P.O.V. Alice

Ao entrar no meu apartamento me joguei no sofá e comecei a chorar, não sei o motivo é que o odeio pelo o que fez ou por ter sido tão seca e sem educação com ele hoje.

Alice você foi um idiota! Se quer provar pra ele que o esqueceu e superou não haja como uma criança irritada, mostre que não se importa, e converse com ele normal.

Eu sei que fui idiota, mas acha que é fácil reencontrar o primeiro e único garoto que você amou por anos e que depois te abandonou?

Não deve ser fácil, mas precisa superar e ser firme na frente dele, nada de responder brava ou coisa do tipo, haja normalmente, seja você mesma.

Eu vou tentar, eu prometo que vou tentar.

Depois dessa pequena conversa com a minha consciência resolvi arrumar minhas roupas, me levantei e fui pro meu quarto. Abri as malas e comecei a arruma-las no armário que tinha no meu quarto.

Ele também não era muito grande, tinha uma cama de casal com um criado mudo do lado, uma mesa de estudos com uma estante para os meus livros do lado, em outra parede ficava o armário, e a penteadeira do outro lado da cama com um espelho.

Arrumei as roupas, os sapatos e coloquei as minhas maquiagens e coisa do tipo nas gavetas da penteadeira, e os meus queridos livros eu coloquei na estante, e o computador já estava arrumado na mesa de estudos.

Pronto, agora esta tudo pronto.

Depois de arrumar as coisas fui fazer alguma coisa pra comer, e enquanto preparava o almoço fiquei pensando em como é ruim morar sozinha, ninguém pra conversar. Mas espantei esses pensamentos da minha cabeça, esta tudo certo, estou realizando o meu sonho não estou?

Não se engane Alice, você sente falta dos seus pais, e agora que viu o Harry depois de anos seu amor por ele esta voltando, se é que algum dia você deixou de ama-lo.

Da pra parar? Eu estou sim com saudade dos meus pais, mas vou tentar falar com eles sempre, e quando der volto pra Marysville pra visita-los, estamos em setembro e logo chega o natal, vou vê-los novamente.

E o Harry?

Para de falar nesse garoto! Eu o amo sim, mas não quero me envolver com ele, não depois do que eu passei, e não pense que é fácil perdoa-lo porque não é! Ninguém realmente sabe o que passei depois que ele foi embora, eu mandava cartas e telefonava, e alem de não responder as cartas ele não atendia as minhas ligações, ele me esqueceu. Jogou tudo o que passamos tudo o que sentimos um pelo outro no lixo!

Ok, ok! Vá com calma, desculpe não queria te deixar irritada.

Essa é a minha reação quando falam dele.

Terminei o almoço, arrumei a cozinha e fui assistir TV, não era muito tarde umas 14h00min e estava um pouco frio então peguei um cobertor e me deitei no sofá. Estava distraída com o filme e não percebi que meu celular estava tocando, o número era desconhecido, mas resolvi atender.

– Alô – Digo com voz de desanimada.

– Ah... É, o-oi Alice... é o Harry – ele gaguejava.

– Oi Harry, porque ligou? – Segui minha consciência, e mesmo querendo conversar com ele e dizer como senti saudades eu segui firme, sem ser mal educada.

– Bom, eu só queria falar com você...

– Sobre?

– Porque disse aquilo pra mim quando saiu do carro? E porque foi rude comigo e todo momento em que eu te olhava você fechava a cara e desviava o olhar? – ele parou de gaguejar, falava firme e meu coração acelerou com a pergunta.

– Ah aquilo, quer mesmo que eu te explique Harry?

– Por favor!

– Vamos lá – Me arrumei no sofá, isso foi meio idiota, já que estamos nos falando pelo telefone, mas enfim vamos adiante – Eu estou agindo assim porque você sempre disse que me amava,e nós éramos felizes até recebermos a noticia que você teria que se mudar, eu fiquei muito triste, mas não podia ser egoísta a ponto de não aceitar essa mudança, esse sempre foi o sonho dos seus pais...

– Nenhuma novidade até ai

– Me deixa terminar?

– OK, continua.

– Enfim, então você se mudou e me PROMETEU – resolvi deixar isso bem claro – que me escreveria toda semana, e que me ligaria também, mas ai – Uma lágrima teimou em escorrer pelo meu rosto, permiti, não dava pra segurar – Você me esquece, para de mandar cartas e de me ligar, e eu ainda não sei por que – nesse ponto já estava difícil falar com o tanto que eu chorava me lembrando do que aconteceu – E você não sabe como eu me senti Harry, eu passava o dia todo chorando e lamentando a sua partida, meus pais não acreditavam que você tinha me abandonado, mas o motivo era simples, VOCÊ NÃO ME AMAVA MAIS, NA VERDADE EU ACHO QUE VOCÊ NUNCA ME AMOU! – eu chorava descontroladamente e cuspia as palavras que estavam entaladas há anos.

