P.O. V Chris
Ultimo dia de aula. Fui dormir e acordei com esse pensamento.
Já tinha marcado pelo menos cinco festas pra ir durante as férias. No momento eu estava pegando a Lindsey, a líder das líderes de torcida gostosa da escola. Eu era o capitão do time de futebol, por isso todos supõem que devamos ficar juntos, líder com líder. Essas coisas. Besteira, eu pego quem passar na minha frente ou me der mole, mesmo as minhas favoritas serem as que se fazem de difícil, tipo a menina que eu vi ontem no shopping. Um grande pedaço de mau caminho, muito gostosa, com uma carinha de inocente disfarçada. Aposto que se passar uma semana comigo mostra o outro lado que ela tanto esconde.
Ontem meus amigos não paravam de falar em como a bunda e as pernas dela eram grandes, eu só escutava. Estava muito ocupado com meu brinquedinho. A Lindsey fazia tudo que eu quero sem nem reclamar, ela está sempre clamando por atenção. O que pra mim é muito bom, já que nem sempre eu curto fazer as coisas.
Levantei-me da cama um pouco forçado, sendo carregado apenas pela vontade de me livrar logo da escola. Tomei um banho e vesti uma calça jeans de lavagem escura e uma camisa polo branca e azul colada nos braços, desenhando meus músculos ganhados depois de muito treino e esforço físico, e um tênis branco da Nike.
Saí do meu quarto deixando as coisas do jeito que tinha deixado quando cheguei: sapatos espalhados pelo chão, roupas jogadas de qualquer jeito na cadeira ou em cima da cama e livros abertos e espalhados na minha mesa de estudos com vista para a grande piscina da minha casa, onde já tinha feito incontáveis festas, com e sem o consentimento dos meus pais. Eu sabia que quando eu chegasse da escola mais tarde tudo estaria em ordem, limpo e organizado. Peguei a chave do meu BMW preto, meu celular e uma maçã antes de sair de casa sem falar com ninguém, já que provavelmente não encontraria meus pais em casa ou sem o celular. Entrei em meu carro e comecei a fazer o caminho pra escola mexendo de vez em quando no celular.
Embora meu irmão mais novo estude comigo, não gosto de levá-lo à escola. Digamos que na escola somos completamente opostos. Eu sou popular, capitão do time de futebol e cobiçado por todas as meninas da escola. Enquanto ele é apenas mais um na multidão, mas só porque ele quer. Ele também é do time de futebol e só anda com Ashley, uma das líderes de torcida, então acho que ele gosta de ser na dele. Ele não deve gostar de atenção.
Quando cheguei, estacionei logo na minha vaga garantida. A minha e a de meu irmão eram reservadas, graças à nossa influência e principalmente a de nosso pai. Assim que saí do carro avistei meu brinquedinho vindo ao meu encontro. Dei um sorriso safado pra ela e vi seu rosto iluminar. Como eu adorava o que eu fazia com ela! Quando ela se aproximou o suficiente puxei-a pela cintura colando nossos corpos.
– Bom dia, gata! – sussurrei em seu ouvido de forma sensual e lhe beijei violentamente, sabia que ela gostava, e essa era minha forma de mostrar que eu não queria nada sério com ela. Todos os meus beijos nela ou em qualquer outra menina eram assim. Por que namorar alguém se você pode fazer tudo o que os namorados fazem apenas ficando sem o compromisso? Terminei o beijo apertando a bunda dela naquela minissaia das líderes de torcida que ela usava. – Vamos pra aula, quero acabar logo com isso porque essas férias prometem.
