Uma séria conversa estava prestes a acontecer. Finalmente, Remy iria conseguir as respostas que tanto almejava. Lucas também parecia estar sério e decidido a colocar as cartas na mesa para o ex-Ladrão.

– Bem, senhor LeBeau, acho melhor começarmos pelo início.

– Também acho! – Disse Remy que, em seguida, se sentou em uma cadeira, já que a conversa parecia que ia ser longa.

– Pois bem. A sua primeira pergunta é “como você veio parar aqui”, certo? Então, qual é a última coisa que você se lembra?

– Eu estava aqui, na Mansão. Havia uma festa e eu tinha discutido com a Vampira. Depois eu ouvi uma voz, e eu imagino que ela seja a sua.

– O senhor é muito esperto. Aquela era realmente a minha voz – Disse Lucas.

– E depois você me guiou até uma sala estranha e me fez usar um capacete ainda mais estranho!

– Este capacete estranho se chama “Cérebro”. Ele foi criado pelo meu pai há muitos anos. Usando o Cérebro, um telepata consegue expandir os seus poderes. Geralmente ele era usado para localizar mutantes em qualquer ponto da Terra. Mas depois que o meu pai faleceu, a sala do Cérebro foi desativada.

– Então foi com esta coisa que você me trouxe para cá?

– Podemos dizer que sim. Desde o incidente, eu tenho tentado me conectar com você. E agora eu finalmente consegui teletransportar a sua mente para este tempo.

– Teletransportar a minha mente? – Disse Remy.

– Sim. O que você está vendo aqui é o que a sua mente vê.

– Então quer dizer que é como se eu estivesse sonhando?

– Bem... mais ou menos. Mas você está em uma realidade. Eu sou real, assim como a nossa conversa.

– Entendo... – Disse Remy de uma forma não tão convincente – Mas por que você me trouxe do passado?

Um silêncio permaneceu entre os dois. Lucas ficou ainda mais sério quando ouviu tal pergunta. No entanto, assim que se sentiu preparado para responder, ele suspirou fundo e seguiu adiante.

– Eu trouxe você do passado porque eu quero consertar os meus erros.

– O que você quer dizer com isso?

– Você é o único que pode impedir que o incidente de cinco anos atrás aconteça. Você pode me deter há tempo!

Remy engoliu seco. Ele finalmente entendeu que havia sido enviado para uma missão fora de seu tempo.

– Como assim? E por que eu? Quero dizer, não me entenda mal, mas há mutantes mais fortes do que eu que poderiam ter sido escolhidos ao invés de mim!

– Quando aquelas personalidades assumem o controle de minha mente, os meus poderes não funcionam em você – Disse Lucas seriamente – Como deve saber, nenhum poder nível ômega, sendo físico ou mental, funciona em você devido à uma barreira que os seus poderes criam em torno de seu corpo.

– Mas então... Como você conseguiu me matar?

– Eu não queria falar sobre isto, mas agora você não me deixou escolha. Enfim, quando as minhas personalidades assumiram o controle, elas sabiam sobre você e se sentiram ameaçadas. Então, para impedir que você atrapalhasse em alguma coisa, elas me fizeram atirar em você.

Os olhos de Remy se arregalaram assim que ouviu tal informação. Mesmo se tratando de um ladrão, ele jamais imaginara que poderia ter um fim desta maneira.

– Você... atirou em mim?

– Sim... Eu não quero entrar em detalhes, senhor LeBeau, mas acredite ou não, foi exatamente isto que aconteceu – Disse Lucas enquanto desviava o olhar.

– Mas por que você mesmo não voltou ao passado e se “auto-impediu” de fazer aquilo?

– Isso é impossível. Uma viagem temporal é muito arriscada para telepatas. Nem mesmo eu sobreviveria a isto.

Remy ficou em silêncio. Ele não sabia o que deveria fazer. Aliás, ele estava conversando com o seu assassino. No entanto, se ele confiasse em Lucas, ele poderia salvar o seus amigos e a sua amada de um lamentável destino.

– Senhor LeBeau, se você não quiser aceitar o meu pedido, eu irei entender perfeitamente, mas...

– Qual é o plano?

– O quê? – Disse Lucas surpreendido após ser interrompido.

– Imagino que você deve ter um plano, non?

Lucas não esperava por aquela reação de Gambit. Afinal, após ter descoberto os detalhes, o visitante poderia não confiar e não aceitar o que Lucas tinha a dizer. Mas após entender tal pergunta como um “sim”, um leve sorriso surgiu em seu rosto.

