A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 4
III. O Caos no mundo


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, espero que gostem do capítulo. Ele contará um pouquinho sobre a situação do planeta, Louis tomará uma importante decisão e vocês conheceram os elementares ;)



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III. O Caos no mundo

A fogueira estalava perante o silêncio de todos à volta. O foco era no rosto abatido de um dos homens recém-chegados. Era o precursor do grupo, foi a ele que todos os outros se juntaram.

– Venho da Vila Praiana no extremo sul do planeta. Depois que meu pai faleceu em um duelo eu resolvi partir. Segui para leste contornando o continente. Na época a falta de comida não era tão grande em minha vila, hoje eu já não sei como eles estão. Parece que as regiões do norte foram as primeiras a sofrer com escassez de alimento de modo que as pessoas que nela viviam demonstravam muito mais violência do que o povo do sul.

Os olhares imediatamente se voltaram para o envergonhado homem que atacara Louis mais cedo. Contudo ninguém disse nada. Baltasar continuou seu relato sem nunca retirar os olhos do fogo que queimava a sua frente.

– Parece que os piores sentimentos dominaram o mundo por vários séculos os tornando o normal. Porém eu me lembro de que as coisas não costumavam ser assim. Havia amizade, companheirismo, risos de crianças e principalmente paz. Os desentendimentos eram tão raros... Não havia ciúme, raiva ou ganância por poder. Parece que as pessoas simplesmente esqueceram o modo de viver pacificamente. – suspirou. – Quando imaginei que as coisas não poderiam ficar piores elas ficaram. Fugitivos de diversas vilas começaram a chegar a Vila das Ondas, onde eu morava há quase 3 séculos. Cada um vinha com uma história diferente, mas com algo em comum: Suas vilas foram destruídas pelo Caos e as pessoas que nela viviam estavam mortas.

“O terror substituiu os sentimentos mesquinhos e os mais corajosos decidiram partir de encontro ao tal Caos. Cheguei a imaginar que as coisas finalmente iriam mudar, que esse mal chegava destruindo nosso planeta, mas unindo nossa espécie para reencontrarmos o verdadeiro motivo de viver. Minhas suposições estavam erradas, pois apenas um dos guerreiros retornou. Ele estava ferido e completamente tomado pela loucura. Ele nos avisou que o Caos estava chegando e então se matou na frente de nossos olhos.”

“Algumas famílias ficaram na vila, outras partiram junto a mim em direção a Vila dos Elementares. Porém acabamos nos perdendo na Floresta Escura e paramos no que costumava ser a Vila das Luzes. Em meus 2 mil anos eu nunca tinha visto tamanha destruição. Não havia cabanas, não havia pessoas... Pelo menos não pessoas vivas. As casas viraram um amontoado de madeira queimada e as vielas foram encharcadas com sangue e corpos sem vida.”

“A metade dos que estavam comigo entraram em desespero fugindo para lugares distintos. Já alguns tomados pelo sentimento de resignação partiram para o Penhasco das Lamentações e de algum modo eu sei que eles fizeram o mesmo que o pobre guerreiro que sobreviveu ao massacre proporcionado pelo Caos. Naquele ponto cada um seguiu sozinho o seu caminho. Eu ainda tinha a esperança de chegar a Vila dos Elementares, porém eu estava apavorado com a ideia de encontrar o Caos pelo caminho. Então segui para o norte. A Vila Nova Esperança também estava destruída e ao que parece fora uma das primeiras a sofrer o ataque.”

“Retornei então para o meu antigo vilarejo. Pelo caminho alguns fugitivos se juntaram a mim. Foi horrível voltar para casa. Apesar de todos os problemas que tínhamos na vila, eu não desejava aquele destino a ninguém.”

A respiração de todos ficou suspensa. Os choros baixos daqueles que viveram o horror que fora contado começaram a se espalhar.

– Eu estava prestes a perder a esperança quando encontramos esta vila. Aqui parece que tudo está no lugar. Não há fome, não há raiva, não há ciúme ou ganância. Aqui tudo está em equilíbrio. – as lágrimas escorriam pelo rosto de Baltasar. – Peço, por favor, que nos deixem viver aqui. Queremos paz. Estamos cansados de fugir e ainda mais cansados de viver em guerra em nossas próprias casas.

Os choros não mais tão contidos dos estrangeiros faziam coro ao pedido desesperado.

– Caos não está vindo nessa direção. Ele foi para o sul. Não atacará esta vila tão pacífica. – continuou em desespero.

