POV Margarida

– Margarida? - a voz rouca de Daniel me chamou, me virei para o mesmo e sequei as lágrimas que caiam sobre minhas bochechas. Ele me puxou para um abraço apertado e fez com que eu molhasse toda sua camiseta, o motivo de eu estar chorando? Por não saber a minha verdadeira história, não saber o que eles tanto conversam e me excluem.. eu sei que tem haver comigo pois a Alicia disse o meu nome. Daniel mordeu o meu lábio e secou as minhas lágrimas. - O pessoal vai no shopping, eu vou ficar aqui com você, não quero deixar você assim sozinha.

– Daniel.. - suspirei. - Eu quero saber a verdade.

– Não estamos mentindo minha princesa. - sentou-se na cama e me puxou para sentar no seu colo. - Nós vamos te contar tudo.. não agora, mas vamos. Isso tudo é para o seu bem.

– Mas eu não sou mais criança. - murmurei.

– Não é.. mas.. - suspirou. - Eu prometo que vai ficar tudo bem.

– Eu confio em você. - deitei minha cabeça em seu peitoral. - O Paulo e a Alicia também vão no shopping?

– Os dois estão dormindo no chalé. - ele disse e eu assenti. Eu me levantei de seu colo e deitei na cama de uma forma confortável, seus braços passaram em volta da minha cintura fazendo ficar abraçadinhos. Daniel puxou a coberta para cima de nós dois e beijou o meu pescoço. - Eu te amo.

– Eu também te amo. - fechei os olhos e adormeci.

POV Jorge

Eu havia cansado das mentiras de Maria Joaquina, de quer ajuda-la nesse planinho sem noção pra foder com a vida da Margarida. Não era justo fazer isso com uma pessoa adorável, muito pelo contrário da Barbie como Alicia diz. No começo eu achava eles sem classe e tudo mais, mas Marcelina me mostrou tudo ao contrário, ninguém é melhor que ninguém, somos todos iguais.

Fazia uma hora que andávamos naquele shopping, uns em casais e outros de vela. Maria Joaquina resmungava por seu pé estar doendo, mas também.. vem com um salto quinze mesmo sabendo que íamos andar. Marcelina estava com as mãos envolta da minha cintura e eu abraçava-a de lado, cada um pegou um milk shake e seguiu para um ponto de táxi.

– O que será que o Paulo e a Alicia estão aprontando? - perguntei.

– Quando eu fui pegar a carteira, os dois estavam dormindo. - Mário disse encarando Carmem de longe, segui o seu olhar e quando ela me viu, me encarou e soltou um sorriso falso.. o que ela queria dizer com aquele sorriso? Entrei em um dos táxis com Marcelina, Carmem e Mário.

– E o Daniel com a Margarida? - perguntei.

– Não sei.. - Carmem disse. - Eles devem estar dormindo também.

– Esse povo só pensa em dormir também. - Marcelina disse e eu ri. - Eu ainda não entendi, quem fez a Helena deixar as meninas dormirem no chalé dos meninos?

– Não fui eu.. - eu e Mário falamos juntos, que gay.

POV Alicia

Eu acordei com alguém em cima de mim me dando vários selinhos, abri os olhos e pude ver Paulo com um sorriso sapeca no rosto. Ele se levantou e calçou os chinelos, me levantei também e olhei para o relógio.. eram quase oito horas da noite e não tinha ninguém no quarto, passamos pelos corredores e também não tinha ninguém, no chalé feminino Daniel e Margarida estavam dormindo. Suspirei ao lembrar do que Carmem nos contou mais cedo e fomos para o refeitório, peguei um ponte de sorvete de napolitano, garrafas de cobertura de chocolate e morango, aquelas balinhas coloridas de chocolate e duas colheres.

– Você nunca engorda não? - Paulo me perguntou. - Come, come, come e nunca engorda.

– Eu também não entendo isso, posso comer um monte de porcaria e não consigo engordar. Eu até gosto. - respondi lhe entregando uma colher, joguei tudo dentro do pote de sorvete e passei a colher ali colocando na boca em seguida. - Aonde que o povo tá?