– O plano é o seguinte: eu vou te mandar de volta para a sua época, mas você não terá todas as lembranças do que viu aqui.

– Como assim? Vai apagar a minha memória?

– Não necessariamente. Elas vão continuar intactas, mas apenas em seu subconsciente – Disse Lucas – Mas elas serão reativadas em determinados momentos que se remetem a situações que você passou aqui no futuro. Sendo assim, você será capaz de se lembrar das ordens que eu irei te passar agora.

– Mas por que será necessário comprimir minhas memórias?

– Eu acho que saber sobre o que vai acontecer no futuro não tem muita graça – Disse Lucas com um tom meio humorado – Mas, continuando, eu chegarei à Mansão no dia 17 de agosto de 2028. Será no dia do aniversário de 15 anos do Oliver.

– Sim, e daí?

– E daí que o incidente que eu provoquei acontece 5 anos depois, no dia 22 de setembro de 2033.

– E o que você quer que eu faça?

– Seja o que for, não permita que eu use o “Cérebro” de forma alguma! – Disse Lucas seriamente.

– Mas por quê? O que o “Cérebro” tem a ver com isso?

– Quando o utilizei, eu despertei as minhas personalidades. Se eu não tivesse feito isso, talvez aquele desastre jamais teria acontecido.

– Tudo bem, entendo...!

– Mas eu tenho mais uma ordem.

– Hum? E o que é?

Lucas ficou em silêncio e sua expressão era ainda mais séria.

– Caso você não consiga me impedir... Me mate!

– O QUÊ !? – Gritou Remy após se levantar bruscamente – Sem chance! Eu não vou matar você!

– Então faça um ótimo trabalho para me impedir de usar o cérebro! Pois caso o contrário, você não terá escolha!

– Esqueça isso! Eu não vou manchar as minhas mãos de sangue! Não de novo...

– Você não entendeu, senhor LeBeau! – Disse Lucas com um tom de voz mais elevado – Isto não é um pedido, mas sim uma ordem! Se não, você terá que escolher entre mim e sua família e seus amigos! Você realmente quer que seus filhos cresçam órfãos e tenham uma vida infeliz, como tem o Oliver?

Remy caiu em si. Quando ouviu tais palavras, ele preferiu não hesitar mais. Remy ainda não teve muito tempo para conversar com seu filho, mas percebeu que ele era um rapaz amargurado e havia muita tristeza em seu olhar. Além do Oliver, apesar de toda alegria e simpatia contidas em Rebecca, também era possível sentir certa melancolia no olhar da garota.

– Tem que haver outro jeito – Disse Remy após refletir – Seja o que for, eu vou te impedir, nem que eu tenha que morrer por isso!

– Morreria pelo futuro, senhor LeBeau?

– Non. Eu morreria pela Vampira e pelos meus filhos. Eu daria a minha vida em troca para protegê-los!

Remy dizia com convicção. A partir deste momento, Lucas teve ainda mais certeza que tinha recrutado o mutante certo para esta missão.

– Muito bem. Eu posso enviá-lo de volta agora.

– Non, espere! – Disse Remy – Eu queria me despedir pelo menos da Rebecca...

– Tudo bem. Então apareça quando estiver pronto.

Sendo assim, Remy foi se retirar do local. No entanto, quando abriu a porta, Lucas lhe disse:

– Remy!

– Hum?

– Obrigado!

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Remy caminhava pelo terreno do Instituto à procura da Rebecca, já que não havia a encontrado em nenhum lugar da Mansão.

“Onde será que essa garota se meteu?”, pensava ele. Remy começava a ficar preocupado, pois já era tarde demais para ela ter saído. Mas, de repente, quando caminhava rumo ao jardim, ele começou ouvir algumas vozes. Remy se aproximava mais, até que ele descobriu que havia duas pessoas discutindo no jardim, e uma delas era a Rebecca.

– Eu disse sem chance, não entendeu? – Disse Rebecca, que aparentava estar muito nervosa.

– Você é que não entendeu, Rebecca! Você tem que vir comigo agora! – Disse uma voz masculina.

– Eu já disse que eu não vou ir com você! Por favor, não insista mais! Agora me solte!

– Você não tem escolha, Rebecca!

– NÃO!

Assim que ouviu o grito da filha, Remy apressou o passo e correu imediatamente para o local.