A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 39
XVII. Os Filhos da Lua


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoas! Sim estou atrasada e sinto muito por isso. Sempre quando chego no final de uma fic ou de uma temporada eu fico toda enrolada quando vou escrever, sento na frente do computador, mas parece que qualquer coisa é mais importante. Acho que rola um sentimento de "não quero terminar essa história" maaaaas enfim, aí está o capítulo e ele está cheio de grandes emoções. Espero que gostem.



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XVI. Os filhos da Lua

Poucos segundos após Anna perseguir Shu para dentro da floresta fechada, que cobria boa parte do nordeste da cidade, os soldados de olhos vermelhos começaram a cair, um a um.

Rei Argos que chegou a luta pouco depois de sua filha iniciar o ataque ficou impressionado com a coragem de sua menina. Ela simplesmente havia entrado de peito aberto em meio a quase uma centena de olhos vermelhos. A mente do soberano já tinha se acostumado com a ideia de que Anita estava longe de ser uma criança indefesa e graça a este pensamento sentia-se livre do dever de protegê-la a todo custo, todavia vê-la em plena ação, de uma maneira muito superior ao que imaginava, lhe causou um misto de assombro, orgulho e odiava admitir, mas também inveja.

Tentando ignorar o sentimento torpe rugiu erguendo sua espada para unir-se a luta. Por breves momentos angustiou-se imaginando que aquele conflito nunca terminaria já que os soldados sanguinários pareciam nunca terminar. Todavia assim como de repente começou o combate terminou.

O soberano logo constatou que o criador dos olhos vermelhos de alguma forma havia sido neutralizado. Girou em seu próprio eixo para analisar as consequências daquela violência. Sorriu aliviado ao notar sua amada companheira acalmando as crianças assustadas, mas logo seu sorriso morreu ao constatar um dos pequeninos com o sangue escorrendo por sua testa. Sua expressão tornou-se sombria a cada rosto assustado de seu povo. Ficou ainda mais irritado ao analisar rapidamente os feridos e perceber que não eram apenas os guerreiros da guarda que foram atacados, mas também a população civil. Não se preocupou com a destruição da praça da cidade, pois sabia que os defensores a reconstruiriam em poucos dias e com toda a certeza a deixariam ainda mais bela do que era.

Caminhou imponente até o círculo de guerreiros formado ao redor dos rendidos rebeldes. Os revolucionários estavam todos sentados ao chão, seus rostos visivelmente derrotados, alguns choravam enquanto outros olhavam para o horizonte gravando em suas memórias a última visão de liberdade dos próximos cem anos.

– Soe a trombeta Heitor. Chame os curandeiros e os defensores. – ordenou Argos se colocando entre Mathias e Aurora.

Aguardou o sinal dado pelo guerreiro e então fitou os miseráveis a sua frente. Não conseguia sentir raiva, apenas sentia desgosto.

– Quem são os líderes? – exigiu o Chefe da Guarda Real.

Não houve resposta. Argos rosnou impondo sua descendência elementar. Os revolucionários tremeram e encolheram-se ainda mais.

– Eu compreendo que são jovens e querem mudar o mundo. Mas se juntar a olhos vermelhos é um pouco demais. – era como se o rei estivesse dando uma bronca em sua filha. – Não conheço a história de cada um de vocês, mas é claro que não tiveram as orientações devidas de seus genitores.

Insultar a família era sempre um bom método de atiçar as reais intenções de um homem.

– Como pode...! – rosnou Quon e se jogou contra Argos em um ato enlouquecido.

O rei não teve problemas em colocar o líder dos rebeldes do sul de volta ao seu lugar com um simples empurrão no peito.

– Temos um corajoso. – gracejou o soberano com um sorriso perigoso nos lábios. – Fico me perguntando quanto tempo durará sua coragem nas Masmorras Uivantes.

– Com certeza mais tempo que os seus tão amados humanos! – desafiou o homem.

Outros quatro homens que compactuavam com as ideias do líder do Sul e os revolucionários do norte rosnaram em apoio, mas surpreenderam-se com o riso de rei Argos.

– Você está certo. Os humanos acabariam enlouquecendo naquele lugar em poucos dias. É por isso que você e seus amigos ficarão por lá por alguns séculos. Incitar o genocídio não é uma ideia muito decorosa.

– É uma espécie fraca! Eles estão tomando o nosso verdadeiro lar!

