A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 36
XIV. A missão


Notas iniciais do capítulo

Eu imaginei que ia postar esse capítulo só no final da semana, massss me deu um surto de inspiração e o escrevi inteirinho hoje. Passei a tarde inteira sentadinha na frente do PC. Minha bunda está quadrada e minhas costas estão doendo. Então retribuam meu esforço com comentários ok? Só assim saberei se valeu a pena todo meu esforço para postar para vocês o mais rápido possível.



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XIV. A missão

Chegou a sua casa exausta, duas noites seguidas sem dormir e seu corpo começava a reclamar. Cumprimentou os dois guerreiros de guarda no portão principal e seguiu para dentro. Pensou em procurar sua mãe e verificar como ela estava, mas notou, ao olhar a janela do quarto de seus pais, que não havia nenhuma luz, então supôs que os dois estavam descansando. Sem mais delongas adentrou o castelo. Ao olhar a grande escadaria que levava ao andar dos quartos gemeu com preguiça e decidiu por deitar-se no sofá da sala principal mesmo. Caiu em sono profundo em segundos e só acordou depois de duas horas com uma leve carícia em seu rosto.

Abriu os olhos entre resmungos, não havia recuperado completamente suas energias, porém o humor logo mudou ao notar o rosto amoroso de sua mãe lhe fitando com diversão.

– Mamãe!

– Bom dia Anita! Porque não foi dormir no seu quarto, querida? Este sofá não é dos mais confortáveis.

– Bom dia! Eu cheguei exausta em casa, fiquei com preguiça de subir as escadas. Como a senhora está?

Isis sorriu e mais uma vez acariciou o rosto preocupado da filha. Seu coração tornou-se pequeno ao pensar que aquele poderia ser o último dia que veria aquele par de olhos chocolate tão curiosos e generosos. Gostaria de ter mais tempo ao lado de Anna, gostaria de vê-la amadurecer em seu tempo, sem a pressa que a assumir a realeza exigia, gostaria de segurar seu futuro neto ou neta em seus braços, gostaria de orientar sua filha nos cuidados com a criança. Ainda tinha tantos sonhos a se realizar.

– Porque está me olhando deste jeito? – a princesa franziu o cenho em confusão.

– Eu apenas estava agradecendo ao criador a oportunidade de ter uma filha tão maravilhosa.

– Não sou perfeita.

– E isso só a torna mais especial. – sorriu Isis. – Me acompanha no café da manhã? Seu pai ainda está dormindo e creio que continuará por um bom tempo.

– Ele também não vinha dormindo direito.

– Não querida, mas hoje ele finalmente relaxou e poderá descansar.

Anna assentiu e levantou-se junto a sua mãe seguindo para a sala onde faziam suas refeições. Asuka já tinha posto a mesa e agora trazia uma jarra de suco para completar o serviço.

– Bom dia Asukinha! – cumprimentou a princesa com doçura.

– Bom dia minha querida! – respondeu com um grande sorriso e uma leve reverência. – Minha rainha.

– Bom dia Asuka! Como sempre o cheiro está maravilhoso.

– Obrigada majestade. Agora voltarei ao meu trabalho, tenho que conversar com a equipe de limpeza.

Isis apenas assentiu e logo sorriu para a filha que já colocava um pedaço de pão doce em sua boca.

– A senhora não me respondeu se estava se sentindo bem.

– Estou bem querida, algumas visões sugam minha energia e acabo desmaiando em seguida.

– Nunca tinha lhe visto neste estado.

– Bem, estás visões são raras. Depois que você nasceu nunca mais as tive... Até ontem.

– E o que a senhora viu?

– Grandes mudanças.

Anita fitou sua mãe esperando que ela lhe desse detalhes, contudo a rainha apenas sorriu-lhe enquanto tomava a fumegante xícara de chá.

– Um velocista nos alcançou durante a patrulha trazendo um pedido do Senhor Thalles.

– O que ele queria? – Isis preocupou-se imediatamente, o Senhor do Destino dificilmente interferia nas decisões do reino e esta era a segunda vez nos últimos tempos.

Ele também tinha visto. Ele sabia.

– Pediu a presença imediata de Louis.

– E você não quis ir junto com seu companheiro?

