Eu queria matar alguém! É sério! Como eles tiveram coragem de agir assim? E pra piorar Alicia havia sumido e a próxima aula já iria começar. E além de ser com Alicia, Sean também estaria lá. Ah, como eu queria mata-lo!

Desisti de procura-la um minuto antes da aula começar. Todos já estavam na sala e por pouco não entrei. Me sentei e fiquei calada sem olhar em direção a Sean ou a qualquer outra pessoa. A aula parecia não acabar mais, e nós só estávamos na metade. Foi quando ouvi a garota a minha frente sussurrar algo a ver com Alicia. Apurei os ouvidos e me concentrei bem, já que ela não havia aparecido na aula.

_ ... ela estava muito nervosa. Sério, nunca a vi assim. E pelo visto ela foi embora, eu a vi sair da escola.

_ Sério? Por quê? – outra garota se interessou.

_ Eu não sei. – a outra respondeu – Mas sinceramente eu estaria preocupada, da última vez que vi alguém assim, acredite, ela estava tão perturbada que nem viu quando um carro vinha em sua direção... – nem quis ouvir o resto.

Meu coração estava a mil, e fiz a primeira coisa que me veio a mente.

_ Professor. – pus as mãos na barriga fingindo dor – Eu não estou muito bem, me sinto tonta. O senhor poderia me liberar mais cedo? É sério, eu não estou bem. – fingi que iria vomitar.

Ele apenas se esquivou e fez uma cara de nojo e urgência quando respondeu.

_ Pode sim, mas vá logo. – ele se afastou.

Peguei rapidamente meus materiais e saí da sala. Joguei de qualquer jeito no armário e então fui embora. Peguei o caminho mais provável: o do parque. Mas quando cheguei ela não estava lá. Sem pensar duas vezes corri para a casa dela. Que bom que havia trago meu skate hoje! Só que pra piorar, ela não estava lá também. Demorei meia hora procurando-a na praia, mas desisti depois de confundi-la pela quarta vez.

Fui totalmente frustrada para casa, e preocupada também. Onde Alicia se meteu? E se ela tivesse sofrido um acidente? Eu não queria nem pensar. Abri de cabeça baixa a porta da minha casa. Deixei o skate ao lado da porta, e quando olhei para frente, lá estava Alicia no sofá, sendo acariciada pela minha mãe, para meu tremendo susto.

_ Você quer me matar? – corri até ela preocupada.

_ Desculpa Claire, mas eu senti tanto ódio naquela hora, que o primeiro lugar que pensei em vir foi aqui! – ela se justificou ainda deitada – O que Sean falou? – ela perguntou entre soluços baixos.

_ O que aquele idiota falou? Aquele tremendo estúpido jogou a culpa na gente! Disse que Erick tinha razão e então foi sentar com seus amiguinhos. – respondi com pura raiva no olhar.

Minha mãe finalmente se manifestou.

_ Primeiro, não acho que isso seja desculpa para as duas matarem aula. – ela repreendeu – Segundo, que depois do que Alicia me contou, talvez ele não esteja tão errado.

_ O quê? – perguntamos juntas.

_ Não estou dizendo que ele agiu certo, de forma alguma! Ele foi rude e grosseiro, e vocês não devem perdoar fácil! Mas pelo que ela me disse também, vocês não botaram muita fé nele, não é? – ela disse.

_ Mas é claro, ele é era um péssimo... – comecei.

_ Está vendo? – ela apontou para mim – É disso que estou falando, talvez tudo que ele precisasse era de uma força, mas não isso que vocês duas fizeram. Muito pelo contrário, vocês o desanimavam.

Finalmente saí de onde estava e me sentei no sofá ao lado.

Era duro admitir, mas talvez, só talvez, minha mãe tivesse razão.

_ E o que a gente tem que fazer? – Alicia se indignou – Ir até ele e dizer que fomos péssimas amigas e que ele tinha razão de nos tratar assim?

_ De maneira alguma. – minha mãe respondeu – Quer dizer, mais ou menos. Minhas queridas, vocês devem sim pedir desculpas e admitir seus erros, isso sim é uma atitude de mulher. Mas não se humilhem, ele também errou. Acima de tudo, ele também deve um pedido de desculpas. Apenas deixem claro para ele que vocês admitem seus erros, e veremos se ele é homem o suficiente para admitir os dele também. Até lá, mantenham distância, deixem que ele se aproxime. – minha mãe disse e se levantou do sofá – Pensem nisso.

E com uma piscadela, ela foi para a cozinha.

Alicia já não chorava mais. Agora, nós duas nos encarávamos, pensando no que minha mãe acabara de dizer.