Falling in Love escrita por Susannah Grey


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, tem um tempo que o capítulo tá pronto, mas estava revisando, só para não esquecer de nada kkkkkk
Aah, eu tive que pesquisar algumas coisas pra escrever esse capítulo e tentei deixá-lo o mais próximo da realidade possível... Como Amy tá com uma febre muito alta, é normal que tenha alucinações, escrevi como algumas pessoas me disseram que era e como na maioria dos sites da internet dizia.. Espero que a mudança de P.O.V.s não atrapalhe vocês...
Ele ficou grandinho, espero que gostem e não queiram me bater no final... >
Boa leitura e bom São João para vocês!!! ~estou de férias, então vou tentar conciliar meu tempo entre Enem e escrever... Espero conseguir voltar o quanto antes~



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P.O.V. Amy

Estava na banheira há algum tempo. Meus dedos estavam enrugados, mas eu não sentia vontade de sair. Minha cabeça girava e eu sentia todo o meu corpo se arrepiando de frio, mas mesmo assim não encontrava forças para sair.

Observei o banheiro ao meu redor, ele era grande e cada pedacinho esbanjava masculinidade. A mobília preta e branca com ar mais grosseiro dava um toque especial ao local e o cheiro de Chris não deixava espaço para dúvida sobre a quem pertencia aquele cômodo.

Por que ele estava sendo tão gentil comigo? Será que tinha batido a cabeça? Isso era tão confuso, e essa nova atitude dele só me confundia mais ainda. Esse Chris não se parecia em nada com o Chris que levava todas as meninas que podia para sua cama. Era esse o Chris que me fazia querer esquecer a razão e seguir o que meu coração tanto implorava. Mas eu não podia. Não sem antes saber o quê exatamente ele queria comigo. Eu não seria mais uma, não queria ser.

Mergulhei uma ultima vez, passando minhas mãos em meus cabelos, e saí da banheira, me enrolando no roupão que ele tinha deixado ali para eu usar e prendendo meu cabelo em uma toalha, para ele secar mais rápido. Um vento frio passou pela porta, fazendo todo meu corpo arrepiar. Olhei pela brecha da porta, só pra ver se ele estava no quarto e assim que constatei que não, saí para pegar as roupas que ele disse que me emprestaria. Encontrei-as dobradas em cima da cama, uma camisa social e uma calça de moletom. Descartei logo a calça, só pelo seu tamanho já sabia que ficaria imensa em meu corpo. Vesti a blusa que cobria metade das minhas coxas e coloquei a lingerie que estava usando antes, só pra não ficar sem nada por baixo da roupa, até que elas não estavam tão molhadas.

Sequei o máximo que pude dos meus cabelos e tentei desembaraça-los com meus dedos, moldando alguns cachos e deixando para que secasse naturalmente.

Assim que terminei deixei a toalha e o roupão estendidos no banheiro e saí para procurar Chris, ele dissera algo sobre estar no escritório do pai, provavelmente no térreo da casa. Desci três andares para chegar a sala de entrada, o quarto dele ficava no último andar da casa, como o meu.

Um relâmpago clareou o céu do lado de fora e me encolhi assim que ouvi o trovão. Para que lado ficava o escritório do pai dele?

– Chris? - chamei ele, ainda parada na sala. Aqueles trovões continuavam me assustando.

Como ele não respondeu resolvi seguir o pequeno rastro de luz que vinha da outra sala. Quem sabe não me levaria até o escritório? Segui a luz até encontrar uma porta encostada, ela não estava fechada totalmente, resolvi bater antes de entrar, não queria atrapalhá-lo. Entrei assim que escutei sua permissão.

P.O.V. Chris

Desci para o escritório do meu pai assim que deixei Amy no meu quarto. Ainda faltavam dois contratos para enviar relatório. Queria terminar logo com isso, já passava das quatro da madrugada e eu ainda queria dormir um pouco antes que amanhecesse.

