Enquanto isso, Sasuke seguia para a casa de Itachi, seu irmão, pensando na garota de cabelo rosa.

~*~

Sasuke tocou a campainha da pequena casa onde Itachi morava sozinho e esperou alguns segundos, até que Naruto veio atender a porta.

Estava animado, mas pelo menos não gritava, como já era normal.

- Teme! – berrou ele, fazendo Sasuke pensar que comemorara cedo demais.

- Cala a boca Naruto. – murmurou adentrando a casa do irmão.

Estavam sentados no sofá Neji, Gaara, Shikamaru e... Sakura!

Sem dúvida era a garota de cabelos cor de rosa que estava sentada ali, inconfundível.

Apesar de ter os cabelos enormes presos em uma trança, aquelas esmeraldas em brasa e o tom estranho de cabelo não deixavam dúvidas. Ela usava um vestido amarelo muito claro, simples, como a maioria das mulheres usava.

Em suas mãos repousavam um copo cheio de um líquido transparente, que o moreno identificou como água.

Agora, o que incomodava o Uchiha mais novo era o que uma garota estava fazendo ali se nem Temari, esposa de Shikamaru, que é intrometida nunca foi a uma das ‘confraternizações’ deles?

Itachi veio da cozinha com garrafinhas de cerveja e saiu distribuindo para os caras.

- Itachi! – perguntou Sasuke em voz baixa quando o irmão veio até ele entregar uma garrafa. – O que ela está fazendo aqui?

- Ah, Saki estava perdida pelo jardim, quando eu passava com as cervejas que peguei no depósito. – explicou Itachi distraído. – Ela não tem onde ficar nem o que fazer, portanto a trouxe pra cá.

- Está louco? Vai morar com uma garota?

- Não. – o mais velho revirou os olhos. – Tsunade-sama já arrumou uma casa pra ela irmãozinho. Só que a garota estava muito sozinha e resolvi trazê-la pra cá.

Sasuke não entendia, mas a idéia de seu irmão sendo gentil com a estranha de cabelo rosa o intrigava e o incomodava. Murmurando algo que Itachi não entendeu e abriu a garrafa de cerveja, virando metade de seu conteúdo de uma vez.

Seus olhos por vezes pousavam na face pálida e angelical da menina e mal participava das conversas. Claro que em seu íntimo ele justificava isso dizendo que ainda estava abalado pela perda do filho, e de fato estava, e por isso não prestava atenção em nada.

Mas a verdade era que ele estava vidrado em Sakura, porém não iria admitir.

Lá pelo meio da madrugada Sakura levantou-se murmurando algo como ‘Tenho que ir’ e saiu pela porta, passando consequentemente perto de Sasuke.

O moreno embriagou-se um momento com o cheiro de morango que vinha dela, um cheiro doce com um toque amargo. Alguns minutos depois da garota ter saído, Sasuke passou pela porta sem fazer barulho nem avisar ninguém. Mas seus amigos não acharam estranho seu comportamento por causa dos acontecimentos recentes.

Sakura passou pelo jardim artificial, algumas lágrimas escorrendo por seu rosto ainda pálido. Não entendia o porquê de tudo aquilo que aconteceu com ela, não sabia, não mesmo. E não queria entender, já que se soubesse colocaria a vida daqueles que a acolheram em perigo.

Caminhou até uma casinha pintada de azul claro, que mesmo que não soubesse era ao lado da casa daquele que tanto chamara sua atenção, a primeira pessoa que vira depois de 10 anos de confinamento.

Uchiha Sasuke. Sabia seu nome porque Itachi falara pra ela quando a encontrou mais cedo naquele dia.

Ainda meio distraída, virou a chave na fechadura e contemplou sua nova casa. Era linda e ajeitada, o suficiente aconchegante para morarem duas pessoas.

Entrou na casa e foi para o quarto. Após um banho demorado e quente, vestiu a camisola que a comandante arrumara pra ela e dormiu, pensando nele.

Embora ela não saiba, naquele mesmo momento, o capitão Uchiha deitava-se ao lado de sua noiva, pensando na rosada.

~*~

Mais um dia na nave Salvation. Pelo menos era o que Sasuke achava. Esse dia não seria como os outros.

Após acordar bem disposto e encontrar uma Ino mais feliz e disposta a tentar começar de novo, o capitão da HS passou pelo hospital para ver o general Hatake Kakashi. Ele estava bem, recuperado quase totalmente, graças aos cuidados da comandante, que além de médica era sua esposa.

Caminhando tranquilamente pelo corredor em direção a sala da comandante, Sasuke resolveu entrar no QG da Human Salvation.

Era ali que sua surpresa começava.

Viu ali seus amigos já uniformizados, alguns jogando videogame, outros malhando e ainda alguns, como Shikamaru, jogando alguma coisa.

Só que o que lhe chamou atenção foi um pontinho rosa sentada a uma poltrona no canto conversando com Itachi.