Saímos andando lado a lado do estacionamento. Quando chegamos ao pátio do colégio ela foi falar com as amigas gostosas dela e eu com meus amigos. O dia foi normal como qualquer outro, sentava no fundo da sala com meus amigos e conversávamos a aula toda. Pude notar que o amor do meu irmão não estava na sala, a Ashley nunca faltava. Não a vi nas duas primeiras aulas, mas na terceira ela apareceu, conversou com Louis, nosso professor de química, e depois chamou Phillipe. Algumas meninas perguntaram por que ela não estava na aula e ele disse que o diretor tinha a mandado apresentar o colégio a uma futura aluna. Depois que ela saiu não demorou muito e a aula acabou, estava curioso pra saber quem poderia ser meu próximo alvo. Como eu era o pegador do colégio, todas as meninas bonitas tinham que passar pela minha mão.
Enquanto trocávamos de sala procurei-a com os olhos pelo pátio, ela estava sentada de frente a uma branquinha, com cabelos loiros cacheados que iam até um pouco abaixo da cintura, e do lado de um garoto com porte atlético e uma menina sexy. Será que era ela? Ela era morena e muito gostosa. Estava usando uma saia que mal cobria suas pernas grossas, não que a loira também não tivesse. Por mim tanto faz. E independente de qual das duas fosse eu iria saber. Voltei para a aula de Literatura, queria que ela passasse logo pra eu poder ir jogar no campo com meus amigos na educação física.
Assim que a aula acabou fui direto para o vestuário colocar meu equipamento de proteção pro treino e fui pro campo. As líderes de torcida estavam passando alguns passos perto das arquibancadas, uma mais gostosa que a outra, mas nenhuma mais que as duas que eu vi no pátio da escola mais cedo. Eu e o restante do time começamos o aquecimento enquanto o restante da turma dava duas voltas correndo pelo campo. Quando terminaram foram liberados, para podermos usar o campo pra jogar. Já que era ultimo dia de aula só os que queriam jogar ficaram na quadra, o restante também foi liberado. Meu irmão estava entre eles.
Começamos a jogar. Fiz dois touchdowns no início do jogo. Logo no início do segundo tempo Damen está no lançamento e eu do lado direito, pra assim que pegar a bola correr pela lateral e fazer meu terceiro touchdown, mas ele jogou muito alto e forte, e eu corro de costas, sem tirar os olhos da bola, na tentativa de alcançá-la e fazer o ponto. Ela estava começando a cair quando escutei alguém gritando cuidado, eu me virei na mesma hora e só tive tempo de parar e ver a bola batendo com força na cabeça da loira que estava no pátio e ela caindo no chão. Me aproximei-me para ajudá-la, mas assim que cheguei perto o suficiente reconheci-a como a menina que se esbarrou em mim no shopping.
– Você de novo?! – perguntei sarcástico parando perto dela. – Está me perseguindo ou algo do tipo? – comecei a zombar dela, a cara irritada que ela fez enquanto se levantava e limpava a roupa foi aterrorizante e engraçada ao mesmo tempo, continuei rindo. – Se quiser um pedacinho meu vai ter que pegar senha e ir pro final da fila. - sorri galanteador e olhei-a dos pés a cabeça, absorvendo cada pedaço do seu corpo. Pernas grossas, cintura fina, busto grande, cabelos loiros cacheados um pouco abaixo da cintura, olhos azuis claros profundos e lábios carnudos. Me segurei pra não avançar ali mesmo e roubar um beijo dessa gata, ela era muito gostosa.
