Pov Rapunzel

A morena de cabelos longos presos formando várias linhas delicadas começou a falar:

– Bom... Meu nome é Magali e nasci aqui no Brasil.

– Quem é Yuka? – perguntou Soluço.

– Como você sabe dela? – ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

– Vocês ficaram pálidos quando o nome dela foi sorteado... – ele explicou também arqueando uma sobrancelha.

– Há... Bem que senti meu sangue indo embora... – disse pensativa.

– Mas quem é ela? – perguntei.

– Uma velha inimiga... De todos nós! Na verdade eu não me lembro de muito do que aconteceu, mas tenho a sensação de perigo perto dela... Como se ela quisesse se vingar de algo... Mas eu não faço ideia do que seja isso!

– Acho que não entendi... – falou Merida confusa.

– Só você? – perguntou Jack.

– Sério que isso é uma história? – perguntou o garoto de cabelo espetado.

– Não tá pior que a do Jack... – falei e todos tiveram uma crise de risos, exceto, é claro, o próprio Jack.

– Muito engraçado! – reclamou ele.

– Diferente de você ela se esforçou! – indagou Merida.

– Voltando à conversa... – chamei. – Que tal você falar agora? – falei apontando para a Mônica (acho que esse é o nome da outra morena...).

– Bem... Eu sou a Mônica e também nasci no Brasil.

– Quem é Penha? – perguntou uma menina de cabelo roxo.

– Isso o Cebola pode responder! – ela falou fuzilando o garoto com o olhar.

Ainda bem que ela não tem uma bazuca...

Ele bufou e começou a falar:

– Ela era uma menina do bairro das pitangueiras que tinha se mudado para a França, onde aparentemente ela nasceu, e há algum tempo ela tinha voltado para acabar com a vida de todo mundo.

– Você quis dizer com a vida da Mônica, né? – contrariou Magali.

– Verdade. Ela manipulou os fatos para que pudesse incriminar a Mônica. – falou o garoto que estava sentado na frente da Magali.

– Além disso, Cascão, ele escondeu alguns, peraí, não! Ele escondeu vários fatos! Como por exemplo: ele ter namorado ela! Ele namorou uma das minhas piores inimigas! – ela gritou se exaltando. – Isso sem falar no fato de ela ser uma psicopata!

– Verdade. – pensou Magali. – Ela não tinha sido internada em uma clinica psiquiátrica depois que tudo aquilo aconteceu?

– Foi internada. – respondeu Cebola.

– Ué! Então como ela veio parar aqui? – raciocinou Cascão.

Todos ficaram em silêncio. Se era realmente assim que a história tinha acontecido essa era uma boa pergunta a se considerar...

– Mas de qualquer forma ela não era nossa inimiga! – defendeu Cebola quebrando o silêncio.

– Qual é o seu problema? – gritou Mônica retoricamente, dando um chute nele que soltou um “ai” em resposta.

– Sua paranoia! – ele respondeu. – Esse é o meu problema!

Ai! Ele não devia ter falado isso! Se ela realmente tiver uma personalidade parecida com a de Merida, como eu pude observar, ou ela vai ficar morrendo de raiva e vai mata-lo ou vai ficar muito magoada com ele por preferir defender Penha, então vai se retirar, trancando-se em seu quarto e se pondo a chorar descontroladamente.

– Se é assim que você pensa... – falou se levantando e indo em direção a garota de cabelo roxo. – Você pode Karine? – perguntou para garota que assentiu e se levantou indo sentar no lugar onde estava Mônica. – Bryan... – falou indicando que pedia licença.

O loiro afastou a perna e ela se sentou.

Seguiu-se um silêncio. Nós nos encarávamos trocando olhares confusos. Mônica estava com uma cara de raiva, já Cebola estava com uma expressão de incrédulo.

– Então... – chamou Wilbur nos trazendo de volta a realidade.

– Vamos continuar? – perguntou Mônica mudando sua expressão, virando de lado e apoiando o braço na perna do loiro, Bryan.

Olhei para Cebola. Este tinha uma expressão que indicava que ele queria matar o garoto. A garota de cabelo roxo, Karine, estava com um sorriso discreto no canto da boca. Ela olhava fixamente para o loiro e quando me virei ele também olhava para ela com o canto do olho e tinha um sorriso sutil nos lábios. Não pude deixar de sorrir com a cena.

– Bom... O próximo da lista de inimigos pessoais é...

– Que nome é esse? – perguntei interrompendo Soluço.

– Sei lá! – exclamou dando de ombros, ai olhou para mim e sorriu continuando logo em seguida. – Bom... Bianca!

Mônica, Magali, Cascão e Cebola ficaram completamente pálidos quando ele falou o nome dela.

– Hã... Porque estão tão pálidos? – perguntou Merida.

– Nada não... – respondeu Cebola. – É só que ela nos lembra uma história maluca de fantasmas que foi meio que uma peça que nos matou de susto. Nunca conseguimos esquecer... – murmurou. – Ela é uma nerd em Computação Gráfica que gostava de mim e planejou uma história maluca para me pegar desprevenido. Mas ela não esperava que todos nós estaríamos lá. A peça dela se transformou em um monte de armadilhas mortais. A Magali foi atingida por um dardo envenenado e ficou em coma por uma semana. Bianca não se arrependeu de nada do que fez e prometeu que faria de novo...

