Voltou à nave, deixando além de destroços uma nave incapacitada de operar, completamente vazia, flutuando no imenso Universo.

~*~

Descobertas

Dez anos depois...

O rapaz de cabelos negros caminhava altivo pelos corredores de alumínio espacial, cheio de pessoas andando para todos os lados, entre elas soldados HS.

Dirigia-se a sala da comandante Tsunade.

Uchiha Sasuke não era mais aquela criança que tinha medo do sol vermelho, mas sim o destemido capitão da unidade Human Salvation da nave Salvation.

Como seu general, Kakashi Hatake, estava de licença, Sasuke assumiu o comando temporariamente.

Apertou um botão cinzento ao chegar à porta da sala da comandante e entrou. Lá estava a loura de olhos mel, sentada a sua mesa, com Shizune ao seu lado.

Bateu continência para a superior, recebendo a ordem de descansar. Adiantou-se até a mesa dela e largou um relatório ali em cima, dados de sua última missão combatendo os separatistas.

A Salvation, juntamente com a Universe e Moon eram a chamada República. República de New Earth.

A Nature e a Spirit eram menores que as três primeiras, por isso eram a ‘população’ da chamada República, junto com as pequenas naves de pessoas que não puderam embarcar nas grandes naves de sobrevivência.

Querendo desmembrar isso e fundar um império no planeta inóspito Klork, estavam os separatistas, que juntaram a maior partes das naves independentes nessa aspiração. Esses eram chamados Separatistas e sua esquadra de Clone.

- Vitória nossa, comandante. – informou Sasuke com um ligeiro sorriso nos lábios. Com 16 anos, já era um homem formado e na sua idade, a maioria dos garotos já estavam casados e a maioria tentando ter filhos.

Sasuke não era uma exceção a esse desejo. Estava noivo e sua noiva Ino estava grávida de 5 meses.

Mesmo com a notícia da vitória sem baixas, Tsunade mantinha o semblante sério. Havia acontecido algo.

- Sasuke... – começou a comandante pesarosa. – Ino teve um novo aborto.

A notícia foi um choque para Sasuke. As 2 primeiras tentativas de Ino engravidar foram desperdícios, já que ela perdeu todos os bebes em menos de 2 meses de gestação. Foi um choque para os dois. Porém quando essa gravidez perdurou os primeiros meses, até a comandante se animou, já que era o primeiro caso na nave.

- Mas...porque? – perguntou Sasuke ainda chocado, e temendo pela noiva.

- É melhor ir vê-la Sasuke. – disse Tsunade em um tom de dispensa.

Obviamente ela evitara escancaradamente responder a pergunta de Sasuke. Ele saiu de cabeça baixa, ainda abalado pela perda do filho.

A loura suspirou assim que ele saiu. Era médica e já estava acostumada a dar essas notícias não só para o casal, mas para quase todas as grávidas da nave. Porém nunca houve tanta esperança como tinha desta vez.

- Shizune! – chamou Tsunade alto.

A assistente que já tinha em mãos o que a mestra pedia não tinha uma expressão lá muito boa.

- Dr. Tsunade! Aqui estão os dados que pediu. – disse Shizune correndo ao encontro da mestra na sala de comando. – Temos 90% da tripulação da nave que não se regenera mais sozinha, 99% de gravidezes abortadas, 100% de mortes das gravidezes bem sucedidas após o primeiro ano de idade.

- Deus nos castigou Shizune. – comentou desconsolada Tsunade. – Nos tirou o poder de continuar vivendo e de dar vida a novas pessoas. Foi uma punição pelo que fizemos a planeta.

Shizune nada disse, apenas olhou para o monitor holográfico a sua frente.

~*~

Todos que viam Sasuke caminhar para sua pequena casa, que dividia com a noiva, sabiam que mais uma gravidez de Ino acabou mal.

O Uchiha não prestava atenção em nada. Só queria chegar em casa e abraçar a noiva. Só isso. Ela deveria estar muito mal.

Ao abrir a porta da pequena residência, Sasuke se deparou com uma cena um tanto deprimente. Sentada no sofá com o rosto inchado e cabelos desgrenhados estava Ino com sua amiga Hinata. A Hyuuga consolava a loura que chorava copiosamente.

- Ai Sasuke-kun! – murmurou Ino entre soluços ao ver o noivo. – Não te mereço! Não mereço! Não sirvo nem pra segurar uma gravidez, não sou digna de você! Vou embora!

- Não diga isso Ino! Nunca mais em sua vida! – ralhou Sasuke correndo pra onde ela estava e abraçando. Hinata viu sua deixa para sair, e Sasuke agradeceu por ela deixar os dois a sós.

Conversaram até altas horas, Sasuke sempre garantindo a Ino que não importava aquilo agora, que tentariam novamente. E logo depois dormiram. Ali no sofá. Abraçados.