– Escuta aqui seu energúmeno. Você pode achar que todas as meninas estão caidinhas por você, mas eu não! O que me parece é que você tem necessidade de aparecer na frente de seus amiguinhos porque você deve ter algum tipo de complexo de inferioridade e tenta de tudo para que todos olhem e desejem você. Eu cheguei na cidade a menos de dois dias – ela disse irritada enfatizando o dois, todo mundo tinha parado o que estava fazendo e estavam nos observando. - e já tenho repulsa só de chegar perto de você com esse seu jeitinho superior e machão. Não sou igual a nenhuma outra menina que você já conheceu e não vou deixar você me humilhar, me usar ou fazer qualquer outra coisa do tipo que você faz com seus brinquedinhos. Então não venha pra cima de mim insinuar as coisas que você estava insinuando porque tá parecendo que você me quer e não o contrário. Agora se me der licença, tenho coisas muito mais importantes e produtivas do que ficar aqui olhando pra essa sua carinha de safado. – olhei-a incrédulo. Ninguém nunca tinha falado dessa forma comigo, principalmente uma menina, já que elas estavam sempre se ajoelhando aos meus pés implorando pra ficar comigo. Ela se virou pra sair, mas eu puxei pelo braço e colei nossos corpos. Olhei-a diretamente nos olhos, absorvendo cada uma de suas expressões e pude perceber que ela prendeu a rerspiração, acho que não esperava que eu fizesse isso.
– Isso não vai ficar assim, grave o que eu estou te dizendo na sua memória. – disse baixinho, pra só ela escutar. Senti-a estremecer antes de soltá-la, pegar a bola e voltar pro campo.
Pude ver pelo canto do olho que ela foi ao encontro do meu irmão e Ashley, e uma menina e um menino, que agora eu sabia que eram amigos dela. Bufei e voltei a jogar. Ainda consegui fazer mais um touchdown antes da aula acabar e sermos liberados para o chuveiro.
– Ei cara, perdeu sem encanto foi? - perguntou Eric provocando quando entramos no vestiário. - Encontramos uma que não caiu na sua lábia.
– Se ela estudasse aqui não iria demorar muito pra mudar a opinião dela. - respondo dando de ombros. Nenhuma menina resistia, e ela não era diferente.
– Eu duvido, essa aí é nervosa. - comentou Damen
– Acho que não aguentaria namorar com ela. Mulher desse tipo costuma ser muito chata e mandona. Só serve pra pegar durante a festa. - disse entrando no chuveiro.
Podia escutar os meninos comentando sobre ela. Sobre como ela era gostosa e bonita, o que fariam se pegassem ela em uma festa, e logo depois mudaram o foco para a amiga dela, que também não ficava atrás. Saí do chuveiro e vesti a roupa de antes. Fui até meu armário enquanto desembaraçava meu cabelo com os dedos, deixando-os levemente bagunçado. Olhei o resultado no espelho, passei desodorante e perfume e sentei-me para calçar meus tênis quando Damen e Eric vêm para seus armários.
– Qual das duas você acha que vai estudar aqui? - perguntou Eric. - Ou melhor, qual você prefere que estude aqui?
– Eu prefiro a morena. Ela me parece o tipo de menina que gosta de pegar geral, faz bem o meu tipo. - comentou Damen calçando o tênis.
– Já eu prefiro a loira. - disse me levantando e me encostando no meu armário, agora fechado. Os meninos me olharam incrédulo, como se eu fosse louco. - Essa marra toda dela não passa de uma fachada. Tenho certeza que antes da formatura ela seria outra pessoa. Uma menina comum que sucumbiu aos meus encantos. Resumindo, mais uma na minha lista. - completei sorrindo
– Duvido. Aquela ali é problema. - disse Eric calçando o tênis. - Você viu como ela te olhou. Eu me arrepiei de longe com aquele olhar de ódio dela.
– Besteira. Quando ela estiver em meus braços não vai me olhar assim, acredite. - sorri malicioso. Eric e Damen fecharam seus armários e saímos do vestuário.
– Temos que descobrir qual das duas vão estudar aqui e em qual ano. - disse Damen. - Temos duas opções. Ou perguntamos à Ashley, que provavelmente não vai dizer, ou damos um jeito de olhar os arquivos da escola.
– Vou falar com a Lindsey pra ela descobrir isso pra mim. Ela que se vire, não me importo em como ela vai fazer isso. - disse indo pro refeitório
– Ela foi a namorada mais idiota que você já teve. - comentou Eric revirando os olhos. - Como você aguenta?
