A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 21
Presa e Predador - £


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente bonita,
Me desculpem a demora, mas espero que gostem do capítulo!!!!
Beijooooos,
Ju!



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Os dias passaram cada vez mais devagar, deixando um vazio enorme. Jason era um metamorfo, afinal, o que me deixava sozinha por diversas vezes em casa. Ele saía para fazer a patrulha local com Edward e Jeremiah, de vez em quando se encontrava com Nate para tomar uma cerveja – mesmo que não tivesse idade para isso, os metamorfos que trabalhavam nos bares mais próximos não pareciam se importar com isso – e eu ficava sozinha em casa estudando os símbolos, estudando alguns feitiços que Sally e Sierra tinham me passado, e quando as coisas ficavam sufocantes demais para aguentar, eu ia dar uma volta no cemitério, tentando a todo custo ouvir os pensamentos de Polux, mas acabando por ouvir os de outras pessoas.

Hoje era um dia daqueles.

Saí de minha concentração para fazer a mesa da cozinha pelo menos levitar e então algo dentro de mim se aqueceu. Juntei as mãos e as separei com o intuito de rachar a mesa, e definitivamente foi isso que aconteceu. O chão tremeu levemente com o peso da mesa de mármore e madeira se chocando no chão, e eu arfei. Estava praticamente praticando magia à tarde toda. Limpei as gotículas de suor de minha testa e passei para a próxima página: Como reconstruir algo quebrado.

Sorri.

Por enquanto eram coisas bobas como quebrar e reconstruir, levitar e entortar utensílios, móveis e etc. Eu só veria como algo bom quando começasse a aprender como torcer pescoços de uma longa distância.

Fechei minhas mãos em punho e me concentrei nas peças pelo chão, movimentando meus dedos para que elas se juntassem. Um filete de luz esbranquiçada passou pelas rachaduras, as selando, e então sumiu. Inspecionei a mesa e constatei que estava perfeita; quase como se ninguém tivesse tocado nela.

Recostei minha cabeça nos travesseiros e apoiei as pernas na mesa. Minha mente parecia cansada demais para raciocinar qualquer coisa, então quando comecei a sonhar, parecia mais uma visão do que realmente uma lembrança minha.

A lembrança me trouxe um aperto no peito, e eu engoli seco.

De repente eu estava no centro do Forest Park, cercada de árvores e lama, e a menina a três metros de mim estava enfiada num vestido azul claro – completamente inapropriado para o local – e uma sapatilha escura. Lembrei-me que estávamos seguindo para uma festa da empresa que meu pai trabalhava, cujo tema consistia em “agradecer o meio ambiente por todas as coisas boas que ele nos proporcionava, e conseguir se relacionar com a mãe-natureza o máximo possível”.

Algo nessa lembrança fez com que meu estômago se revirasse. Quis me apoiar na árvore mais próxima, mas ignorei esse sentimento e segui para onde a menina iria. A Helena mais nova era uma cópia perfeita de mim. Eu não tinha mudado absolutamente nada, a não ser pela altura e pelo jeito de arrumar o cabelo.

E pude constatar isso quando Helena mirim deu um sorriso de lado, claramente fingindo adorar a maneira que Lilian, minha mãe adotiva, segurava sua pequena mão, como se estivesse com medo que ela saísse correndo e se perdesse no meio de todas aquelas árvores.

Eu sabia agora que isso não aconteceria, mas Lilian não.

– Eu não vou fugir, mãe. – a voz de Helena mais nova soou por entre as árvores e chegou aos meus ouvidos de uma maneira abafada. Lágrimas vieram aos meus olhos.

Jason estava do lado outro lado de Lilian, também com as pequenas mãos envolvidas pelas dela, observando tudo e a todos com seus pequenos olhos atentos. E então seus olhos se fixaram em mim, como se ele realmente me enxergasse. Minha respiração ficou presa na garganta por alguns segundos.

– Mamãe! – Jason gritou animadamente e apontou em minha direção. Meu coração palpitava. – Um esquilo!

E então minhas pernas fraquejaram e eu realmente tive que me apoiar em uma árvore próxima, e mesmo que pudesse sentir que me apoiava nela, não consegui sentir textura alguma.

