The Deal escrita por Effy


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

GENTEM! Olar
Espero vários comentários nesse capítulo;
Espero que vocês gostem;
Musica do capitulo? Ta tendo, mais é claro.
Até lá em baixo!
xx



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Habits - Tove Lo

Charlotte abriu os olhos naquela manhã de quinta-feira apenas para desejar não ter acordado. Desceu da cama e não teve vontade de se arrumar. Desde o término com Austin, ela colocava um falso sorriso no rosto para mascarar a tristeza. Tanto para amenizar a dor, quanto para não irritar Mike. Vestiu um short jeans, uma blusa preta do The Killers e calçou qualquer tênis, prendeu o cabelo num rabo de cavalo e desceu as escadas. Só de ver os pais felizes na mesa tomando café da manhã como a família perfeita seu estômago embrulhou. Encaminhou-se para a porta e resolveu esperar Mike sentada na calçada. Pescou o telefone que ainda tinha como plano de fundo Austin, ela trocava a foto todos os dias, quando entrava no carro do novo namorado colocava uma foto qualquer da praia como plano de fundo, mas ao chegar em casa da escola, imediatamente voltava a foto do irlandês ao seu devido lugar.

Mike não era pontual, tampouco cuidadoso. Se eu pelo menos gostasse de dirigir. Pensava todas as manhãs, ao lembrar que não seria Austin sua companhia até a escola. A fotógrafa olhava as fotos do último dia perfeito com o loiro, a cada foto um pedaço de seu coração quebrava. Não tinha para onde correr, tudo terminava em dor. Após vinte minutos, Mike estacionou seu Porsche preto na calçada e buzinou impacientemente.

“Bom dia, raio de sol” Disse irônico, com seu cigarro na mão esquerda.

“Oi” Respondeu em contragosto. “Não precisa me esperar depois da aula, vou direto com Carrie pro balé” Disse apressada, como se fosse uma garotinha pedindo aprovação do pai.

“Certeza que vocês vão mesmo pro balé?” Perguntou desconfiado, dando partida no carro.

“E para onde mais nós iríamos?” Rolou os olhos, não queria começar uma nova briga, mas sua paciência tinha um curto limite.

“Não sei, talvez para a casa de um certo duende” Mike abaixou os óculos escuros para olhar diretamente para a ruiva “Ou você acha mesmo que eu não percebo o quanto você ainda gosta dele? Não sei o que você viu nele, loiro estúpido” O moreno cuspia as palavras com desprezo, Charlie não aguentava mais ouvir Mike falando desse jeito.

“Para o carro” Bradou com segurança

“Como é?” Mike não acreditava

“Eu disse pra você parar o maldito carro!” Sua mão, ao contrário das últimas semanas quando falava com Mike, não tremia mais. “Não sou obrigada a ficar ouvindo isso, a ficar te ouvindo” Olhou no profundo dos olhos de Michael “Se você não parar o carro, eu vou descer com ele em movimento”

Mike parou no acostamento, mas não destravou as portas.

“Você é obrigada sim a me ouvir, ou esqueceu quem manda aqui?” Acariciou o rosto pálido da ruiva, apenas para o repúdio da mesma. Destravou as portas e observou a fotógrafa descer do carro e bater a porta com força.

Enquanto via o Porsche preto seguir seu trajeto, Charlie pode respirar livremente. Sentou-se no meio fio do acostamento e se pôs a chorar. Mandou mensagem para Carrie, pedindo à amiga que lhe buscasse. Normalmente, a ruiva não choraria em público e secaria as lágrimas da maneira mais apressada que pudesse, mas não nessa quinta-feira. Nessa quinta ela chorou como um bebê sem sua mãe e não se importou que os outros estavam a vendo.

“Querida!” A voz doce de Carrie ecoou pelos ouvidos da ruiva, então a loira a tomou nos braços num abraço apertado. “Vamos, entre no carro e me conte o que o idiota do Mike fez”

Charlie não tinha condições de falar, apenas segurou sua bolsa e entrou no carro da amiga. Carrie esperou que a onda de choro passasse para começar o interrogatório, mas antes sentiu o dever de informar a amiga.