– Dramático! – exclamou Jack com tédio na voz. – Mas parece mais romance água com açúcar.

– Se você estivesse lá quando as armadilhas se voltaram contra nós não pensaria assim! – ameaçou Cebola com raiva na voz.

Os dois estavam se fuzilando com o olhar. E eu tinha certeza que não ia sair coisa boa disso.

– Agora o Poeira Negra. – chamou Soluço.

– Há! – exclamaram. – O Capitão Feio!

– Quer dizer... O filho dele! – concertou Cascão.

– Não acredito que o pai dele o inscreveu com esse nome! – falou Magali incrédula.

– Coitado! – sussurrou Mônica levando as mãos em concha à boca. – Até porque o nome real dele é lindo!

– E qual é o nome dele? – perguntou Karine.

– Nicholas. – ela respondeu.

– Realmente é bonito! – ouvi Merida falar.

– Mas porque não gostam dele? – perguntou Bryan.

– E porque ele corrigiu quando o chamaram de Capitão Feio falando Poeira Negra? – perguntou Violetta.

– Quanto ao nome foi automático. – respondeu Magali. – O pai dele sempre faz isso quando o chamamos assim e por isso ele respondeu daquela forma.

– Na verdade não gostamos dele justamente por que ele se parece demais com o pai. E isso sempre nos lembra o verdadeiro Poeira Negra, e meio que ele é o nosso maior inimigo, desde que éramos pequenos. – explicou Mônica.

– A rixa infinita entre nós reflete nele que também não gosta nem um pouquinho da gente! Já que o pai colocou na cabeça dele que somos os verdadeiros inimigos... – concluiu Cascão.

– Interessante... – pensou Wilbur. – Mas como é o nome de vocês dois mesmo?

– Eu sou Cebola.

– E eu Cascão. Ambos nascemos no Brasil.

– Ok! Agora só falta dois seres da nossa lista! – falei.

– Exatamente! – concordou Jack. – Quem são mesmo Soluço?

– Lizandra e Pollo. – respondeu.

A garota de cabelo roxo e o loiro bufaram. Sem dúvida chegamos aos inimigos pessoais deles...

– Esses dois fazem parte de uma mesma história! – resmungou Karine.

– Vamos voltar aos confins da nossa memória, dois anos atrás... – começou Bryan com um olhar distante. – Bom eu e Karine éramos distantes... Desconhecidos um do outro para ser mais exato.

– Mas por causa desses dois nos unimos. – Karine tomou a voz. – Nós não os odiamos, mas eles nos odeiam.

– O que aconteceu? – perguntou Merida.

– Gangues! – resumiram em uníssono.

– Na escola estava acontecendo uma guerra de gangues. – começou Karine. – Nós dois éramos uns dos poucos que não faziam parte de nenhuma e por isso sofríamos muita perseguição.

– A guerra começou a ficar séria. As quadras próximas à escola viraram um verdadeiro campo de guerra. – explicou Bryan. – Lizandra era a líder da gangue que dominava o lado norte, Pollo o líder do lado leste.

– Vizinhos e inimigos. – interrompeu Karine. – Eu vivia no lado norte e era antiga amiga de Pollo. Bryan vivia no lado leste e era antigo amigo de Lizandra. Por isso éramos alvos principais.

– Houve uma feira... Fomos para ela junto com nossas famílias... – Bryan estava cabisbaixo. – Foi aí que a guerra explodiu!

– No meio do tiroteio perdi minha mãe e Bryan a irmã. – concluiu Karine.

– Depois da perda descobrimos nossas coisas em comum e viramos amigos, além disso nossas famílias decidiram se mudar, pois a guerra estava ficando cada vez pior, por sinal, a ironia é que acabamos vindo parar ambos no Brasil 1 ano depois.

– Sou Karine e nasci na Espanha, Madrid.

– E eu sou Bryan e nasci na Inglaterra, Londres. Foi para esses lugares que fomos depois da guerra. Quando tínhamos 7 anos nos encontramos de novo aqui, no Brasil.

– Sinto muito pelas perdas... – falou Jack.

– Tudo bem... – respondeu Karine com um sorriso fraco.

Passou se um tempo de silêncio. Mas depois começamos a falar sobre outras coisas... Como: por que estávamos naquele acampamento, como nossos pais reagiram...

Mas a melhor parte foi:

– Peraí! – interrompeu Magali. – Então... Vocês são o pessoal que estavam conversando sobre Uno?

– E você deve ser a menina que lambeu a mão do sujinho! – falou Merida com uma expressão mista de incredulidade e animação.

– Lambi? – ela perguntou?

– Você ainda não se tocou Magá? – perguntou Cebola rolando os olhos.

– Como eu posso acreditar que fiz isso? – gritou brava.

– Vocês estão me magoando sabia?! – gritou Cascão indignado.

Todos começaram a rir com a discussão que se seguiu entre os dois.

Aquela noite em que nos conhecemos passou rápido, e em algum ponto desconhecido eu dormi...

Mal esperando as surpresas que me aguardariam no dia seguinte...