– Estava preocupada com você. Mas pedi para que ele perguntasse ao Senhor Thalles se havia algo que pudesse amenizar o que ocorre após uma visão como a que a senhora teve. Se existe alguém que saiba algo sobre visões este alguém é ele.

– Ah querida! Não precisava, você teve tão pouco tempo ao lado de Louis deveria ter ido com ele.

– Eu já conheço a alma de meu companheiro mamãe, terei tempo para conhecer sua vida.

E lá estava o olhar maduro. Isis sentiu-se aliviada ao notá-lo, pois assim teve certeza que sua filha conseguiria desempenhar sue papel como rainha. E tinha certeza que Anita seria uma rainha muito melhor e muito mais participativa do que ela foi.

– Está bem querida. – sorriu. – E o que você acha de conhecer o meu trabalho no Posto de Saúde? Têm planos para agora cedo?

Tinha planos de voltar a dormir, pelo menos até Louis voltar. Mas agora a ideia de passar um tempo de qualidade com a rainha lhe pareceu muito agradável.

– Irei com a senhora.

***

Os primeiros raios de Sol começavam a iluminar aquela face da Lua quando o descendente dos justos finalmente chegou à casa do Senhor do Destino. Thalles e sua companheira Nina poderiam ter mudado sua moradia de astro, porém escolheram uma paisagem muito parecida para viver. O penhasco não era o mais alto da Lua como o Pico Sagrado era o mais alto do planeta azul, mas era alto suficiente para que o elementar pudesse sentar-se a beira e deixar que seus olhos se perdessem enquanto observava tão distinta e prateada natureza. Já sua companheira tinha um apresso especial pelo ar rarefeito e o seu estranho efeito em suas ervas e consequentemente em seus chás.

Criaram seu único filho ali, nas alturas. Eliot diferentemente dos pais tornou-se alto e forte fisicamente. Tinha a pele negra um tom mais claro do que a pele de Thalles e os olhos castanhos de Nina, seus cabelos mantinha sempre raspados. Puxou a personalidade doce de sua mãe e a calma quase inabalável de seu pai. Contudo considerava seu dom da visão uma maldição ao invés de uma dádiva.

Eliot havia nascido alguns anos antes do falecimento do segundo rei lunar e tudo o que via para o futuro era derramamento de sangue inocente. Entrava em desespero cada vez que tinha uma visão. Seu pai tentou ajudá-lo ensinando-lhe a controlar seu dom, mas Eliot usou seu aprendizado para bloquear todas as suas visões. Thalles chorou com o futuro do filho. Ignorar o dom que o consagrava como descendente elementar só traria sofrimento. E assim aconteceu.

Por cinquenta anos Eliot viveu feliz. Encontrou sua companheira e juntos tiveram um lindo menino de pele cor de caramelo e olhos azuis como os do avô Thalles. O nomearam Levi. Quando o garotinho completou três anos o bloqueio de Eliot começou a parar de funcionar e as visões voltaram com força e vivacidade. Aos poucos o filho de Thalles e Nina foi tomado pela completa loucura.

O Senhor do Destino tentou evitar o pior, mas nada conseguiu fazer para impedir que Eliot tirasse a própria vida.

A companheira de Eliot, Cecília, tomada pela dor tomou o filho em seus braços e exigiu que os avós da criança permanecessem afastados caso contrário iria matá-lo. Ela não permitiria que seu pequeno Levi tivesse o mesmo destino que seu pai então partiu para o planeta. Consequentemente Levi não teve nenhum ensinamento sobre o domínio de seus poderes assim como seus descendentes.

Para Thalles e Nina, impedidos de conviver com a própria família, sobrou-lhes apenas as visões do elementar.

Perdida nas lembranças de seu amado filho Nina cuidava de seu pequeno jardim.

– Tia Nina?

– Louis! Querido há quanto tempo! Você já é um homem! – o jovem justiceiro não pode evitar o largo sorriso enquanto abraçava Nina.

A tinha visto apenas duas vezes quando ainda era uma criança. As duas vezes em visitas aos seus avós. E ficou completamente encantado com o tratamento carinhoso que recebeu.

– Como a senhora está?