– É mesmo... Diga-me o que você faria se supostamente conseguissem extinguir esta “espécie fraca”? Iriam morar no planeta? Viver suas vidas? Iniciar uma família?

O silêncio reinou. Sim era aquilo mesmo que eles pensavam, ou achavam que pensavam. Naquele momento alguns deles sentiram um estranho vazio em seus corações.

– Vocês poderiam ter tudo isso aqui. Porque não podem aproveitar o que nos foi concedido? A natureza lunar é tão fascinante quanto à natureza do planeta azul. E se mesmo assim preferissem viver em nosso antigo lar vocês poderiam, bastava respeitar a nova espécie. Como vocês mesmos pensam, é uma espécie fraca. Não teriam problemas com eles. Eles nunca foram uma ameaça. Mas vocês não enxergam isso. Pessoas como vocês não conseguem viver na paz. Precisam de guerra. Precisam discordar de tudo. E pessoas como vocês quando viveram no planeta o levaram a quase destruição. Já tiveram sua chance.

Rei Argos suspirou pesadamente, seus olhos castanhos fitando cada um dos criminosos com severidade.

– E ainda arriscam a própria Lua se unindo a um exército de olhos vermelhos.

– Nós não temos nada a ver com esses soldados sanguinários! – apressou-se o líder dos rebeldes do norte. – Bryce e seu comandante devem estar por trás disso!

– Quem é Bryce? – perguntou Mathias.

– É o líder do oeste. Ele não está aqui, assim como ninguém do oeste. Nós nunca conhecemos seu comandante, mas Bryce sempre demonstrou que guardava segredos extremamente sombrios. Nós não confiávamos nele. Suas ideias eram muito extremas. – explicou o homem chamado Khalil.

– Porque genocídio é uma ideia mais branda. – ironizou o Chefe da Guarda Real.

Mathias acenou para Nereu que imediatamente puxou um dos rebeldes pelo braço o erguendo de sua posição encolhida. Sua equipe não demorou a imitar seus movimentos com os outros capturados. Os desordeiros seriam levados para as Masmorras Uivantes onde seriam julgados individualmente para definir o tempo que cada um permaneceria afastado da sociedade lunar.

As masmorras ficavam dentro de uma cordilheira localizada ao extremo sul da cidade. Era chamada de Cordilheira dos Ventos Uivantes. As montanhas eram formadas por um tipo de rocha assustadoramente resistente. Quando os primeiros exploradores chegaram naquele local da Lua surpreenderam-se por sua força física não fazer efeito naquele tipo de pedra, sequer uma pequena sedimentação. No planeta não havia nada como aquilo. Apesar da resistência, de alguma forma desconhecida pelos estudiosos, haviam diversas cavidades arredondadas que lembravam grutas, porém a umidade era parca. Ninguém conseguia compreender como aquelas cavernas se formaram deixando as montanhas da cordilheira parecidas com gigantescos corais fora d’água.

Lá os ventos eram fortes e permanentes. Quando adentravam as guaridas uivavam sinistramente causando arrepios até mesmo nos mais corajosos guerreiros. E eram nestas guaridas que os malfeitores eram aprisionados. Pelo menos após Argos e Isis assumirem o reino, já que seus antecessores não tinham uma política de misericórdia e preferiam cortar as cabeças de qualquer um que se opusessem ao seu governo.

Argos e sua companheira só adotavam medidas extremas quando realmente era necessário, como seria o caso do criador dos olhos vermelhos Shu e seu fiel escudeiro Bryce.

O rei acompanhou com o olhar a Guarda Real iniciar a escolta dos rebeldes. Foi neste momento que Louis chegou à praça. O jovem guerreiro estranhou o fato de tudo já estar calmo. O Senhor do Destino havia lhe apressado para salvar a vida de seu sogro, mas o rei estava perfeitamente bem. Com o cenho franzido caminhou até ao lado de seu amigo Max o cumprimentando com uma leve batida nas costas.

– Perdeu a chance de ver sua Anita chutando algumas bundas revoltadas e fantoches nervozinhos.

Louis sorriu ao ver Aurora revirando seus olhos pelas palavras do companheiro.

– Falando em Anita, onde ela está?

– A última vez que a vi ela correu em direção ao Posto de Mensagens, acho que ela avistou o controlador dos olhos vermelhos. – comentou a curandeira. – Creio que ela teve sucesso já que não demorou para que eles caíssem desacordados. – deu de ombros apontando para a grande fogueira onde alguns guerreiros ainda jogavam corpos sem vida.

