A Filha da Morte escrita por Ruan


Capítulo 6
Capítulo VI - O Filho de Zeus


Notas iniciais do capítulo

- Primeiramente, quero agradecer de todo o coração a recomendação de Sara Tobias. Obrigado!

— Sem mais delongas, aqui vai um capítulo ENORME, para compensar o atraso :)



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Eles deslocaram-se para fora da caverna.

De imediato, a garota concluiu que estava em um lugar muito alto, uma vez que seus olhos se depararam com um imenso céu, rodeado de nuvens um tanto escuras, as quais anunciavam que muito em breve, uma tempestade chegaria. Fascinada com o encanto da imagem, Bella estava pronta para dar o próximo passo quando uma mão forte lhe rodeou o cotovelo, puxando-a para trás. Suas costas colidiram rapidamente com o peito de Edward. Quase que instantaneamente, a garota sentiu o calor emanando do corpo dele, para o dela.

Estava pronta para dizer poucas e boas para o rapaz. Entretanto, ao olhar para baixo, se calou.

Bella visualizou um amontoado de pontos verdes que se estendiam para muito além, como se não houvesse fim. Eram árvores, cujas folhas balançavam-se no ritmo do vento forte. Cercando o cenário a sua volta, encontravam-se várias montanhas, de todos os formatos e tamanhos. O sol estava se pondo no horizonte, lançando raios alaranjados para todas as direções. Levando em consideração que as nuvens negras estavam presentes, o resultado era simplesmente magnífico: Parecia uma batalha entre o sol e a tempestade, pois enquanto aquele tentava se sobressair, essa fazia questão de lhe cobrir.

Edward passou os braços ao redor da cintura da garota.

— Se você não me soltar, eu vou te socar. – Ela ameaçou.

— Se eu te soltar, você vai cair. – Ele sussurrou perto demais do ouvido dela. – Seria um prazer te ver despencar no chão, mas provavelmente o oráculo não iria gostar nada, sendo que eu comprometeria o destino de todo o acampamento.

Bella olhou para baixo e percebeu que uma pequena saliência da montanha se estendia sob seus pés, o bastante para que sobrasse espaço para os dois. Entretanto, mais um passo a frente, resultaria em sua queda.

O vento castigava o seu rosto e as lágrimas caiam violentamente do seu rosto. Seus fios de cabelo lhe tapavam um pouco a visão, o bastante para que não fosse possível distinguir as várias formas do incrível cenário em sua frente. O corpo de Edward lhe emanava calor, fato esse bastante perturbador e nada agradável.

Oráculo. Acampamento.  As palavras causavam ainda mais confusão mental na garota. Ao imaginar o primeiro, a figura de um velho budista, lhe cobriu a mente.

— Estou esperando você me contar tudo o que está acontecendo. – Bella praticamente gritou, irritada com a aproximação do garoto.

— Tudo bem, eu vou te explicar. Mas, assim é meio desconfortável. – Ele suspirou. – Vou fazer algo e quero que não tenha medo, pode ser?

A garota bufou.

— Eu não tenho medo de nad...

Ela foi interrompida quando a gravidade pareceu empurrar violentamente o seu corpo para frente. É agora que eu caio! Foi tudo o que conseguiu pensar, assim que seus pés ficaram em pleno ar, sem sustentação alguma. Maldito, me empurrou!

Entretanto, a queda não veio. Ela havia fechados os olhos, esperando pelo pior. Por isso, abriu um deles, cautelosamente. Será que a morte lhe recebeu sem dor alguma? Olhou para os lados e percebeu que as montanhas continuavam a cercando, sendo que as nuvens escuras lhe cobriam a cabeça, enquanto que os raios de sol iluminavam vagamente o lugar. Ela sentiu todo o seu corpo vibrar, recebendo uma sensação que não lhe era familiar. Percebeu que seus braços estavam por de baixo dos de Edward, que a seguravam fortemente. Vislumbrou os pés do garoto posicionados atrás dos dela. E por incrível que possa parecer, estavam fixos em pleno ar.

