A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 4
Um Lugar para Chamar de Lar - £


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, desculpem a demora, mas estou com sérios problemas pessoais e por isso não pude postar antes... Mas espero que gostem desse capítulo!
Beijooos grandes e obrigada pelos reviews lindos,
Ju!



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Não chovia naquele dia nublado. Os últimos dias tinham passado como um raio por conta de toda a medicação que eles colocavam no soro. Não que eu me importasse realmente em estar medicada praticamente todo o tempo. Ela me ajudava a superar a dor que parecia corroer meu peito como ácido. A dor de perder Polux era muito mais forte do que qualquer coisa que eu já tivesse sentido. Ele era meu amigo, noivo, companheiro e porto-seguro em momentos de crise. A pessoa que me dava suporte e segurava minha mão, dizendo que tudo iria ficar bem. E então tudo tinha desabado de uma hora para outra.

Estávamos no cemitério de Manhattan, o mesmo onde Janice Stutch estava enterrada, e eu não conseguia raciocinar claramente. Edward estava ao meu lado segurando minha mão, assim como meu irmão. Desta vez eu sabia que nenhum dos dois iria me abandonar. Eu os tinha feito jurar de dedinho.

Um soluço alto eclodiu de meu peito quando tentei proferir alguma palavra que não fosse o nome de Polux. E agora na frente da lápide de meu noivo falecido, tudo parecia real demais para meu gosto.

Larguei a mão de Jason e Edward e ajoelhei na frente dela, tocando suas letras no mármore, que pareciam ter sido entalhadas há pouco tempo. Polux Finnik; 1990-2013.

Eles estavam mentindo sobre sua data de nascimento, mas seria suspeito colocar a verdadeira, já que ele era antigo demais para um humano.

Minha cabeça girou e a abaixei, sentindo as lágrimas percorrerem meu rosto. Meu corpo estava todo dolorido e gelado por conta da pouca roupa que estava usando, e os soluços que percorriam todo meu corpo o faziam tremer.

– Me desculpe por ter feito com que virasse humano novamente. – sussurrei depois de um tempo. As lágrimas borrando minha visão quase completamente.

Uma brisa fria passou por meu corpo e eu hesitei em levantar com medo de que se saísse de perto da lápide, ela talvez fosse engolida pela grama, deixando nada mais do que somente a lembrança de Polux em minha mente. Vi que um anjo de mármore se debruçava sobre a lápide como se a abraçasse, tendo as asas grudas ao lado do corpo, carregando uma expressão triste. Tracei os detalhes da escultura com os dedos com medo que ela se desfizesse em minhas mãos, e suspirei pesadamente soluçando mais uma vez.

– Eu só precisava ouvir mais uma vez a sua voz dizendo meu nome.

Um casaco grande envolveu meus ombros e eu levantei, sem nem ao menos me importar de limpar a grama que grudava na calça. Funguei algumas vezes enquanto os braços de Edward me rodeavam, deixando que eu chorasse o quanto quisesse em seu ombro. Pensei no curto tempo que eu e Polux tínhamos passado juntos e chorei ainda mais. Eu soluçava cada vez mais alto, enquanto sentia minha cabeça ser afagada pelos dedos carinhosos de meu companheiro.

Ele decidiu me tirar dali e fez questão de me levar no colo até o carro. Sally já tinha arrumado nossas acomodações e Edward estava mudando de empresa também. Eu suspeitava de que sua vontade de mudar de Sleepy Hollow tinha a ver com a briga com Fitch, mas não tinha coragem de lhe perguntar nada. Não ainda, pelo menos.

Senti que estávamos finalmente dentro do carro em movimento, controlado por meu irmão, que agora já tinha carteira de motorista, vagando pelas ruas de Manhattan como se ele já a conhecesse como a palma da mão. Aquilo me perturbava mais do que eu admitiria um dia; o pensamento de ter passado um mês em coma, ter perdido meu noivo e não ter mais um lugar para chamar de “casa”, já que Edward teve que vender a casa para que conseguisse mudar para Manhattan com todas as despesas relativamente assentadas, me sufocava. Parte de mim o quis socar ao descobrir da venda, mas me impedi. Eu tinha deixado a casa para Edward, mesmo que não por escrito, mas ainda assim era dele. E ele poderia fazer o que quisesse com ela.

Quando paramos à frente do lugar que deveria ser nossa nova casa, não consegui abrir os olhos. Edward tirou uma parte de cabelo que cobria meu rosto e sussurrou:

– Chegamos.

Assenti e me desprendi dele, saindo do carro com certa dificuldade por ser alto demais, ainda virada e de olhos parcialmente fechados. A mão de meu irmão em meu ombro, me dando suporte para continuar a andar. Ele parecia conhecer aquele lugar.

Sussurrando para mim mesma que tudo ficaria bem, foi o essencial para me ajudar a abrir os olhos. E quando tomei coragem para abri-los, me surpreendi tanto que arfei baixo. Estávamos na frente de uma casa que parecia chique demais, requintada demais, e tudo demais para meu gosto, mas ainda assim, discreta dentre todas as outras que se estendiam graciosamente pela rua. Sua fachada era simples, de tijolos vermelhos, escadaria escura e porta de madeira escura larga, coberta por neve.