O descendente dos justos preocupou-se imediatamente. Porém antes que pudesse procurar a princesa o pranto de uma das prisioneiras chamou-lhe a atenção.

– Eu só queria ter meu filho de volta nos meus braços!

Rei Argos sinalizou para que os guerreiros parassem sua caminhada e olhou compadecido para a mulher. Era uma daquelas pessoas que tomou um rumo completamente errado devido a sua própria dor. Faria com que ela cumprisse uma pena muito mais curta do que aqueles que desejavam o genocídio por motivos torpes. Não era sofrendo numa solitária assustadora que ela recuperaria sua razão e compreenderia que o caminho para curar a dor não era causá-la em pessoas inocentes.

– E você acha que se tivesse outro filho a dor que carrega pela perda de seu primogênito seria aplacada? – perguntou Louis caminhando até ficar ao lado de seu sogro e de frente para a infeliz jovem.

– E o que você sabe sobre a perda de um filho?! – retrucou chorosa.

– Meu tio e sua companheira foram aqueles a sacrificar suas próprias vidas para que um dia você pudesse nascer. – não havia vaidade em suas palavras, Louis não falava como a reencarnação do filho dos justos, como se tornou conhecido pelo povo lunar, falava apenas como o neto dos elementares que passaram por tamanha dor. – Acha que a dor da perda foi aplacada no coração de meus avos pelo nascimento de minha mãe Marcela? Acredite, eu ainda vejo a aflição nos olhos deles. Principalmente por eu ser tão parecido fisicamente com meu tio.

Lágrimas ainda escorriam pelo rosto da líder dos revolucionários do leste chamada Myra.

– Mas tenho certeza que seus avos tiveram uma razão para viver quando sua mãe nasceu.

– Eles tinham um ao outro. – murmurou o jovem com delicadeza.

Não conseguia compreender como aquela mulher chegou naquele estado. Onde estava seu companheiro para ajudá-la?

– Eu só terei meu companheiro de volta quando a maldição for quebrada. Quebrem a maldição! – implorou. – Deixe-me reconstruir minha família! Vocês elementares nos amaldiçoaram e somente se deixarem o poder nós seremos livres novamente!

Louis argumentaria novamente, porém calou-se ao sentir a mão de Argos repousando sobre o seu ombro direito.

– Não adianta rapaz. Ela está cega.

– Não seja tola. – Aurora irritou-se. – Ninguém foi amaldiçoado! Esta foi apenas uma consequência da energia utilizada para que nossa espécie não fosse extinta. Conforme-se e pare de sentir pena de si mesma! Não é a única a sofrer perdas! – rosnou furiosa.

Maximiliano apenas segurou a cintura de sua companheira e a puxou para si em um pedido mudo de calma. Louis franziu o cenho ao notar a sombra nas expressões de seus amigos.

10 milênios... Muita coisa deu-se em 10 milênios. Algo terrível aconteceu na família do casal. O descendente dos justos teve certeza.

Nereu ordenou que sua equipe continuasse o caminho levando os prisioneiros para o seu cárcere. A andança transcorreu de maneira barulhenta, rosnados e choros eram ouvidos mesmo quando alcançaram a via principal da cidade.

A adrenalina de todos começava a cair exceto dos curandeiros que chegavam para ajudar os feridos. Os Defensores da Guarda Real já planejavam a melhor maneira de limpar os escombros de destruição e equilibrar os trabalhos pela frente, afinal ainda precisavam terminar a reconstrução do Posto de Mensagens.

Com os ânimos mais calmos Louis tentou organizar seus pensamentos. O aviso de Thalles ainda lhe incomodava, mas não havia o porquê se incomodar. O rei estava bem ao seu lado e bem. A rainha estava um pouco mais afastada conversando com os pais de algumas crianças. Mas porque seu estômago parecia se contrair dentro de si? O agouro arrepiou seus pelos e imediatamente seus pensamentos direcionaram-se para a sua companheira.

– Anita está demorando demais para voltar. – comentou baixinho, mas seu sogro escutou.

– Ela derrotou o comandante dos olhos vermelhos, caso contrário eles ainda estariam nos atacando.

– Não exatamente... Ela pode tê-lo distraído, mas não quer dizer que o tenha derrotado.

– Ela enfrentou quase uma centena de fantoches sem vacilar, não acho que ela tenha grandes problemas com aquele que os comanda. Você mesmo disse que ele temeu enfrentá-lo. Anna é tão boa guerreira quanto você.

