Falsa Realidade escrita por mazegates


Capítulo 7
Corra Gally, corra




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Os três novatos estavam sentados em seus colchões em mais uma sala da Sede. Acompanhando-os estava Jeff, o encarregado dos socorristas, e Gally, o encarregado dos construtores. A sala era um pouco maior do que a que Teresa e Bruna estavam, porém, limitava-se a apenas aos colchões, uma mesa de madeira e um pequeno criado mudo. Gabrielle olhava detalhadamente cada parte da sala, porém a mesa e o criado mudo chamavam sua atenção. Pelo que entendera, todos naquele lugar estavam presos, tendo que se virar por conta própria, contudo, aqueles móveis pareciam ter sido feitos por um marceneiro profissional, seus desenhos, brilhos, cada detalhe era incrível de se observar.

­– Tem algo de errado, fedelha? – Gally se dirige à Gabrielle.

– Eu? Ah, não. Esses móveis, eles parecem ter sido feitos por um incrível marceneiro, como se fosse algo que não pertencesse a esse lugar. Quero dizer, tudo aqui é um tanto rudimentar, mas eles são diferentes.

– Claro que foram feitas por um incrível marceneiro, no caso um incrível construtor.

– Então quer dizer que foi você?

– É claro, cabeça de plong. Quando não há trabalho como construtor, eu me divirto construindo coisas menores, como não posso correr que nem algumas pessoas lá fora, tenho muito tempo livre.

“Cabeça de plong”. Gabrielle ficou repetindo essa expressão em sua mente várias vezes, porém tinha certeza: nunca ouvira isso em sua vida. Ainda assim, ignorou, e tentou considerar como um elogio, embora isso não tenha parecido nem um pouco com um.

Julie ainda estava se recuperando de todas as informações que Teresa lhes contara. “Então nós somos experiências” pensava sozinha, praticamente entrando em transe.

– Ei, Julie! Julie! – Aris chacoalha a asiática.

– Hã? Ah, oi.

– Você parecia um morto-vivo, pensei que estava passando mal.

– Eu, ah, você pensou... – Julie corava enquanto falava, porém não conseguiu terminar a frase, Gally interrompera.

– Bom, fedelhos, eu tenho que lhes dizer as regras para ficar nesse lugar. De modo algum vocês deverão desrespeitar. Todos que desrespeitam as regras serão tratados como lixo, e irão para o amansador, aquela casa de pedras que vocês estão vendo a noroeste da Sede. Estão entendidos?

Os três acenam a cabeça, apreensivos.

– Vocês não precisam mais de cuidados, buscarei alguns aguadeiros para ficar com vocês essa noite, muita coisa estranha está acontecendo. – Jeff avisa, antes de sair da sala.

– Continuando, temos três regras básicas, as quais vocês nunca, em hipótese alguma devem desrespeitar. – Gally olha fixamente para cada um dos três, então levanta um dedo – Regra número um, cada trolho deve desempenhar a sua função na clareira. – Levanta seu segundo dedo – Regra número dois, cabe a cada trolho a segurança de seu companheiro aqui, não devendo em nenhum momento um ataque contra o outro, a ordem é essencial. – Levanta seu terceiro dedo – Regra número três, somente os corredores estão permitidos a deixar a Clareira para ir ao labirinto, nenhum dos demais clareanos devem sair sem permissão. Nenhum... – Gally termina a frase olhandopara algum ponto avulso no quarto, lembrando-se de sua última visita ao labirinto.

::: Flashback :::

–Ei Gally, volte! O Alby vai te matar quando descobrir! – Winston grita, porém inutilmente, Gally já cruzara os limites do portão.

Winston era um dos encarregados do matadouro, em outras palavras, ele era o açougueiro da Clareira. Tinha em torno de 17 anos, tinha a cara repleta de espinhas, com cabelos e olhos negros, extremamente magro e com altura mediana. Ele conversava com Gally até que este decide partir para o labirinto, achar sua própria saída e voltar como um herói.

–Você verá, Winston. – Gally falava baixo enquanto corria –Eu estou cansado de ser tratado como um aguadeiro nesse lugar, estou cansado do Minho me humilhando toda vez que chega com um mapa novo e rindo das minhas construções e dos meus móveis. Mostrarei a ele que posso ser um corredor melhor que ele e todos os outros, algo que nem aquele plong do Newt aguentou ser.

O construtor passou horas correndo dentro do labirinto, mas sempre se deparava com vias sem saída.