“Thomas me mandou mensagem agora a pouco, Austin está na escola hoje.” Charlie estava absorta, mas ao ouvir Carrie pronunciar o nome do irlandês, esteve mais atenta que nunca.

“Certeza?” A ruiva reparava com um lenço o estrago causado pelas lágrimas “Tem uns dois meses que ele não aparece”

“Certeza absoluta. Tommy foi à casa dele ontem e hoje, miraculosamente, Austin foi pra aula” Carrie deu partida no carro “Então, quer ir pra lá? Porque eu com certeza apoiaria matar aula e ir ao shopping”

“Hm, vamos à escola” Respondeu decidida, mesmo que fosse doloroso ver o irlandês, ela precisava vê-lo “E o Thomas? Todas essas ligações e se comunicando, Carrie Emanuelle Dallas, estou de olho” Tentou sorrir para aliviar o clima.

“Bom, Thomas parece um cara direito, não é” Disse escondendo o riso

“Eu sabia! Sabia que por trás de todo o drama de ‘Sai de perto de mim!’ você é louca nele!”

“Não diria louca, mas nós saímos semana passada e estamos conversando muito” Carrie sentia-se um pouco culpada por estar tão feliz e ver amiga tão miserável. “Acho que podemos dar certo”

“Estou muito feliz por vocês, de verdade” Charlie apertou a mão da amiga num gesto caloroso e um sorriso “Só não entendo porque não me contou antes”

“Ah, Charlie” Suspirou “Com tudo o que tava acontecendo, não queria te sobrecarregar. Você merece algumas semanas de choro” Carrie sempre fora uma ótima amiga.

Elas chegaram na escola, e a primeira coisa que a ruiva fez foi localizar o conversível vermelho. E lá estava ele, no primeiro lugar da terceira fileira, estava meio sujo e sem o teto solar. Charlie ainda conseguia perfeitamente visualizar Austin em seu clássico conversível vermelho, dirigindo com seus cabelos ao vento do jeito que ele gostava, sentindo o sol morno em seu rosto, ouvindo The Kooks e falando sobre como ele realmente queria saber surfar, mas nunca tem paciência de tirar um dia para fazê-lo.

“Charlie?” Carrie chamou pela segunda vez. A ruiva piscou algumas vezes até perceber que tinha de voltar à realidade.

“Oi, só me perdi nos pensamentos. Desculpe” Respondeu rapidamente, arrumando o cabelo e abrindo a porta do carro

“Ainda dá tempo da gente ir ao shopping” Carrie disse enquanto caminhava lado a lado com sua melhor amiga, adentrando os corredores de Hampshire.

“Não, Carrie” Sua voz era fraca “Eu preciso vê-lo. Nem que seja de longe”

“E Mike?” Perguntou com medo, as duas sabiam muito bem do que o moreno era capaz de fazer

“Hoje não importa. Hoje nada é sobre Mike” Parou em frente ao seu armário “Hoje Mike não existe”

Charlie estava se preparando psicologicamente para continuar a caminhar ate o final do corredor, tendo em vista que era lá que o armário de Austin ficava, e todos esses dais em que estiveram separados, a ruiva passava na frente do armário cinza todas as manhãs, ela sabia a combinação de cor. Às vezes ela abria só para sentir o perfume dele. Ela ainda via suas fotos lá dentro e como tudo estava exatamente do jeito em que ele deixara, como se ele nunca tivesse ido embora.

“Carrie!” Thomas chegou animado, abraçou a loira e sorriu para Charlie

“Oi Tommy” A fotógrafa respondeu com um meio sorriso, queria perguntar de Austin, mas não teve coragem.

“Acho que Carrie já te contou que o duende veio hoje” Thomas comento, a ruiva apenas acenou com a cabeça. “Você ta bem? Vi Mike chegar sozinho hoje”

“Eu não estava me sentindo bem esta manhã, liguei para Carrie e ela me convenceu a vir e ainda passou lá em casa” Inventou uma rápida história, sabia que a amiga não a desmentiria.

Quando a ruiva finalmente iria perguntar sobre o irlandês, o sinal adentrou os corredores em aviso que a primeira aula estava para começar. A primeira aula. Quinta-feira. Hoje tenho história moderna. Charlie pensou e arregalou os olhos, Austin tinha essa aula junto com ela. Inclusive essa era a única aula da semana toda que eles tinham em comum.

