Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

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No interior da cidade medieval de Navisko, no meio do deserto árido, estavam os portões para a sobrevivência ou morte, tal como anunciava o nome: Survive Or Die. A todo amanhecer em Priston, o SOD abria para quem quisesse se aventurar, e os portões não eram abertos até que a próxima aurora do sol nascesse outra vez. Apenas os guerreiros que lá dentro uma vez já estiveram, podem presenciar o terror de passar oito rounds fatais em arenas repletas de monstros dos piores tipos. Ao vencer no final dos rounds, os guerreiros ganham uma incontável experiência, sem falar na grande quantidade de dinheiro adquirida. Uma maneira de fortalecer corpo e mente para uns, e uma forma de obter meios financeiros para outros. Guardado por oito guardiãs místicas, o SOD é praticamente a mais cruel maneira de evoluir como guerreiro.

         Amanhecia em Navisko, e aquele seria mais um dia em que o salão de entrada do SOD estaria tumultuado pela espera da abertura dos portões. O grande hall era ladeado por paredes altas e um tapete longo e vermelho que atravessava todo o ambiente em direção aos portões grandiosos. Compridas escadarias levavam ao interior do salão, ornado pelas belas oito mulheres. Uma delas, de longas vestes azuis e delicados cabelos do mesmo tom, chamava-se Ariel. As madeixas azuladas desciam pelos ombros nus, enquanto ela repousava em frente à um dos portões do SOD. De costas levemente escoradas à parede rochosa, a guardiã tinha um pequeno livro em mãos, o qual lia calmamente. A multidão que se acumulava no grande salão àquele horário era perturbadora, principalmente por alguns rapazes indiscretos terem o infeliz costume de se aproximar de Ariel para motivos muito mal intencionados devido à beleza radiante da jovem. No entanto, ela tentava não se importar com aqueles infortúnios, pois era uma guardiã reconhecida por sua bondade e serenidade. A guardiã Noas, ao contrário de Ariel, gostava daquele momento agitado do SOD e tinha uma personalidade marcante.

 

- Ariel, escute. - Noas balbuciou aos cochichos em frente ao portão do lado do de Ariel

 

- Hum? - Ariel murmurou, ainda com os olhos azuis profundos nas páginas amareladas do livro

 

- Olhe para mim e pare de ler isso! - Noas ralhou em voz baixa, estreitando o olhar para a guardiã azulada

 

- O que foi? - Ariel lançou um olhar inconformado para Noas, baixando o livro em frente ao corpo

 

- Francamente, quem precisa ler poesias shakespereanas? - Noas suspirou em um lamento irritado, revirando os olhos escuros

 

- Fale logo, Noas. - Ariel cruzou os braços pálidos e encarou a outra guardiã com seu sorriso mais gentil

 

- Soube que o Seth está chegando hoje de Dungeon. - Noas ergueu as sobrancelhas frenética e maliciosamente

 

- E o que eu tenho com isso? - Ariel deixou os ombros caírem decepcionada - Era só isso? - perguntou desdenhosa

 

- É O SETH! - Noas gritou, e se pudesse sairia de seu posto para sacudir Ariel pelos ombros - Você sabe quem é o Seth, não é?! O Knight mais poderoso e bonito de todo o continente! - Noas suspirou com as mãos em frente ao peito

 

- É claro que eu sei quem ele é, mas não me importo se ele chegou hoje ou ontem. Você também não deveria se importar. Pelo que eu saiba, ele nunca olhou pra mim ou pra você. - Ariel voltou os olhos para o livro

 

- Ah, Ariel... Quando é que você vai sonhar? - Noas lastimou-se, virando as costas para Ariel

 

- Quando eu encontrar algo que valha a pena ser sonhado. - Ariel sorriu convincente

 

- Aff, me canso de falar com você. Vamos abrir o SOD. - Noas disse derrotada com o descaso da companheira

 

- Finalmente disse algo que preste. - Ariel guardou o livro debaixo do manto azul que tinha sobre o corpo

 

         O sol finalmente havia raiado por completo no céu azulado de Navisko. Os fantasmas e zumbis que atormentavam as noites escuras daquela cidade abandonada desapareceram com a luz do amanhecer, deixando apenas os rastros da infeliz passagem noturna. Barris virados, paredes riscadas, areia do deserto esparramada pelo chão, bandeiras rasgadas e casas parcialmente destruídas. Os visitantes de Navisko aprenderam há muito tempo que a noite é perigosa naquele lugar, e que não se deve questionar os fantasmas que vagam pela escuridão levada pela lua enfraquecida.

 

 

         Seth POV On.

 

 

         Após passar longos dias de treinamento nos calabouços do deserto longínquo, eu finalmente senti que poderia voltar. A benção divina agora me acompanha por completo, e eu tinha a sensação pura dentro de meu coração de que estava verdadeiramente apto a cumprir o dever de um guerreiro de elite. Como um Knight, o mais consagrado dos guerreiros de Morion, eu havia sido escolhido pela luz dos céus para representar o traço da fé através de minha espada.

