Peeta chega correndo logo atrás de mim. Eu bem que tentaria esconder tudo se não tivesse saído correndo da cozinha daquele jeito.

–Tudo bem? –ele está preocupado, na realidade, eu também estou.

–Tudo sim –minto. É claro que não está tudo bem, estou tonta e enjoada, minha mãe sempre dizia que isso só poderia significar uma coisa: Estou grávida. É claro que não tenho certeza, mas tudo indica que sim. Digo a Peeta que foi só uma azia e que ficará tudo bem irei à farmácia comprar remédios. Ele me diz que ficarei sozinha, pois ele tem negócios a resolver na cidade. Assim que ele sai, arrumo a bagunça que fiz no banheiro e vou à farmácia.

Quando peço o teste de gravidez, o farmacêutico se assusta com o pedido, mas parece engolir a história de que estou apenas fazendo um favor à Effie.

Quando chego à casa de Peeta a única coisa que faço antes de correr para o banheiro é me certificar de que estou mesmo sozinha. Não quero alarmar Peeta com isso, não antes de ter certeza. Enquanto o aparelho registra os resultados, como forçadamente um pedaço de pão integral com ervas. Quando o relógio afirma que já se passou tempo o suficiente corro de volta ao banheiro e pego o teste e as instruções. Preciso ler umas três vezes até notar o resultado. Positivo! Estou mesmo grávida. A emoção que toma conta de mim é medo. Não estou preparada para ser mãe, muito menos agora que nem casada eu sou. Isso vai dar o maior problema e por enquanto só uma pessoa pode saber disso: Peeta. Mas ele não está em casa, eu sei disso. Paro para pensar onde ele deve estar. A padaria. Deve ser isso o que ele iria fazer; ver o que restou da padaria e tentar reabrir os negócios. Não é muito longe da Aldeia dos Vitoriosos então saio correndo da casa de Peeta em direção à padaria. Estou quase lá quando vejo uma garota loira nos braços de um menino. Eles estão se agarrando e se beijando no meio da praça. Mas que falta de vergonha na cara. Realmente, eu jamais faria isso. Estou prestes a prosseguir o meu caminho quando descubro quem é o casal mega apaixonado; Delly e Peeta.

Não consigo acreditar no que meus olhos estão vendo, Peeta, o homem que me pediu em casamento, que disse que me amava, que se sacrificou por mim várias vezes, nos braços de outra garota. Se sinto raiva, ela está muito bem guardada porque tudo o que consigo fazer é chorar, saio dali o mais rápido possível e corro até a floresta.

Vou até o lugar onde Gale e eu costumávamos nos encontrar. Recosto-me numa árvore, dobro os joelhos e enterro o rosto nas mãos. Choro de modo inaudível, mas sinto passos fortes se aproximando de mim.

–Quer dizer que eu não sou o único a se refugiar nesse lugar- diz uma voz conhecida.

–Gale! –digo ficando um pouco menos triste. Eu o abraço. - Ah Gale, como eu senti sua falta- é realmente verdade senti falta de ter alguém com quem contar em momentos difíceis como esse.

–Por que você está chorando Catnip? –ele pergunta se soltando e se senta. Eu faço o mesmo. Conto a ele toda a história sobre o bebê, sei que ele está triste com tudo isso, mas não há mais nada que eu possa fazer, conto também sobre Peeta e Delly. Ele ouve tudo em silêncio, preciso que ele diga algo.

–Diz alguma coisa –peço a ele.

–Katniss, o que eu posso dizer? Eu não vou mais interferir na sua vida com Peeta –então ele diz algo que deve ter exigido todo o seu amor por mim- Fala com ele e tente resolver tudo, se você realmente o ama.

Espero até a tarde e então volto para a casa de Peeta. Chorei o dia inteiro e me sinto completamente devastada, o pior de tudo é que estou grávida do homem que me traiu, não consigo acreditar que fui tão estúpida. A porta está aberta, mas Peeta não está na sala, subo as escadas com receio do que encontrarei no quarto, por fim, só o que vejo é Peeta deitado em sua cama, os olhos vermelhos fixos no teto. Quando ele me vê se levanta rapidamente e corre em minha direção.

–Katniss! –ele grita, seu rosto se ilumina num sorriso e ele me estende os braços. Quero sim abraçá-lo, mas quando as imagens do que vi de manhã na praça passam por minha mente, resisto e me afasto. Ele abaixa os braços e começa a falar- eu te procurei o dia inteiro, achei que você tivesse sumido, chegou a passar pela minha cabeça que Gale tinha te sequestrado.

–Bem eu estava com Gale sim, mas foi por livre e espontânea vontade.

–O que? –ele parece ofendido.

–Não se faça de vítima Peeta, eu vi você e a Delly na praça, se agarrando como se nada mais importasse e quando eu corri para a floresta Gale estava lá para me ajudar, diferente de você! –o final da frase sai mais raivoso do que deveria. Vejo uma lágrima escorrendo pelo rosto de Peeta e ele parece culpado.

–Eu me lembro, eu estava com a Delly sim, mas não foi espontâneo, eu não queria, alguns flashbacks criados na Capital passaram pela minha mente. Eram sobre você me odiar e eu gostar da Delly, algo assim então ela apareceu, mas quando eu voltei ao normal eu expliquei tudo a ele. Achei que você ficaria muito brava por isso por isso escondi tudo de você. Katniss acredita em mim. Eu te amo. Demais.

Aquelas palavras me quebram ele parece falar a verdade, então me levanto e o beijo. Tudo é tão carinhoso que acaba num abraço apertado, eu rapidamente me solto.

–Você não é o único a esconder segredos hoje- ele me olha com cara de quem quer saber mais, então continuo- depois que você saiu de manhã eu fui até a farmácia comprar um teste de gravidez- ele faz cara de pasmo- e deu...Bem, deu positivo- falo por vez.

–Quer dizer que eu vou ser pai? –a expressão de espanto de Peeta logo vira felicidade- Você em certeza Katniss?

–Eu só preciso fazer um exame no hospital, para tirar qualquer dúvida que reste.

–Você se importa de ir agora? –ele está tão animado que acabo concordando.

Ao chegarmos ao hospital peço sigilo completo à doutora que faz meus exames. Eu e Peeta decidimos que levaremos os resultados para casa e só lá vamos saber. Para mim não restam dúvidas, mas Peeta quer ter certeza absoluta antes de começar a fazer qualquer coisa.

Chegamos em casa e jantamos uma sopa leve, não queria que Peeta comesse uma sopa sem graça, mas ele insiste em me acompanhar. Subimos para o quarto e nos sentamos à cama. Peeta pega o envelope com os exames.

–Posso abrir? –pergunta ele.

–Juntos? –digo baixinho

–Juntos –ele sussurra em resposta.