Capítulo 6 – News

“Novidades”

– Violet – novembro de 1995

Os dois primeiros meses de aula passaram-se rapidamente, e desde a conversa que tive com Alessa as coisas melhoraram consideravelmente. Cada segundo que eu estivesse sozinha e cada lágrima ou mesmo palavra de rancor me aproximava ainda mais de Voldemort. Eu não queria isso! Prometi a mim mesma que não me renderia tão facilmente como ele pensava, e se me queria tanto, teria que fazer muito melhor que invadir minha mente e me persuadir a machucar as pessoas.

Comecei então a me aprofundar em Oclumência, ou, como dizia Alastor, a arte de “trancar” a mente. Eu estava muito melhor e, com o passar dos dias, as “invasões” de Voldemort foram diminuindo até desaparecerem completamente.

Eu estava de volta.

Para a surpresa de Harry, Petúnia continuou a me mandar cartas regularmente. O conteúdo era o mesmo: perguntas sobre mim. No início fiquei um pouco desconfortável em dividir minha história com alguém que tinha visto uma vez na vida, mas conforme passavam os dias fiquei mais calma e comecei a me abrir mais, o que deu resultado, afinal, aos poucos Tia Petúnia fez o mesmo.

Meu rendimento escolar voltou e passei a ignorar a Umbridge sempre que podia, irritado-a ainda mais. Draco e Parkinson ainda eram um problema, principalmente depois que se tornaram monitores da Sonserina. Estavam sempre me seguindo e qualquer coisa que eu dissesse era um motivo para me escreverem advertências.

Facilitando para o meu lado, descobri que não era apenas comigo que estavam praticando injustiças, e sim com todos que odiavam, ou seja, com o resto da escola inteira.

– Atenção todos, por favor. – começou Dumbledore durante o jantar – Eu gostaria de informar-lhes uma pequena mudança no quadro de monitores esse ano. Chegou aos ouvidos da diretoria que muitos alunos estão reclamando dos atuais monitores, principalmente por conta de detenções e advertências aplicadas injustamente.

– Como eles sabem? – perguntei às meninas

– A pergunta certa é: quem não sabe? A Parkinson está descontrolada! É pior até que o Malfoy! – respondeu Sophie.

– Eu e os demais professores investigamos a procedência das denúncias, nos reunimos para resolvermos este problema e já informamos nossa decisão aos demais monitores.

– O que será que aconteceu nessa reunião? – perguntou Alessa com um grande sorriso no rosto. – Queria tanto ser uma mosquinha para saber...

– Chegamos à conclusão de que, em dois dias, a dupla de monitores da Sonserina será desfeita. O Sr Malfoy continuará no cargo e a Srta. Parkinson será deposta. – uma série de palmas e vivas correu pelo salão, deixando Pansy bufando de raiva – Em seu lugar foi escolhida a Srta. Snape, que assumirá dentro do prazo já estabelecido.

Todos me encaravam com surpresa e alguns até com despeito. Assim que Dumbledore declarou-me como a nova monitora, tomada pela surpresa, engasguei com o suco.

– O quê? - sussurrei surpresa

A maioria dos professores, senão todos, batia palmas alegremente. Minerva e Snape olhavam-me claramente orgulhosos e Umbridge com uma raiva palpável nos olhos. Uma série de palmas foi puxada pelo “Trio de Ouro Grifinório”, e pouco a pouco todos no salão aplaudiam-me fervorosamente.

– Por hoje é tudo, podem voltar para seus dormitórios. Boa noite. – disse Dumbledore encerrando a noite.

– Eu não acredito... – sussurrei

– A Parkinson vai te matar! – riu Alessa

– Eu sei que está surpresa, mas vai ficar aqui? – perguntou Mary levantando-se.

Olhei ao redor e percebi que todos estavam em pé e dirigiam-se para os dormitórios.

– Eu... – comecei.

– Srta. Snape, poderia vir à minha sala, por favor? – disse Dumbledore aproximando-se.

– C-claro... – respondi ainda surpresa – Hmm... Eu encontro com vocês depois... – falei para as meninas, que assentiram e acompanharam os demais para fora do salão.

Dumbledore conduziu-me até sua sala, onde Snape, Minerva, Sprout e Flitwick, diretores das quatro casas, esperavam.

– Vejo que está surpresa Srta. Snape... – começou o diretor sentando-se à sua mesa.