– Devem ter ido no shopping. - ele colocou o sorvete na boca e fez uma careta. - Eu vou fazer você morar lá em casa, daí você me ensina a fazer esse treco gostoso.

– Paulo. - segurei o riso. - Isso é sorvete com balinha e duas coberturas.

– Ah bem.. - ele ficou sem graça. - Não ia adivinhar.

– Mas tá na cara. - falei.

– Não precisa me deixar constrangido também né. - antes que eu falasse algo, Paulo me puxou fazendo nossas testas ficarem coladas. Eu não conseguia mais segurar o meu desejo, eu estava apaixonada.. algo gelado encostou nas minhas bochechas, revirei os olhos e empurrei Paulo da cadeira, mas ele me puxou junto. - Eu adoro quando isso acontece..

– ESSES DOIS DEVEM ESTAR FAZENDO.. - Bruna veio gritando, mas parou quando nos viu no chão, encarei Paulo e ele riu. Me levantei e peguei o pote de sorvete, eles podiam me zoar o quanto quiserem mas o pote fica comigo. - Eu falei..

– Ninguém estava fazendo o que você ta pensando. - respondi.

– Uhun, sei.. - ela disse e eu revirei os olhos. Maria Joaquina passou por mim e eu coloquei o pé em sua frente fazendo-a dar de cara com o chão. - Uou, que tombo.

– Foi sem querer.. - falei.

– EU TE ODEIO GAROTA! - ela gritou com raiva e eu ri.

– SEU RECALQUE BATE E VOLTA NO MEU VAGALUME. - bati na bunda e saí andando para o chalé dos meninos. Marcelina, Jorge, Margarida, Daniel e Bruna já estavam ali de pijama e conversando sobre algo que eu não conseguia entender. Me joguei na cama de Paulo e fiquei comendo o sorvete, Victória pulou na cama também e pegou um pouco com o dedo. - Hey, isso é meu!

– ERRADO, isso é nosso. - disse Paulo pegando sorvete com a outra colher e colocando na boca, assenti e abracei o pote de sorvete. - Você ta parecendo uma criança que não quer dividir doce.

– Foda-se. - falei e ele me mandou língua. - Quem manda língua pede beijo.

– Hora bolas, é isso que eu tô pedindo. - ergui a sobrancelha.

– Mas não vai ganhar. - falei.

– CHATA. - lhe mandei o dedo do meio.

POV Maria Joaquina

Alicia, Jorge, Margarida e Daniel iriam me pagar por isso. Minha mãe havia me ligado varias vezes naquela tarde e eu ignorava todas as ligações, eu amo ela demais.. mas não precisa ficar me ligando de cinco em cinco minutos. Fui caminhando até a floresta e entrei na casa verde, tirei a foto em que Margarida estava com os pais e rasguei com todas as minhas forças.

– Eu vou acabar com você. - falei para mim mesma. - Eu te odeio priminha.

– Maria Joaquina? O que você tá fazendo aqui? E esse monte de fotos da Margarida? Eu acho que você me deve uma explicação. - gelei ao escutar aquela voz, eu estava encrencada agora.

POV Paulo

– Shawty is a eenie meenie miney mo lova. Shawty is a eenie meenie miney mo lova. Shawty is a eenie meenie miney mo lova. - as meninas cantavam feito doidas e dançavam, o som estava alto e não dava para escutar quase nada do que cada um dizia. Alicia pulou na minha cama e começou a fazer uma dança provocante, ergui a sobrancelha e mordi o lábio.

– Er.. - tentei dizer algo. - Será que a gata faz uni-duni-duni-te no amor?

– Não.. ela não é de sair pegado um e depois outro. - respondeu e voltou a dançar com as meninas. Eu fiquei encarando-as rindo e Alicia me puxou para ficar no meio da rodinha, Daniel entrou junto comigo e ficamos dançando com elas. Ela se aproximou de mim e colou o seu corpo ao meu, encarei o seus seios e sorri malicioso. - E o gato? Faz uni-duni-duni-te no amor?

– Não.. ele tem olhos só para uma garota fixa. - encarei seus olhos.

– E quem é a garota?

– Você.