– Ela é boa no que faz e não pergunta muito. - dou de ombros. - Pelo menos serve pra alguma coisa.
Chegamos no refeitório alguns minutos depois do sinal tocar. Pegamos nossos almoços e fomos pra nossa mesa, bem no centro. A mesa dos populares. As meninas demoraram um pouco mais pra chegar, já que estavam tomando banho e se arrumando. Lindsey como sempre era a primeira do grupo, ela tinha trocado a roupinha de líder de torcida por um vestido curto amarelo e um salto alto. O cabelo liso estava solto até um pouco acima da cintura, ela tinha pintado ele há pouco tempo de loiro, embora não tivesse ficado feia, ainda estava me acostumando ao novo visual. Ela sentou-se ao meu lado e colocou a bolsa em cima da mesa.
– Ei gata, como foi o treino? - perguntei depois que roubei-lhe um beijo.
– Mesma coisa de sempre, essas meninas me estressam. Ainda bem que é ultimo dia, mal posso esperar pelo ano que vem. Só espero que não entre nenhuma iniciante no time. - só prestei atenção até essa parte. Ela começou a fazer um discurso sobre como era entediante ensinar todas as coreografias a uma iniciante, como elas davam trabalho e como a maioria das meninas do time eram incompetentes. Ela estava sendo dramática, como sempre. Quando ela fez uma pausa pra respirar a interrompi.
– Pode fazer uma coisa pra mim? - perguntei fitando os olhos castanhos dela
– É só dizer. Acho que posso fazer dependendo do que for. - ela respondeu com uma voz provocativa virando-se para mim. Vi com o canto do olho que Damen e Eric estavam olhando e rindo.
– Quero que procure saber se vai ter algum novato ano que vem. - disse. Por mais que não me importasse com o que ela achasse do que eu realmente queria, preferi pedir dessa forma. - E se sim, quero os nomes. - completei, lembrando que não sabia o nome de nenhuma delas. Sabendo o de uma seria fácil descobrir o da outra.
– Isso é fácil. Achei que iria me pedir uma coisa mais pessoal. - ela disse maliciosa. - Se é que me entende. - ela completou passeando os dedos na frente da minha camisa. Por mais que eu gostasse dela, não estava afim de brincadeiras e provocações hoje. Segurei seus dedos e coloquei-os em seu colo.
– Por enquanto é só isso. - respondi com um sorriso provocativo e escutei o sinal tocar.
– Te respondo no final dessa aula. - dito isso ela saiu, seguida por suas amigas.
Passei os olhos pelo refeitório enquanto me levantava pra sair também e percebi que meu irmão estava sozinho com Ashley, ela estava rindo de alguma coisa que ele tinha dito, mas o que chamou minha atenção foi que não tinha mais ninguém com eles. Ambas as garotas e o menino já tinham ido embora. Dei de ombros e fui pra aula de História.
Exatamente como o combinado, Ashley me procurou no final da aula me deu o nome de três alunos que entrariam no próximo ano, dois homens e uma mulher. E ela era Emily Johansson. Esse sobrenome me era familiar, mas não conseguia me lembrar de onde.
A ultima aula do dia era de Biologia. Eric e Damen ficavam na minha sala e, como era ultimo dia de aula e nem o professor estava querendo dar aula, ficamos conversando. Contei-lhes que quem iria estudar aqui era Emily Johansson. Damen pesquisou no Facebook quem ela era e descobrimos que ela era a loira.
– Minha chance de provar que estou certo. - disse triunfante
– Duvido que você consiga. - disse Eric. - Sério. Ela é muito dura, insensível. Pelo menos é o que eu acho.
– Quer apostar? - perguntei desafiando-o, levantando uma sobrancelha
– Vamos. Eu vou ganhar. Com ela você não pode.
Eu ri. Uma risada sarcástica, zombando dele. Eu iria ganhar dele e antes da formatura ela já terá caído aos meus pés. Nós apostamos, Damen ficou apenas como testemunha, já que ele sabe que eu posso fazer isso e acha besteira essa aposta.