Jason pegou em minha mão, carregando minha pequena mala em um braço, deixando que Edward abrisse a porta, e entrasse, sumindo de vista.

– Está pronta? – ele perguntou.

Assenti e quase pude ver meu irmão respirar mais aliviado, como se esperasse uma resposta diferente de mim.

Andamos em direção à townhouse calmamente, tendo todo o tempo do mundo, pisando cuidadosamente no chão para não cair com o gelo. Senti meu estômago se revirar dentro de mim, desconfortavelmente. Meu incômodo quase se sobrepondo a dor que corroía meu peito. A porta aberta me deixava ver dentro da casa, e isso só fazia o sentimento aumentar.

Parei na soleira da porta não tendo certeza se poderia continuar a avançar, segurando a mão de meu irmão com medo que minhas pernas me enganassem e me derrubassem no chão.

– Bem vinda à casa da Ordem. – Jason murmurou.

O hall de entrada era claro, com as paredes pintadas de uma cor parecia com salmão e vigas brancas, com uma porta larga de vidro e madeira branca, suficientemente grande para passar um elefante. Um aparador de madeira escura e mármore botticino, com velas apagadas posicionadas metricamente em cima dele, certamente por uma pessoa obcecada por arrumação. O quadro em cima do aparador não era amigável e certamente me renderia pesadelos mais tarde, tendo várias mulheres deitadas aos pés de um único homem em pé, segurando o que parecia ser um manto vermelho.

Fiz uma careta para o quadro, o achando um tanto quanto machista, e entrei na casa sentindo como se estivesse acabado de passar por uma barreira invisível. Parecia que eu estava entrando em outra dimensão. Tentando fazer o menos de barulho possível no piso de madeira, cruzei o hall, ouvindo o lustre pequeno tintilar sobre minha cabeça no momento que passava por debaixo dele, contando meus passos até chegar à outra sala.

Meu irmão me deixou andar pela casa por alguns minutos para observar o que eu consideraria como “lar” daquele momento em diante. E apesar de sentir-me como um peixe fora d’água, meu corpo não respondia da mesma maneira que meu cérebro. Parecia que eu pertencia àquele lugar.

Parecia que eu conhecia aquele lugar.

Abri a última porta do corredor e me deparei com um quarto inteiramente decorado com cores escuras mais aconchegantes, com vários livros em prateleiras e uma grande cama de casa no canto do quarto. Quadros que eu reconhecia da antiga casa estavam ali, assim como a cômoda e a roupa de cama. A única coisa que tinha mudado era a pequena luminária no teto que parecia fora do conjunto todo, já que tinha desenhos irreconhecíveis da distância que eu me encontrava, e piscava numa cor brilhante e amarela.

Andei hesitante até a cama, pisando com cuidado sobre o tapete, vendo que tinha um pequeno bilhete apoiado entre duas armas, uma maior e grossa que eu desconhecia e outra do tamanho de meu antebraço que eu bem conhecia. Peguei o papel e li: “Espero que goste delas. Ezra.”.

Juntei minhas sobrancelhas em uma ligeira confusão, mas então minha visão clareou.

Eu iria trabalhar na divisão de Manhattan. Perto de Drake. Seria a minha chance de destruí-lo de uma vez por todas. Sendo ele meu pai, ou não.

Ouvi uma pequena batida na porta e tive um sobressalto, pegando a arma por reflexo. A abaixei colocando a mão no peito.

– Você me assustou.

Claire sorriu abertamente e cruzou os braços, parecendo séria.

– Não perdeu o jeito.

Dei de ombros.

– Parece que o acidente foi ontem... Não se perde a prática com tão pouco tempo.

Coloquei a arma na cama e ficamos num silêncio constrangedor.

– Me desculpe. – ela murmurou por fim, olhando para baixo. – Por não ter te falado nada sobre a aposta e nem nada. – Claire me olhou pela primeira vez e disse. – Mas eu juro por tudo que é mais sagrado que eu não participei daquela idiotice, Helena! Eu não faria isso com minha melhor amiga.

Balancei a cabeça e andei até ela, abraçando-a.

– Eu sei que não.

Ela me devolveu o abraço e balbuciou com a voz embargada:

– E porque você achou que eu estivesse no meio daquilo tudo?

Dei de ombros e me separei dela.

– Não sei.

Claire limpou as lágrimas das bochechas e eu engoli seco.

– Se você é mesmo minha melhor amiga não vai esconder nada de mim, nunca, certo?

Ela pareceu meio hesitante em responder, mas no final assentiu. Seus olhos estavam arregalados, como se ela

– Se isso é por causa da sua calça jeans, eu juro que foi porque ela deixava minha bunda maior! Eu vou devolver!

Ri de leve e balancei a cabeça negando.

– Não é sobre isso... – ela pareceu aliviada por alguns segundos. – Fitch perguntou sobre mim?


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Notas finais do capítulo

Continua?



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