Estava terminando de digitar o último relatório quando escutei uma batida na porta, mandei logo entrar, sabia que era Amy, tinha que lhe entregar logo um remédio para a febre.

– Você queria falar comigo, Chris? - escutei-a perguntar.

Enviei o relatório e desviei meus olhos do computador e... Puta. Que. Pariu. Amy estava gostosa pra cacete com minha camisa! Ela não cobria muito das suas pernas, mais do que seu short, mas mesmo assim não era muito. Só percebi que eu estava quieto observando cada detalhe do seu corpo quando ela se mexeu desconfortável e absurdamente vermelha. Sorri.

– Sua calça era muito grande, não coube em mim. - ela disse mais vermelha do que já estava e com a cabeça baixa.

– Não tem problema. Está linda! – fiz uma pausa ainda a observando e logo mudei de assunto. - Tenho que medir sua temperatura de novo. Ver se ainda está com febre.

Só de olhar pra ela eu sabia que ela não estava bem, poderia até estar pior do que estava antes. Seus olhos estavam cansados e febris e sua pele estava corada. Só esperava que a febre não tivesse aumentado muito.

– Tudo bem. Eu estou bem. Só um pouco cansada, mas bem. - ela disse num sussurro. Que menina teimosa!

– Vamos, Amy. Eu não mordo, juro! Eu só quero cuidar de você. - Observei-a baixar a cabeça e suspirar. - Somos amigos, esqueceu?

– Tá. Mas vou logo dizendo que estou bem.

Sorri. Pelo menos ela ainda confiava em mim. Saí do escritório, com Amy logo atrás de mim, para pegar o termômetro. Mais um relâmpago clareou todo o céu, logo em seguida veio o trovão e pude ver pelo canto dos olhos Amy se encolher atrás de mim. Não sei se de frio ou de medo. Guiei-a até a cozinha, ela precisava ingerir alguma coisa, nem que fosse água.

Indiquei uma banqueta a ela, que logo se sentou, ainda me observando. Fui até a geladeira e peguei uma limonada que Sue, nossa cozinheira, tinha feito antes de voltar pra casa no final da tarde. Coloquei um pouco em um copo e entreguei a Amy. Comecei a abrir os armários para encontrar os biscoitos.

– Chris? - Virei-me assim que a ouvi. Não imaginava que ela iria quebrar o silêncio.

– O que? - perguntei lhe entregando o pacote de biscoito e me sentando perto dela.

– Você está se sentindo bem? - ela perguntou, parecendo confusa. Não entendi o porquê da pergunta, ela pareceu perceber. - Você é tão confuso! Uma hora é o galã da escola. Aquele que todas as meninas querem ter uma chance, salvador do time de futebol e queridinho dos professores. Mas quando você não está sendo tudo isso, você é simplesmente... - Ela fez uma pausa, como se estivesse organizando os pensamentos ou escolhendo as palavras. - Não sei. Você parece você. Em um modo simples, que se importa com os outros e é gentil. E isso é tão confuso! É como se você quisesse aproximar as pessoas de um falso você, só para tê-las perto e ao mesmo tempo longe.

Observei Amy. Ela tinha dito tudo o que eu era: confuso. Ela tinha percebido o meu objetivo por trás das minhas atitudes: me relacionar sem me envolver. Ela tinha percebido a máscara que eu usava na escola, aquela que me escondia de todos e quaisquer problemas que qualquer tipo de envolvimento mais sério poderia me trazer. Como já tinha trazido uma vez. Essa era uma dor pela qual eu não fazia questão de passar de novo.

– Não sei por que você faz isso. Não sei por que afasta as pessoas de você, mas só queria que você soubesse que estarei aqui pra tudo o que você precisar. Pode confiar em mim. Somos amigos, esqueceu? - Amy disse e sorriu amigavelmente, usando as mesmas palavras que eu usara minutos antes.

