Kumiko piscou e seus olhos doeram com a forte claridade que toldou o mesmo. Estava um pouco tensa e confusa até notar que era a luz do sol que lhe machucava a visão, após seus olhos se adaptarem percebeu que estava deitada no chão da área de turistas em frente ao monte Hokage, onde se podia ver todos os rostos. Ela olhou ao redor de si se levantando, Satsuki e Masaaki estavam ali e já conscientes.

Satsuki parecia um pouco tremulo e olhava ao redor totalmente atordoado. Ele dormira? Tivera um pesadelo? Tinham perdido o teste após o desafio e todo o resto teria sido um sonho?

Masaaki estava em pé, de costas para o monte Hokage e duro feito pedra. Ele já tinha entendido a natureza do teste e todo seu corpo queimava de ódio. Como eles podiam ter feito aquilo? Não queria nem pensar no que Satsuki e Kumiko teriam passado. Ele cerrou os punhos com o pensamento e se virou para olhar Kumiko e Satsuki. Era o esperado, ela ainda não tinha chegado a consciência do que ocorreu com eles e Satsuki não queria acreditar.

– O que foi...? – Kumiko perguntou se lembrando de tudo. Da dor, do pavor... Das mortes e acusações. Ela estremeceu e abraçou o próprio corpo. Satsuki a encarou e cerrou os punhos, tinha mesmo acontecido e não só com ele.

– As esferas eram armadilhas. Cada uma projetada para nos manter inconsciente e sob algum tipo de Genjutso da qual não poderíamos sair. – Masaaki murmurou com raiva foi nessa hora que numa explosão de fumaça surgiram os dois Uchihas, com uma expressão calma – Que espécie de teste foi este?

– Nós perdemos? – Kumiko perguntou hesitante. Pela posição do sol já devia ser cerca de duas horas da tarde. Bem além do horário deles.

– Sim vocês perderam. – Shisui respondeu com certo deboche – O teste foi feito para perderem.

– Como assim? – Perguntou Satsuki tenso olhando para eles, a realização de tudo que tinha ocorrido lhe abatendo. Sua voz falhou. Estava abatendo a todos eles, Satsuki podia ver Kumiko cerrando os punhos, o olhar vago ainda no chão, sentada agora.

– Como apenas Kumiko notou, nós os seguimos por pelo menos um mês. Nós fomos atrás de suas vidas, seu passado e traumas. Frustramos os mais inseguros com seu poder fisicamente, os atacando psicologicamente logo depois. O teste era para mostra-los que nem sempre irão vencer e que seus medos devem ser enfrentados e superados, ou nunca serão fortes. – Itachi disse calmamente, os olhos negros analisando as três crianças.

Masaaki era de longe o mais firme, justo ele que tinha sido mais atacado.

– Vocês são loucos? – Masaaki perguntou com raiva. Kumiko se sobressaltou ao tom de voz dele e se encolheu. Jamais vira o companheiro com raiva – Vocês não nos simplesmente atacaram! Pegaram experiências traumáticas! Olhem como a Kumiko – san está! Ela tem quatro anos, francamente. Não tem condições de levar certos golpes. É apenas uma criança.

– Ela foi levada a ninja, não é mais uma criança. – Itachi respondeu simplesmente capturando a atenção da menina – Não deve ser subestimada pela idade.

– O que acham que somos? Eu tenho nove anos! Kumiko quatro. Satsuki sete! – Masaaki estava a ponto de atacar os dois com a maldita calma deles – Não deveria esperar menos de Uchihas não é?

– Não se ache por ser um Hyuuga, garoto. – Shisui replicou, agora irritado. – Nós apenas acreditamos que ser ninja não é brincadeira. O ninja é feito pelo que é capaz de sacrificar por sua vila. O que você é capaz de fazer em prol da vila? Estamos os preparando para isso.

– Não irei subestima-los pela idade. O teste nunca foi feito para aprova-los ou reprova-los. Os times a seguir adiante foram escolhidos no dia da graduação. Vocês irão prosseguir a menos que desistam, eu quis mostrar o que terão que enfrentar. Seus traumas serão pouco diante do que a vida ninja irá-lhe impor. Não voltarão para academia, mas estão dispostos a seguir adiante? – Itachi não brincava enquanto falava e mesmo Kumiko entendia isso.

Ela olhou para os dois amigos. Masaaki ainda parecia querer matar Itachi e Shisui, Satsuki estava tenso. Pensativo. Ele pensava que tinha que ser forte e se isso significava enfrentar o desprezo do seu irmão e tornar – se forte iria faze-lo.

– Não cheguei até aqui para retornar. – Satsuki foi o primeiro a falar, como Uchiha sempre deixando – se levar por emoções fortes. A da vez era a raiva.

Kumiko o encarou e voltou a olhar suas mãos. Era uma assassina? Não queria ser. Queria ser como Itachi, queria poder ajudar a vila. Queria ser boa para os outros, proteger e não matar. Ela era tão nova, mas já tinha uma habilidade tão estranha. Queria esquecer que era capaz de fazer aquilo. Ela olhou para Itachi, enquanto todos a subestimavam pela idade e por seu medo de machucar as pessoas ele a pressionou. Acreditou que ela era capaz de ser forte como qualquer outro.

– Eu quero ser útil para a vila e poder proteger os civis. Não irei desistir. – A menina murmurou baixinho.

Os olhares se moveram para os duros olhos perolados de Masaaki. Ele encarava tenso Itachi. Sabia que seu maior problema seria ele. Shisui só ajudara ali mas não seria sempre presente, mas o sensei era também o mais perigoso. Ele tinha o dom da oratória, sabia o que falar. Kumiko já estava completamente sob o feitiço dele e Satsuki era um Uchiha tanto quanto ele.

–Vou continuar. Alguem tem que colocar juízo na cabeça desses dois. – Masaaki respondeu quietamente por fim, relaxando a postura,mas por dentro ainda com raiva.

– Como é que é?! – Satsuki berrou irritado - Não preciso de ninguém me colocando juízo! Sei bem o que fazer.

– Se ele disser que é melhor cortar o braço para ser forte você fará. – Masaaki replicou e Satsuki ficou vermelho, pretendia retrucar, mas Kumiko riu.

– Não é bem assim, mas vamos nos esforçar. – Ela respondeu se levantando. Ela olhou para Itachi – Acho que agora somos oficialmente shinobis não?

– Sim, são.

Ela sorriu e relaxou visivelmente. Entretanto algo no olhar dela dizia a Itachi que apesar de parecer ela não levara aquilo tão bem quanto parecia. Ela iria questiona-lo e muito ainda. Começou a entender o que o Hokage dissera naquele dia, mas nem imaginava metade ainda do que viveriam juntos.