P.O.V. Alice

Acordo com uma dor imensa nas costas, e percebo que dormi no chão, ao lado da porta. Me culpo por isso, a primeira noite no meu apartamento eu dormi chorando e no chão duro.

Olho ao redor e já esta claro, me levanto devagar e solto um murmuro de dor ao me levantar, pego meu celular no sofá, e já são 10:30 ou seja, tenho que me arrumar logo, Harry pode chegar a qualquer momento.

Entro no banheiro, tiro minha roupa e entro embaixo do chuveiro sem me olhar no espelho, não quero me assustar com o estado que devo estar. Deixo a água quente aliviar as dores do meu corpo, e levar embora todos os vestígios da noite anterior, se é que isso é possível.

Saio do banho, e coloco uma roupa simples (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=109470883&.locale=pt-br) e resolvi esperar o Harry na portaria, não quero aquele louco no meu apartamento mais uma vez.

– Bom dia! – o porteiro.

– Bom dia...? – ele me entendeu.

– Luis senhorita.

– Ah, prazer Luis, sou Alice – digo apertando sua mão.

– Tem um rapaz te esperando, Harry se não me engano.

– Ah sim, vou indo então – acenei – Tchau Luis!

– Tchau Alice – que porteiro simpático.

Fui andando até a calçada e vi o carro dele parado, olhei mais pouco e lá estava ele, dentro do carro. Cheguei perto do carro, e abri a porta.

– Oi – disse sem animação.

– Ah, oi – ele se ajeitou no assento.

– Esta aqui há muito tempo?

– Não eu que cheguei cedo.

Não falamos mais nada, ele dirigiu até um parque a duas quadras do prédio. Ele estacionou e nós descemos.

– Esse é parque é ótimo pra quem quer descansar, correr, passar... Enfim, não é muito grande e é super calmo, ótimo pra quem quer fugir da barulheira de Londres.

– Ah interessante, você costuma vir aqui? – perguntei, lhe encarando pela primeira vez.

– Sim, venho aqui pra pensar...

– Entendi – respondi e começamos a caminhar pelo parque.

– Não sei se reparou, mas no caminho pra chegar aqui tinha um supermercado – assenti, eu prestei atenção nisso. – Então, lá é um ótimo lugar para fazer compras, e não é longe da sua casa.

– Obrigada, se der hoje mesmo vou lá comprar umas coisas.

– Se quiser vou com você – ele se vira e fica de frente pra mim.

– Não precisa, eu sei fazer compras sozinha. – digo séria, e ele se aproxima, quase encostando nossos rostos – E se afasta!

Eu fui empurra-lo, mas ele segurou meu braço e nos aproximou ainda mais, quase colando nossos lábios.

– A nossa conversa ainda não acabou, você sabe disso – ele disse com a voz um pouco rouca.

– Acabou sim – eu o encarei – Vamos, eu não tenho o dia todo.

Me afastei e sai andando em direção ao carro.

– Ah... Alice

– O que foi? – parei de andar.

– O carro fica pra lá – ele indicou o lado contrário ao que eu estava indo.

– Idiota – falei e fui em direção ao carro, e quando passe por ele ouvi uma risada.

Entrei no carro e fiquei esperando ele entrar, e nesse meio tempo fiquei pensando na minha vontade de agarra-lo no meio do parque e deixar esse passado pra trás.

– Você vai fazer moda certo?

– Sim

– A sua faculdade é longe da sua casa?

– É sim

– Você tem algum papel da faculdade ai?

– Tenho sim – peguei um papel que eles mandaram com algumas instruções e entreguei a Harry – aqui.

– Ah que legal! – o olhei sem entender – A sua faculdade é a mesma que a minha!

– O QUE?! – gritei, não é possível.

– Isso mesmo, essa faculdade oferece vários cursos, entre eles engenharia, o que eu vou fazer.

– Eu mereço – abaixo a cabeça – Pensei que não ia precisar te encontrar nunca mais...

– Vou ignorar isso – ele sorri – Mas, a faculdade é meio longe da sua casa, você sabe não é?

– Sim eu sei, mas eu dou um jeito, fiquei sabendo que tem duas garotas no meu prédio que estudam lá, se der converso com elas e vejo se consigo uma carona.

– Boa ideia.

– É... – e o silêncio reina novamente.

– Se quiser posso te dar carona

– Não obrigada – respondo seca.

– Tudo bem – silêncio - Conseguimos ter uma conversa civilizada – ele me olha – E sobre ontem...

– Não vamos falar disso, por favor – abaixei a cabeça e suspirei.

– Mas, eu preciso te explicar!

– Eu não quero explicação, você não entendeu ainda? – nesse instante senti uma vontade imensa de chorar, abaixei a cabeça pra disfarçar.

– Porque você não quer uma explicação? – ele se aproxima e segura meu rosto.

– Porque eu demorei muito pra superar o que aconteceu – tiro a mão dele do meu rosto – E ta sendo muito difícil pra mim ter que te reencontrar e pedir a sua ajuda pra conhecer a cidade

– Mas se você me ouvir, vai entender os meus motivos!

– Não Harry, eu não quero entender ou até mesmo aceitar os seus motivos – virei o rosto – agora me leva pra casa, esse “passeio” já deu o que tinha que dar.

– Alice...

– Ótimo, eu vou sozinha – abro a porta e desço do carro, não olho pra trás, mas sei que ele desceu do carro e esta vindo atrás de mim.

