Charlie nunca fora supersticiosa, sempre acreditou que você recebe do destino o que você dá. Se você for uma pessoa boa, o universo de trará coisas boas. Mas ali, naquele momento de nervosismo, encarando Mike nos olhos, a ruiva questionou-se sobre qual tipo de coisa diabólica cometera para poder receber tal tramóia do destino.

A respiração da bailarina ficou descompassada e a mesma acreditou que seu corpo cederia à gravidade

– Não tem com quê se preocupar, Chars – Mike disse como costumava dizer quando os dois estavam juntos.

Aproximou-se da fotógrafa e a cercou com os braços, envolvendo-a pela cintura

– Solte-me. – a bailarina disse fraca, com receio. Mike não se importou.

– Não fale isso, você sabe que eu só quero que as coisas voltem a ser como elas eram antes – o guitarrista disse com a voz mais doce, mas a menina sabia que era apenas um truque

– Antes de você me trair? De me usar para conseguir a droga de um patrocínio para sua banda ridícula?! – a jovem fotógrafa começou a ficar estressada, retirou com brutalidade as mãos do ex-namorado de suas costas e recuou um passo – Nunca mais chegue perto de mim! – ela dizia com amargura em sua voz, cada palavra era banhada em ódio.

Segurou a bolsa com força e caminhou rapidamente de volta para o campo, não era seguro voltar para o estacionamento, não enquanto Mike rondava-a.

Austin, que colocava os obstáculos na pista de corrida, ao ver a ruiva retornar para o campo desconfiou e correu até lá.

– Charlie? – disse um tanto quanto preocupado, franzindo a testa – Thomas disse-me que você estava indo para casa, está tudo bem? – a jovem sentou-se na arquibancada e ele a acompanhou

– Acho que sim – respondeu olhando preocupada e assustada para o estacionamento, viu Mike escorado no carro ao lado do dela – Mike estava na frente do meu carro, quando estava saindo. Não me deixou entrar e tentou puxar papo – ela disse em um sussurro para o namorado – Mas eu me desvencilhei dele e corri para cá.

A moça viu o loiro cerrando os pulsos e trancando o maxilar. De tanto observar o rapaz, Charlie sabia quando o mesmo se encontrava dominado de raiva, vira a mesma expressão em campo no último jogo, quando ele derrubara o oponente com tamanha brutalidade para o quaterback marcar o ponto da vitória. E ela sabia que se não fizesse algo, Austin iria correr para cima de Mike querendo briga, o que era exatamente o que o ex-namorado queria.

– Ah se eu pego esse desgraçado. – o loiro disse com raiva, preparando-se para levantar e ir tirar satisfações

– Irwin! – disse ao segurar o rosto do rapaz para olhar fixamente para ela – Não deixe que Mike te atinja, só vamos fingir que nada disso aconteceu, ok? Eu estou bem, está tudo bem, não há necessidade de brigar.

– E você espera que eu faça o que?! – suas pupilas dilataram e sua voz mudou da tonalidade tranquila para irritada – Que eu fique observando esse idiota te importunando, te colocando medo e fique sem fazer nada? Apenas assistindo enquanto ele te atinge com os joguinhos sujos dele? Não, Charlotte – disse e em seguida levantou-se – Nada disso, ele não tem porcaria de direito algum!

Austin levantou-se, tomado de raiva. Imediatamente a jovem o segurou pelo braço e o tomou em um abraço apertado

– Por favor, Austin – sussurrou, quase em choro – Vamos esquecer isso ok? Ele só quer briga, quer nos desestabilizar, não o deixe ter o que almeja – a fotógrafa vigiou o tom de voz, tendo em vista que o irlandês estava irritado

O jogador apertou a namorada contra si e resmungou alguma coisa inaudível

– Tudo bem – disse em contragosto e voltaram a sentar-se na arquibancada – Espere o treino acabar que vou te acompanhar até em casa, escoltando seu carro do mané – respondeu ainda com raiva, a ruiva apenas sorriu

– Não era hoje que nós íamos começar com os preparativos? – perguntou relembrando ao loiro dos planos de vingança

– Verdade, então depois daqui vamos direto para minha casa, ok? Pedimos comida chinesa e traçamos os planos, combinado? – Fixou seus olhos cinza nos azuis da ruiva.

– Combinado. – respondeu com um sorriso – Agora vá treinar, vocês tem jogo domingo!

Assim que o treino acabou, a ruiva estava desconectada com o universo, tirando fotos das árvores ou dos jogadores, nunca foi de focar-se muito em uma coisa só. Austin a gritara para irem embora, a menina apenas juntou suas coisas e seguiu o namorado na saída do vestiário.

– Vamos com o meu carro, vou pedir pro Thomas dirigir seu carro até sua casa – o loiro disse após pedir a chave do carro da fotógrafa. Ela apenas balançou a cabeça positivamente e seguiu ao lado do irlandês.

Não demorou muito para chegarem à casa do rapaz, tendo em vista de que ele morava a poucas ruas da escola. Ao estacionar o carro à frente da mansão azul claro, o jogador, como de praxe, abriu a porta para a namorada sair e andaram ombro a ombro até a entrada da casa. A mãe do irlandês, Sarah, não estava em casa e Devon tinha ido acampar com os amigos. Os dois subiram silenciosamente até o quarto de Austin.