– Talvez ela seja até melhor do que eu. – sorriu o jovem por alguns segundos, mas a estranha sensação voltou a incomodá-lo. – Mas algo não está certo. Sinto essa... – fez movimentos circulares em frente ao seu estômago.

Torceu seus lábios. Se a princesa tivesse matado Shu, talvez ela estivesse com alguma crise de consciência... A Anna deste tempo não aguentaria tirar uma vida.

– Eu vou atrás dela. Algo ainda está errado.

– Ela está bem. Tenho certeza disso. – sorriu Argos.

Louis gostou de ver no rosto do rei tamanha convicção. O soberano havia deixado de lado, definitivamente, a superproteção com sua filha. O justo achava até engraçado como a personalidade do mais velho variava em extremos. Sorriu observo-o caminhar em direção à rainha, todavia a cada passo o sorriso ia caindo com a sensação comiserando em seu estômago.

Foi então que vários rosnados chamaram-lhe a atenção. Não eram rosnados normais, pareciam muito mais animalescos do que aqueles que os lunares emitiam. Seus olhos rapidamente focaram na direção do som. Forçou sua visão e ofegou assustado. Escutava as fortes passadas contra o chão em uma corrida muito superior aos melhores velocistas que conhecia. Quando avistou as estranhas criaturas ficou paralisado.

Eram dois. Pareciam desconhecidos animais bípedes, porém quando ficaram mais próximos notou que a diferença entre sua espécie e a estranha era pequena. Pelo menos fisicamente falando. Eram homens. Estava claro. Porém os cabelos e pelos, tanto da barba quanto do corpo, eram compridos quase cobrindo toda a pele exposta. Esta característica lembrava-lhe os animais. Porém eles usavam roupas, rasgadas, sujas e maltrapilhas, mas usavam roupas. O que mais chamou a atenção foi o rosto. Lá estavam os olhos castanhos vidrados e selvagens, mas diferentemente dos fantoches de olhos vermelhos Louis conseguia enxergar uma consciência. É verdade que esta consciência parecia não fazer diferença para as vontades animalescas do corpo. As narinas das duas criaturas abriam-se e fechavam-se rapidamente, e o ar que saía delas era tão quente que formava uma fumaça esbranquiçada quando saía. Os lábios pareciam finos demais esticados contra uma arcada dentária um pouco maior do que a dos lunares. Os dentes pontudos brilhavam com o excesso de saliva que escorria pelas bocas.

– Mas o que... – murmurou espantado o jovem justo.

Ele não era o único espantado. Todos na praça pareciam paralisados.

– Impossível! – chocou-se Isaac automaticamente dando passos para trás.

Mas as duas criaturas sequer olharam para o ancião.

– Isis! – gritou Argos apavorado.

O rei correu jogando-se contra sua amada no exato momento em que as duas criaturas pulavam sobre ela. Por um momento os soberanos da Lua foram encobertos pelas duas criaturas ferinas até que com uma explosão de energia foram jogadas para longe. Isis abraçou com força seu companheiro. Estava assustada, mas aliviou-se por ter conseguido fazer o campo de energia expandir-se ao redor dela e de Argos, teve medo de acabar machucando seu amado, nunca tinha usado aquele tipo defesa para defender alguém além dela mesma.

Louis saiu de seu torpor e rapidamente retirou sua espada de sua cinta para em seguida correr ajudar, assim como os anciões que reconheciam as terríveis e poderosas criaturas.

Assustado Argos fitou o rosto de sua companheira. Pensou que aquela era a sua hora, mas faria de tudo para que Isis continuasse bem.

– Você está bem, minha querida? – Isis apenas assentiu de maneira ofegante.

Os dois estavam ajoelhados ao chão. Abraçavam-se com força. Isis, apesar de lembrar que suas visões eram completamente diferentes, imaginou que aquela era a hora que vinha temendo. A resignação preencheu seus corações de maneira tão plena que quando um dos indivíduos os atacou novamente eles nada fizeram.

Suas respirações ficaram suspensas por indeterminados segundos até que perceberam que nada havia acontecido.

Argos que por nenhum momento tirou seus olhos dos lindos olhos azuis de sua amada franziu o cenho antes de virar-se.

Lá estava a criatura. Decapitada. Ao chão.

