– Pessoal, eu estou um pouco cansada por causa da viagem e do fuso horário e tudo mais, então eu já vou para o meu quarto. Boa noite pra vocês. – me levantei do sofá me despedindo de todos. Na verdade, eu não estava cansada por causa da viagem, eu estava cansada de ficar perto do Ian sem falar nada, sem se quer trocar um olhar.

– Boa noite Luna. – disse Susan, Ben e Anne quase simultaneamente. Ian, nem desviou o olhar da TV para me desejar boa noite.

Subi as escadas em direção ao meu quarto, entrei, escovei os dentes, desliguei a luz e deitei. Meu pensamento me levou até o momento de despedida no aeroporto no Brasil, até aqui. Em menos de um dia muita coisa havia mudado. Até ontem eu era apaixonada pelo meu ídolo e um dos motivos para querer estar aqui era para poder encontrá-lo, mais cedo li uma carta e aceitei uma proposta que agora eu não sabia se queria mesmo cumprir e neste momento estava chorando por um garoto que acabei de conhecer, que me levou num jogo de beisebol, comprou Tubes e Fini para mim e ainda me elogiou quando eu estava ridiculamente mal vestida, e agora não estava falando comigo, nem olhando para mim, nem me desejando boa noite. Fechei os olhos e começaram a cair mais lágrimas e quanto mais eu ficava sem entender o porque daquilo, mais meu rosto ficava molhado.

Toc Toc Toc

De repente ouvi alguém batendo na porta. Olhei para o relógio. 01H30. Já fazia 2 horas que eu estava deitada na cama chorando. Será que alguém ouvira e ficou preocupado? Ou será que era...

– Quem é? – tentei falar, mas por culpa do choro saiu mais como um gemido.

– Sou eu. – Apesar de conhecê-lo á menos de um dia, em qualquer lugar reconheceria aquela voz. Ian.

– O que você quer? – gritei limpando o meu rosto com a mão.

– Quero falar com você. Por favor, abre a porta?

– Pra quê você quer falar comigo? Vai embora Ian.

– Por favor, Luna, abre a porta. Ou se não eu vou ficar aqui até você me deixar entrar.

– Você não teria coragem. – disse.

– Tudo bem, eu vou sentar aqui na frente da porta. Só vou no meu quarto pegar um casaco, porque aqui no corredor tá frio, mas eu volto e fico aqui até você abrir.

– Não Ian, espera. Eu vou abrir.

– Obrigada. – imaginei se ele não estaria dando aquele sorriso lindo atrás da porta.

Levantei da cama, fui ao banheiro, me olhei no espelho e vi meus olhos inchados, joguei uma água, mas mesmo assim eles continuavam inchados. Droga, porque eu havia chorado tanto? Fui em direção à porta, abri e vi Ian, com a mesma roupa que estava quando cheguei a sua casa. Ele estava com o cabelo bagunçado e sorria, o sorriso que me fez sorrir também.

– Posso entrar? –disse ele.

– Pode.

Ele entrou, sentou na minha cama e ficou me olhando enquanto eu fechava a porta e ia em sua direção, parei na frente dele.

– O que você quer Ian?

– Você quer que eu responda mesmo? – disse ele me olhando e mordendo o lábio.

– Estou falando sério bobo. – bati na cabeça dele.

– Ei, para de me bater. – ele disse colocando a mão na cabeça.

– Cala a boca que eu nem bati forte, sua mocinha.

– Mocinha? Você quer ver quem é a mocinha? – ele disse me encarando.

– Eu já estou vendo e está bem aqui na minha frente. – dei de ombros.

– A é? – ele disse isso e depois me puxou pelo braço. Cai na cama e dei um pequeno grito.

– Shhhh, você quer acordar a casa toda? – ele colocou a mão na minha boca. Isso me lembrou a Sam.

– Talvez só a metade, para começar, tipo Susan. Ela iria adorar saber que você está no meu quarto á essa hora.

– Nem brinca com isso. – disse Ian arregalando os olhos.

– Mas então, porque você resolveu voltar a falar comigo? – perguntei.

– Como é que é? Voltar a falar com você? Não me lembro de ter parado. – ele deu de ombros.

– Ah, então, você costuma não falar com nenhuma intercambista quando está vendo TV e nem dar boa noite quando ela diz que vai dormir?

Ele começou a rir.

– Você tá rindo porque seu idiota? Eu estou falando sério.

– Ah meu Deus, como você fica linda brava. – ele sorriu para mim.

– Sem essa Ian. – levantei da cama e fui em direção à janela. Olhei para fora e depois me voltei para ele, que estava deitado na minha cama me olhando. – Você sempre diz que eu tô linda, se eu aparecesse pelada você diria: “Ah meu Deus como você está linda assim”.

– É, provavelmente eu diria mesmo. – ele olhou para mim mordendo os lábios de novo.

– Idiota.

Ele levantou da cama e veio em minha direção. Chegou bem perto, encostou seu corpo no meu e colocou sua boca perto do meu ouvido.

– Idiota não, só estou falando a verdade. Não consigo imaginar algum jeito de você ficar feia. – a proximidade dele me fez arrepiar. Ele virou o rosto e encostou a testa dele na minha, me olhou e eu fechei os olhos. Ele passou uma das mãos pela minha cintura e a outra pela minha nuca e depois no meu cabelo, me puxou para mais perto, como se já não estivéssemos colados demais. Beijou minha bochecha, depois meu queixo, coloquei a mão nos ombros deles, depois na nuca, abri meus olhos e então ele fechou os deles. Era tão lindo.

– Luna, Luna. O que você tem que me faz te querer tanto garota? – ele mexia a cabeça em sinal de negação.

Depois disso eu só lembro-me de ter sorrido, ele ter feito o mesmo, então fechei os olhos e ele tocou seus lábios nos meus, nos beijamos. Ali, naquele quarto, não tinha ninguém para atrapalhar, só eu e ele.