Mal sabe ela dos meus verdadeiros motivos para me aproximar dela...

– Só você quer amizade. Já disse que quero namorar com você, mas não vou forçar a barra. Fique tranquila, somos amigos. - disse e devolvi o sorriso, com cuidado para não deixar transparecer as minhas reais intenções naquelas palavras. Foco Chris! Ela desviou seu olhar do meu e pude notar que tinha corado mais ainda. - Agora coma. Você precisa se alimentar antes de tomar seu remédio. Vou pegar o termômetro.

Saí da cozinha deixando-a sozinha um pouco. Ela estava certa sobre tudo o que dissera, mas alguma coisa não se encaixava. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas assim que a ouvi falar que todas as meninas querem ter uma chance comigo, as palavras de Phillipe ecoaram em minha mente. Será que Amy me amava? Suspirei. Isso seria mais complicado do que eu imaginava.

Quando cheguei na cozinha encontrei Amy na ponta dos pés tentando guardar o pacote de biscoito. Não consegui conter um riso. Ela era tão pequena.

– Deixa que eu guardo. - falei já atrás dela, pegando o pacote de suas mãos. Ela se virou abruptamente, provavelmente eu a havia assustado. Sorri quando ela me entregou o pacote e guardei com facilidade.

Observei sua feição. Bochechas levemente coradas, olhos azuis penetrantes, boca rosada. Foquei naquele ponto. Eu queria beijá-la, e muito! Não por causa da aposta, e sim porque eu queria provar aqueles lábios, saber se eram tão doces quanto ela.

Mas não estava na hora, ela estava doente.

– Aqui seu remédio. - disse sem desviar meus olhos dos dela.

Ela apenas assentiu, abaixou a cabeça, ligeiramente corada, e pegou o remédio que eu estendia pra ela. Afastei-me um pouco para lhe dar espaço, sem nunca deixar de observar seu rosto.

– Vamos subir, você precisa descansar. - disse assim que ela tomou o remédio. E como se minhas palavras a lembrasse que estava cansada, ela tentou conter um bocejo. Sorri. Até bocejando ela era linda!

Guiei-a até meu quarto e levei-a a minha cama, ela precisava descansar bem.

– Esse é seu quarto? - Percebi que ela hesitava em ficar lá.

– É, mas não se preocupe. Pode deitar.

– E você vai ficar onde? - perguntou sentando na cama. Dei de ombros.

– Não se preocupe, posso dormir em algum dos quartos de visitas.

– Não mesmo! Aqui é seu quarto, você deve ficar aqui, eu vou para o quarto de visitas. - ela disse se levantando. Revirei os olhos.

– Amy, deixe de ser teimosa. Aqui é o quarto mais quente e você está com febre. Agora volte a sentar nessa cama porque tenho que medir sua temperatura.

Segurei em seus ombros e a fiz sentar de novo e lhe entreguei o termômetro. Sua pele estava muito quente, provavelmente a febre tinha aumentado. Ela revirou os olhos, mas não disse mais nada. Fui até o closet pegar uma camisa enquanto esperava o tempo necessário para ver a temperatura dela. Quando voltei ao quarto encontrei-a sentada na mesma posição, ombros caídos e com os braços entre as pernas, sua cabeça baixa fazia seus cabelos caírem em volta do seu rosto, leves cachos já se formavam nas pontas, conforme secava. Ela estava com o olhar perdido, fixo em algum ponto perto dos seus pés. Percebi algumas linhas vermelhas em suas pernas, algumas maiores que outras, provavelmente os cortes que sangravam mais cedo. Eu ainda iria descobrir o que tinha acontecido.

O bipe do termômetro me tirou dos meus pensamentos. Caminhei até ela e peguei o termômetro. Me assustei quando vi que marcava 40.3°. Levantei seu rosto para analisá-lo. Sua pele queimava, ela estava extremamente pálida e com os olhos sem muito foco.