Lilian não deu ouvidos à Jason, que ficou claramente emburrado.

Helena se soltou das mãos de Lilian e foi correndo mais para frente.

E eu saí correndo atrás.

Apesar de pensar que não a alcançaria, Helena mais nova corria muito mais devagar do que meu “eu” de agora. Ela se agachou a minha frente, completamente onisciente de minha presença e fez como se fosse uma concha com as mãos, no chão. Meus olhos se arregalaram quando vi uma florzinha azulada começar a crescer, brotando do chão onde antes não havia nada. Helena riu e arrancou a florzinha do chão com todo o cuidado do mundo. Eu sentia a textura das pétalas da flor quando Helena mais nova a tocava, como se estivesse a tocando com meus dedos de agora.

Relembrei que eu tinha feito que ela aparecesse ali naquela época, e, agora, pensando melhor, talvez aquela tivesse sido a primeira demonstração de poder e de que eu me tornaria algo muito maior do que Lilian e Oswald, meus pais adotivos, pudessem suportar.

Segurei a flor azul com todo o cuidado do mundo e limpou seu caule levemente enlameado.

– Olha só mamãe! – Helena gritou animada e meu coração se apertou quando não ouvi resposta alguma vindo de minha mãe adotiva.

Dei uma olhada em Lilian, e vi que sua expressão era de puro terror.

Minha filha é um monstro, era o que sua expressão gritava.

Ela andou alguns metros à minha frente, agora parando quase do meu lado. O medo irradiava de seu corpo. Helena mais nova parecia tão focada na pequena flor que não viu quando sua mãe saiu de perto dela, indo em direção à festa. Já era possível ouvir músicas da distância que estávamos, mas só se ficássemos bem em silêncio. Este era um dos motivos pelos quais eu não tinha me perdido na época. Certo?

Helena olhou ao redor e suas sobrancelhas se juntaram em confusão.

– Está perdida? – uma voz masculina encheu meus ouvidos, e o corpinho frágil de Helena se enrijeceu em alerta.

Ela se virou para a origem da voz e eu também, fazendo questão de me aproximar dela e então deixá-la atrás de mim, mesmo sabendo que não adiantaria muita coisa.

Meu coração bateu mais rápido.

Kaus estava na minha frente, trajando uma camisa branca de linho e uma calça jeans, e óculos escuros que ele tinha colocado no colarinho da blusa, despreocupadamente.

– Não falo com estranhos. – Helena rebateu e eu senti uma onda de orgulho de mim mesma.

Kaus riu de leve e se agachou, tocando seu nariz.

– Eu não sou um estranho, Helena. Sou o que você pode chamar de “protetor”. – ele sussurrou como se fosse um grande segredo.

A inocência de Helena a deixou acreditar nisso por alguns segundos, mas assim que ela digeriu estas palavras rebateu com a voz baixa:

– Duvido.

O sorriso de Kaus cresceu ainda mais.

Vê-lo ali, do meu lado, tão vulnerável me fez pensar duas vezes sobre a vontade que tinha antes de matá-lo quando trabalhava para Oz.

– Você não vai se lembrar de nada disso quando ficar mais velha, Helena. Não até que eu queira. Mas adoraria ficar com a flor que você fez crescer. Ela me parece muito bonita.

Sem pensar duas vezes, a mão pequena de Helena se esticou entregando a flor para ele.

Eu sabia que poderia confiar nele. Minha mente sabia.

Ele beijou minha testa e se levantou.

– Obrigada, Helena.

E antes mesmo que pudesse sussurrar um “de nada” sequer, Kaus havia desaparecido, levando minha flor com ele.

Quando a lembrança terminou, tudo o que eu queria era dizer à Kaus que depois de tantos anos, eu tinha pintado seus olhos em um quadro, dizendo que era meu protetor, e pendurado em meu quarto.

Agora eu sabia por que não me lembrava de Kaus. Minha mãe havia jogado o quadro fora quando eu tinha ido para um acampamento de férias anos antes de eles me expulsarem de casa. Por uma semana não pensei em meu protetor. Pelo resto de minha vida me esqueci do que tinha acontecido.

Até agora.