Ela estava... Parada. A gravidade sustentava o seu peso. Engoliu em seco, sentindo a vertigem atingir a boca do seu estômago.

— Eai? – A voz de Edward lhe causou espanto, fazendo-a sair de seus devaneios.

— O que está acontecendo?

— Estou fazendo com que a gente flutue.

Ok, muita informação. Mas isso seria útil quando eu perdia o ônibus para ir á escola. Assim, chegaria mais rápido, já que não haveria trânsito espacial. Bella concluiu no momento de pânico. Seria engraçado se não fosse trágico.

— Como você fez isso? – Ela perguntou novamente, sentindo-se uma criança devido a quantidade de perguntas que andava fazendo.

— Sou filho de Zeus. – Edward respondeu calmamente, como quem está diante de uma enquete rotineira. - Deus dos trovões e do ar.

Bella engoliu em seco. Droga. Momentaneamente, procurou todas as informações em seu cérebro sobre a mitologia grega. Entretanto, não foi capaz de achar nenhuma. O pânico estava misturado com a ansiedade, lesando, portanto, sua mente.

— Feche os olhos. – Edward solicitou, cauteloso.

Bella fez o que ele pediu. Imediatamente, sentiu-se em queda livre. Estava tremendo da cabeça aos pés e o seu coração batia acelerado dentro do peito, causando-lhe ataque cárdia. Se não fosse pelos braços do garoto ao seu redor, ela teria cogitado que havia sido empurrada para longe daquele pequeno pedaço de gravidade que mantinha o seu corpo suspenso em pleno ar.

Inesperadamente, ela reconheceu que os seus pés tocaram algo, finalmente. Gentilmente, Edward empurrou os ombros dela para baixo, fazendo-a sentar em uma superfície plana e rígida. Percebeu que ele fez o mesmo, posicionando-se ao lado dela. Portanto, abriu os olhos, pronta para dar de cara com o que tivesse que ser encarado.

Bella suspirou de alivio ao se localizar sentada em uma parte da extensão de uma árvore. As folhas verdes estendiam-se de diversos galhos espalhados em várias direções, cobrindo umas as outras. Portanto, cercavam todo o espaço ao redor de Bella, como se a protegesse, feito um casulo. Ao fitar os seus pés, soltou um suspiro baixo, uma vez que o tronco se estendia para muito, muito abaixo.

Droga, ela continuava muito longe do chão. Felizmente, conclui ser apropriado que sua visão estivesse tapada pelas folhas e assim, lhe impediam de encarar o vasto céu. 

Olhou por cima do ombro e encontrou Edward, fitando-a com um sorriso divertido no rosto.

— Está com medo?

Bella o repreendeu com um olhar furioso. Ela cruzou os braços, em puro sinal de teimosia.

— Vai nessa, meu velho.  – O garoto ergueu uma das sobrancelhas. - Pode começar a falar. Então, você é o filho de Zeus? – Quando percebeu, a pergunta já havia saído da boca.

— Sou.  – Edward concordou. - Minha mãe era uma humana, e para a minha felicidade e a sua, acabou conhecendo o meu pai no mundo mundano. Como pode ver, isso acabou resultando na concepção do meu ser incrível. – Bella revirou os olhos devido ao ego do garoto. - Mas foi o caso de apenas uma noite. Ou seja, ele praticamente sumiu do mapa depois daquele dia. Por sorte, minha mãe foi forte o bastante e optou por me dar a luz, tomando todos os cuidados necessários até o meu nascimento. Entretanto, assim que vim ao mundo, meu pai fez questão de entrar em contato com a minha mãe e lhe contar que ela deu a luz a um semideus. Ou seja, um ser superior aos humanos e inferior aos deuses. Portanto, assim que eu completasse a maior idade, iria precisar de cuidados especiais, pois os monstros me caçariam, com o intuito acabar com a minha vida. Perto de completar quatorze anos, fui enviado para o acampamento meio sangue, onde pude desenvolver as minhas habilidades, tanto intelectuais quanto físicas. Minha mãe se adiantou, almejando a minha segurança. Não quis esperar tanto.