~*~

De manhã bem cedo, Sasuke já havia saído pra trabalhar, deixando Ino aos cuidados das amigas.

Andando calmamente até o escritório da comandante ouviu de repente o anúncio dos alto falantes.

- Atenção a todos os pilotos, nave de possíveis piratas intergalácticos perto da passagem intergaláctica! – anunciou a comandante da Salvation. Logo o capitão da esquadra intitulada Human Salvation, Uchiha Sasuke adentrou a sala.

- O que foi, comandante Tsunade? – perguntou Sasuke assustado.

- Não são piratas Tsunade-sama! – anunciou Shizune.

Sasuke, curioso, aproximou-se do monitor holográfico e viu ali uma mensagem.

- Comandante, recebemos um alerta. Nature foi abatida. Tripulação morta. Cápsula de sobrevivência ativada. – começou Sasuke pesaroso. – Tem alguém lá!

Tsunade foi tomada por uma tristeza enorme. Os malditos separatistas haviam tomado a Nature e exterminado os tripulantes. Não era condizente com o feitio deles. Primeiro: eles queriam as naves ‘estado’ aliadas, não dizimadas. Segundo: eles deixaram alguém vivo, ou seja, seu objetivo original não foi atingido, e algo dizia a Tsunade que eles estavam procurando alguma coisa.

- Sasuke, quero você e uma equipe dentro daquela nave. Pegue a antimatéria deles, não será seguro parar para fabricar mais aqui perto, não com aqueles bastardos por aqui. – ordenou a comandante e Sasuke obedeceu.

Enquanto caminhava pelos corredores até a sala onde ficavam os soldados HS, pensava em como seria bom descontar sua raiva e frustração em alguém. Seria mesmo muito bom.

Passou rapidamente em casa, onde uma Ino mais feliz o recebeu. Ela ficou meio chateada por ele ter que sair, mas estava feliz por ele poder esquecer um pouco dobre o acontecido do dia anterior.

Ele a beijou ternamente e saiu em direção a QG da Human Salvation.

A sala ampla e circular lembrava uma sala de estar de alguma mansão. Ricamente decorada e mobiliada, sua função era dar o máximo de conforto aos soldados, para que estes não estivessem cansados ou mesmo infelizes quando saíssem para uma missão que poderiam não voltar nunca mais.

- Gaara, Shikamaru, Naruto, Neji e Itachi! – enumerou o capitão, enquanto os que eram chamados iam se levantando. Entre eles o irmão mais velho de Sasuke que se sentia orgulhoso de ter o irmão em um posto tão alto dentro da esquadra. – Nós vamos até a Nature, que foi abatida, para averiguar a situação da mesma, que aparentemente está inoperante a 10 anos.

Todos se surpreenderam com aquela revelação, mas mesmo assim iriam em frente. Não sabiam o que iriam enfrentar, mas eram homens do espaço, a esperança da humanidade, não poderiam fraquejar.

Colocaram os capacetes brancos metálicos e como já estavam com o uniforme saíram da sala em direção ao hangar 1.

- Sasuke-teme! – berrou o escandaloso Naruto enquanto o mesmo se dirigia Hórus, sua nave. – Tem alguma possibilidade de ter alguém vivo lá? – perguntou o louro meio nervoso.

- Tem gente viva na cápsula de sobrevivência, Naruto. Só que não sabemos se é amigo ou inimigo. – Explicou Sasuke embarcando na Bellatrix, a melhor nave de combate da Salvation.

Logo uma voz metálica começou a contagem e lentamente o portão de titânio do hangar começou a abrir. Assim que a contagem zerou, 6 naves de combate foram mandadas para o cosmo, em direção da passagem intergaláctica em uma velocidade impressionante.

Após menos de 3 horas, a nave Nature já era vista, flutuando no vácuo como se fosse um tributo as grandes naves. Shikamaru invadiu o computador central da nave, que controlava a cápsula de sobrevivência, e abriu o hangar que estava de frente pra eles. Assim que entraram e pousaram, todos sacaram suas armas, sejam elas de fótons, laser ou plasma.

Sasuke e Itachi, que eram da ordem Jedi, tinham ainda no arsenal o sabre de luz. Mas não o usavam, salvo casos extremos.

Com um sinal de mãos, Sasuke deu a ordem para que todos se separassem, para procurar possíveis inimigos e sobreviventes. Para ver os mortos não era assim tão difícil, já que ali mesmo no hangar havia corpos de soldados HS.

Neji e Shikamaru foram para a sala onde ficam os soldados, Itachi e Gaara foram para as habitações, Naruto para as áreas abertas como jardim artificial e parque, e Sasuke foi para a sala de sobrevivência. Todos estavam com a arma de torpedos de fótons empunhada.