Quando a ultima aula acabou fui pra minha casa, direto para o meu quarto que, como eu achava, já estava arrumado. Fiquei deitado escutando musica e lendo Ponto de Impacto, de Dan Brown. Mesmo indo contra o que todos acham, eu gosto de ler e estudar. Sempre tirei notas boas o suficiente pra passar de ano sem preocupações, essa era uma das maneiras que eu achava pra me distrair e não deixar meu pai preocupado. Principalmente quando se vai a tantas festas como eu.
Minha leitura foi interrompida quando a musica que estava tocando parou e o toque do meu celular para o meu pai começou a tocar.
– Oi pai. - falei apoiando o celular no ombro para continuar lendo.
– Christopher? - escutei a voz do meu pai lá no final da ligação, ele estava em algum lugar muito barulhento. - Eu esqueci de avisar antes, hoje a noite vamos dar um jantar para meu novo sócio. - ele fez uma pausa, quando voltou a falar estava em um lugar mais silencioso. - Bem melhor. Continuando, eu me refiro ao empresário brasileiro. Ele e a família vão hoje a noite pra nossa casa, por favor, esteja apresentável. - ele enfatizou o "apresentável", revirei os olhos.
– Eu sei pai. Calça e camisa social. Porque não precisa ser só o Phillipe? - perguntei, por mais que eu gostasse do meu pai, eu não curtia esses jantares com sócios.
– Porque eu quero meus filhos comigo. E ele tem um filho, ou é uma filha. Não sei. Vai ser bom se vocês fizerem companhia pra ele. - pelo tom de voz do meu pai percebi que não poderia discutir.
– Tá ok, então. Já ligou pro Phillipe ou quer que eu fale com ele? - perguntei fechando o livro e me sentando na borda da cama.
– Ele já sabe. Só estou te ligando porque ele disse que você está trancado no quarto e não tá escutando ele chamar por causa do som. - disse meu pai levemente irritado, reprimi um riso.
– Ok. Umas 6 horas vou tomar banho pra me arrumar. - disse olhando o relógio. Só faltavam 15 minutos.
– Você e Phillipe vão recebe-los na porta ouviu? Talvez eu atrase uns dez a quinze minutos, então façam sala para os convidados e sejam educados com as mulheres.
– Tá pai, pode deixar. Não é nossa primeira vez. - falei impaciente, só faltavam 3 capítulos pra acabar o livro.
– Tá. Nos vemos a noite então. Não se atrase! - dito isso ele desligou e a musica voltou a tocar.
Joguei o celular em cima da cama e peguei o livro de novo, pra terminar de ler. Assim que terminei parei a musica e olhei a hora no celular. Já eram 6:21. Levantei correndo da cama e fui direto pro banheiro, tomei um banho e saí do banheiro com a toalha amarrada na cintura. Abri o closet e tirei uma calça social preta e uma camisa de botão azul escura. Calcei um sapato social preto, desembaracei meu cabelo com os dedos, passei desodorante e perfume e desci enquanto fechava a camisa. Já eram 7 horas quando cheguei na sala de estar de casa, onde meu irmão já estava me esperando.
– Pelo visto não atrasou. - disse Phillipe me provocando olhando no relógio. - Está gostando do livro? - ele era o único que sabia do meu lado "nerd". Por mais que brigássemos e não andássemos muito juntos no colégio, meu irmão era sem duvida meu melhor amigo.
– Gostei sim. Terminei hoje mesmo. - disse dando de ombros e sentando no sofá. - Você sabe quem é esse novo sócio do nosso pai?
– Queria saber. Acho que logo logo vamos descobrir. - ele sentou-se ao meu lado. - Está muito frio lá fora, eu pedi pra ligarem o aquecedor da casa, fiquei sabendo que eles eram brasileiros. Não é muito frio no Brasil, provavelmente não se acostumaram com o tempo daqui ainda.