– Ainda não vi nada daqueles “verdugos” que o Alby tanto deu ênfase, aposto que eram historinhas pra trolhinho ficar assustador e não vir pra cá.

Continuava a correr e ia percebendo algo estranho nessas corridas. Tinha a sensação que formavam letras. Apesar dessa sensação, ignorou-a e continuou a correr, até perceber que seu ritmo de construtor não estava preparado para aquilo, tanto menos seus sapatos, que diferente dos corredores, não foram feitos para corrida. Sentou próximo à uma hera e retirara da sua mochila uma garrafa d’água e um dos lanches que Caçarola preparara mais cedo.

– Eu não volto sem achar uma saída, não volto. – Gally dizia enquanto mordia seu pão.

Terminando, o construtor levanta e se prepara para correr novamente. Então, infelizmente, escuta uma voz conhecida:

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI SEU MONTE DE PLONG!?

Gally olha para trás e olha o seu rival mais desprezível, Minho. O construtor não perde tempo falando e corre pelo labirinto, sendo seguido imediatamente pelo asiático.

– VOCÊ VAI MORAR NO AMANSADOR, TROLHO MALDITO. – O corredor grita seguindo o moreno.

“Eu não posso ser pego agora”, Gally pensava enquanto corria. “Vamos lá, lembre-se da letra, era um ‘D’, podemos dar uma volta nessa quadra e enganá-lo depois”. E então segue seu plano.

O fugitivo corre cerca de 40 metros até virar à esquerda em uma curva, mais 40 metros virando novamente à esquerda, 80 metros e continua na esquerda, e então entra num buraco escondido, sem saída. Minho perdendo-o de vista nas curvas, não percebe o buraco e passa por ele.

– Ainda bem que é um asiático trouxa. – Gally ri, saindo do buraco. – Agora é só procurar uma saí...

Então ele fica paralisado, um verdugo aparece em uma das esquinas por qual entrou, e outro aparece no fim de outra via, cercando o jovem clareano e se aproximando rapidamente.

– SAIAM DAQUI – Gally agita os braços desesperadamente, não tinha qualquer tipo de arma para lutar contra aqueles monstros.

Os verdugos se aproximavam, liberando suas lâminas e picadas. O primeiro se agrupa em uma bola e rola em direção a Gally, que desvia, fazendo-o bater no muro do labirinto. Contudo o segundo verdugo se encontrava logo atrás do construtor e então o corta com suas lâminas, fazendo o sangue escorrer e passando seu veneno no braço.

– AHHHHH, DESGRAÇADO! – Gally tenta correr mas o veneno já se espalhara no seu corpo, deixando a visão turva e seus membros bambos. Enquanto perdia a consciência, via aquelas máquinas se aproximarem com as lâminas.

– GALLY! AHH DROGA, RÁPIDO, HOBBES, BROOKS, TEMOS DOIS VERDUGOS AQUI. – Minho exclama, chegando ao local.

Hobbes, um clareano alto com mais de 18 anos chega com seu facão, lutando contra os braços mecânicos de um dos verdugos. Brooks, um clareano mais baixo porém mais forte que Hobbes, com 16 anos, puxa Gally enquanto Minho bloqueara os ataques do segundo verdugo. Levando o clareano ferido à uma distância segura, Minho e Hobbes conseguem um segundo de escape e saem correndo, ajudando Brooks.

Então Gally perde a consciência. Acordando dois dias depois na Sede, com uma mensagem do líder clareano escrita em um papel.

“É melhor acordar logo cara de mértila, o número de dias que dormirá será o número de dias que você irá permanecer no amansador SE eu estiver de bom humor”.

::: Flashback:::

– Nunca desrespeitem essas regras novato, para sairmos daqui precisaremos de cooperação, união e ordem. Não importa se for a pessoa que você mais odeie nesta mértila de Clareira, vocês terão que ajudá-lo não importa a ocasião.


Dentro do labirinto, Thomas e Minho seguiam sem dizer qualquer palavra, ambos sabiam o que o outro estavam sentindo, porém, nenhum sabia mais que o outro sobre tal sentimento.

– Thomas, preciso checar um negócio, está preparado para morrer?

– Depois daquela noite no labirinto, estou preparado até para ressuscitar, trolhento.

Com um mapa em mãos, os corredores seguem para a onde está marcado como “Buraco dos Verdugos”


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Notas finais do capítulo

Bom, to tentando correr atrás do tempo perdido, outro capítulo hoje, amanhã ou quarta tento postar mais um, e cada semana prepararei um novo. Comentem o que acharam e o que esperam, é muito importante pra mim!



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