de todos os ângulos.

– Uau! Você está sexy. E muito quente! Vai ser esse, sem dúvida. - Vi seus olhos brilharem e um sorriso estampado em seu rosto. - Mas pode pegar os três primeiros e aquele vermelho de alcinha aberto na cintura. Foram os melhores.

– Okay.

Voltei ao provador e separei os vestidos que ela disse, um azul royal, dois pretos e um vermelho. Todos eles curtos e com diferentes tipos de decotes. Entreguei os outros para a atendente que disse que voltaria depois para pegar os que eu levaria, só ia me dar um tempo para colocar minha roupa. Fiquei um tempo me analisando no espelho: vestido de renda azul royal extremamente colado ao corpo, com um decote em U nas costas, que ia, praticamente, até minha bunda, e um decote fundo, mas discreto devido a renda, na parte da frente, deixando nítida a curva dos meus seios. As mangas compridas davam um ar mais comportado ao vestido. Meu cabelo estava solto e cheio de cachos bagunçados, meus olhos demonstravam uma confusão de sentimentos e, se eu olhasse bem, conseguiria reparar as olheiras que começavam a se formar sob meus olhos. Depois de tantas noites sem dormir por causa de pesadelos, isso era o mínimo que poderia acontecer.

O vestido se ajustava perfeitamente ao meu corpo. Ele era sexy e elegante. Eu podia chamar a atenção de qualquer menino na festa sem deixar de parecer um pouco comigo mesma.

Troquei de roupa rapidamente e saí do provador segurando os vestidos que eu levaria, a atendente já me esperava do lado de fora e Ashley já estava na ala dos sapatos.

Passamos a tarde comprando coisas que Ash julgava necessárias para essa minha mudança. Até meu cabelo ela tentou me convencer a mudar, mas eu não quis. Meu objetivo era esquecer o Chris e não mudar todo o meu jeito e personalidade pra chamar a atenção de outros homens.

Phillipe foi nos buscar no shopping por volta das 18:40, já tínhamos feito a maquiagem e o cabelo em um salão por lá mesmo, só faltava vestir a roupa e colocar o sapato e, no meu caso, pedir aos meus pais para ir à essa festa e dormir na casa de Ashley. Se eu planejava beber nessa festa, não podia chegar bêbada em casa.

– Mãe, eu estava querendo ir a uma festa com a Ashley e o Lipe hoje à noite, posso ir? - Eu estava dentro do meu closet e minha mãe sentada na minha cama. Eu podia vê-la pelo espelho, mas ela só saberia que eu já estava arrumada depois que me permitisse ir.

– Tinha que ser hoje? Nós temos um jantar importante com alguns investidores e acionistas da empresa. Robert que organizou tudo. Queríamos que você fosse. Sabe? Daqui a alguns dias você será a presidente da empresa. - ela disse, tentando me convencer a ir. Ela sabia que eu não gostava muito dessas reuniões.

– Por favor, mãe. A senhora mesmo disse que eu precisava sair e socializar mais com todo mundo. Eu só quero ir a uma festa com meus amigos. E, além disso, eu ainda não sou a presidente da empresa e já fui a vários jantares tipo esse.

– Tá. Vou falar com seu pai. Já estávamos de saída mesmo. O jantar é fora da cidade, o motorista de Robert vem nos pegar para irmos todos juntos.

– Obrigada, mãe! Se importa se eu dormir na casa de Ashley? É a vez dela de fazer a festa do pijama. - comentei sorrindo, para camuflar melhor a mentira. Eu odiava mentir para minha mãe, mas não podia simplesmente dizer a ela que queria dormir na casa da minha amiga porque provavelmente eu estaria de ressaca pela manhã. Era em momentos como esse que eu agradecia mentalmente por ter sido treinada a mentir e esconder coisas e sentimentos muito bem.

– Tudo bem. Mas pelo menos me mande uma mensagem quando chegar na casa dela. Eu fico preocupada com você. - Resolvi sair do closet. Eu já estava vestida, mas estava usando um robe que cobria todo o vestido para minha mãe não vê-lo. Ela só podia ver meu cabelo estrategicamente arrumado em cachos soltos para trás e minha maquiagem destacando meus olhos e lábios.