– Você não pode garantir isso. – argumentou Louis apertando com firmeza a mão de sua mãe que parecia uma estátua ao seu lado. – Nossos líderes já decidiram que vocês poderão ficar, mas se as coisas estão tão feias assim, será apenas questão de tempo para que o Caos chegue a nossa vila.

– Louis, não crie um medo desnecessário. – bradou Dimitri.

– Desnecessário? – Maximiliano defendeu o amigo. – O senhor tem certeza? Não é melhor que todos fiquem atentos e cuidadosos. E que os guerreiros da vila intensifiquem seus treinamentos para o caso de um ataque?

– A cautela é sempre bem vinda meu sobrinho, mas não devemos nos apavorar com as notícias. Gosto da ideia de intensificarmos os treinamentos, poderemos planejar melhor sobre isso amanhã. Louis? – Dimitri olhou para o jovem em uma pergunta muda.

– Não assumirei essa responsabilidade. – respondeu Louis surpreendendo a todos. – Lorena tem plenas condições de liderar os treinamentos. – a guerreira de pele negra e olhos perigosos assentiu para o amigo. – Irei viajar amanhã, Max irá comigo.

Michaella despertou de seu estado de choque e virou seu rosto para seu filho. Ela estava apavorada com a ideia de Louis se afastar num momento como aquele. Sua culpa em relação ao que todos no planeta estavam passando era imensa, mas não resistiria se seu filho também fosse vítima das consequências de suas péssimas decisões passadas.

– Você não pode partir agora! – exclamou trêmula.

– Por que não, mamãe? – o jovem soou calmo, ele sabia que Michaella não gostaria da ideia dele sair por aí.

– Você não escutou nada do que Baltasar acabou de contar?!

– Escutei cada palavra, e é por este motivo que irei com Max até a Vila dos Elementares. Alguém precisa avisá-los sobre o que está acontecendo.

Sandra olhou apavorada para o filho, mas continuou em silêncio. Maximiliano sempre teve uma personalidade calma e brincalhona, mas quando tomava uma importante decisão ele costumava ser tão obstinado quanto seu pai. Ela sabia que não conseguiria convencê-lo do contrário.

– Elementares? Você realmente acha que eles não sabem o que está acontecendo? Eles devem estar tão apavorados quanto nós! Se é que eles existem! – ironizou Cristal, uma das jovens recém-chegadas.

Por um momento o medo de Michaella ficou em segundo plano, pois a raiva tomou conta de seu coração. O sentimento não era destinado à jovem que muito deve ter sofrido para que sua fé tenha desaparecido, o sentimento ela destinava a si, pois nenhum dos elementares merecia a irá do povo a não ser ela mesma.

– Eles são apenas seis e devem estar fazendo de tudo para pacificar as vilas! – antes que percebesse as palavras saíram de sua boca.

Naquele momento algo se remexeu no peito de Louis, um estranho calor foi se alastrando por seu corpo e olhando diretamente nos olhos de sua mãe ele perguntou em um sussurro.

– Como sabe quantos eles são?

Michaella sentiu seu segredo escapando por entre seus dedos. Não teve outra saída a não ser falar de sua origem pela primeira vez em milênios.

– Porque é de lá que eu venho. Eu convivi com os elementares e tenho cravado eternamente em meu coração os seus ensinamentos. E por isso sei que eles estão fazendo todo o possível para trazer a paz de volta para o nosso planeta. – cada palavra soou firme, porém os olhos estavam baixos e envergonhados, fato que não passou despercebido para o seu filho.

Michaella enfim ergueu o olhar em direção a Louis.

– Você não precisa ir até a Vila Elementar, eles tem plena consciência do que está acontecendo.

– Não é apenas por isso. – o jovem ficou um pouco sem graça pelo o que estava para dizer, seu amigo estava certo ao final das costas, ele realmente havia se interessado por Anna.

– Louis encontrou uma garota perdida hoje. – explicou Max. – Se a senhora tem tanta certeza que os elementares sabem o que está acontecendo, então acharemos a garota e voltaremos para a casa.

– Desculpem, mas acho perigoso demais que dois dos nossos melhores guerreiros saiam da vila atrás de apenas uma garota. – opinou Gregori, um dos anciões da vila.

– Ela está sozinha e perdida, se você estivesse nessas mesmas condições não gostaria que alguém lhe ajudasse? – inquiriu Louis de modo que não houvesse argumentos contra. – Além do mais Lorena estará na liderança dos guerreiros, acho que suas capacidades não merecem qualquer dúvida.