– Estou bem meu querido, agora vamos entrar. Quando soube que vinha preparei um lanche especial. Sei também que não dormiu ainda então tenho a bebida que precisa para se manter acordado.

– Não precisava se incomodar tia Nina.

– Não é incomodo querido, sinto falta da juventude nesta casa. Thalles anda muito ranzinza ultimamente.

– Não quis acreditar em minha visão quando previ minha companheira me chamando de ranzinza! – resmungou Thalles em tom divertido.

Louis não pode evitar a gargalhada quando Nina mandou a língua para seu companheiro.

– Como vai tio Thalles?

– Vou bem Louis, mas tenho algumas informações importantes para lhe contar. Sente-se, por favor.

O jovem guerreiro sentou-se a mesa da cozinha. Nina serviu-lhe uma espécie de chá de cor azulado e um generoso prato repleto de pães e bolos. Após um agradecimento não se fez de rogado e se pôs a comer.

– Antes que me esqueça tio, há alguma maneira de amenizar as consequências das visões? Digo, no corpo do vidente. Rainha Isis desmaiou ontem após uma visão, pela feição de rei Argos não é algo muito comum.

– Se você não souber controlar a visão, ela é quem lhe controla.

– Ela não sabe controlar? – franziu o cenho antes de colocar um quitute na boca.

– Infelizmente meus descendentes não possuem um histórico muito feliz quando se trata do poder da visão. – Louis percebeu que havia tocado sem querer em uma ferida. – Não há mais nada que possa fazer por nossa rainha, mas pela princesa eu posso. Agora que sua memória está praticamente restaurada creio que ela terá aptidão para a visão. Quando tudo se acalmar peça para ela me visitar e eu a ensinarei a controlar seu dom.

– Quando tudo se acalmar? – algo no tom de Thalles chamou a atenção do justiceiro.

– Grandes mudanças estão perto de acontecer Louis. Você já está ciente de sua posição como futuro rei, mas creio que terá que assumir a realeza mais cedo do que espera.

– Nunca quis isso tio Thalles. – murmurou brincando com a xícara já vazia. – Tudo o que queria era viver em paz com minha Anita.

Nina pousou a mão no ombro do jovem em compaixão.

– Eu entendo Louis. – continuou o vidente. – Mas sua alma é importante. Você não se lembra, mas tinha um importante papel antes de nascer como um elementar e graças a confiança destinada a você foi lhe dado uma importante missão.

– Qual missão?

– Unificar o povo. Quando nasceu como elementar puro, filho do guerreiro da justiça com a guerreira do equilíbrio, nasceu para relembrar ao povo das antigas leis da natureza. Você seria aquele que não deixaria a fome se alastrar e conseguiria evitar o crescimento da energia negativa. E você conseguiria, pois nasceu com um poder impressionante dentro si, um poder capaz de tocar os corações mais sombrios. Você seria o elo que nos manteria unidos no caminho certo.

Louis não tocava mais na comida ou na xícara vazia. Agora tinha seu olhar perdido em memórias passadas. Via destruição, via fome, via sangue.

– Eu falhei. – concluiu em um sussurro.

– Não. Não falhou. Seu caminho foi desviado. Michaella fugiu. Você cresceu longe de seu pai e de todos nós elementares. Cumpriu seu dever em sua vila, mas se tivesse crescido na Vila Elementar teria cumprido em todo o planeta.

– Ela estava assustada! Não teve culpa! – defendeu Michaella.

– Culpa ela teve meu querido, mesmo que não tivesse a intenção. – apaziguou Nina.

– A interferência de Michaella foi pequena em tudo o que aconteceu no planeta. Pois um homem se pôs a semear a ganância e a inveja em nossa espécie. E enquanto você crescia pacificamente ele invadia o máximo de corações que conseguia. Ele é o seu oposto Louis, se você veio com a missão de unificar ele veio com a missão de separar e destruir.

Thalles soltou um longo suspiro antes de continuar.

– Quando você iniciou o ritual para nos salvar você se colocou no lugar certo para concluir sua missão. Tornar-se-ia o herói de nosso povo, seria escutado e honrado. E mesmo na Lua você conseguiria manter o povo unido. Mas...

– Eu fui morto por Aline.