– Amy? - chamei um pouco hesitante, tentando não demonstrar meu desespero. Eu não fazia a mínima ideia do que fazer pra abaixar essa febre. Ela me olhou, não saberia dizer se ela estava ou não me enxergando.

– Se quiser pode deitar na sua cama. Eu confio em você, sei que não vai se aproveitar de mim. - ela disse com a voz fraca, em um sussurro e com um leve sorriso.

– Não precisa, Amy. Sério. - eu disse olhando em seus olhos. O azul deles estava um pouco fosco e dava para perceber que ela se esforçava para mantê-los focados em meu rosto. Mais um trovão reverberou do lado de fora e a vi se encolher mais uma vez.

– Fica comigo, por favor?! - ela suplicou. Vi seus olhos encherem de lágrimas. - Não quero ficar sozinha essa noite, estou com medo.

Segurei suas mãos, elas estavam muito geladas. Estava preocupada com ela, mas fiquei feliz por ela me pedir para ficar. Isso significava que ela confiava mesmo em mim.

– Tudo bem. - disse com um suspiro.

Levantei o forro da cama e esperei ela se acomodar para me deitar ao seu lado. Vi ela se arrepiar quando meu braço roçou com o seu quando fui enrolá-la. Foi apenas uma questão de poucos minutos até que sua respiração ficou regulada e eu soube que ela estava dormindo.

Seu corpo pequeno e pálido estava encolhido na cama, seu cabelo estava espalhado pelo travesseiro em volta de seu rosto. Observando-a assim, tão calma em um sono tranquilo, poderia compará-la facilmente com um anjo.

Afastei esses pensamentos da minha mente, deitei um pouco mais afastado dela, só para garantir que quando ela acordasse não pensaria coisas erradas, e tentei dormir.

P.O.V. Amy

Estava em um campo, no topo de um monte. De onde eu estava conseguia ver uma pequena cabana com alguns animais no pasto ao redor dela.

Imediatamente lembrei daquele lugar. Eu estava sonhando de novo. Eu lembrava de cada detalhe desse pesadelo. Primeiro eu veria alguém saindo da casa e correria para essa pessoa, mas antes que eu chegasse até ela escutaria aquela voz de novo, e, antes que eu pudesse impedir, a pessoa que estava a minha frente era baleada. Mesmo sabendo tudo o que iria acontecer não conseguiria impedir ou mudar os acontecimentos.

Senti o vento batendo contra meu corpo e balançar meus cabelos, não demorou muito até eu avistar a tão familiar cabeleira loira e mesmo sem conseguir ver eu sabia que seus olhos azuis como a noite estavam me observando e que um sorriso pairava em seus lábios. Logo me vi correndo de encontro à Chris, eu sentia que assim que chegasse ele me receberia com um abraço que seria capaz de afugentar qualquer medo do meu corpo. Mas sabia que eu não conseguiria chegar até ele antes que estivesse morto.

Estava passando por entre os cavalos quando ouvi a voz. Escolha um. Forcei minhas pernas a correrem mais rápido. Já podia senti-las queimando e querendo ceder, mas mesmo sabendo que não conseguiria mudar o que aconteceria eu me vi forcando ainda mais e correndo mais rápido, chegando ao meu limite. Eu estava a alguns passos do meu destino, meu amor, meu porto seguro, quando ouvi o som do disparo. Logo vi o rosto de Chris se contorcer em uma careta e ele levar a mão ao peito, onde uma grande quantidade de sangue já saía do buraco causado pela bala. Minhas pernas vacilaram, mas me forcei a continuar e pegá-lo antes que caísse no chão.

– Não, não, não, não, não. Por favor, não. Chris. - eu o chamava em vão, eu sabia. Lágrimas já molhavam todo meu rosto e algumas ainda caíam sobre seu corpo quase sem vida. - Chris?

– Amy... - sua voz estava distante, ele falava com extrema dificuldade, tentando conter um gemido de dor.