– Não precisa se preocupar, mãe. A senhora sabe que eu sei me cuidar e que sempre aviso. - A abracei. Ela me afastou delicadamente e analisou minha produção.

– Está linda! Queria ver que vestido você escolheu pra ir. - Gelei no mesmo momento. Droga, o que eu iria dizer? Antes que eu sequer pensasse em uma desculpa ela abriu meu robe e analisou meu vestido. - Você não quer me dizer alguma coisa, meu amor? - Senti seu olhar questionador sobre mim e meu rosto queimar de vergonha.

– Mãe, eu... - Eu não sabia o que dizer, minha voz falhou antes que eu pudesse continuar.

– Deixe-me adivinhar, você está gostando de alguém da escola e quer tentar esquecê-lo? - Olhei-a surpresa, ela estava sorrindo. Não um sorriso debochado ou questionador, mas sim um sorriso amoroso e cheio de compaixão. Senti meus olhos lacrimejarem.

– É complicado.

– Eu sei que sim. Sei como você se sente, também passei por isso. A diferença é que eu era mais nova. - ela sorriu de leve e voltou a se sentar na cama, me levando junto com ela. - Vai querer me contar quem é esse menino?

– Acho que não vale a pena. - comentei cabisbaixa. Não tinha porquê eu continuar com isso sendo que ele já tinha admitido gostar de outra menina.

– Por que você acha isso? Amy, minha filha, eu te conheço muito bem e sei que se você está sentindo algo por esse menino deve ser um sentimento muito forte. E também sei que você não é de desistir, então por que está fazendo isso? Desistindo do seu amor?

– Porque ele gosta de outra menina. - disse simplesmente. Senti uma lágrima escapar e tentei me controlar para que mais nenhuma outra caísse. Não podia borrar minha maquiagem, eu ainda iria à festa.

– Como sabe disso? - ela perguntou, parecia surpresa com a notícia e com pena de mim. Sorri fracamente, não precisava que sentissem pena de mim, já estava sofrendo o bastante sozinha.

– Tenho fontes seguras. - disse a fazendo sorrir.

– Tudo bem. Só cuidado com o que você vai aprontar. - Ela levantou-se e se encaminhou até a porta, mas antes de sair se virou. - A propósito, eu passei por isso com o seu pai.

Observei minha mãe saindo do meu quarto com o pequeno sorriso nos lábios me deixando completamente confusa.

Meus pais saíram minutos antes de Ashley chegar com Lipe. Ele estava indo para nos ajudar, ele se sentia culpado pelo que o irmão estava fazendo, mesmo sem saber que o fazia.

– Amy, você tem certeza que quer fazer isso? Sabe que ainda pode desistir, né? - Phillipe estava torcendo para que eu desistisse.

– Tenho certeza, Lipe. Não posso viver assim para sempre.

– Droga! Se ele não fosse meu irmão eu juro que enchia ele de porrada por fazer isso com você! - Gargalhei alto ao mesmo tempo em que Ashley colocou a mão em seu ombro, como se pedisse para ele se acalmar.

– Não escolhemos quem amamos, Phillipe. Eu amo o seu irmão, ele não me ama. Fim de papo. A única coisa que posso fazer a respeito é tentar esquecê-lo. E é isso que pretendo fazer. - disse resignada.

– Pode haver outras maneiras... Por favor. - ele continuou pedindo. Fechei meus olhos com força. Eu sabia que mesmo ele não concordando com aquilo me apoiaria no que eu precisasse.

– Não se preocupe, não farei nada que eu não quero. Só estou indo a uma festa com meus amigos. Não é como se eu fosse perder minha virgindade com o primeiro que aparecesse na minha frente. - falei tentando fazer graça, pude ver um pequeno sorriso de satisfação em seu rosto.

– Então vamos. Chega de papo baixa astral, já chegamos na festa mesmo. - Ashley estava animada, até aquele momento não tinha percebido que estávamos parados do lado de fora de uma república da faculdade.

– Vamos sim. E Lipe, não se preocupe tanto. Eu não farei nada que não queira.

