Globe, Arizona – Dois dias antes

O casal entra na casa aos beijos. Ela, jogando os sapatos, a bolsa e tirando a roupa ainda no andar inferior. Ele, desfazia o nó da gravata e já estava sem o paletó. Também estava com metade da camisa branca aberta.

– Espera! – falou a mulher. – Sua mãe.

– Ela deve estar dormindo. – respondeu o homem.

– Porque ela ainda não foi? – perguntou a mulher. – estamos em lua de mel.

– Eu sei amor, desculpa. – falou ele passando a mão ao lado do corpo modelado da esposa. Até que a luz da sala se acende e os dois se assustam ao ver a mãe do rapaz, sentada na cadeira.

– Mãe? – falou ele. – O que está fazendo acordada?

– Esperando o meu bebe chegar em casa. – respondeu ela.

– Mãe, eu tenho trinta e um anos e já sou casado. Dá para a senhora parar com isso?

– Para mim, você nunca vai crescer.

– Mãe, a senhora já deveria ter ido, não acha? – falou ele. – Quero dizer, eu me casei com a Debbie há uma semana e desde lá você está hospedada aqui.

– Você é meu primeiro. Antes de se casar com ela, você já era meu filho. – falou a mulher.

– Eu sinto muito, mãe. – respondeu ele. – Ela é a minha esposa e o amor da minha vida. Eu amo a senhora também, mas tem que aceitar que minha vida agora é essa. E é melhor você parar com isso e engolir de uma vez por todas.

– Engolir, não é? É isso mesmo que você que?

– É, isso mesmo que eu quero.

– Okay, eu vou te engolir. – falou a mulher e uma gosma preta escorreu de seu ouvido e ela partiu para cima da nora, mordendo-a na jugular e engolindo um pedaço da carne. O homem entrou na briga, mas a mãe o empurrou contra a lareira, onde os abrasadores perfuraram o corpo dele.

A mulher continuou devorando a nora até que o cadáver ficasse irreconhecível. Porém, parou quando a coisa que a possuía, deixou-a. Ao ver a cena e perceber que estava coberta de sangue, a mulher teve um surto e caiu morta, ao lado do filho e do que restou da sua nora.

[...]

Agora:

O legista escrevia algo em sua ficha quando se assustou com a presença de um homem e uma mulher, devidamente trajados com roupas sociais e com o distintivo do FBI a mostra.

– Boa tarde! – falou Sam. – Eu sou o agente Edward Ritchie e essa é a minha parceira, a agente Mary Momsen. – Ele apontou para Abela. – Gostaríamos de ter acesso a ficha de Amy Scotfield, Jaden Scotfield e Debbie Williams Scotfield. – Sam franziu a testa. – Todos da mesma família?

– Estranho, não é? Por aqui, todos estão chamando de “O Massacre da família Scotfield”. A mãe, Amy, devorou a nora, Debbie, e matou o filho, Jaden, com abrasadores da lareira e depois teve um ataque cardíaco e morreu.

– Podemos ver os corpos? – perguntou Abela.

– Vocês precisam ter estômago para isso. Debbie não ficou muito bonita.

– Já vimos coisas piores. – acrescentou Sam e os dois seguiram o legista até as gavetas. Ao puxar o que restou do corpo e retirar o pano branco, Abela cobriu o nariz com as mãos, evitando assim que ela vomitasse. Sam fez uma cara de como se perguntasse o que ele fazia ali.

– Feio, não é? Somente três pessoas conseguiram ver sem vomitar. Eu e vocês dois. Parabéns por isso, agentes.

– Eu estou quase vomitando. – falou Abela e Sam olhou para ela.

– Quer ir lá para fora? – perguntou o moreno e a mulher balançou a cabeça negativamente.

– Eu consigo lidar com isso.

– Podemos estudar os corpos? – perguntou Sam.

– Claro. – respondeu o legista e pegou um pacote de luvas de borracha. – Aqui.

– Obrigada. – respondeu Abela respirando fundo e se controlando. O legista puxou as outras duas gavetas, que revelaram a outra mulher e o homem. - Achou alguma coisa nos corpos, fora do normal? – perguntou ela saindo do corpo de Debbie e indo até o de Amy.

– Além do estomago de Amy, completamente cheio com os pedaços da Debbie? – perguntou o legista.

– É! É estranho, mas pergunto, além disso?

– Amy tinha algo no ouvido. Mandamos para a analise, mas o resultado foi inconclusivo.

– Teria uma amostra da gosma? – perguntou Sam.

– Não, mas eu tenho o registro em fotos.

– Serve. Gostaríamos de algumas cópias, se não for pedir muito.

– Claro que não, tudo para ajudar os federais. – falou o homem e sorriu.

[...]

– Ectoplasma? – perguntou Annie.

– Não sabemos. – concluiu Abela e se jogou na cama.

– Mas é o que parece ser. – completou Sam.

– Provavelmente Amy foi possuída por algum espírito, que a obrigou a matar. Quando a coisa a deixou e ela percebeu o que havia feito, teve um ataque cardíaco. – falou Dean.

– Pode ser. – concluiu Abela e passou a mão no rosto.

– Você tá bem? – perguntou o loiro e se aproximou da namorada.

– Estou! É só que a imagem do corpo não sai da minha cabeça e isso me deixa enjoada.

– É, eu também. – concluiu Sam.

– Se eu soubesse que estava tão feio assim, não tinha deixado você ir. – falou Dean e deu um beijo na testa da caçadora.

– Eu vou ficar bem, só preciso de um banho gelado. – respondeu a mulher e se levantou. Pegou as roupas na bolsa e seguiu para o banheiro, mas depois voltou. – Sam, não achou estranho o assassinato ter ocorrido na família Scotfield?

– Eu pensei a mesma coisa. – falou o moreno. – Vou fazer uma varredura na família para saber se tem algo que ligue as mortes.

– Okay. – falou ela e entrou novamente no banheiro.

– Dean, pode ser útil falar com os outros membros da família. Na ficha de Amy, diz que ela tinha mais três filhos, além do Jaden.

– Eu vou falar com eles. – falou o loiro.

– Eu posso ir com você? – perguntou Annie. – Estou cansada de ficar nesse quarto. Eu quero ação.

– Tudo bem. – falou ele. – A gente volta antes do almoço.

– Okay, eu vou fazer algumas ligações. – falou o moreno.

– Cuida da Abela, tá? – falou Dean.

– Tá. – respondeu Sam. Os outros dois, pegaram suas coisas e saíram do quarto, enquanto o mais novo dos Winchester, começava a sua pesquisa no computador. Tinham que esclarecer esse caso.