E Se? escrita por WaalPomps


Capítulo 37
No regrets, just love




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O dia amanheceu fresco, típico do início de inverno. No apartamento dos Campana, foi acompanhado pelo barulho de vômito.

_ Giane? – Fabinho piscou os olhos, levantando a cabeça do travesseiro – Pivete?

Ele rolou para fora da cama, coçando os olhos e caçando os chinelos. A noiva odiava que ele andasse descalço durante o frio, mesmo que com as temperaturas ainda estivessem baixando aos poucos.

_ Puta qu... – ele parou na porta do banheiro, observando a morena abaixada em frente a privada, vomitando mais do que ele julgava ser possível – Tranqueira, o que cê tem?

_ Não to legal. Acho que tinha molho shoyo naquela salada ontem, porque me revirou o estomago. – ela tentou se levantar, fraquejando. Fabinho se abaixou, a pegando pela cintura e colocando de pé. Deu descarga, morrendo de nojo, enquanto ela lavava a boca.

_ Tranqueira, uma coisa é o molho shoyo te fazer mal. Outra coisa é causar um exorcismo nas suas entranhas. – o publicitário estava preocupado, enquanto a levava de volta para a cama – Quer ir para o hospital?

_ Exagero. Relaxa fraldinha. – ela suspirou, deitando-se de novo – Acho que tem bolacha maisena na cozinha. Pega para mim, por favor.

Ele assentiu, saindo em direção a cozinha. Começou a caçar as bolachas, vendo que uma ou outra coisa estava em falta. Começou a anotar os itens na lista que ficava na geladeira, até ler algo que o fez gelar.

_ Pivete, cê tá grávida? – ele entrou no quarto, perguntando de supetão e surpreendendo a noiva.

_ Eu to o que? – ela perguntou, arregalando os olhos – Tá maluco Fabinho? De onde você tirou essa ideia?

_ A lista de compras. Tá anotado absorvente. E eu lembro da sua última menstruação, já faz uns 40 e poucos dias, porque foi no final de semana daquela festa. – ele explicou, fazendo-a arregalar os olhos.

_ Mas eu tomo os anticoncepcionais todos os dias, no mesmo horário. – ela lembrou – Fabinho, é impossível eu estar grávida.

_ Nenhum método é 100% seguro, sabemos disso. – ele sentou em frente a ela – E você está passando muito mal, muito mal mesmo.

Ela começou a respirar pesadamente, ficando nervosa. Ele estava pálido, assustado. Nenhum dos dois sabia o que pensar sobre aquela ideia, especialmente a menos de quarenta dias do casamento.

_ Eu vou à farmácia. – o rapaz avisou, levantando e indo até o armário – Vou comprar um teste de gravidez e nós vamos tirar essa dúvida, tá bom?

Ela não disse nada, os olhos ainda vidrados, fazendo contas nos dedos. Ele se trocou, sentando em frente a ela.

_ Giane, amor, olha para mim. – ele segurou o rosto da morena – Se isso acontecer, nós vamos estar juntos, tá bom? Vai ser uma coisa boa, eu sei que vai. Mas se acalme, por favor. Pode não ser nada.

A moça concordou, dando um selinho no noivo. Ele levantou, saindo do quarto, enquanto ela voltava a se deitar, os olhos fixos no teto.

~*~

_ Amora? – Bento bateu na porta do quarto da esposa – Hã, eu estava pensando... Quer ir ao shopping? Precisamos ver as coisas para o Kim logo, antes que você fique muito cansada.

_ Por mim tudo bem. – garantiu a gestante, se levantando – Você me dá alguns minutos para trocar de roupa?

_ Claro. Te espero na sala.

O rapaz sentou-se no sofá, apanhando o celular do bolso. Desbloqueou a tela, começando a revirar as fotos no aparelho. Não havia muitas recentes, mas havia várias das semanas que antecederam a ida para a praia.

Tinha algumas com Mayara, nos dias que passaram se amando intensamente, dos momentos que viveram e que geraram aquela criança, que eles tanto aguardavam apesar de tudo.

Também havia algumas com Malu, com Giane e com os irmãos. E agora, só falava com Vinny, já que Mel estava fora e Tito não o encarava mais. O irmão havia ido morar com Lara Keller, e quase não falava com o próprio pai, a não ser dentro da empresa. E mesmo lá, restritamente.

_ Bento? – Amora apareceu na sala, já arrumada. O rapaz ergueu os olhos, bloqueando o celular e guardando no bolso – Pronto para ir?

