Falsa Realidade escrita por mazegates


Capítulo 8
Noite clara


Notas iniciais do capítulo

Essa é a versão prévia (sem revisão quanto à ortografia e sintaxe), até o fim da semana trago a definitiva. Depois comentem o que acharam!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/443813/chapter/8

Faltava pouco menos de uma hora para o entardecer, logo, para o fechamento dos portões. Minho e Thomas observavam estáticos o Buraco dos Verdugos, lugar que os dois clareanos conseguiram jogar uma das criaturas do labirinto.

– Você percebeu, não é Thomas?

– Que isso não é um penhasco? Sim. Naquela noite, quando fiquei pela primeira vez no labirinto, eu não ouvi qualquer som de queda. Isso é muito estranho, porque não conseguimos identificar nada além dessa escuridão.

– Sua namoradinha comentou que ela criou uma pane no sistema. Percebeu que não encontramos nenhum Verdugo em todo esse percurso?

– Percebi. E ela não é minha namoradinha.

Os dois voltaram a analisar cada arquitetura do Buraco, até que escutam um rugido estridente e enxergam uma luz escarlate forte vinda do local. O som mesclava-se ao barulho de vigas de metal arrastando ao solo e fios fora de circuito ligados, tal estridência atingia os tímpanos do clareanos fazendo-os cair ao chão, tamanha a frequência.

– Que Mértila é essa!? Minho grita, tentando levantar, mas assim como Thomas, o som atingira seu senso de equilíbrio, caindo em todas as tentativas.

As molduras do buraco contornaram-se daquela luz rubra e uma voz robótica é emitida do penhasco:

“Código B34 – Asteroide iniciado, fim da fase um, contagem regressiva de indivíduos.”

A mensagem se repetia cada vez mais rápido até ser incompreensível e então cessar. Minutos de silêncio, os corredores começam a levantar.

– Cara de Mértila, precisamos voltar imediatamente, nos restam menos de 10 minutos. Minho se dirige ao moreno puxando a frente.

Os dois iniciam sua corrida, escutando mais uma vez o som que os derrubara, porém devido a distância já não afetavam-se tão profundamente.

– Algo muito estranho está acontecendo.

– Muito obrigado pela genialidade, Thomas, o que seria de mim sem você?

– Não, Minho! Preste atenção ao noroeste!

Então o asiático observa, pela primeira vez, os muros dentro do labirinto se movendo.

– Não é possível. Eles só se movem bem depois que os portões fecham, isso quer dizer que... THOMAS CORRA.

Faltavam cinco minutos, mas os portões não estavam tão distantes.

– Estamos chegando lá, próxima curva, os portões não podem estar fechados... – Minho corre arfando as palavras.

Faltava apenas um minuto quando fizeram a curva. Os portões estavam abertos.

– Bem a tempo, vamos!

Thomas dá um toque no ombro de Minho e corre em direção a clareira. Trinta segundos e os portões fechariam.

Os corredores cruzam os portões. Dez segundos.

– Temos que aprender a seguir o horário, cara de mértila.

– Você que tem um relógio, Minho!

O tempo limite atingira. Um enorme som metálico se dispersa por toda a clareira vindo do labirinto junto a um grito estrídulo saindo dos campos santos. O céu enegrece, sem nenhuma estrela, sem nenhum crepúsculo, o único ponto visível eram letras vermelhas no céu clareano.

“ASTEROIDE. UM A MENOS. FIM”

O céu volta a ser iluminado, contudo o espanto dos clareanos que saiam de todos os lugares da Clareira tinha mais significado do que esse breve acontecimento. Eram 19h e o céu estava cinzento. O entardecer já se fora e os portões não fecharam. Mas o que mais chocava cada um dos garotos era o rastro de sangue que fazia uma trilha dos Campos Santos à Caixa.

– Thomas...

– Pra caixa, entendi.

Era como se um novo fedelho tivesse chegado à Clareira, todos se reuniam ao redor do elevador, Thomas abre espaço entre os garotos.