Ele assentiu e nós saímos juntos do carro. O vento frio percorreu meu corpo me fazendo arrepiar. Eu estava com medo do que me esperava, mas eu confiava em meus amigos e sabia que eles não me deixariam na mão.

O som da festa estava muito alto, mas assim que passamos pela porta de entrada ele se tornou ensurdecedor. A iluminação do local era parecida com a de uma boate. Pessoas iam e vinham de um local que presumi ser a cozinha, provavelmente onde estava a bebida. Encaminhamo-nos primeiramente para lá. Ashley preparou uma bebida para nós duas e trouxe um copo com refrigerante para Phillipe, já que ele seria nosso "guarda" essa noite.

– Vire esse de uma vez, só pra começar. - ela disse me entregando um pequeno copo com um líquido parecido com água. - Depois pode beber esse com mais calma. Logo, logo você vai estar se sentindo mais leve. - Dessa vez ela me entregou um copo maior com uma bebida colorida.

Pelo cheiro que emanava dela, a bebida era muito forte. Fiz uma careta antes de virar o primeiro copo como ela tinha dito. O sabor da bebida era horrível e ela desceu queimando toda a extensão da minha garganta. Minha careta só aumentou ao sentir aquele ardor que não passava e senti uma enorme vontade de colocar tudo para fora. Escutei Ashley rindo, só então percebi que tinha fechado os olhos.

– Sua cara foi hilária! - ela disse secando uma lágrima do olho esquerdo. Vi Lipe revirar os olhos. - Tome um pouco do outro copo, com o tempo o ardor diminui.

– Você deveria pegar mais leve com a garota. É a primeira vez dela. – ouvi Lipe dizer, mas eu encarava meu copo. O que será que tinha ali dentro? Tinha umas quatro cores diferentes.

– Ela é forte. Ela aguenta.

Eu hesitei um pouco antes de beber, mas assim que a imagem de Chris apareceu em minha mente eu bebi um generoso gole do copo. Como o primeiro, o líquido desceu minha garganta queimando tudo em seu caminho, só que esse tinha um sabor um pouco mais doce e até que não era ruim. Vi que Ashley me observava com um sorriso no rosto, enquanto Lipe parecia apreensivo.

– Até que esse aqui não é tão ruim. - falei tentando convencê-los que eu tinha gostado. Falhei miseravelmente quando engasguei com o líquido que ainda estava na minha garganta. O sorriso de Ashley aumentou e ela virou o conteúdo de seu copo de uma vez.

– Eu disse que ela se daria bem com os coquetéis de tequila com whisky. - ela disse para Lipe, que revirou os olhos, e foi novamente a cozinha buscar outro copo para ela. Bebi mais um gole do meu, dessa vez o ardor foi menor e eu não me engasguei.

– Vamos procurar algum lugar para nos sentarmos. - Lipe disse nos guiando por entre aquela multidão de pessoas bêbadas se esfregando umas nas outras.

Só de imaginar que era quase isso que eu planejava fazer, já podia sentir minha face queimar de vergonha.

Afastei esses pensamentos da minha mente e bebi mais um pouco do coquetel. Eu vim para me divertir e não para ficar arrependida com minhas decisões.

O tempo passou que nem percebi. Sabia que já estava um pouco alterada por causa da bebida. Eu estava em meu 7° copo e pelo visto eu tinha certa resistência a bebidas. Eu e Ashley estávamos dançando juntas na pista de dança, alguns meninos tinham tentado se aproximar, mas Lipe estava estrategicamente próximo em todos os momentos, ele era muito ciumento.

A bebida realmente ajudava a esquecer de certas coisas, mas principalmente ajudava a me sentir livre. Eu não dançava em público, mas naquele momento eu dançava sem me preocupar com nada e nem ninguém.

Lipe se afastou um pouco de nós, disse que pegaria mais uma bebida, já que nossos copos estavam vazios e Ashley estava praticamente implorando a ele por mais. Depois de um tempo começou o toque remixado de uma música conhecida, Timber. Eu e Ashley comemoramos e começamos a dançar.

