Nós paramos perto do vestiário dos jogadores. Sean me recostou com cuidado em um dos armários e me encarou. Pensei que ele fosse ter outro ataque e até fiquei um pouco preocupada, mas logo em seguida ele suspirou e pareceu mais relaxado.

_ Desculpa... Por aquilo. – ele disse baixinho.

Estávamos com uma distância considerável entre nós.

_ Ãn... – eu realmente não tinha muito o que dizer. Ou melhor, não tinha nada.

Ficamos em silêncio por um tempo constrangedor. Não nos encarávamos mais e aquilo estava estranho.

_ Você estava mesmo lá quando tudo aconteceu? – perguntei mais para quebrar o gelo do que por querer uma resposta.

_ Mais ou menos. – Sean passou a mão nervosamente pelo cabelo. Céus, como ele ficava lindo fazendo isso... Concentração Claire! – Quando eu cheguei vocês já estavam se beijando e no início eu fiquei meio chateado porque pensei que você queria, mas aí eu vi você tentando se esquivar e deduzi que ele estava te agarrando a força, até porque com uma fama daquelas não era de se duvidar muito que Julius fosse capaz disso. E... – ele parou de repente, e olhou para o lado.

_ E o quê? – perguntei com um tom de curiosidade.

­_ E parte de mim queria que fosse. – ele concluiu.

Respirei um pouco nervosa, quase não conseguindo conter um sorriso. Estava tudo bom demais pra ser verdade, ouvir uma coisa daquelas... Era como estar dentro de um filme de romance colegial.

_ Sean... – comecei a falar, mas minha voz morreu. Era melhor me manter afastada para evitar um ataque e beijá-lo ali mesmo, no meio do corredor.

_ Claire, sobre o que eu disse lá fora...

Eu iria ter um mini infarto. Quando se está ansiosa sua mente meio que elabora várias conclusões para frases como essa. “Era tudo mentira”, “Era tudo verdade”, “Não devia ter dito aquilo”, “Eu queria ter dito há muito tempo”. Eu acho que gostava mais da última, mas não é bom sonhar muito alto. Quanto maior o voo, maior a queda. Mas Sean não optou por nenhuma delas, nem tanto completou aquela frase.

_ É confuso. – ele disse de repente.

Fiz uma cara um tanto indignada.

_ O que foi agora? – ele perguntou voltando ao tom de mau humor.

_ “Confuso” não é bem o que eu esperava ouvir. – falei.

_ Posso te garantir que “Sean” também não. – ele retrucou – Eu não preciso ouvir meu nome de novo, já basta os professores, meus pais, meus amigos... Preciso listar?

_ Convenhamos que depois da sua declaração educada eu também não esperava ouvir isso. Você anda muito educado comigo ultimamente. – reclamei.

_ Acho que não sou o único. – ele disse me encarando em desafio.

Nós nos encaramos e uma vontade inexplicável de sorrir surgiu dentro de mim. Ele estava sorrindo também.

_ Ao mesmo tempo que eu quero te agarrar e te dar um beijo, eu também quero te chutar pra China. – ele riu.

Não retruquei nem voltei ao mau humor. Desta vez eu ri com ele.

_ Tão educado... – suspirei.

Sean se aproximou de mim. Fui pega de surpresa, mas aceitei aquele beijo doce e delicado, o beijo do cara dos meus sonhos. E naquele instante eu era inteiramente dele.

Fui ficando sem ar, mas isso não importava, eu estava com ele. E com ele, tudo o que antes parecia errado se tornava certo.

Nos soltamos. Estávamos arfantes e não pude conter um sorriso. Eu o amava demais, e definitivamente me senti como a mocinha de um filme. Mas não de um filme qualquer, do meu filme. E eu não o trocaria por nada.

_ Sean... – comecei.

_ Está fazendo de novo. – ele disse rindo.

­_ Eu... – não tive tempo de terminar.

Acho que ficamos pelo menos uns dez minutos assim, tentando recuperar o tempo perdido.