Algumas semanas se passaram desde a rejeição de Ume e o rompimento do meu “namoro” com o Youta, e aqui estou eu, ignorando e fugindo do Yamazaki. Tenho que admitir o cara é persistente, ele me pergunta todo dia se meu pai já está de volta e se eu não quero ir com ele até uma lanchonete, segundo o mesmo, muito boa. Minha resposta é sempre a mesma: Não.

Aquelas garotas que queriam confusão comigo por causa do idiota não ficaram muito felizes com o repentino interesse dele em mim, mas ainda não sofri nenhum tipo de agressão ou ameaça, ainda.

Apesar de todos esses fatos inconvenientes acontecendo nesse momento, eu me mantenho focada nos estudos. Para vencer o Yamashita, sinceramente eu preferiria acabar com ele usando força bruta, e para orgulhar meus pais, eles não toleram que eu fique para baixo da terceira posição no rank da escola, apesar de que desde o divórcio o máximo que eles fizeram foi ligar para saber como estava.

Para minha sorte hoje é o último dia da semana de provas, Ume e eu planejamos ir até o café cosplay para comemorar, mesmo sendo rejeitada ela continua com os mesmo sentimentos, ela diz que são preciosos e eu respeito isso. Finalmente chegamos a última prova que era matemática, uma das minhas melhores matérias. O sinal não tardou a tocar e eu nunca pensei que uma prova de 1º ano fosse tão fácil, guardei meu material e fui esperar Ume, que já estava do lado de fora da minha sala.

– Akane, eu sinto muito! Minha mãe acabou de me mandar uma mensagem, ela precisa sair e não tem ninguém para ficar na loja, sinto muito mesmo!

– Não precisa se desculpar, eu iria mesmo pedir se não poderíamos cancelar porque estou muito cansada.

– Mentirosa, mas vou entender isso como um não tem problema, vou ir na frente, Até!

Ela saiu correndo e desviando de todos, quando fui começar a caminhar alguém parou na minha frente e, olha que inesperado, era o Yamazaki.

– Hey, por acaso eu escutei que seus planos para hoje furaram, você não gostaria de ir a uma lanchonete que é muito boa?

Ele havia perguntado isso todos os dias em três semanas, eu estava cheia dele, mas não vou gritar nem discutir com ele, vou dar o que ele quer e depois quebrar suas esperanças, cada uma delas.

– Claro, por que não?

Ele ficou parado me encarando com a boca aberta por alguns segundos, até voltar a si.

– Você vai? Tipo, você vai mesmo na lanchonete comigo?

– Sim.

– Então, vamos logo!

Durante todo o caminho ele falava de coisas banais que haviam acontecido durante o dia, pedia o que eu havia colocado nas respostas, depois falava “Uau, como você pode ser tão inteligente e bonita?” dai se dava conta do que estava falando e ficava todo tímido e vermelho. A lanchonete parecia bem normal, fizemos nossos pedidos e nos sentamos em uma mesa ao lado das janelas no fundo. Yamazaki me olhava como se tivesse perdido alguma coisa.

– O que foi?

– A-Ah não é nada, só estava pensando como você foi aceitar sair comigo.

– Eu suponho que seja normal, dois amigos saindo juntos para comer.

Nessa hora nossos lanches chegaram. Comecei a comer minhas batatas enquanto ele me observava, era visível sua inquietação.

– Você não vai comer? Como me chamou esperava que estivesse com mais fome.

– Desculpe, só estava pensando em uma coisa.

Comemos em silêncio até que ele começar a me olhar inquieto novamente.

– Se quer dizer algo vá em frente.

– Não – Ele pareceu pensar um pouco – Não é nada.

– Você ficaria incomodado se eu fizesse uma pergunta? – Ele meneou a cabaça negativamente e deu uma bocada em seu sanduiche – O que sente por mim?

Yamazaki literalmente congelou, parecia surpreso e assustado ao mesmo tempo, ele engoliu o que estava mastigando.

– Eu... hã...hum...isso é difícil de te falar, mas acho que talvez eu possa estar... – Ele pareceu hesitar em me contar o que eu já sabia, com um longo suspiro ele me olhou sério – Eu estou completamente apaixonado por você, não é somente pela sua enorme beleza e inteligência, é por você ser quem você é e do jeito que você cuida das pessoas que gosta, eu realmente gostaria de ser uma delas, por isso te pergunto: Você gostaria de sair comigo, não como amiga, mas como minha namorada?

Eu abri a boca, mas de repente alguém bateu a mão em nossa mesa, assustados nós olhamos para a figura parada ao nosso lado. Era o Youta.

– Ela não aceita. – Ele disse aquilo com raiva e pausadamente, para que ficasse bem claro, depois olhou para mim – Vamos para casa.

Eu peguei minha bolsa, estava me levantado quando Yamazaki protestou.

– Você vai obedecer a esse cara? Ele não é seu dono e muito menos fala por você, eu quero a SUA resposta.

– Faço dele as minhas palavras, eu compreendo seus sentimentos, mas não posso correspondê-los.

– Por que não?

– Porque eu não quero ter um relacionamento amoroso com ninguém. Agora eu vou para casa e espero que desista dessa sua paixão desvairada por mim, boa noite.

Durante todo o caminho Youta não disse uma palavra, parecia ainda estar bravo. Chegamos na frente da minha casa e ele só ficou me encarando, resolvi começar o diálogo.

– Então, como vai você e aquela garota?

– Nós saímos algumas vezes e percebi que eu não sentia tudo aquilo que achava por ela, era só uma paixão boba. Eu queria conversar com você para restaurarmos nosso acordo de namorados.

– Sinto muito pela garota, mas eu não quero voltar ao acordo, consigo me defender sozinha. – Me virei e comecei a andar para dentro de casa, ele pegou meu braço com suavidade.

– Eu prometi que não deixaria você sozinha e eu não vou deixar.

– Então seja meu amigo, não preciso de um namorado ou de alguém pra falar por mim, preciso de um amigo que eu possa contar qualquer coisa e ainda assim me ajudar. – Youta me soltou e me olhou de um jeito compreensivo.

– Se é isso que você quer – Ele deu de ombros – Tem meu número se quiser conversar.

Youta se virou e foi embora, eu entrei em casa sentindo alegria por ter ele de volta como um amigo, mas meu coração estava pesado pelo que falei ao Yamazaki, será que eu...não, é só coisa da minha cabeça. Provavelmente porque recebi dois pedidos de namoro em um dia turbulento.

É, provavelmente.