E Se? escrita por WaalPomps


Capítulo 43
And I just got broken


Notas iniciais do capítulo

Obrigada as leitoras fofas que mandaram palavras carinhosas ontem. E as que me chamaram de frescurenta... Na boa, experimentem escrever uma fanfic. Só experimentem. E vejam o quão legal é quando as leitoras só aparecem para te cobrar por demora :)



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Assim que Bento se virou, soube que algo estava errado. Amora estava caída no chão, aparentemente desacordada. A princípio ele pensou que ela tentava enganá-lo, até se dar conta que ela havia caído com a barriga para baixo.

_ Amora. - ele correu na direção da esposa, virando-a para cima. Ela cortara a testa na queda, e o sangue começava a escorrer - Amora? Amora, acorda pelo amor de Deus.

Ele lhe dava tapinhas no rosto, tentando reanimá-la. Porém ela sequer se mexia, mole em seus braços. Ele começou a respirar com dificuldade, em pânico. Precisava levá-la para o hospital o quanto antes e...

_ Ai meu Deus. - seus pensamentos foram interrompidos quando ele percebeu a mancha vermelha que se formava na saia da esposa - Ai meu Deus...

Ele a puxou para seu colo, se erguendo em um pulo. Correu para a porta, que foi aberta. Ele encarou André e Mayara, os dois assustados.

_ Mayara, pega as minhas chaves. André, pega meu celular e procura o número do meu pai. Manda ele encontrar a gente no hospital. E venham, os dois. - mandou o empresário, enquanto saia do apartamento.

Não teve paciência para o elevador, correndo para as escadas. Sabia que era mais arriscado, mas não conseguia raciocinar direito. O líquido molhando sua mão só indicava o perigo que seu filho corria.

_ André, abra a porta de trás. - mandou Bento, e o garoto o fez. Ele deitou Amora, vendo Mayara entrar pelo outro lado e segurar a cabeça da tia - Me avise se acontecer alguma coisa.

Ele correu para o banco da frente, colocando o cinto de qualquer jeito. Assim que ouviu a porta de André batendo, arrancou de ré, que acertando outro carro. Viu que o garoto tentava falar com Wilson, e observava Amora e Mayara pelo retrovisor. A mais nova parecia em pânico, sem saber o que fazer.

_ Tio Wilson? - André gritou - A gente tá indo pro hospital. A Amora tá muito mal, ela tá sangrando e... Ela tá mal. - o menino quase chorava - O Bento pediu para você nos encontrar lá.

_ Avisa o Bento que eu estou entrando no carro agora mesmo. - garantiu o mais velho, desligando o celular. Depois disso, Bento focou toda sua atenção no trânsito, enquanto costurava por entre os carros.

Provavelmente receberia algumas dezenas de multas, mas estava pouco se fodendo para isso.

Largou o carro na entrada do hospital, enquanto alguns enfermeiros vinham correndo. Abriu a porta, puxando a esposa.

_ Ela caiu de frente, em cima da barriga. - ele avisou, enquanto um dos enfermeiros gritava por uma maca e um médico - Começou a sangrar logo depois.

_ Nós vamos examinar sua esposa. Mas o senhor precisa ficar aqui. - mandou o médico, enquanto corriam pelas portas duplas.

~*~

Wilson estacionou o carro, vendo o do filho largado de qualquer jeito. Suspirou, já antevendo o pior. Desceu do veículo em meio a uma prece silenciosa, correndo em direção à emergência do hospital.

O local estava vazio, a exceção de um casal, um rapaz e Bento com as crianças. Os dois mais novos estavam encolhidos, lado a lado, enquanto Bento encarava o nada, o olhar perdido e cheio de lágrimas.

_ Filho? - Wilson o chamou, atraindo sua atenção. O rapaz se levantou, se atirando no braço dos pais, chorando compulsivamente - Se acalme, por favor.

_ A gente estava discutindo e... Eu não sei o que aconteceu. - o mais novo soluçava - Eu falei um monte de coisas, ameacei tirar o Kim dela e quando me virei para sair, ela caiu. Simplesmente caiu, ou tropeçou, ou... Pai, eu não sei o que está acontecendo, como está a Amora e o meu filho. Eu não sei.

_ Nenhum médico deu notícia ainda? - Bento negou - E quanto tempo faz?