         Surgi no portal de Navisko exatamente no instante em que o sol do amanhecer iluminou tudo ao meu redor. A cidade não havia mudado nada durante aqueles dias que fiquei em Dungeon, nos labirintos escuros do subsolo desértico. Acima de tudo, era uma bela manhã, e seu eu não estivesse precisando tanto de dinheiro rápido, dispensaria o SOD por um bom passeio matinal pelo continente. No entanto, o treinamento havia esgotado com todo o meu dinheiro reserva.

         Notei que os guerreiros corriam ao subir a escadaria do SOD, e presumi que os portões estivessem abertos. Eu precisava correr, ou teria de esperar pela manhã seguinte. Saltei do portal para o primeiro degrau da escadaria. Minha longa capa azul vôou pelas minhas costas. Meus joelhos flexionados no pouso, meu corpo acompanhando o movimento em perfeita simetria. O sutil som metálico de minha armadura negra se curvando junto ao meu corpo, reluzindo contra os raios de sol. O peso majestoso da Extreme Sword (Espada Extrema) pendendo em minhas costas, como um peso que eu gostava de carregar, que eu adorava suportar. Aquela espada que havia cortado muitos corpos corrompidos em nome da paz e da divina justiça. Os Deuses haviam me dado o poder para fazer justiça com minhas próprias mãos, e aquela era a minha missão naquele mundo. Meus cabelos azuis como o céu de Navisko naquela manhã dançaram debaixo do capacete metálico que eu ainda não tivera tempo de tirar desde que saíra de Dungeon. Enfim, meu corpo se endireitou e meus pés iniciaram a breve subida até o interior de SOD. Esperei ansiosamente para que ainda houvesse vagas nos grupos de guerreiros para mim.

         Quando desci as escadas do grande salão emoldurado por bandeiras vermelhas, observei que o último guerreiro acabara de passar pelo último portão ainda aberto. O tempo sempre fora meu inimigo, eu lamentava terrivelmente que Cronos não tivesse simpatia por mim.

 

- Espere! - gritei enquanto corria apressadamente pelo salão, atravessando o tapete vermelho; senti que minha capa estava atrasada em relação ao meu corpo naquela corrida

 

- Ah, um atrasado. Rápido, tenho que fechar o portão. - uma bela jovem de cabelos azuis como os meus avisou, fazendo sinal para que eu me aproximasse logo

 

- Obrigado por esperar. - eu disse ofegante quando parei em frente à guardiã; só então reparei melhor na imagem dela

 

- Tudo bem. Seu nome... Seth, não é mesmo? - ela sondou, anotando meu nome em um pequeno livro vermelho; ela era realmente bonita e delicada enquanto movia a caneta sobre o papel

 

- Sim. Seth. - confirmei, um tanto abalado por ter verificado aquela beleza pela primeira vez na guardiã à minha frente

 

- Certo. Entre logo, ou ficará de fora nessa rodada. Boa luta. - ela sorriu docemente, mantendo o portão aberto para mim

 

- Err... Obrigado. - eu vacilei, e senti-me um idiota por minhas pernas paralisarem diante de uma mulher

 

- ... - ela encarou-me curiosa, certamente por eu ainda estar hesitando em entrar

 

- Seu nome. - eu murmurei, dando um passo na direção do portão enquanto meus olhos invadiam os dela

 

- Ariel. - ela disse, e aquilo era só o que eu precisava para saltar para dentro daquele portão

 

         Oh, como ela era linda. Não conseguia explicar o fato de ter passado por aquele portão milhares de vezes e só naquele momento ter percebido o quão bela era aquela guardiã, o quão doce era Ariel. Pela primeira vez em todos aqueles anos, a imagem de uma mulher habitou meu coração, subitamente. Não pude negar aquele sentimento repentino, não pude pensar no que dizer, não pude permanecer mais tempo diante dos olhos calmos dela. Era inédito aquele fato de não sentir apenas monstros e inimigos em minha mente, mas somente uma angelical mulher.

         Os portões se fecharam, separando-me de Ariel, e somente o que eu pude fazer foi ganhar aquela rodada por ela. Por nós. Pois mal sabia ela, que com aquele dinheiro, eu a chamaria para sair naquela noite. Tiraria Ariel daquela cidade povoada por fantasmas quando a lua surgisse no céu escuro, e a aqueceria com minha companhia afável. Não que eu fosse convencido, mas como poderia eu ficar na companhia de uma mulher tão doce se não o mais afável possível?

        

         "Ariel, espere-me esta noite. Eu penetrarei na escuridão horrenda de Navisko para lhe buscar. Ariel, eu virei, certamente"

 

         Meu pensamento não parava. Meu coração palpitava. E apenas o que eu podia sentir era uma patética paixão que me corroia internamente, embora eu estivesse tão feliz como nunca. Os olhos claros dela povoaram os meus sonhos calorosos.   


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