Os soldados da Human Salvation não encontraram nada, só corpos e mais corpos. Incrivelmente, o lugar onde mais haviam corpos nem eram as habitações, mas sim o corredor central, onde haviam suas bifurcações: uma dava para a sala de combustível, onde ficava a antimatéria e a outra dava na sala da cápsula.

Havia um computador em perfeito estado embutido na parede de alumínio espacial, e Sasuke na esperança de achar um mapa foi até ele.

Mas o que viu ali foram informações vitais sobre a tal pessoa que estava na cápsula. Praguejando, pegou o rádio e o ligou.

- Atenção! – começou o capitão da HS pelo rádio. – Há alguém vivo na cápsula de sobrevivência! Tomem cuidado, execução imediata caso ocorra perigo. – terminou, explorando o corredor com a arma lançadora de torpedos de fótons empunhada. Queria chegar à sala onde ficava o combustível de antimatéria, roubá-lo e ir embora dali.

- Mas que merda! Onde está a maldita antimatéria? – resmungava Sasuke por baixo do capacete da HS. Achou, no entanto, a porta da sala onde se encontrava a cápsula de sobrevivência. Adentrou com cuidado e deu de cara com ela.

Ao que parece algum de seus soldados havia liberado sem querer a pessoa adormecida ali. A garota parecia ser da mesma idade que Ino. Mas as duas eram muito diferentes. Os olhos verdes da desconhecida reluziam como duas esmeraldas em brasa, os cabelos cor de rosa, que estavam com uma coloração mais escura do que natural por causa do líquido em que estivera imersa, chegava até a altura do joelho. Sasuke percebeu que era muito bonita, até mais que sua noiva.

A menina o encarava, sendo que ele ainda estava com a arma abaixada. Sasuke parecia ter se esquecido de tudo contemplando a beleza da garota.

Finalmente recuperando a consciência, o moreno conseguiu quebrar o contato visual que mantinha com a garota.

- Quem é você? – perguntou Sasuke apontando a arma de fótons para a garota de cabelos rosados a sua frente. Ela estava toda molhada, culpa do líquido de sobrevivência injetado de sonífero que a manteve viva por quase 10 anos dentro da cápsula de vidro.

- Haruno Sakura! – sua voz era como vidro, clara e suave. Um pouco rouca pela falta de uso.

- Haruno? Filha do comandante Haruno? – perguntou Sasuke ainda com a arma apontada pra menina.

Esta reservou-se ao direito de assentir, grossas lágrimas escorrendo livremente por seu rosto molhado. Fraquejou uma ou duas vezes e então finalmente desmaiou. Sasuke largou a arma ao chão, indo de encontro a ela pra socorrê-la. O moreno a pegou antes que ela pudesse ir de encontro ao chão.

A rosada estava fria e molhada, e também pálida como um cadáver. Não era a toa, já que passara grande parte da vida sendo alimentada por fluidos.

Sasuke, com um pouco de dificuldade, conseguiu alcançar o rádio.

- Naruto! – chamou ele no rádio com urgência. Ouviu-se uma exclamação de entendimento do louro, então o capitão prosseguiu. – Tem uma garota aqui, filha do capitão Haruno! Ela desmaiou e precisa de ajuda!

Logo ouviu-se barulho de estática, o que significava que Naruto estava a caminho. Com aquela garota em seu colo, com o corpo colado ao seu, pensamentos nada dignos de um homem comprometido poderiam passar pela cabeça dele, mas, mesmo com a roupa em péssimo estado da garota que a deixava com várias partes do corpo a mostra, ele só pensava em salvá-la. Nada mais disso.

Naruto logo apareceu e em questão de minutos Sakura já estava instalada na nave de Sasuke, que apesar de não estar encharcado e psicologicamente exausto, ainda buscou a antimatéria, que repousava ao lado da rosada desmaiada.

Mais 3 horas, e lá estavam eles pousando no hangar da Salvation, deixando o que sobrou da Nature pra trás.

Os médicos já estavam esperando por Sakura ali, graças a Itachi que mandou uma mensagem a comandante. Levada ao centro médico, a jovem foi atendida por Ino e Shizune, acompanhadas de longe pela mestra Tsunade.

- Tsunade-sama, a menina está bem. – disse Ino lavando as mãos em uma pequena pia de mármore que havia ali. – E a missão como foi?

- Todos mortos, com exceção dela. – suspirou a comandante. – Mas pelo menos conseguiram salva-la e trazer a antimatéria.

Ino assentiu, sendo dispensada pela shishou logo em seguida.

Estava doida pra ir pra casa encontrar-se com o noivo, mas sabia que depois de uma missão ele sempre ia beber com os amigos em alguma das casas. E como sabia do estado de Ino, não iria ser na casa deles daquela vez.

Por isso foi pra casa, tomou banho e ficou vendo o Blue-Ray que tinha capítulos de novela gravados.

Enquanto isso, Sasuke seguia para a casa de Itachi, seu irmão, pensando na garota de cabelo rosa.

~*~