– NÃO.

– O que foi Tho... Não pode ser.

Dentro da caixa, Newt estava de pé, ao lado de um garoto com um pouco mais de 14 anos, com uma enorme perfuração no estômago, olhar vazio e corpo morto.

– Esse papel estava com ele na caixa. – Newt começa a falar. – Ele foi o primeiro. Perdemos o Chuck...

Thomas ficou absorto, empurrou todos os garotos que estavam ao seu lado e então pulou dentro da caixa.

– NEWT, CHAME O JEFF, NÓS TEMOS QUE AJUDAR O CHUCK, EU PROMETI QUE TIRARIA ELE DAQUI, EU PROMETI.

– Thommy...

– Não... NÃO TOCA EM MIM. – Thomas empurra o braço do loiro e sai correndo em direção à Sede.

– Eu vou lá, Newt. Minho parte atrás do outro corredor.

Todos os clareanos ainda estavam em choque, um olhando para o outro, boquiabertos. Gally olhava friamente para a caixa. Caçarola viera com uma panela e uma colher de ferro às mãos. Jeff estava atrás tentando entender o que ocorrera.

– Bom, trolhos. Ao que parece as coisas mudaram. Os muros não estão fechados, o que significa que estamos à mercê daquelas criaturas. – Newt inicia sua fala.

– Então é isso, vamos todos esperar a morte? Gally se exalta em meio à multidão, iniciando uma sequência de murmúrios.

– SILÊNCIO. Gally, ainda não terminei de falar. Agora é hora de botarmos em jogo nossa estratégia. A chegada daquelas fedelhas está ligada a esses acontecimentos. Nosso desafio imediato é sobreviver a essa noite.

Newt sai da caixa e os clareanos abrem espaço.

– Sigam-me até a Sede. Temos que nos preparar.


– Bruna... então já começou. Você ainda lembra do seu plano certo?

– Sim, Dee-Dee...

– Não me chame por esse nome, eu não sei o porquê, mas isso me deixa com calafrios.

– Você não quer mesmo que eu conte sua história, Teresa?

– Não, eu aceitei entrar nesse plano para proteger ele, não quero nada que possa me impedir disso, quando for a hora, você me conta.

As duas garotas estavam no quarto de repouso, os aguadeiros que estavam na porta saíram em direção à Caixa quando as luzes apagaram, inclusive Chuck.

– Eu não acho justo isso... Estamos trocando a vida de muitos por eles. Nós nunca seremos perdoadas...

– Eu sei disso Bruna! Mas o que nós podemos fazer? Foram dadas as escolhas, a morte deles ou a dos outros, nós duas escolhemos esse destino. O Tom e Minho nunca nos perdoarão, mas eu sei que nós nunca nos perdoaríamos em perder um dos dois.

– Ele é tão importante pra mim... Mesmo que ele não saiba disso. Você trouxe a irmã dele não é?

– Assim como você me pediu.

– Perfeito... O plano Asteroide começou. Vamos falar com as meninas.

As duas garotas levantam da cama e seguem para a porta, indo em direção ao quarto dos novatos.

– Aris também está com elas, Teresa, ele sabe de alguma coisa?

– Ele faz parte do plano.

– Ele faz.. Entendi.

Chegando ao quarto, as duas certificam-se que nenhum clareano estava por perto e então abrem a porta.

– Gabrielle, acorde! – Bruna cutuca o braço da garota.

– Aris, Julie, vocês também! – Teresa os chacoalha pelo ombro, ambos dormiam abraçados.

– Hã? O que houve? – Gabrielle acorda atordoada.

– Temos muito o que conversar, Aris, você ainda recorda né? – Teresa se dirige ao garoto.

Julie olha para o mais alto em direção aos olhos do amigo, que então responde.

– Sim, eu lembro.

Bruna senta próximo dos quatro, olha perdidamente para o chão e então levanta sua face olhando friamente para cada um.

– Começaremos então, escutem com muita atenção. Uma chacina ocorrerá nesse local.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Falsa Realidade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.