The Deal escrita por Effy


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá Terráqueos!
MUITO OBRIGADA pelos comentários, até me animei.
AAAHH, hoje é meu aniversário, parabéns pra mim!
Boa leitura, vejo vocês lá em baixo.



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Era meado do ano, os alunos estavam animados com a volta às aulas, com o inverno que se aproximava e com ele as festividades natalinas. Mas Austin não se importava. Não porque era apático aos feriados em família, mas sim porque ele sabia que não teria família para comemorar junto com ele. Seus pais eram divorciados, ele morava com o irmão mais velho e a mãe. Desde que seus pais se separaram, eles não comemoravam o natal. Sua mãe, Sarah, viajava com as amigas para um cruzeiro qualquer, e Austin ficava com seu irmão, Devon, eles comiam besteira, bebiam e a noite acabava em vídeo game ou com idas ocasionais à casa de Charlie.

Depois da festa nada agradável que terminou com gente bêbada no gramado e briga na calçada, o rapaz decidiu que era hora de ir pra casa. As festas, as noitadas, a bebedeira começaram a perder sentido para o loiro, desde que começou a passar a maior parte do seu tempo com Charlotte, começou a pensar de um jeito diferente, passou a acreditar que havia mais do que palavras ditas por conta do álcool, ou de ações cometidas por impulsos de drogas, ele queria mais.

Deixou a menina em casa, e como sempre, ela o chamou para entrar. Mesmo antes de namorar a fotógrafa, Austin já conhecia os pais da moça, e os respeitava muito. O loiro recusou o convite com a desculpa de sempre “Já está tarde, Charlie, amanhã temos aula. A gente se vê na escola” e se despedia com um sorriso que a menina jamais correspondia.

Austin, depois de um tempo, começou a achar que Charlie andava muito distante, absorta e apática, ele se perguntava por que a fotógrafa estava assim. Perguntar para a mesma não adiantava, a garota sempre mudava de assunto. Depois de tanto insistir em conhecer a jovem, o jogador desistiu, achou melhor continuar com a superficialidade do relacionamento, sempre na margem segura.

[…]

Charlotte acordou mais cedo que o usual, porém se sentindo mal. Não no sentido de estar doente, mas se sentia mal consigo mesma. Nos últimos dias, confrontou sua mente com as ações cometidas nos meses anteriores. A menina se lembrava constantemente “A linha é tênue, Charlie. Ele se parece com Mike, não deixe que o charme e a voz aveludada te quebrem novamente”, mas parecia não adiantar.

A jovem desceu da cama e sentou-se no carpete azul marinho, com as costas apoiadas no entalhado da cama e encarou a parede do outro lado do quarto, tal parede que uma vez fora lar de inúmeras fotos com Mike, o então ex-namorado que resultou no atual, e falso, namoro com Austin.

Ela podia se lembrar, com extrema clareza, da primeira vez que viu Mike tocando com sua banda no festival da escola. A moça podia até mesmo sentir o cheiro do perfume do moreno quando eles dançaram no final daquele dia. Charlie ainda sentia o toque dos dedos firmes do guitarrista sob sua cintura, ou o modo como ele a rodava em seus braços após os ensaios noturnos. Um arrepio cruzou pelo corpo da ruiva, do mesmo jeito quando descobriu o que Mike fizera. A fotógrafa jamais se sentira traída daquela maneira, ele a quebrara por completo. Foi um jogo sujo, ainda mais porque envolveu sua, então suposta, amiga de infância. Charlotte sempre soube que o moreno era perigoso, ambicioso, ardiloso e astuto, mas jamais pensou que poderia usá-la apenas para conseguir um contrato para sua banda e, ainda por cima, traí-la com a companheira de jardim de infância.

Ao relembrar as dores do passado, lágrimas teimosas e ácidas rasgavam o rosto pálido da garota. Ela se sentia suja pelo fato que temia estar caindo na mesma armadilha, sentia-se caminhando sob um muro extremamente fino e frágil. O despertador tocou na cômoda, prontamente a jovem se levantou para desligá-lo. Foi ao banheiro, lavou o rosto e repetiu como mantra

“É um novo dia, não ultrapasse a linha e segure-se no combinado”

Após trocar de roupa, sentou-se em sua penteadeira e começou a trabalhar no cabelo. Enquanto penteava as madeixas, encarou uma foto velha e teimosa que permanecia grudada ao espelho: Ela e Mike. A jovem fitou a fotografia com ódio, não dele por traí-la, mas dela mesma por deixar-se cair nos encantos de um belo par de olhos.

Sempre começa pelos olhos.

[…]

Austin, sendo pontual como sempre, estacionou seu carro na frente da grande casa branca dos Sullivan as exatas sete e meia. Desligou o carro, ligou o som e esperou a namorada vir. O jogador encarava o final da rua sob seus óculos de sol, tantas lembranças vividas por ele no final daquela rua.

Tal rua que era residência de Mary Anne Velasque, o motivo de seu ódio eterno resultante da atual situação com Charlotte. Austin conheceu a “piranha traíra”, como ele gostava de se referir a ex-namorada, no início do ano letivo. Ela estava chegando à cidade e pousou exatamente na mesma escola, mesma sala e ao lado da carteira do loiro.

A novata, como todas, querendo se enturmar com os populares, se encaixou justamente no meio ardiloso das irmãs Britney e Courtney, líderes do comitê do baile, que odiavam Austin com todo o fervor. Líderes de torcidas não eram malvadas e cínicas como é de costume, pelo menos não na Escola Hempshire. A pior raça para se cruzar nos corredores da escola era as gêmeas do comitê do baile. Duas víboras com uma fome insaciável por fofoca, destruição de relacionamentos e apostas.