– O que nós vamos fazer? – O loiro perguntou ao sentar-se na cadeira giratória de frente para a janela – Porque eu, particularmente, não planejei nada

– Temos que pensar algo que vá marcar bastante Mary Anne – A ruiva sentou-se na cama e tirou as sapatilhas, dava nervoso ao sentar na cama com sapatos – Algo equivalente ao que ela fez contigo, é o propósito da vingança

– Tipo o que? – Austin algumas vezes não conseguia entender claramente o que a namorada dizia, ele sempre constatou que ela pensava demais e perdia-se em seus botões – Tipo sequestrar ela?

– Não, nada disso Austin! – A fotógrafa prendeu os cabelos ruivos em um coque frouxo e fixou o olhar nos olhos cinza – Temos que fazê-la passar vergonha, humilhá-la do mesmo jeito que ela fez contigo! E temos que começar pelas gêmeas

– Charlie, as gêmeas jamais colaborarão conosco! Elas são amigas da Mary – o irlandês estava deveras confuso

– E quem disse que elas precisam saber que estarão colaborando conosco? Olha só o que eu pensei: - Charlie cruzou as pernas e começou a gesticular com as mãos pálidas – Como fotógrafa oficial da escola, tudo o que vai pro baile, anuário, blog, revista, jornal, todo o tipo de mídia fotográfica tem que passar por mim antes. Aí está a nossa vantagem, Mary Anne mora no final da minha rua, nós podemos espioná-la por algumas semanas somente para registrar seus piores momentos.

“Momentos do tipo, acordando cedo sem maquiagem, máscara de limpeza facial e essas coisas. Como eu disse antes, todas as mídias passam por mim, antes de mandarem imprimir o anuário, eu troco as fotos bonitas dela pelas feias da nossa espionagem, mas isso é o segundo passo. O primeiro é atingir primeira e somente ela, tenho uma foto dela trocando de roupa na minha câmera, ia tirar uma foto de teste da parede, mas a menina ficou bem de frente, mostra apenas ela em seu sutiã de bolhinhas. Vamos revelar essa foto e colocar apenas no armário dela, só para ela se assustar”

Austin prestava atenção em cada sílaba que a ruiva dizia, tentando acompanhar o raciocínio deveras rápido e nada cronológico da namorada.

“Depois, com Mary Anne já assustada achando que tem gente espiando ela, vamos plantar uma sementinha do mal no relacionamento dela com as gêmeas. Vou pedir ao Ian para hackear o laptop das gêmeas e descobrir coisas que somente a própria Mary saberia, e revelaremos para toda a escola, em anonimato. Assim, as gêmeas acharão que a suposta amiga as traiu, uma vez que as seguintes informações eram destinadas apenas à Mary. Com a amizade com as gêmeas devastada, ficará mais fácil. Vamos sabotar o anuário, o relacionamento dela com o Kyle e para terminar o ano com chave de ouro, vamos acabar com a imagem de Mary Anne Velasque no baile”

Charlotte terminou o discurso com um sorriso macabro no rosto.

– Assim, – Austin começou e ajeitou-se na cadeira – gostei do plano, mas você não acha que tá muito “Meninas Malvadas”?

– Querido, é o único jeito de humilhá-la. Ela não queria tanto entrar na turminha popular? Temos que jogar o mesmo joguinho chulo dela. – A ruiva explicava com paciência

– E como a gente vai ter certeza de que Ian vai nos ajudar?

– Isso é contigo, vou falar com ele, pedir com educação, sabe? Daí se ele disser que não, você vai atrás dele e seja mais, como posso dizer? – fez uma pausa para escolher devidamente a palavra – Mais persuasivo.

O loiro pareceu confuso, ele nunca aprovara esses tipos de joguinhos, achava que Charlie pensasse como ele, mas percebeu que a jovem poderia guardar mais rancor do que o esperado.

– Ok – o irlandês deu-se por vencido – E quando começaremos?

– Amanhã mesmo. – A ruiva estava focada, ela não gostava de Mary Anne não só pelo fato dela ser a ex-namorada do jogador, mas sim porque a garota humilhara Austin. A fotógrafa sempre considerou o irlandês como um garoto de coração puro e, ela não é do tipo de garota que gosta de ver corações puros serem quebrados. – Minha primeira aula de química é com o Ian, falo com ele lá mesmo.

– Tudo bem, se ele não topar, no intervalo eu mesmo o faço mudar de ideia

O loiro não estava muito contente com o plano, mas mesmo assim decidiu seguir em frente. Não seria fácil, mas ele tinha certeza de que conseguiria quebrantar o duro coração de Charlotte no meio do caminho.

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Então, o Nyah me trolou e não consegui colocar o link das fotos, então vou colocar aq:

Austin: http://data3.whicdn.com/images/89796279/large.jpg

Charlie: http://data2.whicdn.com/images/89684458/large.jpg

Mary Anne: http://data3.whicdn.com/images/84299708/large.jpg

Mike: http://data3.whicdn.com/images/73828926/large.jpg

Thomas: http://data1.whicdn.com/images/90066937/large.jpg