A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 37
XV. O jardim de Isis


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, sei que demorei. Perdão por isso. Final de semestre na faculdade deixam as coisas realmente corridas.

Deixarei vocês com o novo capítulo, espero que gostem. E depois tenho recadinho lá embaixo.



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O jardim de Isis

Poderia estar se lamentando, chorando e sentindo pena de si mesma por ter tão pouco tempo futuro, contudo tinha um sorriso enorme em seus lábios enquanto caminhava ao lado de sua filha.

Os olhos da princesa acompanhavam com curiosidade toda a movimentação das diversas salas do Posto de Saúde. Observava pelos vidros o trabalho dos chamados curandeiros enquanto seguia pelo extenso corredor.

– O que eles estão fazendo?

– Pesquisando novas curas, analisando doenças, aprendendo as propriedades da flora local...

– Eu pensei que aqui só cuidavam dos feridos e doentes. E falando neles, onde eles ficam?

– Quando o povo veio para a Lua a flora e a fauna tiveram que ser inteiramente descobertas, tudo parecia diferente do que era no planeta. A história conta que o Senhor da Sabedoria ajudou no início orientando e explicando o que equivalia as principais ervas que havia no planeta, mas vivemos em um grande astro com uma natureza sortida e vasta, e o elementar da sabedoria não poderia dedicar seu tempo somente às questões de saúde, tudo era novidade na Lua, então os antigos curandeiros reiniciaram seus trabalhos de descobertas. Muita coisa evoluiu desde então. – explicou Isis abraçando os ombros de sua filha a puxando com delicadeza para o corredor à esquerda. – Os doentes ficam na ala leste e os feridos na oeste. Os que precisam ficar aqui para receber um tratamento mais adequado ficam em quartos individuais sem janelas de vidro para que tenham um pouco de privacidade.

– Me sinto um pouco tola por nunca ter vindo até aqui.

– Não se sinta minha querida. Quando você era uma criança eu e seu pai não achávamos um ambiente adequado para que conhecesse. Você está conhecendo a ala dos estudos, por aqui a maioria dos dias são calmos. Mas na ala dos atendimentos as coisas quase nunca são bonitas. É um local de muita luta e superação, mas tudo repleto de sofrimento e dor.

– E o que a senhora faz exatamente aqui?

– Bem... Tem dias que trabalho lá dentro nos laboratórios, em outros dias eu trabalho no cultivo das plantas. É para onde estamos indo agora, quero te mostrar algo. – piscou com apenas um de seus olhos antes de abrir a porta no final do corredor.

Anna perdeu o fôlego assim que seus olhos captaram a paisagem a sua frente.

– Céus! – exclamou embevecida. – É lindo mamãe! Agora entendo porque gosta tanto de vir para cá!

Isis riu enquanto acenava para seus colegas que já se preparavam para iniciar suas atividades.

A princesa não resistiu e abriu suas asas subindo delicadamente para observar do alto aquele imenso jardim. Seu coração acelerou conforme avistava cada vez mais cores a perder de vista.

– Eu não consigo enxergar o fim! – exclamou boquiaberta.

A rainha sorriu para seu colega e amigo Ulisses enquanto lhe abraçava em cumprimento.

– Como vai meu amigo?

– Estou bem, minha rainha. Vejo que trouxe companhia. – sorriu-lhe. – Ela tornou-se uma linda mulher.

Isis apenas assentiu e gesticulou para a princesa.

– Anna, querida, venha cá.

Com curiosidade a princesa pousou com delicadeza. Franziu o cenho ao observar o homem de cabelos castanhos claros e gentis olhos âmbar. Ele usava roupas completamente brancas e limpas, estranhamente combinavam com o rosto livre de qualquer fio de barba. Em comparação a maioria dos homens lunares ele tinha a estatura baixa de modo que sua altura era igual a da rainha. Tinha a sensação de conhecê-lo de algum lugar, mas não conseguia lembrar-se de onde. Será que ele era alguém de seu passado como Caos?

– Quero que conheça meu amigo Ulisses.

Anna estendeu sua mão que foi prontamente beijada pelo homem.

– Eu já não o conheço?

Ulisses sorriu com carinho.

– Ele foi o primeiro a conhecê-la nesta vida Anita, foi Ulisses quem me ajudou no parto.

– Oh! Sempre imaginei que tivesse sido Asukinha a ajudá-la. – então retribuiu o sorriso do homem. – É um prazer revê-lo.