Bella imaginou o pequeno garoto sendo enviado para um acampamento com pessoas portadoras de habilidades especiais. Desde cedo, ele teve que aprender a ser um guerreiro e a ter que conviver com a existência de dois mundos. Não deveria ter sido fácil.

— Eu só não entendi uma coisa. – Bella teve várias dúvidas e por isso, optou pela mais importante em sua lista mental. - Por que quando completar a maior idade os monstros caçam os semideuses?

— Digamos que a gente carrega até os dezoito anos, uma proteção que bloqueia qualquer detecção dos nossos poderes em relação aos monstros e, portanto, não podem nos identificar. É como uma benção concedida pelos nossos pais divinos.  Você deveria ter isso também, uma vez que é como eu. Uma semideusa.

Bella teve vontade de gargalhar ao receber aquela informação. Nunca havia imaginado que estaria diante daquela situação. Na verdade, ninguém em sã consciência poderia fazê-lo.

Então, os semideuses carregaram consigo uma proteção até os dezoito anos, que bloqueavam a sua identificação para os monstros.  Porém, Bella ainda não havia completado dezoito anos e a Harpia apareceu no seu apartamento, pronta para derrotar com a garota.

Como se lesse os pensamentos da Bella, o filho de Zeus a interrompeu antes que pudesse fazer o seu questionamento.

— Eu ainda não sei como aquela galinha voadora conseguiu te identificar, mas o que importa é o que oráculo me enviou, junto com os outros jovens, para te levar até o acampamento meio sangue.

A garota poderia facilmente concluir que Edward tinha um parafuso a menos na cabeça, se não fossem os últimos acontecimentos que completamente transformaram sua visão de mundo.

— Então você está me dizendo que eu sou a filha de um deus mitológico, assim como você? – Ela perguntou, incrédula.

— Exatamente.

Bella começou a raciocinar sobre o assunto e tentou tirar algumas conclusões, mas alguns breus em sua mente pareciam não ser possíveis de iluminação. Será que sua mãe sabia sobre as origens da filha? Caso a resposta fosse afirmativa, por que não havia contado? Talvez estivesse esperando para que a filha completasse a maior idade? E se fosse o contrário? E se não soubesse de nada? Como ficaria ao encontrar a sala toda bagunçada, sendo que não encontraria Bella no quarto? Caramba. Alguém ficaria muito, mais muito furiosa.

Edward esperou para que a garota refletisse sobre os assuntos em questão. Ele pegou uma das folhas dos galhos e a estava cortando com os dedos, impaciente.

— E eu sou filha de quem? Quer dizer, de qual deus mitológico?

Ele soltou um riso baixo. O seu cabelo estava com os fios jogados para todos os lados, em uma bagunça que se encaixava perfeitamente com suas feições.

— Você só saberá quando completar os dezoito anos. O nome irá aparecer em sua pele.

Provando que suas palavras condiziam com a realidade, Edward pousou a mão em cima do peito e puxou o tecido da camisa que estava cobrindo a sua pele para o lado, revelando uma tatuagem quase que transparente, como se tivesse sido feita não pelos métodos tradicionais, mas sim por uma lamina afiada. Na clavícula do garoto, estava exposto o seguinte nome: Ζεύς.

Bella arregalou os olhos, aflita. Inesperadamente, sua mente soube que se tratava de um nome grego. Zeus.

— Isso não dói?

— Não. – Edward respondeu, emanando sinceridade. – A onda de energia que a gente recebe entorpece o nosso corpo para qualquer outro tipo de dor. - Soltou um riso abafado. - Irá surgir quando completar a maior idade, assim como os seus poderes.

A garota engoliu em seco, concluindo que os dezoito anos, para muitos, seria o inicio da vida adulta. No entanto, para ela, começaria a espera de uma dor terrível que a deixaria marcada.

— Tem mais uma coisa. – Edward avisou, apoiando o cotovelo em cima das coxas. – O oráculo que me enviou até você, me declarou uma profecia bastante clara, e quero compartilha-lá com você.

— Tudo bem. – A garota concordou, temendo pelo o que estivesse por vir.