Meu peito latejou e eu sorri, voltando a me concentrar no silêncio ensurdecedor que a casa fazia. A única luz que iluminava a sala era a da grande árvore de Natal, cheia de luzes coloridas e enfeites natalinos que tínhamos comprado há dias. Faltavam três dias para a ceia natalina e eu tinha dito que comemoraríamos em minha casa.

Jeremiah, Edward, Caleb, Nolan – que viria para cá desde que se juntara ao grupo de metamorfos –, Rob, Sullivan, Jaden, Jake, Greyson, Claire e Jason deixariam a casa cheia, isso eu tinha certeza. Até Sally, Sierra e David viriam. Tínhamos até mesmo combinado de trazermos todos os presentes para abrirmos juntos.

A casa era grande e exatamente por isso eu tinha deixado que todos levassem acompanhantes. A ceia seria servida e pelo menos eu teria um dia para deixar o silêncio que me rodeava de lado.

Eu queria voltar à ativa o mais rápido possível e isso estava me matando. Uma hora Ezra dizia que era para eu aproveitar minha recuperação e tirar uns dias de folga, e em outro momento dava a desculpa de que era Natal, tempo de passar com a família, e que somente alguns dos caçadores trabalhariam; aqueles que não se importavam em passar com a família, ou aqueles que não tinham família.

Quando eu trabalhava e morava em Sleepy Hollow, certamente me encaixava na segunda opção, e por isso passei vários feriados trabalhando.

Respirei fundo enquanto levantava do sofá confortável demais pro meu gosto, sentindo a irritação de ficar parada no mesmo lugar. Peguei o casaco grande e gordo e saí.

Claire tinha me deixado ficar com o carro, já que ela tinha muito bem condições de comprar outro e ainda disse que era meu presente de natal. O carro de Claire era bom, bom demais, na verdade, e mesmo que quisesse recusar, não o fiz. Seria uma maneira de fugir da realidade e sair por aí enquanto o silêncio e a solidão ficavam para trás.

Suspirei quando minhas mãos apertaram o volante tão conhecido e meu corpo foi engolfado pelo ar quase quente do carro. Liguei o aquecedor e fechei o casaco. Não seria uma longa viagem até o cemitério, mas o suficiente para me congelar caso eu não estivesse vestida apropriadamente.

Poderia muito bem fazer algum feitiço que deixasse uma chama acesa ao invés de usar o aquecedor convencional, mas usar o colar e meus poderes estava me deixando esgotada.

Estacionei poucos minutos depois no lugar habitual, na frente da loja de Sally e saí, atravessando a rua rapidamente, com medo de algo que não conseguia ver, e cheguei ao meu destino tão rápido que até me assustei.

Sua lápide estava cheia de neve, cobrindo seu nome e o pequeno anjo. Passei as mãos de leve sobre ela e sorri tristemente.

– Oi, anjo. – murmurei, esperando que ele me respondesse.

Um uivo na noite fez com que meus pelos se arrepiassem.

Queria conectar minha mente à de Edward e mandá-lo fazer muito menos barulho, mas agora estava focada em outra coisa: os pensamentos de Polux.

Afundei meus dedos na neve e fechei os olhos, concentrando-me em seus olhos brilhantes, no cabelo louro que lhe caía sobre a face e no sorriso reto.

Tentei me focar em sua voz, mas não me lembrava de como ela deveria soar e isso me matou por dentro. Eu estava me esquecendo aos poucos.

Não!, uma voz dentro de minha cabeça soou em resposta. Não vou me esquecer de Polux.

Uma imagem veio à minha cabeça.

“Não, por favor! Não faça isso!” A gritaria parecia ensurdecedora no meio de todo aquele eco.

Fui sugada para a lembrança que não era de Polux e vi o mesmo rosto com formato de coração que antes. Os cabelos escuros, assim como os olhos, brilhavam na luz da lua que vinha pela grande janela. Seus braços estavam presos pelas mãos de Drake.

Emma se debatia, e parecia inútil.

O corpo que eu estava presa fez menção de levantar do lugar que estava e Drake gritou:

“Fique aí, Joshua!” sua voz parecia mortal, mas ao mesmo tempo magoada. Se ele não fosse meu maior pesadelo e inimigo, até mesmo teria pena. “Ela merece ver todo o sofrimento que causa a você. Ela sabia que não deveria ter mandando as cartas e mesmo assim arriscou sua vida para isso.”