_ Claro, claro. – ele concordou, pegando a carteira e as chaves do carro. Se dirigiram para a porta, mas lá chegando, tiveram uma surpresa – Hã... Quem são vocês?

_ Bento e Amora Rabello? – um homem de terno perguntou. Os dois confirmaram confusos – Sou Henrique Cruz, assistente social. Estou aqui para entregar as crianças.

_ As quem? – perguntou Amora, arregalando os olhos no susto.

_ Seus sobrinhos. – Henrique apontou as duas crianças – Mayara e André Garcia, filhos da sua finada irmã, Simone Antunes Garcia.

_ Simone? – guinchou a grávida, enquanto o marido a abraçava – Finada? Sobrinhos?

_ Sim, sua irmã. – o homem conferiu os documentos em sua mão – A senhora não foi avisada?

_ Se ela tivesse sido avisada, não estaria assim. – Bento observava as crianças, que estavam com a cara fechada – Porque não entram? E o senhor aproveita e esclarece essa história.

~*~

Fabinho chegou ao apartamento afoito, com uma sacola gigantesca na mão. Havia comprado algumas dezenas de exames, das mais variadas marcas possíveis. Seu coração quase saia pela garganta, em dúvida se queria que o resultado fosse positivo ou negativo.

_ Giane? – ele a chamou, indo em direção ao quarto. Ela estava deitada na mesma posição de meia hora antes, os olhos fixos no teto – Eu trouxe 45 exames. Prepare seu xixi.

_ 45? – ela arregalou os olhos – Tá louco fraldinha?

_ Não sabia que marca era melhor, ou mais confiável. – ele despejou tudo na cama – Todas dizem que a margem de erro é pequena.

_ Seu lunático. – a moça apanhou duas caixinhas aleatórias, se levantando e indo para o banheiro. Ele sentou na cama, começando a quicar impaciente.

Demorou um pouco, mas ela saiu com os exames na mão. Seu olhar era neutro, e isso o fez se preocupar.

_ Deu negativo. – ela avisou, e ele suspirou. De certa forma, estava aliviado com aquilo – É errado eu estar aliviada?

_ Não, porque eu também estou. Muito. – ele garantiu, enquanto ela sentava ao seu lado. Os dois suspiraram juntos, logo começando a rir. Ele a abraçou, beijando sua cabeça – O que fazemos com os outros 43?

_ Bom, melhor guardarmos. Acho que teremos muitos sustos nessa vida. – Giane brincou, mas logo assumiu uma expressão séria – Acho que nunca conversamos sobre isso.

_ Sobre filhos? – ela assentiu – Realmente... Sempre que tentamos, terminamos a discussão embaixo dos lençóis.

_ Então vamos conversar. – ela virou-se de frente para ele. Fabinho se ajeitou, a observando – Você pensa em termos filhos?

_ Sim. Pelo menos cinco. – ele sorriu, vendo-a arregalar os olhos.

_ Vou parir no máximo dois. Mais que isso, cê arranje com as tuas negas.

_ Opa, tá liberado ter negas? – Giane o beliscou – Ai, brincadeira pivete.

_ Não vi graça. – ela fez bico, enquanto o publicitário ria – E bom... Quando você quer ter filhos? Digo, nós vamos casar em poucas semanas, e eu não sei se eu me sinto pronta para ter um filho. Ou começar a tentar ter um.

_ Isso é verdade. – ele concordou – Eu pretendo aproveitar muito nossa vida de recém-casados, antes de ter a casa cheia de pivetes maloqueiros gritando pelo Corinthians.

_ Pelo menos já sabe o mais importante. – Giane riu, enquanto ele revirava os olhos. Depois, os dois caíram no silêncio, cada um seus próprios pensamentos.

_ Eu tenho uma proposta. – ele começou. A corintiana fez que ele continuasse – Quando nós fizermos um ano de casados, se nos sentirmos preparados, você simplesmente larga o anticoncepcional.

_ E que seja o que Deus quiser? – ela gargalhou, vendo o noivo assentir.

_ Vai dizer que não é uma boa?

_ A melhor possível. – Giane concordou, lhe dando um selinho – Sabe que, se eu não estivesse com intoxicação alimentar e vomitando sem parar, eu ia querer começar a praticar. De maneira segura, é claro.

_ Eu vou te levar pro hospital é já, só pra resolverem isso logo. – ele brincou, pulando para cima dela, os dois gargalhando alto.

Pelo menos até ela passar mal de novo.


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