“Tchau pombinhos, até o almoço!” Disse animada. Saiu correndo para a sala

“Essa é nova, Charlotte animada pra aula de história moderna” Carrie comentou com Thomas

“Pera, Austin tem história moderna hoje.” Pensou alto “Tenho medo do que ele vai fazer ao vê-la” Os dois caminharam juntos até o laboratório de química “Austin está diferente”

“Diferente como?” Carrie não tinha pensado na reação da amiga, mas agora se preocupou

“Ele nunca foi bom em lidar com emoções, agora com toda essa situação ele tem andado… distante” Thomas não soube como contar à Carrie que Austin estava novamente no buraco

“Ele voltou às drogas, não é?” Adivinhou

Thomas apenas acenou “Mas ele me prometeu que hoje vai me deixar ir à casa dele e jogar tudo fora. Ele quer recomeçar”

Carrie foi cortada pelo segundo sinal que soara. Não sabia como se posicionar com essa nova informação, sabia que ocasionalmente Austin tomava alucinógenos, mas voltar cem por cento pra essa vida que o irmão ainda não tinha conseguido sair é outra coisa completamente diferente. Eles decidiram cuidar disso no intervalo, até porque nessa altura não tinha mais o que fazer.

[…]

Austin já não estava mais ciente do que acontecia ao seu redor, caminhou em passos descontraídos até a sala de história moderna, sabia que tinha essa aula com Charlie, mas sentia-se dormente quanto à ruiva, uma vez que sabia que ela sentia o mesmo, mas não sabia porque ela ainda estava com Mike. Sentou na última cadeira da última fileira e tentou não dormir. Uma corrente elétrica percorreu seu corpo quando a ruiva entrou na sala. Ele pode perceber que ela também, ainda, estava abalada. Em seu rosto não tinha maquiagem, seus cabelos estavam controlados num rabo de cavalo mal feito, suas roupas descuidadas e sem o usual preparo que ela sempre teve.

Como a atração magnética, seus olhares se encontraram no meio do caminho. Charlie mal pode se conter, viu que Austin estava uma bagunça. Ele deveria estar com aquelas roupas há, pelo menos, três dias, seus cabelos estavam sujos e desarrumados, seu rosto revelava noites mal dormidas e dias mal vividos. O corpo da ruiva sabia o caminho de casa, o caminho até ele. Caminhou sem medo até que ficou a duas cadeiras de distância.

“Bom dia, Sullivan” Austin controlou sua voz e brincou com seu piercing. Se ela não tivesse reparado que ele estava sob o efeito de alucinógenos, poderia até dizer que ele foi debochado. Mas ela o conhecia melhor que isso.

Ela sorriu e se preparou para responder, mas Mike foi mais rápido e a segurou pelo braço. Se Austin não estivesse sob efeito de drogas poderia ter percebido que Mike se aproximara

“Querida, sente-se na frente comigo” Apertou o braço dela. “E você não deveria estar falando com a minha namorada, amigão” Referiu-se à Austin, lembrando quando o mesmo fizera essa mesma cena meses atrás.

“Não sabia que eu tinha que ter uma procuração assinada pelo Juiz para falar com as pessoas dessa escola” Austin apenas arqueou uma sobrancelha e deixou seu tom fazer o resto do trabalho.

A fotógrafa podia sentir o cheiro de briga no ar, então se manteve calada.

“Não sei como funciona com os outros, mas com a minha Charlie você não pode falar” Mike estava perdendo a paciência

“É mesmo?” Disse em zombaria e levantou-se “Imagino o que você faria se eu fizesse pior que isso” O irlandês sabia como provocar e o fazia muito bem, talento que ele adquiriu por sempre estar envolvido com esportes. Ninguém sabe como atiçar outro ser humano como um jogador de futebol.

“Não me provoque, duende” Mike disse puxando Charlotte para atrás de si “Ou melhor, duende drogado? Tá seguindo os passos do maninho?”

Dentro do corpo de Austin, ouvir essas provocações era como a explosão de uma bomba nuclear. Sem pensar, puxou Mike pela gola da camisa e o socou no maxilar.