– Por favor, não. - supliquei mais uma vez, minha voz quase não saía por causa das lágrimas.

Senti um bolo preso em minha garganta, eu respirava com dificuldade, mas não parava de sussurrar seu nome e implorar pra ele não me deixar. Escutei ele murmurar meu nome mais uma vez antes de seus olhos perderem o foco e o brilho que eu tanto amava. Não consegui segurar o grito de angústia que atravessou minha garganta e reverberou por todo o campo. Nele estava contida toda a minha dor, meu sofrimento por ter perdido a pessoa que eu tanto amava. E o pior de tudo é que eu sentia que poderia ter impedido isso. Eu liberava todo o meu sofrimento em lágrimas, minha testa colada na dele.

Senti alguém me segurar pelos ombros. Isso nunca tinha acontecido nos sonhos antes. Afastei-me o mais rápido que consegui, tentando conter meu grito de medo.

– Amy. - aquela voz chamou meu nome, todo meu corpo se arrepiou e mais lágrimas caíram.

– Não. Por favor. - supliquei, forçando minha voz a sair audível, mesmo depois de tantas lágrimas.

Por uma fração de segundo, quando pisquei meus olhos, todo o cenário havia mudado. Eu estava sentada no chão de um quarto estranho, encostada na parede oposta a uma cama e Chris estava agachado a minha frente, a expressão com um misto de confusão e preocupação. Tão rápido essa imagem veio, ela se foi e me vi novamente no campo, encostada na parede da cabana e o corpo inerte de Chris próximo a mim. O medo tomou conta do meu corpo novamente.

– Você não está bem. Deixe-me ajudá-la, por favor. - aquela voz sussurrou novamente, muito próxima a mim, mas eu não conseguia ver o dono dela.

Dobrei meus joelhos em meu peito e escondi meu rosto ali, me encolhendo em posição fetal. Meu corpo estava tomado pelo terror. Eu tremia de tanto medo do que ele iria fazer comigo.

– Não encoste em mim. Você o matou! - acusei, com a voz rouca por causa do choro.

Senti uma mão acariciar meu braço esquerdo, eu me encolhi ainda mais e isso o fez se afastar mais uma vez. Mais lágrimas caíram. Eu sentia meu corpo pesado e dolorido, provavelmente cansado por causa da corrida e sobrecarregado pela dor da perda. Juntei todo o restante de força que eu tinha para me manter acordada, não queria correr o risco de dormir e o dono daquela voz me pegar, mas não tinha força o suficiente para impedir e em questão de segundos senti meu corpo todo relaxar. Diria até que tinha desmaiado.

P.O.V. Chris

Eu tinha acordado alguns minutos atrás e estava observando Amy dormir. Já passava das dez da manhã, mas mantive as cortinas do quarto fechadas, para a claridade não acordá-la. Seu rosto parecia preocupado, pelo movimento de suas pálpebras diria que estava sonhando. Depois de algum tempo percebi algumas lágrimas caindo de seus olhos. Só então percebi que ela estava muito suada. Levantei da cama para pegar o termômetro e quando me virei para ela novamente pude ouvi-la balbuciar alguma coisa. Só quando me aproximei o suficiente a ouvir dizer, repetidas vezes, "não" e chamava o meu nome. A angústia era palpável em sua voz e pelo tanto que ela chorava provavelmente algo de muito ruim estava acontecendo com ela.

Pensei em acordá-la, mas fiquei com receio de que ela se assustasse mais ainda caso o fizesse. Ainda me lembrava dela ter dito que estava com medo. Quase caí pra trás com o susto quando, de repente, ela gritou. Não um grito qualquer ou frágil, mas um vindo do fundo da garganta, de pura dor e angústia. O que veio depois não foi menos assustador. Eu já estava pronto pra acordá-la, mas assim que segurei seus ombros ela pulou da cama em uma fração de segundo.