O clima ainda era de grande tensão quando os peixes foram servidos. Aos poucos as pequenas conversas paralelas dispersaram a atenção de Michaella e Louis. O mais novo beijou a testa de sua mãe e seguiu para a cabana em que morava. Max rapidamente o seguiu.

– Não é legal mentir para a sua própria mãe. – tentou esconder o sorriso em sua voz sussurrada.

Louis torceu os lábios em consternação.

– Não vejo outra escolha. Mamãe esconde seu passado de mim e de todos, eu não me importaria se, esse segredo não a fizesse sofrer tanto. E se ela não quer me contar eu mesmo irei descobrir, mesmo que eu tenha que ir até a Vila dos Elementares e perguntar para os anciões do planeta sobre minha própria mãe.

***

As chamas estavam altas, o cheiro de morte e destruição se alastrava adentrando nas florestas vizinhas. Mais uma vila estava destruída, desta vez fora a Vila Recanto. Não houve chance de fuga ou de misericórdia para nenhum morador. Caos varreu tudo se alimentando de vigaristas e matando a sangue frio os egoístas e invejosos. Nunca bebeu tanto sangue em sua vida, estava sentindo-se até empanzinada. Porém sua atitude fora uma resposta a sua irmã.

Após o encontro com Louis Anita evitou qualquer ataque deixando sua irmã impaciente e desconfiada. Andava lentamente pela floresta e a cada novo canto de pássaros que identificava tentava imitá-los. A culpa começava a tomar conta de sua mente e o remorso do seu coração. Após três dias Aline lembrou-a do que aconteceu com sua família, instigou-a a ira e a mente de Anna novamente envenenou-se com sentimentos mesquinhos.

– Como pode esquecer a promessa que me fez?! O que aconteceu com você naquela maldita vila? Foi enfeitiçada por algum vigarista?!

A resposta foi um grande rosnado e uma corrida até a vila mais próxima que em poucas horas estava completamente destruída para em seguida seguirem corrida rumo a noroeste. Porém nenhuma das duas esperava a grande tempestade que iniciou. Raios e trovões quebravam árvores e iluminam a floresta e o céu. Tiveram que se abrigar em uma caverna próximo ao Lago dos Devotos.

Aline estava impaciente com a chuva, queria ir logo para a próxima vila ou então chegar de uma vez por todas na Vila dos Elementares. Enquanto isso Anna sentou-se colocando a velha espada de seu avô, seu arco e suas flechas no chão. Encostou suas costas na parede e respirou fundo sentindo sua cabeça latejar e seu estômago revirar. Então veio forte e ela só conseguiu girar o rosto e jogar tudo para fora.

Imediatamente a mais nova virou-se para olhar o que estava acontecendo. Apavorou-se quando notou Anita toda ensanguentada e colocando tudo o que bebeu naquela tarde no chão da caverna.

– O que há de errado?! – perguntou com seus olhos arregalados ao ajoelhar-se ao lado da irmã.

– Eu... – não houve resposta, pois o vômito veio em seguida.

– Eu... Eu... Vou atrás de alguma erva, vovó me ensinou sobre algumas ervas... Eu... – sem saber bem o que fazer Aline saiu correndo em meio à tempestade buscando com toda a força em sua memória os ensinamentos de sua avó.

Anita apenas deixou o corpo escorregar para o chão e encolheu-se. Seu corpo doía e suava, nunca se sentiu tão mal em toda a sua vida.

***

Sentado a beira do Pico Sagrado, o ponto mais alto do planeta, estava Thalles. Se não fossem suas pernas balançando lentamente ele poderia ser facilmente confundido com uma escultura de madeira perfeitamente entalhada. Sua pele negra reluzia com a luz do luar e as roupas largas em seu corpo magro balançavam com o vento que soprava do norte.

Aspirou o ar lentamente sentindo aquela velha conhecida fragrância. Michaella. Imediatamente sentiu o coração apertar em tristeza. Ela deveria estar arrasada com as notícias que corriam pelo planeta. Mas como ele poderia ajudá-la quando ela mesma não a quer? E agora tinha grandes problemas para solucionar. Dezenas de estrangeiros chegavam a Vila Elementar buscando proteção. Thalles temia esse retorno ao ponto de origem.