– Gostaria que esse encontro tivesse acontecido antes princesa, mas meu trabalho me mantém em constantes viagens pela Lua para levar medicamentos aos vilarejos mais distantes e infelizmente não pude voltar a tempo de sua festa de aniversário.

– Tudo bem, ela não foi tão divertida quanto deveria. – deu de ombros.

– Sim, eu soube. Isis me contou.

Anna ignorou o tom piedoso na voz do homem e se atentou a maneira informal com a qual tratou sua mãe. Aquilo não era muito comum mesmo se tratando de amigos pessoais.

Isis segurou a mão de sua filha e a puxou para perto do estreito acesso que cortava o jardim.

– Foi Ulisses quem me apresentou este lugar. Eu tinha mais ou menos a sua idade e estava tomada por está coragem e curiosidade da juventude, então, contrariando as regras de meu pai eu saí escondida do castelo e comecei a explorar os arredores. Evitei passar no meio da cidade para que eu não fosse reconhecida e consequentemente castigada pelo seu avô. Foi quando eu o conheci. Ulisses não fazia ideia de quem eu era e você não tem ideia de como foi libertador ser tratada como uma simples garota e não a princesa da Lua. Seu avô era um homem muito intolerante e arrogante, ele amava o poder mais do que a própria família e vazia questão de que todos tratassem a família real com a devida formalidade.

Sempre teve uma boa relação com sua mãe, mas ela nunca havia compartilhado histórias de sua infância, pelo menos não de forma tão livre. Estava adorando todo aquele companheirismo.

– Esse lugar é realmente lindo. – comentou ajoelhando-se perto das flores e novamente encantou-se ao notar que as tão delicadas pétalas eram prateadas e não coloridas. – Mas como...

– Nós as chamamos de Lampejos Lunares. Quando estão na sombra suas pétalas permanecem neste lindo e uniforme prateado, mas quando são tocadas pela luz do Sol elas colorem-se em milhares de tonalidades, conforme o ângulo pelo qual as olhamos as cores são diferentes. Durante a noite elas brilham como cristais azulados ao refletirem a luz do planeta.

– Elas são incríveis.

– E tem ótimas propriedades curativas. – completou Ulisses. – O Lampejo Lunar é utilizado na fabricação de xaropes que combatem infecções internas, pomadas que aceleram a cicatrização e seu chá melhora a digestão.

E sem avisar Isis passou as mãos sobre as flores que se soltaram dos talos até acumularem em suas mãos. E com uma delicadeza quase sagrada ela as soprou.

Os trabalhadores que tratavam das outras espécies de flores pararam seus afazeres para apreciar a dança das pétalas de Lampejos Lunares sobre o jardim. Deslizando pelo ar sinuosamente as pétalas formavam uma espiral de cores quentes e frias, espalhando o doce frescor de sua essência.

Quando o fenômeno terminou todos voltaram ao trabalho com suas energias revigoradas. Já Anna e Ulisses fitavam a rainha com preocupação, pois a mesma tinha lágrimas escorrendo pelas suas bochechas enquanto observava a paisagem a sua frente.

– Mãe?

– Eu apenas me perdi em memórias. – sorriu ainda com o olhar perdido. – Esse jardim marcou minha vida de tantas formas... – virou-se para fitar sua filha. – Foi aqui que conheci seu pai. Foi aqui que me descobri apaixonada por ele. E finalmente foi aqui que nos beijamos pela primeira vez.

– A senhora nunca me contou como vocês se conheceram. – comentou a princesa com suavidade.

Isis sorriu e se pôs a detalhar toda a sua história de amor enquanto mostrava a sua filha o que fazia em seu trabalho. A manhã passou-se rapidamente, quando a hora do almoço se aproximou as duas despediram-se de Ulisses e partiram para o castelo.

***

Argos acordara na metade da manhã revigorado. Vestiu-se rapidamente e após saber por Asuka que Isis e Anna foram para o Posto de Saúde partiu para a ala do castelo onde se encontravam alguns trabalhadores do Posto de Mensagens que cumpriam suas funções ali até que o prédio oficial fosse reconstruído.

Estranhou encontrá-los alvoroçados e desorganizados. Andavam de um lado para o outro e algumas discussões soavam pelo espaço. Mas tudo se silenciou quando notaram a presença do soberano.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Não me digam que quebraram algum dos vasos de vovó Agnes? – perguntou com um sorriso.