Ela me olhava com os olhos arregalados, transbordando terror. Sua respiração estava entrecortada e as lágrimas não paravam de cair.

– Amy. - chamei suavemente, não queria assustá-la mais.

– Não. Por favor. - ela implorou e cada vez mais lágrimas caíam de seus olhos.

Tentei me aproximar, ela deveria estar delirando por causa da febre. Por alguns instantes pude perceber que ela havia “voltado”, e que estava reconhecendo o lugar, ou melhor, me reconhecendo. Mas logo tudo voltou a ficar como estava. Seus olhos estavam com pouco brilho e não se focavam em meu rosto, nem em lugar nenhum do quarto. Era como se ela estivesse apenas fisicamente ali, não mentalmente. Ela não conseguia me ver, estava presa no pesadelo.

– Você não está bem. Deixe-me ajudá-la, por favor. - Me aproximei mais um pouco. Talvez se eu conseguisse alcançá-la, ela poderia se acalmar. Ela se encolheu mais ainda à parede e escondeu o rosto entre as pernas.

– Não encoste em mim. Você o matou! - ela acusou com a voz fraca.

Percebi por seus ombros caídos e sua voz que logo seu corpo cederia e ela iria desmaiar de novo. Dessa vez eu mandaria Phillipe vir direto para casa, ele saberia o que fazer.

Ela passou um tempo quieta, então achei que seria seguro me aproximar mais. Acariciei seu braço levemente e, mesmo sem quase tocar em sua pela, pude senti-la queimando em meus dedos. Puta que pariu! Com certeza a febre tinha aumentado. Ela se retraiu diante o meu toque, mas seu corpo logo cedeu e eu percebi que ela tinha desmaiado de novo.

Tirei-a do chão e a coloquei em minha cama. Coloquei o termômetro na posição e saí do quarto para ligar pra Lipe.

Estava perto de dar meio dia, provavelmente ele já teria acordado. Minha preocupação com Amy era tanta que não estava nem sentindo fome. Quando ela começasse a melhorar eu iria comer alguma coisa.

Estava ligando pela quinta vez para Phillipe, quase desistindo dele e colocando Amy em um carro para levá-la ao hospital, independente da chuva forte que caía do lado de fora. Eu já estava uma pilha de nervos, totalmente estressado e preocupado. No sexto toque ele atendeu, falou alguma coisa com alguém que estava perto dele e ambos riram. Ashley estava com ele, ótimo! Também precisaria dela se quisesse descobrir o que tinha acontecido com Amy.

– Puta que pariu, Phillipe! Enfiou essa porra de celular onde que não atende minhas ligações? - explodi assim que ele disse um "diga, irmão".

– Olha a boca, Chris. Pra quê esse desespero todo? - ele perguntou ainda rindo e extremamente calmo, isso não ajudou muito.

– Preciso que você volte pra casa. - disse me controlando pra não mandá-lo ir se foder e acabar estressando ele também. - Agora! - enfatizei.

– E por que eu iria? Quem tá morrendo? - Ele não perdia o tom divertido da voz. Senti vontade de atravessar a linha e estrangular meu irmão.

– Porra, Phillipe! Dá pra confiar em mim pelo menos uma vez?! Preciso que você volte pra casa agora! E traga Ashley.

– Tá, tá. Entendi que você quer que eu vá pra casa, mas o que você quer com Ashley? - Revirei os olhos. Sério que ele iria dar um ataque de ciúmes agora?

– Não quero nada com sua namorada, você sabe disso! Quando você chegar aqui vai saber o porquê de eu te chamar com tanta urgência, agora vem! - disse, ou melhor, gritei para meu irmão. - E manda ela trazer uma roupa que caiba em Amy. - completei rapidamente, aquilo iria convencê-lo a vir mais rápido.

– Amy? O que ela tá fazendo aí? - ele perguntou confuso, mas escutei ele pedindo pra Ashley fazer o que eu pedi e abrindo a porta do carro. Ótimo, ele já estava a caminho. - Chris, você não fez nada com ela não, né? Porque eu juro, se você...