Edward suspirou e recitou a profecia. Sua voz rouca e rígida ecoou pelos ventos furiosos, que levavam as folhas soltas junto consigo.

“O Filho de Zeus deve trazer a nova semideusa para o acampamento.

Consigo, deve levar aqueles que lhe confiaria a sua própria vida.

A nova semideusa atende pelo nome de Isabella Marie Swan.

Haverá desafios pelo caminho, e o laço será formado.

A outra parte dessa profecia, deverá ser ouvida,

Apenas pela nova semideusa

E pelo o seu salvador."

Para Isabella, a profecia estava bastante clara e não haviam muitos resquícios de dúvidas. Entretanto, o seu coração estava apertado dentro do peito, dificultando-lhe que o ar adentrasse para os seus pulmões. Primeiramente, concluiu que seria preciso ouvir a outra parte da profecia com Edward ao seu lado. Talvez por isso, a missão dele era levá-la para o acampamento meio sangue.

Entretanto, não foi capaz de entender a parte do laço ser formado.

Tudo ficou ainda mais confuso na parte em que era preciso completar dezoito anos para os poderes aflorarem. 

— Eu não deveria ter feito aquilo com a Harpia, certo?  - A garota questionou, suspirando. – Afinal, os poderes só aparecem com dezoito anos.

— Definitivamente não. – Edward foi sincero com a resposta, arrancando um sorriso torto da garota. – Pelo menos, não naquele jeito. Por exemplo, eu levei muitos meses para aprender a flutuar. Não sei como você conseguiu explodir aquela galinha.

— Pelo menos você é sincero.  – Ela gostou daquele fato. – Mas, e a minha mãe, Edward? Eu preciso saber como ela está.

— Eu já te falei, ela está em segurança. Tem pessoas cuidando dela, das quais eu confiaria a minha própria vida, conforme afirma a profecia, lembra?

Bella teve que prender alguns fios do seu cabelo atrás da orelha, devido as rajadas fortes que praticamente faziam a arvore balançar. Ela estava se sentindo muito infantilizada com a presença do garoto ao seu lado. Tal sensação lhe causava um desconforto no estômago.  Ela não gostava de se sentir dependente de alguém.

— É bom você manter com a sua promessa, Edward. – Bella ameaçou, apontando o dedo para ele. – Porque se algo acontecer com a minha mãe, eu vou arranjar um jeito de te fritar como fiz com aquela Harpia.

Edward sorriu mediate a afirmação da garota, como se estivesse gostando da provocação. Ele nunca recusava uma boa batalha.

Inesperadamente, a garota ouviu um zunido alto e algo passou raspando pela sua cabeça. Por pouco, não caiu do tronco de arvore, se não fosse pelo fato de ter se agarrado a tempo, sendo que Edward já estava na metade do caminho para segurar os ombros da garota.

Os olhos dela não foram rápidos para acompanhar, mas Edward conseguiu agarrar no ar um objeto de extensão comprida e fina, sendo que em sua ponta, estava posicionada algo pontiagudo. Era uma flecha. Instantaneamente, várias outras começaram a atingir o tronco da árvore que estavam apoiados. Vinham do chão.

Bella escutou um grunhido baixo e olhou na direção de Edward. Imediatamente, encontrou os olhos do garoto caídos  e, portanto, voltou sua atenção para a mesma direção. Ela gritou de susto quando se deparou com uma flecha emperrada no braço dele. Em um gesto automático, começou a engatinhar em sua direção, em uma tentativa de socorre-lo, mas não foi rápida o suficiente, pois ele escorregou do galho e caiu.

Ela não pensou duas vezes e pulou junto com ele.


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Notas finais do capítulo

Então, pessoal, vocês gostaram? Preferem capítulos menores, maiores?
Não deixem de comentar, pois, isso me ajuda BASTANTE!
Vou logo avisando que, o próximo capítulo terá muita ação. Qual é a opinião de vocês sobre o que está acontecendo? Tento postar o mais rápido que eu puder.
Enfim, um grande abraço, e espero pelos comentários!