– Fez bem. Entendi agora o que nosso pai quis dizer com "sejam educados com as mulheres" - falei imitando a voz do meu pai. - Acho que ele quis dizer pra quando elas chegarem nós pegarmos seus casacos e cachecóis. Não sei porque elas precisam de tanta coisa se ficam muito melhores sem roupa alguma. - reclamei, escutei Phillipe rindo do meu lado
– Meu irmão sendo meu irmão. Você é único! - ele disse em meio a gargalhadas, o que me fez rir também. Ficamos um tempo em silêncio e quando eu ia quebra-lo Lipe perguntou. - Como estão as coisas entre você e Lindsey? - a pergunta me pegou de surpresa
– Normal. Porque?
– Achei que você fosse terminar com ela hoje. Sabe, férias de inverno. - ele deu de ombros.
– Eu ia, mas achei melhor saber como é ficar "comprometido" durante as férias. - dei de ombros também. Ambos sabíamos que meu relacionamento com Lindsey não duraria mais que a primeira semana de aula. - E aquela menina que você estava conversando na escola? Quem é ela? - lembrei-me da aposta. Se eu quisesse ganhar teria que usar todos os meios ao meu alcance.
– A Amy? - ele me olhou, assenti. - Ela vai estudar lá ano que vem, só estava conhecendo o colégio. - ele deu ombros. - Eu gostei dela, parece ser gente boa.
– Ela é linda. - comentei
– É. E inteligente também. Vai ficar na nossa sala, ela acertou 98% da prova de transferência. Fiquei sabendo que já tinha passado em uma faculdade no país dela, mas como veio morar aqui teve que desistir.
– Sério?! - perguntei incrédulo. Acho que eu nunca faria isso.
– Sério. Ela ama muito os pais, nem tinha contado a eles. Bom, pelo menos não até virem pra cá. - ele deu de ombros, ele abriu a boca pra falar alguma outra coisa, mas foi interrompido pelo som da campainha. Eles chegaram no portão, estavam subindo a colina. - Vamos, logo estarão aqui na porta.
Levantei do sofá junto com meu irmão e fomos até a porta. Vi que meu pai tinha contratado alguns garçons para a noite, eles estavam arrumando os últimos detalhes da mesa. Quando Phillipe abriu a porta da frente da casa um vento frio entrou e precorreu todo o meu corpo, estremeci enquanto sentia meu corpo arrepiar. Estava mesmo muito frio do lado de fora. Saímos a tempo de ver um Jeep parando na entrada da nossa casa.
Primeiro saiu um homem que parecia ter 35 anos, ele foi até o outro lado e abriu a porta para uma mulher, muito bonita, que parecia ter 30 anos. Phillipe parecia inquieto meu lado.
– O que foi? - perguntei sussurrando pra só ele escutar
– Meu celular. Não tá aqui. Nosso pai me mandou ficar com ele perto. - ele sussurrou de volta, percebi que estava agoniado
– Vai pegar. Eu recebo os convidados. - falei relutante
– Tem certeza? Você nunca foi de fazer sala pra ninguém. - ele me olhou em duvida, com a sobrancelha esquerda levantada. Tínhamos isso em comum, ambos levantávamos a sobrancelha esquerda quando duvidávamos de alguma coisa.
– Tenho. Pode ir. - assegurei-lhe. Ele assentiu e saiu correndo, subindo as escadas com pressa.
Desvie os olhos aos convidados, acompanhei-os subindo as escadas até a entrada com o olhar. Quando os dois mais velhos, provavelmente os pais, chegaram eu os recebi com um sorriso e palavras corteses, sem deixar transparecer a falsidade na minha voz. Peguei o casaco da senhora, que se chamava Scarlet, como ela disse quando nos apresentamos.