Assim que Pitbull começou a cantar subimos no balcão e continuamos a dançar. Ela estava atrás de mim e nossos corpos se movimentavam de acordo com o ritmo da música, às vezes eu rebolava até o chão e subia novamente, fazendo os garotos que estavam a nossa volta irem ao delírio. Escutei Ash sussurrar em meu ouvido que ia ao banheiro, mas que logo voltava. Não me importei e continuei dançando. Podia ouvir alguns homens gritando animados, mas assim que abri meus olhos eles se encontraram com um par absolutamente azul. Aquele azul que sempre me encantou. Inconscientemente meus lábios se abriram em um sorriso malicioso. Meus quadris começaram a dançar de forma mais provocante. Podia ver o desejo cintilar em seus olhos escuros, assim como nos olhos de outros homens que me rodeavam. Cantei uma pequena parte da música junto com a Kesha.

– Let’s make a night, you won’t remember. I’ll be the one, you won’t forget. ( Vamos fazer uma noite que você não vai lembrar. Eu serei aquela que você não vai esquecer) - Cantei olhando em seus olhos, contornando todo o meu corpo com minhas mãos.

Senti uma mão acariciando minha perna direita e logo depois me puxou para baixo. Caí nos braços de um homem que aparentava ter uns 23 anos. Seus braços eram musculosos, seu rosto tinha uma barba por fazer tão negra quanto seus cabelos e seus olhos cinza faiscavam de tanto desejo, alternando entre meus olhos, lábios e seios. Ele provavelmente fazia parte da república.

Ele me empurrou de encontro ao balcão e encaixou sua cabeça em meu pescoço, inspirando profundamente. Suspirando logo depois. Senti meu corpo arrepiar, o que eu estava sentindo agora era algo novo. Provavelmente desejo. Minha cabeça pendeu para trás quando senti sua língua em meu pescoço, subindo até minha orelha.

– Quer ir a um lugar mais reservado? - Escutei pela primeira vez sua voz. Ela era grossa e o desejo era palpável. Ele puxou o lóbulo da minha orelha com seus dentes, me fazendo arrepiar, e colou mais nossos corpos, me fazendo sentir sua ereção em meu ventre. O ar escapou dos meus pulmões e foi como se toda a bebida que corria em minhas veias tivessem ido embora. O que eu estava fazendo?

Tentei afastá-lo, mas isso só fez com que um de seus braços enlaçasse minha cintura de forma possessiva, enquanto o outro desceu até minha coxa, subindo sua mão até a barra do vestido. Antes que seus lábios pudessem alcançar os meus, seu corpo foi jogado para longe e o meu suspenso do chão e jogado sobre ombro de alguém, como se eu fosse um saco de batatas. Fiquei desnorteada de início, mas logo reconheci aquela cabeleira loira.

– Me põe no chão agora mesmo, Christopher Mills! - gritei enquanto batia em suas costas. O movimento dos seus passos faziam meus cabelos caírem em meu rosto. Pelos seus passos duros ele estava irritado.

– Não. - ele disse simplesmente, com a voz fria, e continuou andando para a saída da casa. Bufei alto para que ele percebesse que eu também estava irritada.

Seu braço segurava minhas pernas fortemente, provavelmente para evitar a minha queda, já que eu estava me debatendo para ele me soltar.

Percebi que estávamos do lado de fora quando senti um vento gelado envolver meu corpo. Estava mais frio do que quando cheguei.

– Vai me pôr no chão agora? - perguntei emburrada. Já tinha desistido de tentar me soltar, ele era muito mais forte que eu.

– Vou te levar para casa. - ele disse, ainda frio. Revirei os olhos e comecei a escalar suas costas, jogando todo o meu peso para minhas pernas, se ele não queria me descer, eu daria um jeito de sair de seus braços.

Foi uma questão de tempo para ele se desequilibrar e não conseguir mais me segurar sobre suas costas, mas ele me segurou colada em seu corpo. Nossas respirações estavam ofegantes por causa do esforço. Meus olhos ficaram na altura de seus lábios e tive que fazer um grande esforço para desviá-los e encontrar seu olhar. Um calor envolveu todo o meu corpo, arrepiando-o a medida que subia até minha face, deixando-a ruborizada.