– Se estar tentando salvar a vida dela for algo muito ruim, você pode me matar quando chegar. Agora dá pra adiantar, por favor? - interrompi a ameaça dele.

– Estou indo. - ele disse e eu desliguei.

Voltei para o quarto silenciosamente e peguei o termômetro pra ver a temperatura dela. Ainda estava aumentando. Olhei para a telinha digital do termômetro, torcendo pra que eu estivesse vendo coisas. 40° de febre já era grave, mas 41.6° era ainda pior.

Involuntariamente acabei levando minha mão ao seu rosto. Mesmo com a pele queimando de febre ela ainda era macia e sedosa. Parecia que agora ela estava tendo um sono tranquilo. Sua respiração era regular e vez ou outra seus lábios esboçavam um pequeno sorriso. Vê-la assim, tranquila, me fez lembrar Melanie. Eu sentia muito a falta dela, mas infelizmente ela havia sido tirada de mim muito cedo. Assim como minha mãe.

Fiquei um tempo apenas observando-a dormir, vez ou outra ela suspirava e sorria, fiquei feliz em saber que ela não estava mais tendo pesadelos. Despertei dos meus pensamentos ao ouvir o leve som do motor do carro de Phillipe. Saí vagarosamente da cama para não acordá-la e desci para encontrar meu irmão em um local onde poderíamos conversar sem nos preocupar em fazer barulho. Respirei fundo, sabendo que teria de me controlar para não causar uma confusão.

Phillipe entrou rapidamente pela porta da cozinha que dava na garagem, Ashley estava logo atrás segurando uma sacola, provavelmente com as roupas que eu pedi.

– Onde ela tá?! O que você fez?! O que diabos ela tá fazendo aqui?! - ele disparou todas as perguntas quase gritando. Revirei os olhos ao mesmo tempo em que Ashley segurou seu braço, como que para acalmá-lo.

– Ela está lá no meu quarto. Dormindo. - enfatizei assim que ele fez menção em subir. - Também gostaria de saber o que ela veio fazer aqui. E eu não fiz nada. - Levantei as mãos em sinal de rendição e falei olhando diretamente em seus olhos, para ele ter a certeza que eu não estava mentindo. Ele suspirou.

– O que aconteceu? - Ashley perguntou calmamente. Estranhei, não era ela quem costumava ser a pessoa calma em situações como essas.

– Pedi para você vir para descobrir com ela quando ela acordasse. - disse dando de ombros. Até então eu não tinha percebido o quão cansado eu estava. Sentei no mesmo banco que Amy se sentara mais cedo. - Eu estava revisando aqueles documentos que nosso pai deixou, Phillipe. Só que acabei dormindo e acordei com alguém batendo desesperadamente na porta da frente ao mesmo tempo em que tocava a campainha. Quando abri a porta vi Amy completamente encharcada e desesperada. Não demorou nem dois segundos e ela desmaiou. Lembra de quando te liguei a noite? - perguntei me direcionando a Phillipe, que também tinha se sentado. Ashley estava escorada no balcão.

– Lembro. Você estava perguntando o que fazer pra abaixar a febre, se não me engano. - ele disse sem se importar muito, mas quando fui explicar ele me interrompeu, como se tivesse entendido. - Você me disse que estava com febre. Mas na verdade ela é quem estava! Por que não disse a verdade?

– Não queria estragar sua noite. Você raramente sai, e como eu estava aqui achei que seria capaz de dar um banho e um remédio a ela e colocá-la pra dormir.

– Você deu banho na minha amiga? Com ela desmaiada?! - Ashley se pronunciou, bem irritada. Revirei os olhos. Sério que eles iriam ficar me interrompendo o tempo todo?

