Não julgue um livro pela capa escrita por Annie


Capítulo 6
Primeira amiga


Notas iniciais do capítulo

Nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Somente através do amor e das amizades é que podemos criar a ilusão, durante um momento, de que não estamos sozinhos.
Orson Welles



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Eu era apenas uma criança quando tive de começar a me virar sozinha. Depois que Yukino-san foi embora eu aguentei firme por quatro longos e solitários anos, mas uma noite meus pais saíram e eu estava triste, simplesmente triste. Foi ai que eu fiz a maior burrada da minha vida. Eu me machuquei.

Depois disso eu acordei em uma cama de hospital, meus pais deitados no sofá, dormindo, provavelmente não conseguiram dormir a noite toda pensando que são péssimos pais, quando na verdade eu sou uma péssima filha. Tive vergonha, muita vergonha do que fiz, eles se preocuparam por uma causa tão desnecessária quanto eu. Minha vontade de chorar passou assim que minha mãe despertou e correu para me abraçar, desesperada e caindo aos prantos, dizendo que nunca mais iria me deixar sozinha de novo, meu pai se limitou a nos olhar, ele era do tipo que não demonstrava sentimentos e desprezava pessoas fracas, como eu havia sido.

Minha mãe começou a voltar para casa mais cedo e meu pai fingia que nada daquilo havia acontecido, pois isso poderia manchar sua tão amada reputação, nós dois nunca mais seriamos o mesmo.

Ninguém sabia o que havia acontecido comigo, mas eu não esquecia as sensações que aquilo me proporcionou. Quando eu penso sobre isso me veem logo a sensação queimante da lâmina passando por meus pulsos e coxas, meus pelos se erriçam só da lembrança e eu sempre prometo a mim que nunca mais irei fazer tal coisa novamente.

Para esquecer os maus momentos que me sucederam, entrei em um clube de kendo. Queria aprender a controlar tudo o que me pertencia e não deixar ninguém agir sobre meu território, o meu próprio corpo. Logo uma menina de cabelos curtos, no começo pensei que era um menino, veio conversar comigo, ela gostou de mim e queria meu número para que pudéssemos aprofundar nossa amizade, porém, eu não havia um celular. Algumas semanas se passaram e nossa amizade florescia junto com as flores da primavera, resolvi comprar um celular para melhorar isso ao máximo.

Ela me contou que pretendia entrar para um colégio publico, me contou seus segredos, de como ela gosta de ir há um café de cosplay e observar um garoto em especial, me contou coisas banais do dia a dia, como que tipo de shampoo ela usa. Eu decidi que queria ser amiga dessa garota tão especial que tem um corte de cabelo que ainda se parece com o de um garoto. Eu queria ser a melhor amiga de alguém pela primeira vez na minha vida, mas não é qualquer pessoa, é Takeuchi Ume, uma garota que luta por seus ideais e que me deixa alegre tão rápido quanto devora chocolates. Ela é a única para quem eu contei sobre o que eu fiz a mim mesma e ela é a única que chorou por mim, a única que sentiu minha tristeza, a única que eu quero ser amiga.


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Notas finais do capítulo

Postei mais um, pois esse mês acho que não irei postar mais...



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