Theodor quase sorriu ao notar o bom humor de seu rei. Fazia anos que não escutava uma de suas piadas. Porém como o assunto era sério apenas aproximou-se com cautela.

– A decoração está em perfeita ordem, meu rei. Porém recebemos mais ameaças. – explicou entregando o calhamaço de pergaminhos para Argos.

– As mesmas reivindicações?

– Sem reivindicações, apenas ameaças contra o senhor e sua família. – hesitante Theo completou. - Principalmente contra a princesa.

Todos esperavam a explosão que viria de Argos, mas para o espanto de todos, ele sorriu divertido. Após sua filha recuperar sua memória percebeu que não deveria temer ataques contra ela, Anna é quem devia ser temida. E agora com Louis por perto... Não pode evitar e gargalhou.

– A tentativa será interessante. – ao notar os olhares abismados sorriu com tranquilidade. – Não se preocupem, agora vamos aos pedidos que realmente importam. Chegaram notícias da Vila do Leste? Os defensores resolveram os problemas da seca? E o vilarejo mais distante do norte conseguiu resolver os problemas com a infertilidade da terra?

Violeta, uma mulher miúda de pequena estatura, aproximou-se de seu rei e com as mãos trêmulas segurando alguns pergaminhos informou.

– Igor enviou uma carta dizendo que o principal rio que abastecia a Vila do Leste havia sido desviado quase em sua fonte para abastecer um pequeno vilarejo.

– Ele requer algum guerreiro?

– Não meu rei, pelo o que ele explica na carta o desvio no rio foi feito por necessidade e que os responsáveis não tinham consciência de que prejudicariam uma das grandes vilas do planeta. Eles já desativaram o desvio e o fluxo do rio está quase em sua normalidade. Porém Igor e Bryan ainda estão pensando em uma solução para o vilarejo.

Argos assentiu e sinalizou para a mulher continuar seu relato.

– Quanto ao vilarejo mais distante do norte ainda não sabemos se os fertilizantes que a Vila do Oeste enviou fez efeito.

– Creio que levará mais alguns meses. Até lá se certifique que o vilarejo não fique sem comida.

– Sim, meu rei. – reverenciou-o antes de seguir até uma das mesas livres instaladas pelo grande salão.

Lionel, o chefe dos mensageiros, apressou-se até o rei.

– Chegaram notícias de que foram avistados olhos vermelhos perto da cidade. No mesmo local onde foram denunciadas atividades suspeitas.

– Mathias já foi informado?

– Sim, senhor. Mas ele disse que nada pode fazer por enquanto, pois está com desprovido de pessoal.

– Diga para ele enviar um espião. Se as suspeitas forem verdadeiras pensaremos em um plano de combate.

– Sim, meu rei.

Durantes quase uma hora rei Argos foi bombardeado com os requerimentos que necessitavam de resposta imediata. Os trabalhadores aos poucos foram perdendo o acanhamento de falar diretamente com seu soberano, afinal quem executava essa função todas as manhãs era o Comandante do Posto de Mensagens, Theodor. Contudo, com o trabalho acumulado e desorganizado foi decidido encurtar o caminho até o rei.

Juan foi o último com um requerimento importante.

– Chegaram muitas perguntas sobre a veracidade da abertura do Portal.

– Eu planejava fazer um pronunciamento, mas não posso garantir a segurança do povo durante um evento, pelo menos não nos próximos dias. Então responda a todos com cartas oficiais dizendo que a lei que trancava o Portal foi revogada.

Juan reverenciou-lhe e seguiu executar a ordem. Argos esfregou seu próprio queixo pensando em uma maneira mais eficaz de transmitir notícias ao povo sem que tivesse que organizar um grande evento ou enviar cartas casa por casa.

Theodor ao avistar seu rei sozinho se aproximou.

– O senhor realmente não está preocupado com as ameaças?

– Não mais Theo.

– Isso tem a ver com o jovem descendente dos justos?

– Ele envergonhou toda a Guarda Real, não é? – sorriu divertido.

– Eu não colocaria nessas palavras, mas é o assunto mais comentado em toda a cidade.

– O garoto é bom, meu amigo. Ele é exatamente o que o povo precisa.

– O colocará em algum cargo?

– Sim. O de rei.


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Notas finais do capítulo

Pessoal é o seguinte. Ficarei pelas próximas duas semanas sem postar em nenhuma das fics. Como disse lá em cima estou em final de semestre e cheia de provas e trabalhos. Mas entrando de férias eu volto com tudo ;) Mais informações no face.



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