Achando que já estava vendo coisas, ele caminhou com os olhos semicerrados até a poltrona distante na sala circular.

Ao constatar que era mesmo Sakura, o capitão se irritou. Com que permissão ele trazia sua nova namoradinha pra dentro da base de operações HS? E porque a ideia dos dois juntos o incomodava a ponto de querer matar seu irmão?

Não entendia nenhum dos motivos, mas sua irritação era crescente.

- Itachi! – esbravejou o Uchiha mais novo com uma fúria palpável. – O que ela faz aqui?

Itachi riu gostosamente, encarando o irmão com uma sobrancelha erguida. Sakura encarava Sasuke com uma expressão contida, como se quisesse cair na gargalhada também.

- E qual é a graça agora? – perguntou menos furioso, não entendendo o motivo das risadas.

- Vá perguntar a comandante Sasuke, e para de encher.

Dito isso, Itachi voltou a conversar com Sakura, que assim que viu o moreno mais novo sair, a rosada caiu na gargalhada.

Bufando irritado, Sasuke saiu da sala indo em direção à sala de Tsunade, querendo saber por que diabos havia uma garota no seu local de trabalho.

Entrou na sala sem bater, fazendo a loura levantar os olhos dos papeis que examinava atentamente, ladeada por Shizune.

- Algum problema Sasuke? – perguntou a comandante desconfiada, já que não era hábito do sempre tão calmo Uchiha entrar furioso em seu gabinete.

- O que a Haruno está fazendo no meu local de trabalho? – indagou o moreno ainda de pé.

- Eu tinha que arrumar alguma coisa pra ela fazer aqui dentro da nave, mas ela se mostrou desconhecida sobre tudo que não fosse luta. Por isso a coloquei na sua esquadra Sasuke. – esclareceu Tsunade voltando a olhar para seus papéis. – Algum problema?

Sasuke respirou fundo, muito fundo. Contou até 10, depois até 20 e depois novamente até 150. Tsunade observava divertida enquanto Shizune, prevendo o ataque dele, estava apreensiva.

Finalmente, depois de fechar os olhos por uns 5 minutos, ele abriu os olhos cor de ônix, que estavam em brasas.

- COLOCARAM UMA GAROTA NA MINHA ESQUADRA? – berrou o Uchiha ficando vermelho. Não podia acreditar que teria que ficar de babá da menina.

Tsunade, segurando o riso, levantou da mesa e apoiou as mãos na mesa, fazendo-a tremer com sua força descomunal.

- Coloquei sim, algum problema Uchiha? – perguntou ela retoricamente sem se alterar, fitando o moreno com seus olhos cor de mel penetrantes.

Ainda muito alterado, Sasuke murmurou uma negativa e saiu desembalado pelos corredores, levando consigo o papel da missão que Shizune o entregara.

Repetindo a cena do QG, Tsunade caiu na risada assim que a porta se fechou.

Ele não podia acreditar que estavam tentando lhe punir. Não havia motivo. Sempre tivera uma conduta exemplar, não sabia o que poderia ter feito para merecer tal castigo.

Assim que chegou a porta, repetiu o mantra que tinha criado na sala da comandante para se acalmar. Mas desta vez teve que contar até 289.

Abriu a porta e encontrou todos olhando pra ele apreensivos. Provavelmente esperavam ter que presenciar o mesmo show que ele fez no gabinete da loura Tsunade.

Mas incrivelmente o comandante sentou-se a uma poltrona reclinável e leu a missão que executariam aquele dia.

Todos o olhavam como se tivessem congelados na mesma posição. Exceto Itachi e Sakura que se sacudiam de rir.

10 minutos depois, o capitão levantou-se e foi até um armário de vidro. Lá dentro pegou uma arma de torpedos de fótons, uma de plasma e uma laser e jogou pra rosada.

Ela habilmente pegou todas elas no ar, e, como já tinha o capacete, não precisava de mais nada.

Sasuke então se pôs a explicar os detalhes da missão.

- Nós vamos até Spirit, temos que fazer a guarda da nave durante a estada de três dias para a produção de antimateria.

Todos assentiram, até mesmo a rosada que ficava animada só com a possibilidade de sair da nave.

Naquele momento, Ino adentrou a sala chorosa. Atirou-se aos braços de Sasuke, irritando Sakura de tal modo que fez um barulhinho depreciativo com a garganta.

- Ah Sasuke-kun! – choramingou Ino ainda agarrada ao pescoço do Uchiha mais novo. – Diz que não vai me deixar por três dias, por favor? E o que ela está fazendo aqui?

- Longa história amor, longa. – suspirou Sasuke, saindo dali com a esposa em direção a sua casa, para fazer as malas.

Logo não se via mais ninguém naquela sala.

Os últimos a sair foram Sakura e Itachi, que se divertiam com a imitação que Sakura fazia de Ino.