“Vocês dois do fundo!” O professor que acabara de entrar na sala disse “Fora de sala!”

Austin saiu desfilando em vitória, Mike ainda estava se levantando e Charlie não sabia para onde ir, então seguiu para fora da sala. Foi só chegar no corredor que Mike pulou para cima de Austin, o acertando nas costas. O que realmente não surtiu muito efeito em Austin, por ser capitão do time, já estava mais do que acostumado com brigas, e por ser brigão, ganhara resistência. Agora outros alunos se ajuntaram para assistir a briga do ano. As brigas de Austin sempre foram o maior evento de Hampshire.

“Minha avó em coma bate mais forte que você” Provocou entre risos, Austin estava completamente fora de si.

Talvez era apenas a droga, mas o loiro sentia uma vontade imensa de bater e apanhar.

“Me acerte mais forte!” Gritava pelo corredor, atiçando Mike. “Acerte o duende com toda sua força, otário!”

E não precisou pedir duas vezes, o moreno acertava o abdomen de Austin como se jogasse num video-game. Charlie mal podia assistir, apenas saiu correndo para buscar Thomas e Chad. Austin não estava satisfeito, queria mais.

“Você é um estúpido! Ela não te ama!” Provocava o loiro, entre socos

O que só deixou Mike mais nervoso, pouco ele sabia que numa briga entre ele e o irlandês, Austin ganhava de longe.

“Pelo menos é comigo que ela está agora!” Respondeu de volta

Austin o pegou pela lateral do quadril num solavanco e o jogou no chão, como se fosse feito de papel, o socou até ver sangue em suas mãos e então se levantou e sorriu. Enquanto se afastava poucos passos de Mike pode ver Charlie voltando ofegante. Chad e Thomas estavam boquiabertos.

“Revide” falou com segurança, bagunçando seus cabelos loiros. Mike pareceu não entender, mas levantou-se. “Eu quero que você revide!” Gritou com todas as forças que tinha dentro de seu corpo ofegante. Olhava para Charlie, apenas para aumentar a dor dentro de si e então se dirigiu à Mike “Quero que você me machuque até eu desmaiar!” Disse em desilusão, o que só assustou Charlie “Porque não há surra que vá superar a dor que você já me causou por me afastar dela” Então olhou para a ruiva e pôde vê-la em prantos. “Revide!” Gritou mais uma vez. “Me acerte! Me acerte!”

Então Mike percebeu que o irlandês só queria briga para superar o sofrimento por não ter Charlie, até pensou em bater nele como o mesmo pedira, mas dor maior é ver a ruiva longe do loiro.

“Drogado e autodestrutivo, que partidão” Mike zombou, limpou o sangue de seu rosto e pôs-se a caminhar em direção à fotógrafa. “Vamos, meu amor” Mas Charlie não se moveu. “Charlie, vamos!” Nada, ela focou seu olhar no irlandês escorado no armário, com os punhos sangrentos.

Ela não podia falar em voz alta, então apenas soletrou com seus lábios para Austin Eu Menti. Pode não parecer muito, mas ele entendeu. Ele sabia, sabia que ela tinha mentindo quando disse que não o amava. Agora ele tinha certeza, agora ele poderia lutar por ela pois sabia que não seria em vão.

“Charlie! Estou te chamando!” O moreno a sacudiu pelos ombros, o que irritou Austin

“Tire suas mãos dela” Avisou sem paciência, se tem uma coisa que o loiro sabe ser essa coisa é ser super protetor. Além de violento e ciumento.

“Com licença, amigão” Mike virou-se para Austin, que não estava muito distante. Charlie apenas se afastou de Mike e foi para perto de Thom e Chad. “Acho que você não tem poder sobre mim”

“Mas eu tenho sobre ela, e quando eu te digo para tirar as mãos da minha Charlie, é melhor você tirar” Cerrou os punhos, agora ele não tinha mais a necessidade de apanhar, agora ele queria bater.

E queria bater muito.


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Notas finais do capítulo

Espero não ter muitos nada nos comentários, vamos comentaaaaar. Que dai eu me animo pra um bônus!



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