Quando ele e seus outros 6 irmãos foram mandados para cuidar do planeta Terra caíram exatamente onde a Vila fora fundada. As crianças vieram em seguida, almas ignorantes, mas repletas de amor e entusiasmo. Conforme cresciam e formavam suas próprias famílias decidiam por partir explorando o novo planeta. Ninguém imaginava que a população cresceria tanto e que os mais mesquinhos sentimentos começassem a envenenar tantos corações.

E agora após tantos milênios e tantos partirem da Vila dos Elementares muitos voltavam para o local de origem. Era o prelúdio de um grande acontecimento. E esse acontecimento não era bem esperado.

Thalles apertou seus lábios e abriu seus olhos azuis claros. Sua visão aguçada captou os pontos de luz dos casebres da vila. A noite estava tranquila e fresca. As cigarras faziam suas sinfonias juntamente com os grilos e sapos. Alguns pássaros davam seus últimos piares antes de recolherem-se em seus ninhos. A paz que invadia o coração do elementar acabou quando ele avistou o casebre de Agnes e a mesma batia os pés impacientemente olhando-o diretamente.

Suspirou resignado e empurrou seu corpo para o precipício. Deixou-se cair em queda livre por alguns segundos antes de abrir suas grandes asas brancas e seguir voo em direção à reunião marcada.

– Boa noite Agnes. – desejou pousando mansamente em frente à mulher quase tão baixa quanto ele.

Agnes estreitou seus olhos azuis como a noite e balançou os cachos castanhos arruivados em descrença.

– Havíamos combinado há mais de uma hora. – reclamou sabendo que não adiantava irritar-se com Thalles, nada fazia o velho elementar erguer sequer um pouquinho sua voz em uma discussão.

– Apenas levei em consideração a tradicional hora de discussões sem sentido ou objetivo entre Augusto e Nicolas. – sorriu mansamente.

A mulher de corpo magro fez uma careta.

– Entre logo, talvez com a sua presença Nick pare com suas piadas sem graça.

– Augusto costumava rir das piadas de Nicolas. – suspirou Thalles.

– Todos nós costumávamos. – concordou Agnes. – Mas os tempos são outros.

Thalles assentiu e seguiu para dentro da simples cabana de madeira. A porta de entrada dava diretamente para a aconchegante sala repleta de rústicos sofás em torno da lareira. Não demorou para que seus ouvidos doessem com a discussão acalorada entre Nick e Augusto. Os dois homens eram corpulentos, altos e fisicamente fortes. Nicolas possuía a pele morena clara, olhos verdes brilhantes e os cabelos curtos com a cor de mel. Sua expressão sempre brincalhona o deixava com um ar jovial e imaturo. Já Augusto tinha o tom de pele mais avermelhado, olhos castanhos escuros quase negros combinando com os cabelos igualmente escuros. A barba curta deixava-o ainda mais sério.

Quando discutiam perto de quem não os conhecia causavam grande medo, pois uma luta física entre os dois poderia causar grande destruição. Porém Nicolas e Augusto, apesar das brigas, eram grandes amigos, irmãos de coração.

Thalles torceu os lábios e ergueu suas mãos provocando uma poderosa corrente de ar fazendo com que os dois desordeiros sentassem em seus devidos lugares. Nenhum dos dois reclamou, tinham grande respeito pelo milenar que se destacava pela quietes e profetizações. Os outros três suspiraram com o tão desejado silêncio.

Agnes caminhou lentamente e sentou-se entre Noemi e Davi, olhou Noemi e segurou-lhe a mão com carinho. De todos os elementares ela era a que mais se assemelhava a uma criança. Não no sentido de infantilidade, mas pela inocência e amabilidade. Ela tinha a capacidade de manter uma longa conversa não se importando se a outra pessoa prestava ou não a atenção. Noemi era uma mulher pequena de corpo e feições miúdas, seus olhos puxados e escuros estavam sempre atentos a qualquer problema que necessitasse de sua ajuda. Mantinha os longos e lisos cabelos escuros apoiados em apenas um ombro. Sua pele extremamente clara contrastava com as roupas escuras que usava.

Davi não era tão alto e forte quanto Nick e Augusto, nem tão baixo e mirrado quanto Thalles, era o mediano entre os homens. Sua pele era branca e os cabelos e olhos castanhos. Gostava de variar sua barba, quando estava de mau-humor costumava deixá-la crescer, quando estava de bom-humor deixava-a rente ao rosto. No momento estava rente ao rosto, pois sua preocupação sobrepunha o bom ou o mau humor.