Estava presa dentro de Josh novamente. Uma dor se espalhou por minha perna e tive que esperar que ele abaixasse a cabeça para ver todo o estrago que Drake tinha feito. Era um machucado feio, mas não incurável. Os braços de Josh estavam roxos e os dedos machucados.

Ele olhou para Drake e eu podia sentir a raiva crescendo dentro de seu corpo.

Drake parecia furioso.

“Vou te dar uma semana para resolver isso, okay? Se eu descobrir que aquele cachorro saiu vivo da encruzilhada que vamos colocá-lo, acabo com sua mãe.”

Ele falava como se Emma não estivesse parada ali do lado e isso me matava.

Sentia que Josh queria dizer algo mais, mas as palavras pareciam travadas em sua garganta.

“Mãe” ele sussurrou depois de Drake cruzou as portas e saiu, fazendo questão de fechá-las com a maior força, fazendo um barulho alto. “para quem eram as cartas?”

A voz de Emma era suave quando ela se apressou para correr até Josh, tocando seus ferimentos, trabalhando com as mãos ágeis e habilidosas para cuidar de tudo para que não infeccionasse, aplicando medicamentos de uma caixa grande que ela tinha puxado de detrás de uma cama encostada no canto da parede.

Tudo parecia enevoado, distante e frágil. Josh tocou as têmporas e eu senti como se ele estivesse me tocando. Recuei um pouco, até a beira de seus pensamentos, pendendo de um lado, quase caindo para o outro, a ponto de a voz de Emma ficar baixa demais para ser ouvida. Voltei à minha posição central e a escutei melhor:

“As cartas eram para Helena, Sally e Sierra, Josh.” Ela dizia como se ele já conhecesse todos. Como se estivesse ligado à tudo o que acontecia.

“Quando vou conhecer Jason e Helena?”

A sensação de ouvir meu nome sair da boca de Josh foi esquisita. Sua voz parecia carinhosa. Um tipo de amor distante que eu não conhecia, mas não conseguia deixar de sentir afeto por.

Desde que tinha descoberto sobre Josh, e sobre os abusos que ele sofria, algo me dizia que eu conseguia arranjar forças de longe para destruir Drake. O sofrimento de Emma e Josh seria o estopim de meu poder para conseguir derrotar Drake.

“Logo, meu anjo.”

Josh, sussurrei em sua mente, fechando meus olhos por alguns segundos, como se estivesse sussurrando em seus ouvidos. Imaginei minha voz soando em um lugar que propiciaria o eco, e o deixaria ouvir independente da altura de minha voz.

Para minha surpresa, seu corpo enrijeceu.

Você consegue me ouvir?, perguntei.

Ele assentiu de leve e eu abri os olhos tentando fazer com que as lágrimas ficassem dentro de meus olhos.

Onde vocês estão?, tornei a perguntar, mais afobada do que nunca.

Josh pegou uma folha de papel e escreveu um endereço nele, mas antes que eu conseguisse ver completamente, ele o tampou com as mãos.

Estou indo...

Minha frase foi entrecortada e eu fui arremessada para longe, como se a mente de Josh tivesse me expulsado. Meu corpo realmente tinha sido jogado para longe antes mesmo que eu pudesse ver o endereço no papel que Josh tinha escrito.

O impacto de meu braço contra o chão coberto de gelo foi tão chocante que demorei à meus olhos se acostumarem com a escuridão. Era possível ver um ser se levantar do chão e então rastejar para cima de mim. Peguei minha arma e mirei em seu peito, engatilhando-a, mas então algo me fez parar.

O espérer tinha olhos azuis límpidos e não parecia querer me fazer mal. Seus olhos vagaram para meu pescoço, tão perdidos e então para meus olhos e ele se afastou.

– Me ajude. – foi a única coisa que sua boca pendente sussurrou antes que eu atirasse no lugar que deveria ficar seu coração e corresse para longe do cemitério o mais rápido possível. Meus pés pareciam dormentes depois de correr aquilo tudo.

