Ted e Abela apareceram em um lugar que a caçadora não reconheceria nem e um milhão de anos. Aquilo era um enorme navio cargueiro, que estava atracado no porto da cidade. Ela sabia disso porque não conseguia ficar em um navio sem ter seu estomago embrulhado, violentamente, por causa do balanço das águas ou o cheiro de brisa marinha.

O homem abriu uma das escotilhas e Isabela pode perceber que naquela sala, havia uma mulher sentada em uma cadeira. Estava amordaçada e bem presa em seu corpo, por causa da chave de Salomão tatuada em seu braço. As algemas estavam bem apertadas e presas na parede. Não havia chance dela escapar.

– O que é tudo isso? – perguntou a mulher.

– A nossa forma de entender o que está acontecendo aqui. – respondeu Ted e se aproximou da demônio. Libertou-a e imediatamente quando ela percebeu que estava livre, tentou fugir daqueles dois, mas o homem a segurou firme pelos cabelos e a colocou sentada em uma cadeira, na sala ao lado. – Não temos tempo.

– O que você quer que eu faça?

– Exorcize-a.

– E quanto a você? – Abela se virou e encarou o demônio a sua frente.

– Eu vou esperar lá fora. – ele sorriu ao encarar a garota. – Divirta-se.

Assim que Ted deixou a sala, Abela se posicionou em frente a demônio que começou a rir.

– O que pensa que vai fazer? Eu sou imune ao seu exorcismo enoquiano.

– E quem falou em exorcismo enoquiano? – a caçadora sorriu. - Exorcizo te in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Non est tenebris in lumen. – Abela começou a ler o papel que Ted havia lhe entregado e demônio começou a tremer.

– Aquele desgraçado vai pagar muito caro por ter lhe dado isso.

– Estou curiosa, o que esse exorcismo faz? – a mulher perguntou e a demônio cuspiu na direção dela. Abela olhou para sua jaqueta de couro e encarou a jovem que estava sentada. - Ergo sum lux. – A jovem gemeu alto novamente e Abela parou. – Como vocês estão bloqueando o exorcismo enoquiano?

– Vai para o inferno.

– Ainda tenho um mês, antes de ir... – a caçadora olhou novamente para o papel e continuou. - ego præcipio vobis ut exposta in lumen.

– Um anjo. – gritou a jovem.

– Um o que?

– Um anjo nos ensinou a bloqueá-lo. – ela encarou Abela. – São três palavras que devemos dizer. É como um feitiço.

– E quais são?

– Bakah Rathra Ugamai.

– Proteção, resistência e domínio. – Abela traduziu quase que instantaneamente. – Como interrompemos isso?

– Eu não sei.

– O sentido oposto das palavras. – Abela sorriu – Damag Uprana Isaha. – Assim que as palavras saíram da boca da caçadora a demônio se contraiu na cadeira. A loira comemorou por ter descoberto uma forma de desfazer aquilo tudo, mas logo franziu o cenho ao lembrar do que aquela demônio havia falado. - Espere, anjos não existem.

– Pobre coitada. – a demônio sorriu. – Desconhece a própria origem.

– Como assim, a própria origem? – Antes que a mulher pudesse responder, Ted entrou na sala e a espetou com uma adaga, bem parecida com a que Ruby usava. – Porque fez isso?

– Já descobrimos o que queríamos e estamos sem tempo. Temos que voltar imediatamente. – Ele segurou na mão de Abela e os dois desapareceram.

...

– Porque sempre sobra para mim o trabalho de cavar? – perguntou Dean enquanto afundava a pá em uma cova.

– Não é só você que está cavando. – respondeu Sam também fazendo um esforço danado para tirar uma quantidade de terra.

– Ruby bem que poderia ajudar. – o loiro encarou a demônio que estava com os braços cruzados.

– Vai mesmo pedir para uma garota cavar? – respondeu a loira.

– Se você fosse uma garota comum, nem estaria aqui.

– Eu posso ser um demônio, mas ainda sou uma garota.

– Só se for essa que você está possuindo. Porque de garota, você não tem nada.

– Dá para você calar a boca e cavar, Dean? – reclamou Sam. – Se não fosse pela Ruby, não acharíamos nunca essa cova.

– Está certo, agora a Ruby é a salvadora.

– Se quiser que eu vá embora, eu vou. Vocês se encarregam de achar os outros dois ingredientes sozinhos.

– Será que vocês não conseguem ficar um minuto sem brigar? – Abela se aproximou do grupo, ao lado de Ted.

– Bela. – falou Dean dentro da cova.

– E então, descobriram como desfazer o bloqueio? – perguntou Ruby.

– Sim, mas eu vou realmente precisar sentar com vocês e conversar sobre uma coisa importante. – respondeu Abela.

– O que? – perguntou Sam.

– Antes vamos fazer minha irmã acordar e depois eu conto. – a caçadora respirou fundo. – E então, qual é o caso de estarmos aqui?

– Primeiro ingrediente da poção. – Dean respirou fundo quando jogou um pouco de terra para cima e encontrou um pequeno embrulho onde havia um corpo de uma criança. - Eu odeio essas coisas de bruxas.

– Anda logo, pega esse dedo e vamos voltar. Annie não tem muito tempo de vida. – Ruby falou agitada. Odiava o fato de estar naquele cemitério.

– Calma, docinho. – Dean sorriu e se abaixou. Tirou o manto que cobria o pequeno aglomerado de ossos e pegou as três pequenas falanges. – Vamos embora porque ainda temos mais dois ingredientes e alguma coisa me diz que esses outros não vão ser nada fáceis.

...

As cinco pessoas chegaram na fazenda outra vez e logo de cara, encontraram mais cinco demônios parados na porta. Acharam que seria uma armadilha ou que todos eles voariam com tudo em cima do grupo, mas o que aconteceu, foi completamente o contrário disso. Eles deram passagem para que os caçadores entrassem na casa.

Assim que entraram, encontraram Nahemah sentada em um sofá e com uma taça de sangue na mão.

– Espero que isso não seja sangue humano. – Dean apontou para o copo da mulher.

– De bebê. – respondeu ela e entornou o copo.

– Desgraçada. – o loiro resmungou baixinho.

– Aqui está o dedo de um natimorto, nascido antes de Cristo. – Abela e colocou os três ossículos em cima da mesinha de centro. – Quais os outros dois?

– Isabela, é você que está ai? – ela se levantou e se aproximou da caçadora. – Você é bastante parecida com o seu pai. Quero dizer, a forma verdadeira dele.

– Qual o próximo ingrediente?

– Já vi que você é uma mulher direta.

– Nem imagina o quanto. – Dean falou sorrindo.

– O próximo ingrediente é fácil. – ela entornou o conteúdo do copo e entregou a taça a um dos demônios. – Eu preciso do solo onde caiu o sêmen de um enforcado.

– O que? – perguntou Sam.

– Vocês querem acordá-la, não quer? Tragam-me um pouco do solo. – Ela deu as costas e dois homens ficaram na frente das cinco pessoas, como se os expulsassem dali. Um deles se aproximou de Abela e ergueu a mão para forçá-la a sair.

– Se tocar em mim, você tá morto. – Ela o encarou e o demônio sorriu. A caçadora não percebeu, mas seus olhos se tornaram negros.

– Vamos logo, Abela. – Sam a puxou pelo braço. – Temos que salvar a Annie.