– Com certeza... Eu não esperava que fossem me escolher como monitora, principalmente com tudo que está acontecendo...

– A que se refere? – perguntou ele ternamente indicando que eu me sentasse.

– Depois do que aconteceu no Torneio Tribruxo ninguém confia em mim... Me chamam de mentirosa nos corredores e já sou recordista em detenções com a Profª Umbridge... – expliquei.

– Os diretores das quatro casas e eu nos reunimos ontem pela manhã para conversarmos sobre as mudanças na monitoria da Sonserina, e o seu nome foi posto em discussão. Todos nós concordamos que a Srta. não está em sua melhor forma, mas sua determinação e justiça foram os maiores pesos na decisão.

– E as detenções? - Todos nós sabemos que a Srta. tem uma aversão visível à Profª Umbridge, e sabemos também que todas as detenções que recebeu foram por expor um ponto de vista diferente, portanto, temos plena confiança que a Srta. irá melhorar seu desempenho escolar o mais rápido possível... – insinuou Dumbledore.

– Quem trouxe meu nome à discussão? – perguntei – Eu até já sei o que todos vão falar depois de hoje... Que eu...

– Não fui eu, se é o que está insinuando... – comentou Snape.

– Não? – surpreendi-me.

– Seu nome foi posto em discussão pela Professora Sprout e apoiada imediatamente pelo professor Flitwick. – explicou o diretor.

– Desculpem, mas... Eu pensei que não gostassem de mim... Especialmente a senhora... – falei à Prof Sprout referindo-me ao incidente com Cedrico.

– O que aconteceu com o Sr. Diggory não foi sua culpa... – começou ela – Apesar de todos os rumores que rondam o castelo sobre você, não podemos discordar dos fatos. A Srta. tem um caráter notável, um senso de justiça exemplar, é determinada e faz o que estiver ao seu alcance para proteger aqueles que ama...

– É quase uma Grifinória – riu Flitwick.

– Suas notas caíram um pouco, mas também sabemos dos motivos. – continuou a professora – Desde que chegou à Hogwarts têm se mostrado uma excelente aluna, educada e gentil, pelo menos com os professores... – acrescentou rindo. – Por isso pensei ser uma forte candidata ao posto de monitoria...

– E ela não teve problemas em nos convencer. – completou Dumbledore – Sabemos de sua “relação conturbada” com o Sr. Malfoy, mas pedimos que, por favor, faça o que estiver ao seu alcance para não iniciarem uma discussão, precisam trabalhar essas desavenças...

– Contanto que ele não me provoque...

– Ele já foi informado e disse o mesmo... – riu o diretor – Colocá-los para trabalhar juntos é um grande risco, mas tenho certeza que vocês trarão um equilíbrio para a monitoria da Sonserina...

Eu não afirmaria isso tão cedo...

– Como eu disse no jantar, a Srta. começará seu trabalho em dois dias. Creio que é tempo suficiente para se familiarizar com os novos horários e deveres.

– Aqui está o quadro de duplas para as monitorias. – disse Flitwick entregando-me um pergaminho. – Sua primeira ronda será com o Sr. Malfoy, então, por favor, tente não destruir nada no processo, sim? – brincou

– Farei o melhor que puder Professor Flitwick – ri

– Muito bem, creio que isso é só. Seu novo distintivo está nas mãos do Sr. Malfoy, que lhe entregará em dois dias. Meus parabéns Srta. Snape. – disse Dumbledore levantando-se.

Quem diria não?

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– Violet –

Dois dias se passaram, e finalmente a noite em que eu iria monitorar chegara. Foi tempo suficiente para eu me familiarizar com o novo horário e minhas novas duplas. Hermione e eu faríamos a ronda juntas todas as segundas, eu e Rony às terças e o restante dos dias com Draco.

Infelizmente teríamos que vistoriar o castelo inteiro, mas graças a Merlin cada uma das oito duplas iria vistoriar um canto de Hogwarts.

– Está atrasada Snape. – disse Draco assim que desci as escadas do Salão Comunal para a primeira ronda.

– Não enche Malfoy. – respondi

– Dumbledore mandou entregar... – disse entregando-me o distintivo de monitora - Espero que honre o lugar da Pansy

– Se você quer uma garota grudenta e extremamente ciumenta ao seu lado em todas as rondas, não se preocupe Draquinho, darei meu melhor! - sussurrei ameaçadoramente.