– Ela apenas foi quem lançou a espada, quem realmente lhe matou foi o homem que a manipulou.

– Então ele venceu, eu não consegui cumprir minha missão, mas ele sim. – o gosto amargo tomou a boca do justiceiro, sentia algo estranho em seu peito.

– Se ele tivesse vencido você não teria renascido. Você tem uma nova chance Louis. Mas agora você terá que provar o seu valor, sua honra, sua coragem. Terá que mostrar o melhor caminho e o povo vai segui-lo.

A respiração do futuro rei estava pesada. Sentia-se agitado, instigado. Uma grande responsabilidade estava lhe sendo depositada e ele sentia que não conseguiria carregar aquela carga.

– Por este motivo Anna renasceu como princesa?

– Parte do motivo sim. Gostando ou não ela causou grande mal como Caos. Ela tem o dever de instaurar a ordem que ajudou a destruir e como rainha terá a perfeita oportunidade para isso.

– Eu entendo... – respirou fundo olhando fundo nos poderosos olhos de Thalles. – Quem é esse homem?

– Sadoc era seu irmão. De alguma forma ele conseguiu sobreviver e desde então semeia em seu coração o desejo de vingança por Michaella. Ele é altamente destrutivo e perigosamente manipulador. Por você ter retornado a vida sua raiva tornou-se ainda maior e agora ela é destina a você. Então tome muito cuidado Louis ele ainda causará grande sofrimento. Na próxima vez que vê-lo, mate-o.

Os olhos acinzentados de Louis arregalaram-se em reconhecimento.

– Shu! – o vidente assentiu. – Ele é um covarde!

– Um covarde que sobreviveu milênios. Um covarde capaz de manipular mentes fracas. Um covarde capaz de adiar sua missão em 10 mil anos.

– Ele não escapará novamente. – prometeu.

– Eu posso ver isso. – não havia sorriso nos lábios de Thalles.

– Ele estava escravizando humanos para seu próprio benefício. É uma espécie de hábitos peculiares, mas não merecia tal tratamento.

De repente os olhos de Thalles ficaram perdidos. Louis estremeceu, sabia que era uma visão.

Agora eles precisam de nós, mas um dia nós precisaremos deles. – profetizou. – Agora você precisa ir. Salve rei Argos, ainda não é a sua hora.

– O que?

– Vá agora Louis. E vá rápido.

***

Deveria existir um sorriso em seu rosto, mas não estava feliz. Estava furioso. Seus planos não deram certo da última vez e por conta disto controlou sua confiança e decidiu por só comemorar após a vitória. Estava quase na hora. Em sua frente sua pequena tropa do terror. 20 soldados de olhos vermelhos como o sangue que os fez beber de si. Fantoches controlados por sua mente doentia. Não piscavam, não falavam, não se mexiam apenas exalavam uma estranha energia.

– Eu quero esse poder também senhor, por favor. Posso sentir o poder emanando deles, eu quero ser como eles! – implorou Bryce. – Por favor, Comandante!

Pela primeira vez naquele dia Shu deixou que um sorriso aparecesse em sua boca. Virou-se depositando sua mão esquerda no rosto do jovem quase como um carinho.

– Não agora Bryce. Eu preciso de você assim. – olhou-lhe profundamente nos olhos, sua voz mansa e tentadora. – Com seus perfeitos olhos verdes. Se me apresentar aos comandantes dos outros grupos rebeldes eles não confiarão em mim. Eu preciso que confiem em você, assim como eu confio.

– Nós não precisamos deles! – bradou austero.

Shu sorriu mais uma vez. Não precisava nem transformá-lo em um dos seus fantoches para que ele fosse um.

– Precisamos por hora, meu jovem. Agora vá até a reunião e os instigue, diga que a hora é agora. A Guarda Real está desfalcada e graças a isso o derramamento de sangue será mínimo. Esta é a chance que eles estavam esperando. A chance de derrubar rei Argos sem que inocentes morram.

Bryce o olhou com confusão.

– Mas e os soldados? E os filhos da Lua? Não os enviará?

– Oh! Eu vou. – sorriu. – Mas eles não precisam saber disso.


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal estamos na reta final da fic... Creio que a temporada acabará daqui uns 5 capítulos, ainda não tenho certeza ;)



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