The Deal escrita por Effy


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal gente!



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Após o incidente no corredor, Charlie ficou pensando que tipo de coisa que o ex-namorado poderia fazer, cogitou algumas possibilidades, mas em todas elas, conseguia visualizar o loiro intervindo e a salvando. Então a fotógrafa fez uma nota mental: Não fazer de Austin meu super-herói.

Austin de tão nervoso que estava não conseguiu absorver coisa alguma sobre a aula de História Moderna. Ficou rabiscando coisas aleatórias na carteira ou simplesmente observando a fotógrafa ao seu lado que anotava tudo o que continha no quadro. O jogador se pegava em seus comentários mentais sobre a ruiva, como o quanto ele gostava quando ela mordia o lábio inferior quando estava completamente engajada no assunto, ou o jeito que a moça jogava a franja ruiva para trás para tirá-la de seus olhos azuis, mas principalmente a careta engraçada que a fotógrafa fazia quando coçava o nariz, o que lembrava a Austin um esquilo.

– Austin! – A pessoa que estava atrás do loiro cutucou seu braço pela quinta vez. O menino piscou duas vezes para reconhecer a voz, era Chad, seu companheiro de time e vice-capitão

– Fala, Chad – sussurrou inclinando sua cabeça para trás

– Estou te chamando faz quinze anos, tava com a cabeça aonde?

– Nada da sua conta – O loiro cortou o assunto. Aprendeu com o posto de capitão do time que se der muita corda para os outros jogadores, eles se acham no direito de questionar – O que você quer?

– A Charlotte ainda não confirmou se ela vai fazer as fotos do time pro anuário, tem como ver isso com ela? Scott e Ian tão me cobrando isso desde semana passada

O jogador fez sinal para o amigo esperar, esticou o braço direito para encostar no ombro da namorada que se encontrava na fileira ao lado da sua.

– Charlie! – chamou num tom mais baixo, tirando a ruiva do mundo da lua – Vai fazer as fotos pro anuário do time? Scott e aquele estranho de óculos verde querem saber logo

A fotógrafa parou por um instante, pensou, olhou o calendário em seu fichário e se virou para o namorado

– Só posso hoje de tarde, tudo bem pra vocês? E, Austin, acho que o nome do estranho de óculos verde é Ian, você realmente deveria aprender os nomes das pessoas que estão ao seu redor, ninguém é seu escravo para você chamar pela característica física. – O comentário, como sempre ácido, da ruiva fez o jogador revirar os olhos

Virou-se para trás para responder Chad

– Hoje à tarde, depois das quatro. Aproveita e avisa pro time para irem se organizando, antes e depois das fotos tem treino! – respondeu com seu usual sotaque irlandês rouco

Mal deu tempo de Austin voltar seu olhar para o quadro que o sinal tocou. Recolheu suas coisas rapidamente e correu para juntar-se a Charlie, que saiu mais apressada do que o usual e já se encontrava do lado de fora da sala.

– Vou pegar umas aulas de como correr rápido contigo, porque hoje você tá ligeira! – O loiro disse sorrindo ao envolver o ombro da namorada com o braço

A ruiva, indiferente como o esperado, revirou os olhos e tossiu de leve.

– A culpa não é minha se você demora uma eternidade organizando seus materiais e fofocando deliberadamente com Chad – respondeu fria e parou de frente para seu armário cinza, o abriu e checou o horário da próxima aula

– Chega, né Charlotte?! – Austin se aproximou sem paciência, forçou o corpo da namorada contra seu próprio armário – Tá ficando difícil de conviver com essa acidez sua, to levando na esportiva, mas abusar de mim é pecado. – disse baixo, apenas para ela ouvir, a ruiva conseguia respirar o mesmo ar do rapaz, sentir sua respiração compassada quando ele se dirigia a ela, mas principalmente, ouvia a dicção perfeita do loiro e seu sotaque, o qual ela amava.

– Você atiça, mas não consegue aguentar, não é mesmo? – disse ácida e só para irritar o loiro, também imitando a tonalidade e sotaque do namorado

– Não sabia que hoje é o dia do “Zoe o Irlandês”! – disse irônico e deu um passo para trás, se descolando da ruiva

Mas a fotógrafa fechou o armário com a mão esquerda e envolveu a direita no pescoço do namorado, colou seus narizes e conseguiu ouvir os comentários sobre eles no corredor

– Todo dia é dia de zoar o Irlandês – a fotógrafa disse sorrindo e deu um selinho no jogador

O rapaz sorriu, mas foi interrompido pelo terceiro sinal que soava.