_ Acho que uns vinte minutos. - o rapaz tentou secar os olhos.

_ Nesse tempo, eles ainda estão examinando. - Wilson garantiu - Se tivesse algo realmente errado, já teriam vindo avisar, tenho certeza.

Bento apenas confirmou, voltando a se sentar. Wilson observou as duas crianças assustadas, suspirando. As pobrezinhas já haviam passado por tanto com a mãe, e agora ainda tinham que lidar com aquilo.

_ Vai ficar tudo bem. - prometeu o homem, se ajoelhando em frente as crianças - A tia de vocês vai ficar bem, assim como o Kim. Eu tenho certeza.

_ Eu já ouvi isso. E não deu certo. - sussurrou André, fazendo o peito de Wilson se apertar.

_ Mas nós precisamos ter fé. Sempre.

_ Bento Rabello? - um médico apareceu, atraindo a atenção deles. Os quatro se levantaram, enquanto o homem caminhava até eles - Houve um descolamento da placenta, e foi grave. Precisamos retirar o bebê imediatamente.

_ Mas ainda faltam sete semanas. - Bento praticamente gritava.

_ Sr. Rabello, se não tirarmos a criança de lá agora, ela não vai sobreviver. - garantiu o médico - O suprimento de oxigênio está quase nulo, e o bebê logo vai entrar em sofrimento.

_ Tudo bem, então vamos. - o rapaz tentou andar, mas o médico o segurou.

_ Ela já está na sala de cirurgia Sr. Rabello, pronta para começar o procedimento. Não há tempo a perder. - avisou o médico - A obstetra já está a acompanhando, mas o senhor não poderá entrar.

_ Mas é a minha mulher e o meu filho. - rosnou o empresário, e o pai o segurou pelo ombro - Eu preciso estar com ele.

_ Sr. Rabello, sua esposa está desacordada até o momento. Não houve tempo para exames mais aprofundados, precisamos tirar o bebê com urgência. - explicou o médico - Faremos uma tomografia assim que ela sair de cirurgia, para averiguar se não houve nenhum trauma craniano na queda, já que o senhor disse que ela bateu a cabeça. - o rapaz engoliu em seco - Estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance, isso eu lhe asseguro.

_ Tudo bem, obrigado doutor. - quem agradeceu foi Wilson, puxando o filho para a cadeira - Se acalme filho, se acalme e tenha fé. Eles estão fazendo o que está ao alcance deles.

~*~

Os minutos pareciam se arrastar, enquanto eles esperavam. Não deveria demorar tanto, não deveria. Seu coração gritava que algo estava errado, que seu filho estava em perigo. Que Amora estava em perigo.

Merda, ela havia errado, ele sabia disso. Mas ele se apaixonara por ela, e ainda a amava. Talvez se não a tivesse desprezado após descobrir seus erros, ela não teria aprontado mais essa e ele não teria lhe dito aquelas coisas. Talvez eles não brigassem, e ela não desmaiasse. Talvez...

Sentiu uma mãozinha em seu braço, e encarou Mayara, que lhe dera o braço, deitando a cabeça em seu ombro. A semelhança dela com a jovem Amora era perturbadora e ao mesmo tempo acalentadora. Ele conseguia se lembrar dos momentos que o haviam levado a se apaixonar pela esposa, até mesmo os mais recentes.

A maneira doce como ela falava com Kim, quando pensava que ele não estava por perto. O jeito como ela e dona Glória haviam se entrosado, falando sobre o bebê. A maneira como ela regava as flores que ele havia espalhado pelo apartamento, ou como ela conversava com os sobrinhos, agora que eles estavam baixando a guarda para eles.

Enquanto pensava nisso, não viu o médico vindo na direção deles. Só se deu conta que algo acontecia, quando Mayara o puxou pela mão.

_ Sr. Rabello, realizamos a cesárea. - avisou uma médica que ele não conhecia - Sua esposa perdeu muito sangue, mas controlamos a hemorragia que se formava. Ela está recebendo transfusões.

_ E o Kim? - perguntou André, ansioso.

_ Bom, o pulmão dele ainda não está de todo formado. E ele ficou algum tempo recebendo muito pouco oxigênio, pelo descolamento da placenta. - a médica era cautelosa - No momento ele está na incubadora, ligado ao respirador. Estamos tomando todas as medidas possíveis para que ele sobreviva.