– EI SE ACALMA OK! – Ele gritava, e parecia furioso como eu.

– FICAR CALMA? COMO VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMA DEPOIS DE TUDO QUE EU PASSEI NAQUELA CIDADE? ADMITE VOCÊ NUNCA ME AMOU!

– É CLARO QUE EU TE AMEI... – ele se acalmou – eu ainda te amo – sua voz estava calma de novo, mas eu chorava desesperada ainda.

– Mentiroso – decidi para de gritar, aquilo só tava piorando a situação – Se me amasse não teria me esquecido, não teria parado de responder as minhas cartas, e teria um pingo de vergonha na cara e atenderia aos meus telefonemas – meu coração estava acelerado, e lágrimas ainda escorriam livremente pelo meu rosto.

– Se acalma Alice

– Eu to calma

– Não você não esta – ele suspirou – Me dá uma chance de te explicar o que aconteceu.

Eu pensei em dizer sim, mas já tinha sofrido muito, não queria passar por todo aquele sofrimento mais uma vez.

– NÃO QUERO EXPLICAÇÃO! – Gritei e desliguei o telefone na cara dele.

Deitei-me no sofá e me escondi embaixo do cobertor, e voltei a chorar, só que em silêncio, por é isso o que eu faço, sofro em silencio.

Fiquei assim por um tempo, e quando não tinha mais nada pra chorar resolvi me levantar, e fui ao banheiro lavar o rosto. Meus olhos estavam vermelhos, o rosto inchado de tanto chorar e havia marcas de lagrimas que secaram no meu rosto.

*som da campainha*

– Ah que será! – Enxuguei o rosto e fui abrir a porta bufando de raiva.

Abri a porta e não acreditei no que vi, Harry na porta do meu apartamento.

– Você não é bem vindo, TCHAU! – empurrei a porta, mas ele a segurou com o pé, e a abriu novamente.

– Eu não quero saber – ele foi entrando e ficou parado na minha frente, nossa como ele estava lindo.

EI ALICE SE CONCENTRA! Ok,desculpa.

– Quem você pensa que é pra entrar assim no meu apartamento achando que manda? Saia já daqui!

– Não antes de você me ouvir – e antes que eu começasse um escândalo – calma, eu só quero conversar!

– Mas eu não quero! Eu já te disse o que tinha pra dizer, agora vai embora Harry.

– Você não mudou nada Alice, nervosinha e cabeça-dura como sempre.

– Você não sabe nada de mim! – eu estava começando a me estressar de novo, e respirei fundo – Por favor, vai embora antes que eu chame a policia!

– Eu já disse – ele se sentou no meu sofá – só vou depois que me ouvir!

– SAI DA MINHA CASA! – ele negou com a cabeça, e como se explodisse de raiva, eu voei pra cima dele e comecei a dar tapas e socos no seu peito, e ele tentava me segurar – SAI DA MINHA CASA HARRY! VOCÊ JÁ ME FEZ SOFRER DEMAIS, AGORA VAI EMBORA.

– Para de me bater sua louca! – Ele conseguiu segurar meu braço e me colocou sentada do seu lado, ele se virou pra mim. – Calma, respira.

Eu respirei fundo, tentando fazer com que ele soltasse meus braços, em vão é claro. Ele é bem mais forte que eu.

– Me. Solte. Agora. Mesmo. – falei pausadamente pra que ele entendesse.

– Eu vou te soltar, se você não me bater! – assenti – Promete?

– Sim, não sou como você – ele ficou sem graça e me soltou.

Eu arrumei meus cabelos que estavam desarrumados devido ao ataque de raiva, e o olhei.

– Por favor, Harry vai embora!

– Mas eu preciso te explicar o que aconteceu

– Não precisa explicar, eu já te perdoei ok – menti, mas era preciso, assim ele me deixava em paz – Agora vai embora.

– Já me perdoou certo? – assenti – Então, você ainda me ama?

Nessa hora tive vontade de chorar, de me declarar dizer que ainda o amo, mas não fiz nada disso, me mantive firme, e resolvi mentir.

– Não, eu não te amo – ele abaixa a cabeça – agora vai.

– Eu não acredito em você

– Mas essa é a verdade, agora sai! – Ele se levantou e eu suspirei, finalmente!

Ele foi até a porta e me olhou.

– Você ainda quer que eu te mostre a cidade?

– Sim, não quero fica perdida aqui...

– Ótimo, amanhã eu venho, lá pras 11h00min, pode ser?

– Pode. – ele não diz mais nada, só abaixa a cabeça e vai embora.

Fecho a porta e fico ali, parada. Escorrego até o chão, começo a chorar de novo e abraço os joelhos escondendo o rosto.

– Eu te amo ainda seu idiota – digo pra mim mesma com os olhos cheios de lágrimas – sempre amei.