Então a ingênua forasteira se juntou justamente com as duas cobras, que propuseram uma aposta para que Mary entrasse “na sociedade” popular. A furada começou quando as gêmeas impuseram o desafio: encantar e ludibriar o capitão de futebol, fazê-lo de idiota e marionete. Como Austin sempre fora dono de um visual impecável, não foi difícil para a novata aceitar a aposta.

Quando o loiro descobriu da tramóia, era tarde demais. Já se encontrava apaixonado pela ‘piranha traíra’ e ridicularizado pela escola toda. O jeito de escapar dos olhares desconfortáveis era Charlotte, a destemida, ácida, encrenqueira e teimosa ruiva que se encontrava junto com ele no fundo do poço. Foi daí que surgiu o acordo, retirar ambos do poço e pisar nos ex-namorados que mereciam nada menos que o pior.

Austin terminou sua viajem ao passado quando a ruiva abriu a porta da frente e veio caminhando com seu short jeans de outono, bota preta tipo coturno, blusa azul marinho e a costumeira bolsa preta de franjas pendurada no ombro e livros em mãos. O loiro prontamente saiu do carro para abrir a porta para a namorada

– Bom dia! – tentou parecer animado, dos dois o loiro era o feliz, a ruiva sempre fora fechada pela manhã

– Oi – Charlie como de praxe não sorria

– Dormiu bem? – disse ao fechar a porta para namorada e pulou para o banco do motorista

– Uhum, você? – ela não parecia interessada em conversa, apenas colocou o cinto de segurança e pôs seus óculos de sol

– Como um bebê! – Austin sorriu e ligou o carro

De todos os assuntos que o jogador tentou puxar, Charlie se esquivara de todos. O loiro estacionou seu conversível vermelho no costumeiro lugar e bagunçou os cabelos. A fotógrafa nem ao menos o esperou abrir a porta para ela, saiu do carro e foi caminhando em direção a porta de entrada da Escola Hempshire.

– Charlotte! – Austin disse enquanto corria, ele já estava se estressando com o comportamento absorto da garota

– Mas o que foi, Irwin?! – ela disse mais alto do que o esperado, todos do corredor olhavam para o casal

– Você esqueceu seu celular no banco! – ele disse ao entregar o aparelho à garota – E esqueceu seu namorado pra te acompanhar – terminou o comentário ao lado da ruiva que tentava caminhar mais depressa – Charlie! – disse segurando a namorada pelo braço, fazendo-a olhar para ele

– Fala, Austin! – paciência nunca fora o forte da fotógrafa

– O que você tem hoje?! Santo Cristo! – o jogador dilatou suas pupilas e encarou a ruiva

– Nada! Não tenho nada! – ela gesticulava com as mãos – Relaxe, Irwin. A gente se vê na segunda aula. – ela comentou fria, beijou o namorado e caminhou até seu armário no final do corredor

Austin revirou os olhos e socou o armário ao seu lado. Xingou alguma coisa em voz baixa e caminhou até seu armário, do outro lado do outro corredor, longe do da ruiva. A primeira aula do dia não favoreceu ao humor do loiro: botânica. O pior nem era a matéria, mas sim a companhia. Mary Anne e o jogador dividiam a aula, ele no último lugar da última fileira e a moça no segundo lugar da primeira fileira. Mas a ‘piranha traíra’ sempre dava olhadas ocasionais para o loiro.

Com o término do primeiro horário, Austin encaminhou-se apressadamente para fora da sala. Andou sem calma até a segunda aula de história, que seria com a plausível companhia de Charlie, mesmo que ela não estivesse no melhor de seu humor, ele ainda preferia estar junto da fotógrafa. Chegando perto da sala, o loiro viu Mike indo pra perto da ruiva. Prontamente o jogador se apressou e puxou Charlotte pela cintura e a abraçou

– Irwin! – ela sussurrou no ouvido dele – O que você pensa que está fazendo?!

– Satanás. À sua direita – ele deu as coordenadas, mas ela nem precisava ver para entender.

– Obrigada – agradeceu docemente e retirou suas mãos do pescoço do loiro

Mas não foi o suficiente

– Charlotte, será que podemos conversar? – Mike abordou a ruiva pela lateral, onde Austin abriu a guarda

– Acho melhor não, amigão. – O loiro interveio, com seu braço direito puxou a ruiva para trás de si e ficou de frente para o ex-namorado da mesma

A fotógrafa se encolheu atrás do namorado e respirou fundo, ainda não conseguia olhar para Mike sem sentir a dor aguda no estômago.

– Se você não percebeu, quero falar com a Charlie e não contigo, amigão. – Mike rebateu sem educação

– Pra você é Charlotte. – Austin corrigiu rudemente e segurou a mão da ruiva para saírem

– Eu disse que quero falar com a garota! – Mike disse bravo e empurrou o loiro pelo ombro, puxando briga

Como num solavanco, Austin soltou a mão da fotógrafa e socou o maxilar do guitarrista e o assistiu cair no chão.

– Já disse que o nome dela é Charlotte. E não, você não pode falar com a minha namorada. – o loiro bradou autoritário, passou seu braço sob a fina cintura de Charlie e caminharam em direção à sala de História

Todos no corredor olhavam boquiabertos

– Vai ter volta, irlandês! – Mike ameaçou – Você não estará perto dela o dia todo!

O jogador apertou a namorada contra si e beijou o topo de sua cabeça, entraram na sala fingindo que nada demais tinha acontecido. Basicamente isso era tudo o que eles faziam nas vinte e quatro horas do dia, fingiam.


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Notas finais do capítulo

Nhaaa, mereço comentários no meu aniversário????
Té mais
XX da Effy