[…]

Por volta das três da tarde, Charlotte encontrou coragem de levantar-se de sua cama e de se arrumar para tirar as fotos para o anuário. Colocou um short azul claro jeans desfiado com um suéter cinza escuro e um Vans preto. Checou sua imagem no espelho repetidas vezes

Preciso pegar sol.

Ela disse em uma careta retorcida. A jovem sempre fora fã de shorts, mas sempre que o inverno chegava, não dava para sair desfilando pela cidade, então ela sempre aproveitava o outono como se fosse uma despedida, tendo em vista que no inverno vivia de calça.

Saiu em busca de seus óculos de sol na pressa, ela estava quase atrasada, e ainda teria de ir dirigindo até a escola, uma vez que Austin já estaria lá devido ao treino que começara mais cedo. Procurou pelo quarto todo, mas não achou. Olhou em todas as bolsas que usara durante a semana, mas não estava em nenhuma delas. Sentou-se na cama frustrada, amava aqueles óculos de sol. Não porque eram novos, ou da moda, mas porque ganhara de seu avô, quando fora visitá-lo no último verão em sua cidade natal, Nova Orleans.

Pulou de susto quando seu celular começou a tocar em cima da cômoda, apressou-se para pegar e atender o aparelho

– Alô? – disse nervosa, não era muito fã de falar ao telefone, preferia mensagens de texto

– Charlie, vai querer que eu passe aí pra te buscar? Tenho dez minutos até a hora para as fotos, dá pra te pegar aí – Austin disse ofegante, a ruiva notou que ele acabara de sentar na arquibancada. O irlandês sempre fora cuidadoso e atencioso para com ela

– Não precisa, Austin. – ela disse procurando as chaves do carro em cima da cômoda – Vou dirigindo, até porque depois das fotos preciso buscar um vestido na lavanderia

– Tem certeza? Você odeia dirigir! Posso passar ai sem problemas – ele insistiu

– Já disse que não precisa, mas obrigada pela disponibilização – ela disse triunfante ao achar as chaves – Estou indo para aí agora, manda seus jogadores irem tomando banho, não vou tirar foto de ninguém fedido e suado! – terminou com um riso e desligou

A parte de buscar o vestido na lavanderia era mentira, não havia traje algum a ser buscado. Ela apenas queria um tempo sozinha, talvez fosse ao parque tirar algumas fotos, ou até mesmo iria dirigir até depois da ponte que lhe permitia a vista de toda a região.

Pegou a bolsa em cima da cama e desceu as escadas apressada, com a chave do carro em mãos. Ao chegar à sala de estar, viu a mãe polindo os troféus que a filha ganhara quando dançava balé em Nova Orleans, a fotógrafa desistiu da dança no ano anterior, a mãe nunca se conformou.

– Mãe, viu os óculos de sol que o vovô me deu? – Charlie perguntou enquanto passava o olho por toda extensão da sala – Não acho em canto algum!

Sua mãe, Amélia, olhou para a bancada da cozinha, uma vez que tudo que Charlotte perdia se encontrava na bancada, mas os óculos não estavam lá.

– Ah filha, você é tão desorganizada! Desde que parou com o balé ficou esquecida e desleixada! – Amélia comentou enquanto descia da escadinha onde polira todos os troféus da filha

A fotógrafa revirou os olhos e apertou as chaves do carro contra a palma de sua mão.

– E lá vamos nós novamente… - a ruiva disse para si mesma, mas a mãe escutou

– Não me venha com o revirar de olhos! – a mãe apontou o pano de flanela em direção à ruiva – Nós duas sabemos que o maior erro que você cometeu foi trocar as sapatilhas pelas câmeras!

– Mãe, nós não vamos discutir isso novamente! Você só reclama disso porque era o jeito de se gabar para suas amigas! “Ah, minha filha Charlotte dança balé desde que começou a andar! Ganhou o prêmio de bailarina revelação, foi até passar seis meses na Rússia na Academia Internacional de Balé!” – a ruiva imitava a mãe, que fechou a cara

– Você desistiu do seu maior sonho! Eu como mãe não consigo aceitar isso! – Amélia encostou-se na pilastra, completamente cansada

– Não, mãe, eu desisti do seu sonho. O meu tá aqui – ela disse retirando a câmera fotográfica da bolsa – Se achar meus óculos coloque-os no meu quarto, por gentileza – disse indiferente e abriu a porta, em seguida, batendo-a com força ao sair.

