A Filha da Morte escrita por Ruan


Capítulo 3
Capítulo lll - Uma galinha no tapete da minha sala




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A garota encarava o desconhecido em seu quarto.

Primeiro, ele aparecerá do nada, como tivesse simplesmente se materializado no recinto. Por esguelha, Bella pode visualizar as cortinas do seu quarto em movimento junto com o vento que adentrava no cômodo. Não, ela pensou. Era humanamente impossível que alguém fosse capaz de escalar até o décimo andar. Pela porta, talvez? Improvável, visto que sua mãe acordava com qualquer barulho vindo da sala. Sentido o coração apertar dentro do peito devido ao nervosismo, Bella segurou firmemente o taco entre os dedos, apontando-o em direção do garoto que dizia se chamar Edward. Aquilo só poderia ser um sonho.

– Eu não sei como você entrou no meu quarto. – Ela disse calmamente, pois não queria acordar a sua mãe, embora o estrondo vindo da sala provavelmente o tivesse feito. – Mas quero que saia daqui agora.

Edward ergueu uma das sobrancelhas, em um tom visível de zombaria. Em seguida, suspirou.

– Tifão está atrás de você. E não vai parar até conseguir. Então, facilite as coisas e simplesmente me obedeça. Pode ser?

Bella o encarou por longos segundos, não querendo acreditar no que estava acontecendo. Quem ele pensava que era para exigir qualquer coisa dela com aquele tom de obediência? E afinal, o que diabos significava a palavra Tifão? Ela poderia jurar que já ouvira aquele nome em alguma aula de história, mas não se recordou, visto que sempre tirava um cochilo nas matérias da escola. Sabe como é, Bella não fazia o tipo de menina estudiosa e certinha, com um futuro planejado na cabeça. Fazer faculdade, talvez uma especialização, depois encontrar um namorado e construir um futuro promissor e rico. Esse nunca foi seu forte, na verdade. Seu espírito sempre fora livre, sentindo-se agoniado em qualquer plano que criasse amarras.

Ela ficou paralisada no lugar, sem saber o que fazer. Poderia gritar, pedindo por socorro. Porém, não sabia o que sua mãe pensaria a respeito, pois já estava estressada o suficiente com a filha. Poderia cogitar que aquela era uma brincadeira boba, daqueles que os filhos fazem somente para irritar os pais. Mas, pensando bem, que tipo de pessoa trás um estranho para casa com o objetivo causar estresse na mãe? Também havia a possibilidade de jogar o taco de beisebol na cabeça de Edward e correr. A última opção parecia a mais viável.

Quando o garoto deu um passo para frente, ameaçando se aproximar, Bella se esqueceu de todos os seus planos e deixou o taco cair no chão com um baque. Em seguida, deu as costas para o cômodo e abriu a porta rapidamente, correndo em direção da sala. Sua mãe provavelmente estava acordada, ligando para a central da policia. Afinal, Edward havia falado que eles estavam ali. Provavelmente os outros amigos assaltantes.

Porém, quando chegou ao seu destino, não encontrou outros garotos vestindo o mesmo moletom preto que Edward, somente no aguardo para agarrá-la e a sequestrar. Talvez até levar alguns objetos valiosos para vender. Ao invés disso, deu de cara com algo inacreditável.

Parecia uma mulher. Se não fosse pelas assas cheias de penas e os pés iguais a de uma galinha. Os olhos azuis fitavam Bella, sendo que a boca estava aberta em um sorriso terrível, revelando uma serie de dentes tortos e pretos, como se estivessem podres. Os seios estavam a mostra, assim como a barriga, sendo que o imenso cabelo negro ia até a cintura, tapando boa parte da pele exposta.

– Isso só pode ser um pesadelo. – Bella murmurou para si mesma. Percebeu que as pernas simplesmente não respondiam ao comando do cérebro.

– Pode apostar que não é.

Edward surgiu ao lado de Bella, fazendo com que a garota pulasse do lugar. Incrédula, ela olhou em direção do quarto de sua mãe, do qual a porta se encontrava fechada. Como sua mãe não escutou o barulho todo? Será que estava demasiadamente cansada do trabalho que caiu em um sono profundo? E o padrasto? Aquele definitivamente não era um bom dia para uma boa noite de sono.

– Silenciei o quarto da sua mãe. – Os olhos de Edward caíram na garota ao seu lado. Por um momento, ele ficou admirado com o fato de que ela não soltou nenhum berro, ou desmaiou. Era muito corajosa. – A gente tem que tirar a Harpia do seu apartamento.

Harpia. Por incrível que pareça, Bella se lembrou da origem do nome. Elas eram criaturas representadas como aves de rapina com o rosto de uma mulher, assim como os seios. Pelo menos essa era a explicação que o professor havia lhe dado em uma das aulas a respeito da cultura grega. Entretanto, Tifão ainda não fazia o menor sentido. Sua cabeça começou a doer. O coração continuava disparado dentro do peito, fazendo que com os pulmões ardessem e fosse difícil respirar. “Silenciei o quarto da sua mãe”, o desconhecido havia dito. Como alguém conseguia fazer uma coisa dessas?

Nada do que estava acontecendo correspondia com os padrões normais da humanidade.

– Tem uma galinha no tapete da minha sala. – Bella jogou os cabelos molhados para trás da cabeça, encarando a criatura posicionada no meio da sala.

De repente, tudo aconteceu rápido demais. Em um momento, a garota estava encarando a Harpia, com um desconhecido que fazia os quartos se silenciarem ao seu lado. No outro, a criatura avançou assustadoramente em sua direção, cortando o ar com as assas. Definitivamente estava voando. O grito que solto foi estridente, fazendo com que Bella tapasse os ouvidos com as mãos, enquanto presenciava sua morte com os próprios olhos. As garras estavam perto demais de seu rosto.

Até que Edward se colocou na frente da garota. O peito largo descia e subia através do tecido negro do moletom. Com apenas um movimento da mão, como se estivesse dando um tapa no ar, fez com que uma rajada de vento surgisse do nada, a qual atingiu a Harpia em cheio. A criatura voou em direção da parede, caindo no chão.

Bella encarou a situação como se estivesse em um pesadelo.

O garoto se aproximou dela, pegando-a pelo braço. Os olhos de topázio a fitavam, transmitindo um sinal de emergência. De repente, o cômodo começou a tremer e as luzes piscaram várias vezes.

– Precisamos correr. Agora. – Ele disse.

– Mas minha mãe está aqui e meu padrasto também! - Bella estava gritando, agarrando as mãos de Edward. Não queria ser levada por ele.

– Enquanto você continuar aqui, aquele monstro também. Ela vai nos seguir.

– Mas...

E antes que a garota pudesse dizer qualquer coisa, Edward passou os braços pela cintura dela e a jogou em seus ombros, como um perfeito homem das cavernas. Em seguida, atravessou a sala com muita presa. Mas não foi em direção da porta de saída. E sim da janela.

Quando se deu conta, Bella estava caindo do décimo andar nos ombros de um desconhecido.


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Notas finais do capítulo

Depois de tanto tempo, resolvi posta rum novo capítulo, pois muitas pessoas pediram para que eu continuasse. Aproveitei que eu estava inspirado. Eai, o que me dizem? Aguardo comentários e sugestões.
Abraços :)



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