– Só porque eu disse ao diretor que não iria discutir com você não significa que vou ficar quieto Snape, portanto não provoque... – rosnou enquanto saíamos do Salão Comunal em direção aos jardins.

– Não se preocupe Malfoy, não pretendo discutir com você... – avisei – Pelo menos não tão cedo...

– O que quer dizer com isso? – parou abruptamente, fazendo-me esbarrar nele e cair de costas na grama gelada.

– Mas que droga Malfoy! – exclamei

– Isso que dá não prestar atenção por onde anda! – respondeu segurando-se para não rir.

– Isso que dá deixar um loiro oxigenado te guiar! – falei quase rindo da expressão de raiva que formou-se em seu rosto – Não vai nem me ajudar a levantar Malfoy?

– Você que caiu. – levantou os ombros continuando a caminhar e deixando-me sozinha.

– Por sua culpa!! – gritei levantando-me rapidamente e me aproximando – Que isso não se repita Malfoy!

– Ou o quê? – respondeu virando-se abruptamente novamente, quase me derrubando.

– Não queira saber... – murmurei ameaçadoramente

– Já estão discutindo? Pensei que o diretor tivesse sido claro o suficiente... – comentou Snape vendo-nos parados no meio do jardim – Mexam-se. – mandou.

– Ela que começou professor... – disse Draco.

– EU? – repeti incrédula – Você que me derrubou!

– Não me interessa quem tenha começado! São os monitores da Sonserina, precisam dar o exemplo! Espero que não seja preciso tirar pontos da minha própria casa... – disse ele com uma expressão incrivelmente assustadora. – Fui claro?

– Sim senhor. – respondeu Malfoy.

– Sim senhor – respondi assim que Snape me encarou. – Vai ficar aqui Malfoy? – perguntei enquanto virava-me para continuar a ronda.

– O que você acha? – perguntou ironicamente seguindo-me

– Não ouse ficar na minha frente, não quero ser derrubada novamente. – avisei quando ele tentou me passar

– Você que não olha por onde anda – respondeu

– Se eu não olho é porque tinha algum imbecil na minha frente! – rebati

– Sr. Malfoy e Srta. Prince! – repreendeu-nos Snape de longe.

– Desculpe professor! – respondi alto para que ele ouvisse - Satisfeito? – murmurei para o Draco entrando rapidamente no castelo.

– Shhh... – falou parando abruptamente e segurando meu braço

– Como assim “Shhh”? Quem pensa que é para falar “Shhh” para mim? – rebati

– Fica quieta! – murmurou apontando para um dos cantos do corredor – Tem alguém aqui...

Avançamos silenciosamente pelo corredor e ouvimos duas pessoas conversando, ou melhor, tramando.

– O que fazem aqui? – perguntei apontando minha varinha para os “fujões”.

– Ah... Oi Violet... Tudo bem? – perguntou o primeiro.

– Detenção, para os dois! – disse Draco.

– Detenção? – repeti

– Sim, por quê?

– Você não acha um pouco demais?

– Claro que não.

– Claro que sim!

– E o que sugere Srta. Prince? – perguntou imitando o tom irônico do meu pai.

– Advertência. Na próxima, detenção. – falei.

– Ser monitor não é dar advertências!

– Nem distribuir detenções gratuitamente! – rebati. – Lembre-se que foi por isso que a Parkinson foi deposta...

– E então... Advertência ou detenção? – perguntou um dos garotos com ar maroto.

– Advertência – falei.

– Detenção – disse Malfoy ao mesmo tempo.

– Se puderem se decidir... – comentou o garoto

– Calados! – dissemos Malfoy e eu ao mesmo tempo.

– Faremos o seguinte, dessa vez é advertência. Malfoy, precisamos conversar sobre quais serão nossas “prioridades”...

– Tá... Então... Até mais para vocês dois – sorriu um dos garotos

– Da próxima será detenção, ouviram Weasley's? – gritei assim que eles começaram a se afastar.

– Sim senhora! – responderam correndo.

– Por que me desautorizou? – perguntou Draco.

– Como assim “me desautorizou”? Do jeito que fala até parece que é meu superior... – ironizei cruzando os braços

– E sou. – respondeu – Estou a mais tempo que você como monitor, sei mais que você e com certeza sou mais experiente...