Seus olhos estavam escuros, quase pretos, e isso me causava um formigamento em meu ventre. Aquela aproximação me causava isso.

Mas ele não sentia a mesma coisa. Não comigo. Porque ele gostava de outra menina.

Aquele pensamento foi a força que me faltava para empurrá-lo para longe de mim e caminhar de volta à festa. Já estava sentindo um bolo se formar em minha garganta e as lágrimas encherem meus olhos. Mas não iria chorar na frente dele, ele não podia saber o que eu sentia. Senti sua mão me puxar de volta assim que conseguir espantar o choro.

– Por que estava fazendo aquilo? - Sua voz transmitia certo incômodo, dor talvez. Ou talvez fosse só minha mente de bêbada querendo me pregar uma peça.

– Eu acho que não é da sua conta. - Sorri sínica. Fitando seus olhos.

– E eu acho que ainda somos amigos. - O tom frio havia voltado à sua voz. Ele bufou irritado. - Voltamos à estaca zero, Amy? Aquela em que eu tentava me aproximar e você me afastava? Porque se for isso me avise, quero pelo menos estar ciente de quando minha melhor amiga deixou de ser minha amiga. - Ele proferiu aquelas palavras com certo sarcasmo e isso me machucou. Eu também queria ser amiga dele, mas queria outra coisa além da amizade. E sabia que não poderia.

– Ainda somos amigos. Só achei que eu não precisasse te dar satisfações sobre o que eu faço em festas, assim como você também não me dá. - Droga! Eu tinha que me controlar, não podia demonstrar meu ciúme. Desviei meus olhos, ficando de costas para ele. - Pode me soltar agora? Ashley e Phillipe devem estar me procurando lá dentro.

Ele bufou novamente e soltou meu braço. Entrei na festa sem ao menos olhar para trás. Ele já tinha estragado minha noite, não conseguiria me divertir mais.

Avistei Phillipe de longe conversando com algumas pessoas que eu não conhecia. Agradeci mentalmente por estar com saltos tão altos, pelo menos eu conseguia enxergar um pouco por cima daquela multidão. Encaminhei-me até ele, que quando me viu parou de conversar e se aproximou de mim.

– Onde você estava? Te procurei como um louco! Isabelle está se culpando, achando que você foi sequestrada ou pior. - Ele parecia preocupado, mas assim que viu minha cara sua expressão suavizou-se.

– Podemos ir pra casa? - perguntei me esforçando para que ele me escutasse por cima do som alto. Não queria, mas minha voz soou um pouco chorosa. Respirei fundo, reprimindo aquele incômodo que sentia em meu peito.

– Vou só chamar Ashley, não saia de perto da saída. Tudo bem? - Eu apenas assenti. Abracei meu próprio corpo enquanto observava ele passando por entre as pessoas, abrindo caminho até minha amiga. Encaminhei-me até a porta, torcendo para que não encontrasse Chris pelo caminho.

Por que ele sempre tinha que estar por perto? No fundo eu estava agradecida por ele ter atrapalhado aquele momento, mas, mesmo assim, me sentia incomodada com isso. Será que eu não conseguiria tirá-lo da minha cabeça?

Sem querer encontrei-o no meio da multidão, mas ele não estava sozinho. Uma garota com quase sua altura estava pendurada em seu pescoço e falava algo em seu ouvido. Logo depois mordeu o lóbulo de sua orelha. O nó em minha garganta voltou, juntamente com a forte vontade de chorar.

Senti meus olhos encherem de lágrimas novamente, mas tratei de espantá-las. Já não basta estar chorando por um homem, tinha que ser logo por um que não poderia ser meu? Eu precisava, urgentemente, preencher o silêncio que estava minha mente, eu não podia mais ficar pensando tanto nele, isso era tortura.

Não demorou muito para que Lipe voltasse com Ashley que, assim que me viu, correu e me abraçou. Ela foi do local da festa até em casa se desculpando, dizendo que não deveria ter me deixado sozinha e que não faria mais isso, porque sim, eu continuaria indo às festas.