_ Então ele corre risco? - perguntou Bento, a voz entrecortada.

_ Todo recém-nascido prematuro corre riscos, Sr. Rabello. Infelizmente, seu filho também. - a médica deu um sorriso triste - Agora o Dr. Jonas gostaria de lhe falar sobre a sua esposa.

_ Mas a senhora não disse que haviam contido a hemorragia? - perguntou Wilson.

_ Sim, a hemorragia no útero foi contida. - garantiu o médico -Porém, ela sofreu uma pancada na cabeça durante a queda. E aliada a pequena parada cardíaca que ela sofreu durante a cirurgia... Sr. Rabello, a sua esposa está no que chamamos de coma intermediário.

_ Coma? - Bento caiu sentado, os olhos fora de foco - Co-como assim coma?

_ Ela responde aos estímulos de dor nos membros, porém não temos resposta visual ou sonora. - explicou o médico - Nesse caso, eu diria que as chances de recuperação total são favoráveis.

_ Favoráveis? - Wilson se revoltou - Isso lá é certeza de alguma coisa?

_ Infelizmente, quando se trata de coma, não há certeza. Nenhuma. - garantiu o médico - O que nos resta é aguardar e ver o que vai acontecer, monitorá-la e fazer o que estiver ao nosso alcance para que ela se recupere.

_ E quanto tempo isso demora? - perguntou Mayara, a voz rouca.

_ Eu não sei minha querida. - novamente um sorriso triste - Isso vai depender da paciente.

~*~

Quando a noite afinal chegou, puderam afinal deixar a recepção do hospital, rumo aos andares superiores. Não poderiam ver Amora, mas conseguiriam ver Kim pelo vidro da UTI Neonatal.

_ É aquele ali Bento? - perguntou Mayara, indicando uma das incubadoras que havia ali. Ele concordou, não por saber como o filho era, mas por ser o único menino ali - Eu não consigo ver ele direito.

_ Infelizmente vocês não podem entrar na UTI agora... - desculpou-se a enfermeira que os acompanhava - Mais tarde o senhor poderá ver seu filho, mas por enquanto, só daqui.

_ E o que é aquilo no rosto dele? - André tentava ver.

_ São os tubos que estão levando oxigênio para ele. - explicou a enfermeira - Porque os pulmões dele ainda não estão formados completamente, e ele não consegue respirar sozinho.

_ Bento? - o empresário se assustou ao ouvir a voz de Giane. Virou-se, vendo-a se aproximar com Fabinho, Silvério, Vinny e Plínio.

_ Vocês dois não deviam estar na lua de mel? - perguntou Wilson, e Bento focou os olhos na amiga. Ela estava bem maquiada, com o cabelo arrumado, e usava um vestido muito bonito. Fabinho estava apenas de calça e camisa, carregando o blazer e o casaco da esposa.

_ Nosso avião só sai de manhã. - avisou Fabinho - E a Giane estava aflita de preocupação com o Zé do Parquinho, então...

_Filho, por favor. - pediu Plínio, repreendendo o rapaz.

_ Alguma notícia? - perguntou Silvério, e Bento suspirou.

_ Bom, esse é o Kim. - o rapaz apontou o vidro, onde todos se colaram, observando o bebê - É o mais próximo dele que podemos chegar por hora.

_ Ele está no respirador? - Bento confirmou para o irmão - E a Amora?

_ Em coma. - o Rabello colou a testa ao vidro, sentindo as lágrimas virem - Não é um coma profundo, mas ainda sim...

_ Eu sinto muito meu filho. - garantiu Silvério, o abraçando pelos ombros.

_ É tudo culpa minha. Tudo isso. - Bento começava a chorar, recebendo um abraço do pai e do irmão - Eu só...

_ Giane? - Fabinho o interrompeu, e todos se viraram a tempo de ver a corintiana saindo correndo pelo corredor - Giane?

O publicitário saiu atrás da esposa, com Bento em seu encalço. Viraram em um corredor e Bento viu o aviso de chão molhado, assim como Fabinho, que diminuiu a velocidade. Porém, Giane parecia não ter visto, pois a próxima coisa que viram foi ela deslizar alguns centímetros, enquanto caia de costas.

_ GIANE.


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