Quando alcancei o carro, meus dedos pareciam ceder a cada investida da chave para abrir a porta, e quando finalmente consegui, fiz questão de dirigir para o mais longe que poderia, com o coração batendo forte no peito.

Que merda tinha sido aquela?

Parei no meio da rua, o coração aos pulos, o choro entalado na garganta. E então eu desabei. Os carros atrás de mim pareciam buzinar cada vez mais alto e eu chorei mais ainda, incapaz de me mover.

Encolhi-me no banco do motorista, o carro já tinha morrido há um tempo, coloquei os pés para me transformar em uma bola de carne parcialmente humana e chorei pelo tempo que os motoristas enfurecidos me permitiram.

Edward, chamei.

Sua resposta foi imediata. Está tudo bem por aí?

Me ajude, repeti as mesmas palavras do espérer e chorei novamente. As lágrimas pareciam ser infinitas.

Em questão de minutos, coisa que pareceu horas a fim, uma batida no vidro me surpreendeu. O nariz de Jason estava grudado no vidro o fazendo parecer com um porco e nem isso me fez rir. Abri a porta e ele entrou, empurrando-me de leve para o lado, mantendo as mãos em torno de meus ombros. Me apoiei em seu corpo quente e deixei que as lágrimas lavassem não só minha alma como também sua camiseta branca.

Dirigindo para longe de todas as buzinas e barulhos, ironicamente agradeci por ter alguns minutos de silêncio.

– Vai me contar o que aconteceu ou devo tirar de você à força? - perguntou Jason em sua voz mais séria e madura.

Limpei meus olhos e funguei enquanto respirava fundo para começar.

– Eu estava tentando encontrar o pensamento de Polux, - disse com uma voz mais culpada do que deveria, como se o que estivesse fazendo fosse absurdamente errado e engoli seco. – e acabei topando novamente com os pensamentos de outra pessoa.

Lancei-lhe aquele olhar de “você-sabe-de-quem-estou-falando”, e ele esbugalhou os olhos.

– Você encontrou Emma? – ele disse esperançoso e isso apertou meu coração.

– Pode-se dizer que sim. E acabei descobrindo outra coisa, Jay.

Ele ficou em silêncio, esperando.

– Descobri que não somos os únicos filhos de Drake. Temos um irmão chamado Joshua. Ele está preso com ela. Drake nos “mandou embora”, mas ficou com o outro filho. Eu não entendo isso! – disse apertando os cabelos furiosamente, pensando por um instante que se os arrancasse pelo menos pudesse descobrir algo.

E acabei descobrindo que arrancar os cabelos estava longe de ser a solução para meus problemas.

– Mas que merda, Helena! E agora? – Jason perguntou.

Olhei para ele estarrecida.

– O metamorfo aqui é você, meu querido! Eu que pergunto: e agora, Jason? O que vamos fazer? – retruquei.

Ele se encolheu.

– O que foi? – perguntei depois de algum tempo.

Jason não olhou para mim.

– Nada. – sua voz era distante.

– Jason... – murmurei ameaçadoramente.

Ele bufou.

– Okay, não é tão sensacional ser um bicho peludo! Eu estava errado! Quero voltar a ser 100% humano! Não aguento mais me molhar e ficar cheirando a cachorro molhado! – Jason explodiu, quase gritando.

Eu estiquei as mãos em sua direção e o puxei para mim, acariciando sua bochecha.

– Tudo ficará bem, querido. – sussurrei. Esta geralmente era uma frase que uma mãe diria a um filho, mas eu não me importei naquele momento.

– Fitch perguntou por você. – ele disse e minhas mãos congelaram em sua face, como se eu tivesse levado um soco no estômago.

– O quê? – perguntei, como se não tivesse ouvido muito bem o que ele tinha dito.

Fitch.

Meu peito doeu.

– Fitch tem Cali. E está muito bem com ela. – minha face endureceu ao dizer isso, com uma grosseria fora de mim.

Mas não adiantava mentir. Jason sabia que era fachada tão bem quanto eu. Exatamente por isso me livrei de seus braços e tirei minha mão de sua bochecha, encolhendo-me ainda mais no banco do passageiro, esperando que ele me engolisse.

Eu queria sumir.


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Notas finais do capítulo

Continua??



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