A fotógrafa sentiu-se atônita ao sentar-se no banco de seu carro. Respirou fundo antes de girar a chave. Dirigiu o trajeto até a escola em completo silêncio, apenas praguejando mentalmente o fato de que sua mãe a vê apenas como um troféu para se gabar das amigas. Estacionou o seu carro ao lado do conversível de Austin. Pegou a bolsa, jogou a chave lá dentro e saiu do carro.

– Ei! – O loiro disse repentinamente ao abraçá-la por trás, coisa que a ruiva não estava acostumada – Calma, é só seu namorado irlandês. Que é um charme de rapaz, por um acaso. – ele disse rindo

A fotógrafa deu um riso abafado e virou-se para abraçar o jogador

– Olha a pegação no campo! – Chad, o vice-capitão do time comentou ao passar correndo ao lado do casal

Austin revirou os olhos, pronto para xingar o companheiro

– Deixa, Irwin – a ruiva disse assim que selou os lábios do rapaz – Arruma teu time para eu tirar minhas fotos, estou com o dia cheio .

Com tamanha agilidade e rapidez, o irlandês arrumou o time. A ruiva começou a tirar as fotos, vez ou outra, trocava alguns jogadores de posições. Depois das fotos conjuntas do time, tirou separando por posição em campo e por último do capitão e vice. Durante todo o tempo que a sessão fotográfica durou, a bailarina sentiu-se observada. Constantemente olhava para trás, para ver se não tinha ninguém ali, mas a sensação de incomodo não passava.

Tendo a sessão terminada, organizou a câmera e suas coisas. Viu de longe seu namorado conversando com os comparsas de time, a menina sentou-se por um momento apenas para observá-lo. Depois de fotografia, o passatempo preferido da jovem era observar o irlandês. Ela analisava cada movimento do jogador. O modo como ele sorria deixando transparecer suas covinhas, o jeito que ele bagunçava o cabelo loiro de um modo que ficava mais charmoso do que o esperado, a maneira como ele corria em campo com um sorriso estampado no rosto mesmo quando está cansado, e principalmente a forma que ele andava pendendo para o lado direito por conta de um problema no joelho, que adquiriu devido ao excesso de esforço físico em campo.

A fotógrafa se pegou rindo da situação, sentiu-se como uma fã louca e apaixonada. Balançou sua cabeça negativamente, para espantar os pensamentos obsessivos sobre o loiro irlandês. Jogou sua bolsa sob seu ombro e levantou-se da arquibancada, até pensou em ir se despedir do namorado, mas ele estava engajado na conversa com os amigos. Viu Thomas, o lateral esquerda do time e melhor amigo do namorado, amarrando o cadarço ao seu lado

– Thomas! – chamou pelo moreno – Avise a Austin que eu precisei ir e que mais tarde ligo para ele, ok? – pediu com educação e gentileza, coisa que era incomum para ela. Mas como sempre, ela precisava manter as aparências.

– Claro, Charlie! – o garoto sorriu e ela agradeceu novamente.

No caminho para o carro, a ruiva sentiu-se incomodada pelo fato de que preferia quando o falso namorado chamava-a de “Charlie”, talvez fosse por causa de seu sotaque irlandês, ou pelo jeito que ele mexia o lábio inferior para proferir seu nome, de todo modo, a fotógrafa apenas sabia que de todos que a chamavam de “Charlie”, ser chamada assim pelo loiro parecia ser o jeito certo de se pronunciar seu nome.

Tirou os olhos do caminho para procurar as chaves do carro, mas continuou andando, mania que a mesma tinha quando estava na pressa. Quando segurou as chaves, ainda dentro da bolsa, trombou com alguém a sua frente. Seu rosto pálido ficou corado

– Sinto muito! A culpa foi minha, não estava prestando… - ela dizia enquanto levantava seu olhar, e ao reconhecer em quem trombara, perdera a fala – atenção. – terminou atônita

Era Mike, o mesmo que brigara com Austin pela manhã porque queria falar com a fotógrafa.

– Sem problemas, Charlie – ele respondera malicioso, proferindo seu nome de um jeito que a mesma não gostou.

Charlie engoliu a seco o nada que tinha dentro da boca.


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Notas finais do capítulo

Mereço comentários?! Vamos, gente, não deixem de comentar! Mesmo se não tiverem gostando me mandem algo do tipo: "Cala boa, Effy. Para de escrever baboseira e vai dormir!" Tá valendo.
Feliz Natal e até mais
XX da Effy