– Queiram entrar, meu irmão já deve estar descendo, e assim que receber os outros me junto a vocês. - disse abrindo espaço para eles passarem e mostrando o caminho para a sala de estar ao mesmo tempo que meu irmão desceu. Ele os acompanhou até lá.
Voltei minha atenção para as escadas a minha frente, foi então que vi uma cabeleira loira familiar se aproximando ao lado dos amigos. Era ela. Segurei a risada, o destino estava jogando ao meu favor. Assim que nossos olhares se encontraram pela primeira vez pude ver que ela hesitou, e a amiga sussurrou algo em seu ouvido para fazê-la continuar andando. Sua feição era uma máscara, difícil de decifrar e adivinhar o que estava sentido. Mas pelos olhos pude ver que não estava irritada, isso era um avanço.
– Boa noite. - cumprimentei educadamente, mas sem deixar o tom galanteador de lado. - Acho que vocês já sabem, mas por via das duvidas meu nome é Christoper. Mas podem me chamar de Chris. - sorri. Esperei alguém se pronunciar, pareceu que os amigos dela estavam esperando-a apresentá-los, mas ela parecia perdida, sem saber o que fazer. Meu sorriso aumentou.
– Sou Isabelle. Esses são Liam e Emily. - escutei a morena falar. Ela tinha uma voz forte, confiante. Parei de olhar pra Emily e voltei-me pra ela. - Prazer em conhecê-lo.
– O prazer foi todo meu. Deixe-me ajudá-la com o casaco. - aproximei-me dela por trás e ajudei-a a tirar o casaco, pude perceber que o tal de Liam estava tenso. Provavelmente eram namorados. - Prontinho, vou guardar e quando vocês forem sair eu pego. - indiquei a porta, eles deram um passo a frente, mas hesitaram, olharam pra Emily que respirou fundo e assentiu. Eles entraram me deixando sozinho com ela. Essa noite prometia. - Deixe-me ajuda-la também Emily. - falei usando meu tom galanteador.
– Só Amy, por favor. - escutei-a falando baixo, com uma voz suave, quase melódica.
Aproximei-me por trás para pegar seu sobretudo. Enquanto ela abria na frente pousei minhas mãos nos seus ombros, senti ela se encolhendo com meu toque o que me fez reprimir um riso. Quando ela abriu eu deslizei o casaco pelos braços dela, deixando meus dedos tocarem algumas vezes sua pele nua, causando-lhe arrepios. Aproximei-me dela por trás e sussurrei em seu ouvido:
– Prazer em conhece-la, Amy. - ela se encolheu e entrou na casa sem responder, mas não antes de nossos olhares se encontrarem. Tinha uma ingenuidade e confusão de sentimentos no dela, que eu não pude decifrar antes dela se virar novamente.
Enquanto eu guardava os casacos no closet da sala meu pai chegou. Ajudei-o ir à ir a escadas sem ser visto, já que ele queria tomar um banho rápido e trocar de roupa. Depois voltei para a sala, onde Phillipe conversava sobre alguma coisa com Scarlet e Alexander, que provavelmente eram os pais de Amy. Observando bem eu conseguia distinguir as características em comum entre eles.
Ela estava quieta, sentada em um sofá ao lado de Isabelle e Liam. Comecei-a a observa-la atentamente. Ela estava usando um sapato alto fechado preto, um vestido vermelho sangue um pouco acima dos joelhos, e seu longo cabelo loiro estava preso em uma trança lateral. Ela estava com uma maquiagem preta ao redor dos olhos e um batom vermelho, que estava me deixando louco. Toda a escolha das cores fortes caíram bem em sua pele branca. ( http://www.polyvore.com/amy_jantar/set?id=124357685 ) Os olhos azuis dela encontraram o meu e eu sustentei seu olhar até ela desviar os olhos e seu rosto ficar vermelho.
Ela estava muito linda! O que só me fez desejá-la ainda mais. Eu tinha que ganhar essa aposta.