– E mesmo assim não foi o suficiente para impedir que a Parkinson fosse deposta. Admita, vocês exageraram nas detenções e é por isso que ela saiu.

– Mas eu fiquei.

– Claro que sim... Ao que parece, a má influencia era ela, não é? – ironizei continuando meu caminho – Lumus!

– Não começa Snape. – avisou – É óbvio que não me respeita, mas poderia ao menos tentar entender meus motivos para “distribuir detenções”, e não me condenar logo de início!

– Tá, quem é você e o que fez com Draco Malfoy? – perguntei virando-me abruptamente.

– Sou um monitor, engraçadinha... – ironizou

– Muito bem, então diga... Quais foram seus “motivos”? – perguntei.

– Eu já peguei aqueles dois fora do horário nos corredores duas vezes essa semana. Na primeira, por mais que não acredite, dei uma advertência. Depois apliquei uma detenção e agora que eles foram pegos de novo, você dá apenas uma advertência!

– E porque não disse antes Malfoy? Se eu soubesse que eles já foram pegos duas vezes essa semana eu certamente não teria dado “apenas” uma detenção! Caso não se lembre, eu assumi o cargo agora! Você nem me passou os registros do que aconteceu, se é que existem registros!

– É claro que existem registros! – rebateu – E você que não pediu...

– Nesse caso... Você me empresta seus registros Draquinho? – falei imitando a Pansy.

– Da próxima vez que eu decidir dar uma detenção, tente não iniciar uma discussão.

– Tente ser gentil que não inicio uma discussão. – rebati.

– Fechado. – falou estendendo a mão.

– Sério? – perguntei surpresa.

– Serei menos grosseiro SE você não iniciar uma discussão cada vez que discordar de mim... E só nas rondas, não se acostume. – falou mantendo a mão erguida. – E então, vai deixar minha mão no ar sem resposta? – perguntou ironicamente.

– Tudo bem. – falei apertando sua mão – Acordo fechado.

– Ótimo, agora vamos que quero terminar essa ronda logo e dormir. – falou carrancudo seguindo pelo corredor.

–------------------- no dia seguinte ------------------

– E então? Como foi sua primeira vez com o Malfoy? – perguntou Alessa maliciosamente.

– Pode tirar esse tom malicioso da voz Alessa... – respondi sentando-me à mesa para o café.

– Até porque ela não está interessada nele, e sim em certo garoto estrangeiro... – insinuou Sophie.

– Vocês ainda não esquecerem isso? – perguntei levemente envergonhada

– Não. – responderam em uníssono.

– Vocês continuam em contato, não é? – perguntou Mary

– Sim... Ele tem me perguntado muito sobre Hogsmead ultimamente... Não sei por que o interesse...

– Vai ver ele quer marcar algum encontro... – sugeriu Alessa com um enorme sorriso travesso no rosto.

– Cala a boca Alessa... – brinquei.

– Snape. – disse Draco jogando um caderno sobre a mesa. – Tudo que precisa saber... Não se atrase novamente. – falou afastando-se do mesmo modo que chegou: rapidamente.

– O que foi isso? – perguntou Sophie com a boca aberta.

– São os registros de todas as punições que ele e a Parkinson deram nos últimos meses...

– E ele nem te ofendeu ou debochou... É sério, o que aconteceu ontem? – perguntou Mary.

– Fizemos um acordo de nos suportar durante as rondas... – falei – Uau... Os gêmeos são realmente os recordistas em advertências e detenções...

– Obrigada Violet... – disse Fred aparecendo ao meu lado

– Digo o mesmo. – completou Jorge.

– Não fiquem animadinhos meninos, ontem passou porque eu não sabia do histórico de vocês... – falei mostrando o caderno – Mas da próxima será detenção, e faço questão de ser com a professora Umbridge ou o professor Snape... Tenho certeza que eles ficarão muito felizes em aplicar um castigo para vocês dois... – avisei. – Espero não vê-los novamente fora dos dormitórios à noite... Entendidos?

– Sim Professora Snape – falaram em uníssono.

– Professora Snape? – perguntei levantando a sobrancelha.

– Quando quer é igualzinha ao morcegão... – riu Fred.

– Eu posso ser pior, então... Não abusem! – sussurrei ameaçadoramente.