Em pé, atrás do corpo inerte, Louis segurava sua espada ainda suspensa no ar. O sangue pingava da lâmina. Os olhos cinzentos do filho dos justos estavam fixados no casal.

Eles sabem! Eles sabem! Seus próprios pensamentos gritavam em sua cabeça. Louis estava tão... Irritado. Aquele não era o momento para ignorar a descendência perseverante!

– Eu não estou pronto. Anna não está pronta. – sibilou entre dentes. – Não ousem desistir.

Às suas costas Isaac, Maximiliano e Aurora terminavam com a outra criatura.

– Isso não é possível! – murmurou Aurora enterrando seu rosto no peito de seu companheiro.

– Que tipo de animal é esse?! – perguntou Mathias com olhos arregalados ao se aproximar dos anciões.

– É um filho da Lua. – respondeu Isaac. – Eles deveriam estar extintos...

– Eu pensei que isso fosse uma lenda. – murmurou o chefe da Guarda.

– Deveria parar de ignorar sua descendência. – disse Aurora automaticamente, ainda estava abraçada a Max tentando suportar a onda de emoções que maltratava seu coração.

– Quando chegamos a Lua havia muitos jovens e crianças órfãos. – contou Isaac, seus olhos fixos no cadáver ao chão. – Alguns adultos se ofereceram para acolhê-los em suas próprias famílias. Nem todas as crianças aceitaram. Estas preferiram unirem-se, elas compreendiam uma a dor das outras. Apesar da tristeza a jovialidade e coragem eram fortes demais em suas personalidades, assim eles partiram pela Lua. Rei Argos Primeiro e Rainha Agnes deram-lhes o cargo de exploradores oficiais do novo lar. Com a nova responsabilidade os jovens sentiram-se importantes e assim cresceram com honra e coragem. Se auto intitulavam Os Filhos da Lua já que não tinham mais seus pais e não tiveram tempo o suficiente de vida no planeta para sentir falta dele.

“Eles foram os responsáveis por mapear a Lua. A cada nova estação eles traziam novas informações para a cidade que começava a se formar. Porém após dezenas de viagens o grupo voltou com apenas três membros. Eles estavam assustados e relatavam que os outros haviam enlouquecido e matado uns aos outros. Os três foram os únicos a sobreviver. Poucos dias depois a cidade foi invadida pelos enlouquecidos Filhos da Lua. Muita gente inocente foi morta outros foram infectados quando mordidos.”

Louis interrompeu a narrativa do ancião.

– Você quer dizer que essas criaturas eram como nós? Que eles pegaram uma doença, por isso enlouqueceram?

Isaac assentiu.

– Exatamente. Ninguém sabe ao certo onde o primeiro Filho da Lua foi infectado, mas a doença causa terríveis alucinações, a pessoa perde completamente a noção da realidade e começa a atacar aqueles a sua volta. Sua força e velocidade também ficam maiores dificultando ainda mais neutraliza-lo.

– O pior não é isso. – continuou Max. – De alguma forma a doença faz com que o infectado inicie seus ataques por aqueles que mais se importa, que mais ama. Quando os mata parte para os líderes, depois para aqueles que possuem mais poder. Ele ataca qualquer um que ficar em seu caminho.

– Há alguma cura?

– Nunca encontramos. – respondeu Aurora. – Nem mesmo mamãe.

– Vovô contou certa vez que não tiveram como testar uma teoria. – disse Mathias.

– Sim. Impedir que um recém infectado matasse. É uma luta interna contra o próprio extinto. A teoria era que desta forma o parasita perderia sua força até que a pessoa retomasse o controle. Ninguém aguentou mais que três dias. – explicou Max. – Enquanto tentávamos manter os recém infectados de matar a Guarda Real da época extinguia os Filhos da Lua.

– Ao que parece sobraram alguns... – murmurou Louis caminhando até seus velhos amigos, aproximou-se de Aurora que ainda estava abraçada ao seu companheiro e beijou-lhe a testa com carinho. – Eu sinto muito. – sussurrou, de alguma forma sabia que eles haviam perdido alguém amado para esta terrível doença. – Irei atrás de Anita, quando retornarmos acho que temos muito que conversar.

Um pouco afastados da conversa sobre o passado Argos e Isis se olhavam assustados. Isis tinha sangue na palma de sua mão. Argos tinha sido mordido.


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Notas finais do capítulo

Acho que teremos no máximo mais uns três/quatro capítulos até o final da temporada. Não decidi nada ainda. Mas aguardem grandes emoções.



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