– ALICE, ESPERA ALICE!!! – ignoro. – ALICE EVANS ME ESCUTE AGORA!

Me viro um pouco assustada com seu tom de voz, ele esta parado a um metro de mim mais ou menos.

– Por favor, me deixa ir embora – suspiro – Você não precisa me explicar nada, eu não estou te cobrando isso.

– Mas eu preciso! – ele se aproxima, eu olho ao nosso redor e vejo muitas pessoas nos observando – Você não sabe como me arrependo por não responder suas cartas e as suas ligações.

– É passado.

– Pode até ser Alice,mas isso mexe com você ainda, e mesmo que você negue – ele segurou a minha cintura forte, senti um corrente elétrica percorrer por todo o meu corpo, como senti saudades do seu toque – Eu sei que você ainda me ama – ele sussurra em meu ouvido me fazendo arrepiar.

Ele deu selinhos em meu pescoço, e eu me deixo levar.

– Tem pessoas nos olhando Harry – minha voz saia com dificuldade.

– Então vem comigo Lili – nem me lembrava desse apelido.

Ele se afastou e segurou minha mão, estava com um sorriso malicioso. E O QUE EU ESTOU FAZENDO INDO COM ELE?

– Eu não posso – me solto dele. – Tenho que ir, obrigada por tudo.

– Alice! – ele continua parado enquanto eu ando em direção a minha casa.

– Não ouse vir atrás de mim – digo – Nos vemos na faculdade.

Sai andando completamente sem rumo, mesmo sabendo que aquele era o caminho para o meu prédio. E depois de 10 minutos caminhando cheguei, o porteiro era outro, olhei no relógio e já passava da hora do almoço.

– Com licença – digo me aproximando do novo porteiro.

– Pois não.

– Bom, eu fiquei sabendo que duas garotas que moram nesse prédio fazem essa faculdade – lhe entreguei o papel, o mesmo que entreguei a Harry – E eu queria muito saber qual o apartamento delas, pra conversar e ver se elas podem me dar carona até a faculdade.

– Ah sim – ele me entregou o papel – Lucy Thomas e Annie Waters

– E qual é o apartamento delas?

– apartamento 47, no 4º andar.

– Ah que ótimo, mesmo andar que o meu! – aperto a mão do porteiro – Muito obrigada.

– Não precisa agradecer senhorita!

Virei e caminhei até o elevador, e fui em direção ao quarto andar. O elevador parou e fui direto ao apartamento 47. Bati na porta, uma garota muito bonita e da minha altura, porém loira e de olhos azuis atendeu a porta.

– Olá! – digo sorridente.

– Oi.

– Você é a Lucy ou a Annie? – pergunto e ela sorri.

– Eu sou a Annie, Annie Waters – ela a aperta minha mão – Muito prazer, você é...?

– Alice Evans, eu moro neste andar também, apartamento 42.

– Ah, entre Alice! – ela da passagem pra eu entrar no apartamento, era como o meu, porem com mais móveis e muito bem decorado. – Sente-se. – Me sentei e uma garota morena, de olhos castanhos e muito bonita também, veio da cozinha.

– Quem é essa Annie? – ela diz mordendo uma maça e se sentando do meu lado.

– Essa é Alice Evans, ela mora no apartamento 42.

– Então você é a nova moradora – ela estende a mão e eu a aperto – Prazer Alice, sou Lucy Thomas.

– Prazer – sorri – Bom, antes que perguntem o que estou fazendo aqui, é o seguinte – Annie se senta perto da gente. – Eu vou estudar na mesma faculdade que vocês, e como sabem a faculdade é um pouco longe daqui...

– O que vai cursar? – Lucy me interrompe.

– Moda – digo.

– Ah que legal, eu também! Bate aqui – eu bato em sua mão rindo. – A Annie ia fazer moda, mas mudou de ideia, vai fazer engenharia.

– Acontece – Annie diz. - Agora a deixe continuar Lucy – ela levanta as mãos em sinal de rendição e eu continuo.

– Enfim, eu ainda não tenho um carro, e queria saber se posso ir com vocês pra faculdade, se quiserem eu pago...

– Nem pensar! – Annie diz e me assusto – Você pode sim ir com a gente, mas nada de pagar, vai ser ótimo mais uma amiga.

– Isso ai! Pode ir com a gente.

– Nossa, muito obrigada, de verdade meninas, vocês são um máximo.

– Nós sabemos – Lucy diz mordendo a maça.

– Bom, agora tenho que ir, nos vemos daqui a dois dias – me levanto e elas me acompanham até a porta – Que horário vocês vão pra faculdade?

– As aulas começam as 08h30min, certo? – assenti – Umas 08h00min, pode nos esperar na portaria.

– OK, combinado – dou um abraço em cada uma e vou embora.

Entro no meu apartamento e me jogo no sofá, sinto uma fome e resolvo ligar pra portaria pra pegar o telefone de algum restaurante bom. O porteiro passa o telefone e novamente o agradeço pela ajuda com as meninas.

Depois de comer resolvo voltar ao parque que Harry me mostrou, e falando nele, ainda bem que não me procurou.

Chego rápido ao parque e fico caminhando por um tempo, então me sento em um banco qualquer enquanto observo umas crianças brincarem.

– Com licença, posso me sentar aqui?