Não demoramos muito a dormir, assim que Lipe nos deixou na casa dela e foi embora, nós só tomamos um banho e deitamos. Eu estava cansada, tanto física quando mentalmente.

Provavelmente a bebida ajudou, tive um sono pesado, sem sonhos ou pesadelos.

...

Senti o sol batendo em meus olhos, me forçando a abrir os olhos. Me arrependi no mesmo momento, minha cabeça latejava e um enjoo me dominou. Reprimi um gemido, então isso era ressaca.

– Bom dia, bela adormecida! - Ouvi a voz animada de Ashley à minha direita. Virei-me para ela e a encontrei parada na porta, de pijama e segurando uma xícara.

– Que horas são? - perguntei, minha voz estava rouca e fraca por causa do sono. Meu cabelo deveria estar como um ninho de ratos.

– Pouco mais de uma da tarde. - Ela se sentou na beirada da cama, perto de mim, e colocou a xícara no criado mudo. - Como você está se sentindo?

– Um pouco enjoada e com dor de cabeça. Acho que vou ter que me acostumar com a ressaca se eu quiser continuar com isso, né? - perguntei me lamentando. Sentei na cama, apoiada na cabeceira, tentando, em vão, arrumar meu cabelo. Ele estava completamente cheio de cachos. Resultado de dormir com ele molhado.

– Logo vai passar. Tome, beba isso. - Ela me entregou dois comprimidos e a xícara. Senti um cheiro doce delicioso. - A melhor opção pra ressaca é um bom café preto, mas como você não gosta, esse chá também é ótimo.

– Obrigada, amiga. - Engoli os comprimidos e bebi um gole do chá. Ele era bem gostoso.

– O Lipe vem pegar a gente as três pra sairmos. Alguma preferência?

– Podemos ir ao parque, ou ao clube. - comentei, terminando de beber o chá. Pelo menos o enjoo já estava melhorando. - Seria bom passar um tempo na piscina e o sol parece estar gostoso.

– Você nem gosta de ficar no sol.

– É bom variar às vezes. E qualquer coisa eu posso ficar na sombra. Às vezes é bom estar rodeada por pessoas diferentes. - Dei de ombros e me levantei, peguei minha bolsa com minhas roupas a caminho do banheiro para tomar um banho.

– Ah! Antes que eu me esqueça de perguntar, você acha que está em condições de ir a uma boate hoje à noite?

– Você não cansa, né? - perguntei em meio à incredulidade.

– São anos de prática. E ontem a noite foi só sua apresentação, temos que continuar saindo pra você conhecer outras pessoas. Mudar os ares ajuda um pouco.

– Se esse seu remédio fizer mesmo efeito e a ressaca passar, eu vou, mas vamos fazer uma pausa com a bebida. Não vou passar do 5° copo dessa vez.

– Tudo bem, mas acho que você vai gostar dessa boate.

Prendi meu cabelo em um coque e entrei no banho. Eu me lembrava de tudo que tinha acontecido na noite anterior e, felizmente, não me arrependia de nada. Só preferia ter me afastado daquele rapaz sem precisar da ajuda de Chris.

Chris... Por que será que ele tinha interrompido? Ele era uma incógnita para mim, eu nunca sabia o que se passava na cabeça dele e muito menos as intensões dele por trás do que ele fazia. Mas o que ele tinha dito ainda rondava minha mente. Definitivamente ainda éramos amigos, mas será que eu conseguiria manter essa amizade quando o que eu mais queria era me entregar de corpo e alma pra ele, mas o que eu precisava fazer era me afastar? Em nenhuma das minhas opções um relacionamento de amizade estava incluído, mas era isso que eu tinha. Isso seria muito difícil de enfrentar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero a opinião de vocês ^^ E se mais alguém quiser me fazer uma surpresinha e aparecer assim, do nada, eu adoraria te conhecer, fantasminha *---* Enfim, as coisas vão acontecer um pouco rápido daqui pra frente.. Preciso adiantar as coisas.. Assim que puder volto com o próximo ^^
P.S.: se tiver algum erro me avisem, por favor.. Eu revisei, mas posso ter deixado passar algo.. Estou realmente muito cansada, não durmo direito há 2 semanas -.- Obrigada ^^