– Não. Ela acordou assim que desliguei. Ela mesma tomou seu banho, fiz ela comer algo e depois tomar o remédio. Levei-a pra dormir no meu quarto porque é o mais quente. Ela me fez dormir na cama com ela, mas nada além disso. - acrescentei rápido, antes que um dos dois dissesse alguma coisa. - Quando eu acordei agora de manhã achei que ela estava melhorando, mas me enganei. Ela estava tendo algum pesadelo. Ela chorava e dizia coisas desconexas. Chegou até a chamar meu nome! - disse espantado. Porque sério, quem não ficaria assustado depois disso? - Ela gritou e eu tentei acordá-la, mas ela pulou da cama e ficou me pedindo para ficar longe. Dava pra perceber que ela estava delirando, seus olhos não focavam em lugar nenhum. Depois que eu tentei acalmá-la ela disse para eu ficar longe porque eu "o tinha matado", - fiz as aspas com os dedos - ou algo do tipo. Depois de um tempo ela desmaiou de novo. Foi na hora que liguei pra vocês agora pela manhã. Depois disso medi a temperatura dela e deu 41.6°. - Assim que eu disse, Ashley e Phillipe arregalaram os olhos em espanto. Se eles ficaram assim só porque eu disse a temperatura dela não queria imaginar como ficariam se presenciassem o pesadelo. - Estou desesperado, de verdade. Não sei o que fazer. É praticamente impossível levá-la ao hospital com essa chuva, e dizer que esse pesadelo dela me assustou é pouco! Vocês sabiam que ela tinha esses sonhos doidos?

Olhei para Phillipe que negou com a cabeça, ele parecia levemente abatido por causa da notícia, mas assim que olhei pra Ashley ela abaixou a cabeça, como se estivesse escondendo alguma coisa. Nem precisei perguntar, meu irmão também tinha percebido essa atitude.

– Você sabia, Ash? - ele perguntou incrédulo. Ela suspirou e olhou em nossos olhos, percebi que ela se segurava pra não chorar.

– Claro que sim! Ela é minha melhor amiga, você acha que ela esconderia isso de mim?

– Achei que também fosse amigo dela. - Percebi a dor nas palavras do meu irmão. Estávamos entrando em um assunto delicado.

– E é! Meu Deus! Como vou te explicar? - ela perguntou levemente irritada, andando de um lado para outro. - Ela vinha tendo esses pesadelos há um bom tempo, mas não queria te preocupar com isso. Você é muito cismado, e você sabe disso. Os pesadelos dela são um pouco, digamos assim, tensos. Ela não queria que você soubesse. Nenhum de vocês. - ela completou. Aquilo me deixou curioso, o que ela tanto escondia?

– Uma vez ela me ligou no meio da noite perguntando como eu estava. Tem algum tipo de ligação? - perguntei. Ashley estava visivelmente nervosa, dava pra perceber que ela não queria falar sobre isso, mas ela sabia que não tinha como escapar. Ela suspirou.

– Tem sim. Foi logo quando começou, só que depois da festa na casa da Lindsey e do teste final das líderes de torcida eles vêm piorando e acontecem com mais frequência.

– Que tipo de pesadelos são esses? O que a deixa tão perturbada? - meu irmão perguntou.

– Ela disse que eu o tinha matado. Matado quem? - perguntei. Ashley olhou em nossos olhos antes de responder com um suspiro.

– Matado você, Chris. Na maioria dos pesadelos dela, alguém te mata.


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Notas finais do capítulo

Iai?? Gostaram?? A mudança de narração atrapalhou ou deu pra entender quando cada um narrava? Bem tenso esse pesadelo de Amy, né? Vocês acham que ele tem alguma importância? E o que acharam de Chris cuidando dela? Quem vocês acham que é Melanie? E por que vocês acham que Chris não quer se relacionar sério com ninguém? Quero saber o que vocês acham, meus amores... Estou curiosa *----* Prometo que não mordo!
Já comecei a escrever o próximo, posto assim que terminar ^^



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