– Mais uma vila foi destruída. – murmurou Davi brincando com a pedra preta pendurada em seu colar, a pedra da sabedoria a qual lhe foi dada no momento em que chegou ao planeta azul.

Sentados em uma meia-lua a volta da lareira os seis ficaram em silêncio apenas escutando o crepitar do fogo. Perceberam que a situação estava se agravando com velocidade.

– Vou atrás do causador de tamanha destruição, apesar de achar que ele apenas acelerou aquilo que as vilas já estavam fadadas a ser. – disse Augusto com um dar de ombros.

Os cinco pares de olhos o fitaram em choque.

– Como pode concordar com uma atrocidade dessas?! – Davi fez voz aos pensamentos.

– Você por acaso andou visitando as vilas do leste e do sul nos últimos milênios? Pois eu sim! Sabe quantas brigas tive que apartar e resolver? Inúmeras! E sabe o que nós somos para eles? Mera lenda! É apenas questão de tempo para que todos se destruam. Caos apenas está agilizando o processo.

– Não podemos compactuar com isso Augusto! Ainda há esperança... Se nos dividíssemos e separadamente acalmássemos os ânimos nas vilas o planeta poderá prosperar novamente. – opinou Agnes.

Augusto sorriu ironicamente para ela.

– Você só diz isso por causa dessa pedra que carrega. – apontou para a pedra amarela da perseverança que Agnes carregava em sua corrente.

– Se a carrego é por algum motivo. – retrucou ofendida.

– Sim, nos manter cheios de esperança para que então tudo dê errado. – o dono da pedra vermelha, a pedra da justiça, não falava apenas da situação atual.

Agnes se encolheu com a acusação. Nicolas rosnou.

– Pare com isso Augusto! Pare de acusá-la de algo que ela não teve culpa! Desde que Michaella foi embora você não têm mais discernimento!

O justiceiro fechou seus olhos com força e segurou o rosnado. Estava cansado de brigar, mas como não o fazer quando seus irmãos mexiam em suas mais profundas feridas?

– Precisamos trazê-la de volta. – murmurou Davi. – Sei que machuca Augusto, mas precisamos dela aqui.

– Davi está certo... Não há justiça sem equilíbrio. – Thalles tinha seus olhos distantes enquanto acariciava sua pedra branca, a pedra do destino.

– O que vê em nosso futuro Thalles? – perguntou suavemente Noemi, ela não queria atrapalhar a visão.

– Dias turbulentos minha querida... Mas no fim seremos apresentados a uma linda pérola.

– Pérola? – Agnes fez voz aos confusos pensamentos. – Que pérola?

Thalles sorriu misteriosamente antes de abrir os olhos e desmanchar a suave expressão.

– Temos que abrandar esses dias turbulentos. Sugiro que façamos como Agnes disse há pouco.

– Nos separar? – Noemi perguntou hesitante.

– Não tema Noemi, acredito que é o que possamos fazer por enquanto... Até que Micha... Enfim, você entendeu. – disse Nicolas arrependido das duras palavras que falara ao amigo que se manteve com seus olhos fechados até então.

Nick com sua pedra verde podia sentir as emoções como ondas lhe atingirem. E sentia o que Augusto estava sentindo no momento. Não era nada bom.

– Acho melhor começarmos pelas vilas mais populosas onde a situação está mais complicada. É interessante que Augusto vá para as vilas do leste. Entre nós é o mais poderoso em lutas corpo a corpo.

– Tudo bem. – murmurou o justiceiro levantando-se e seguindo para a porta, sentia-se sufocado, precisava de espaço. – Parto em poucas horas.

Ninguém fez objeções.

– Voarei até o penhasco das lamentações e de lá partirei para as vilas do norte. – decidiu Noemi.

– Então seguirei contornando a parte oeste do continente seguindo também para o norte e nos encontramos no meio do caminho. – sorriu Agnes para Noemi.

– Cuidarei do extremo sul. – suspirou Nicolas. – E vocês dois devem ficar em nossa vila. Algo me diz que os inocentes retornaram ao ponto de origem. Precisarão de orientação.

– Thalles pode cuidar da vila enquanto eu verificarei nossos vizinhos, não demorarei muitos dias.

– Já que está tudo decidido, que tal aquele chá de erva-doce? – sorriu Thalles para Agnes que retribuiu após um longo suspiro cansado.


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Postarei o próximo cap quarta ou quinta. Ele está fofo pra caramba e focará no casal protagonista ;)



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