Minutos depois Emmett estava estacionando na porta da casa dos Houston. Shay não parava de agradecer e se desculpar por estar incomodado.

–Já disse que não foi incômodo nenhum Shay. Pare de agradecer. – Emmett tentou parecer sério, mas acabou rindo. A risada de Shay, um tanto envergonhada, soou pelo carro e Emmett parou lhe encarando, gostando daquele som e de como seus lábios pareciam se alargar mais.

Isso lhe fazia lembrar-se de Rose.

Não havia som mais precioso que o da risada de sua Rosalie. Emmett sempre conseguia um jeito de fazê-la sorrir, apreciando o agradável tilintar de sinos que parecia aos seus ouvidos. Os lábios vermelhos se alargando num sorriso encantador que chegava a ser algo maravilhoso demais para acreditar ser real. Os lábios que cada vez que sorriam pareciam pedir por um beijo dos seus.

E agora ele parecia estar a vendo ali. Outra vez com ele. Só que numa versão morena e mais envergonhada.

–Emmett? – Shay o chamou. Ele piscou algumas vezes, visivelmente sem graça. Abaixou a cabeça encarando as mãos no volante. – Está tudo bem? – Shay preocupou-se.

–Está sim. É que... – ele suspirou, sem saber ao certo o que dizer.

–Ei, acho que somos amigos, não é? – Shay colocou a mão no ombro dele. Emmett assentiu, ainda encarando o volante. – Então, acho que pode me contar o que foi. – pediu.

Emmett suspirou como quem se preparava para dar uma notícia ou algo assim.

–É que seu sorriso... – hesitou, não sabendo se continuava ou não. Mas decidiu falar de uma vez. – Seu sorriso é tão parecido com o dela. Com o da Rose. –finalmente falou.

Shay, um tanto sem jeito, tirou a mão do ombro dele largando sobre o colo. Mexeu os dedos nervosamente, não sabendo o que dizer.

–Ah Emmett... – lamentou. – Me desculpe.

–Se desculpar? Não tem que se desculpar por isso. – Ele riu desanimado.

–Sente muita dela, não é?

–Você nem faz ideia. – Emmett desviou o olhar, encarando o lado de fora da rua pela janela.

Shay suspirou. O que se diz numa hora dessas? Ela não sabia. Então fez o que achava ser melhor.

–Emmett? – chamou. Ele se virou de volta para ela e foi pego de surpresa num abraço inesperado. Shay envolveu Emmett numa braço desajeitado devido ao pequeno espaço em que estavam, mas mesmo foi um abraço reconfortante. Queria mostrar que mesmo o conhecendo há tão pouco tempo já sentia um enorme carinho por ele. Não só por Emmett, mas também pela pequena Emmelie, que era um anjinho na terra.

Emmett não estava preparado, mas recebeu aquele gesto sincero de forma carinhosa e agradável. Shay realmente era uma ótima pessoa. Estava se mostrando uma amiga, até agora, maravilhosa.

Eles não perceberam, mas ficaram um tempo mais que o necessário ali, só se abraçando. Até que Shay fungou, fazendo Emmett se afastar para encará-la.

–Desculpe. – ela pediu, rindo sem graça.

– Porque está chorando, Shay? – Emmett perguntou, notando que os olhos castanhos dela brilhavam com a presença de algumas lágrimas. Ela as secou delicadamente, ainda rindo envergonhada.

– Não é nada. É só que deve ser tão difícil perder alguém que se ama tanto. E meu pai está doente. Eu não sei o que vou fazer se perdê-lo, entende? - Ela confessou.

–Entendo perfeitamente. Mas você tem que ser forte. Ele vai ficar bem. Você tem que acreditar nisso. – Emmett falou, tentando animá-la.

–É nessas horas que é mais difícil ter fé, Emmett. Parece que vai tudo desabar de uma vez. – Ela falou encarando as mãos.

Emmett, mais do que ninguém, compreendia o que ela estava sentindo. Quando tudo parece estar dando errado, é praticamente impossível ter fé e acreditar que vá melhorar. Mas como Esme havia dito a ele alguns anos atrás, não cabe a nós questionar, e sim apenas aceitar o que está por vir.

–Eu sei bem isso, Shay. Mas minha mãe me disse, na época em que tudo desabou pra mim, que nós temos que ter fé em Deus e não questionar o que Ele faz. Que de um jeito ou de outro, vai ficar tudo bem. Pode não parecer o melhor pra nós, mas no fim das contas tudo tem um propósito, só temos que entendê-lo. – Emmett falou. Segurou a mão de Shay a apertando em sinal de confiança.

Shay sorriu diante do gesto dele.

–Obrigado, Emmett. – ela agradeceu.

–Como você mesmo disse somos amigos, certo? Então não há de que. – Ele piscou pra ela, deixando-a sem garça. Os dois sorriram de leve, gostando do sentimento de amizade que crescia ali.

–Tudo bem, é melhor eu entrar. – Shay se despediu, ficando meio sem jeito em dar um beijo na bochecha de Emmett. Depois de segundos engraçados dos dois virando a cabeça para o mesmo lado e rindo, finalmente Shay conseguiu se despedir de Emmett.

–Até mais Shay! – Ele acenou para ela.

–Até Emmett. Não se esquece de mandar meu beijo pra Emmelie, hein?! – Ela o lembrou, rindo.

– Pode deixar. – ele sorriu, ligando o motor do carro e saindo dali.

Shay e Emmett nem imaginavam, mas cada um pensou no quanto àquela amizade e compreensão faziam bem a eles. Shay encontrou alguém que entendia o que ela estava passando, e Emmett, alguém que tinha o sorriso tão parecido com o de sua amada.

Aqueles dois se dariam muito bem cada vez mais. E isso alegrava o coração de ambos.

[...]

Na casa de Esme, o sorriso de Alice não saia do rosto. Estava feliz por estar ali com seu amor de tantos anos, Jazz, e com sua família. Mas o outro motivo era que estava pensando em meio milhão de coisas que poderia estar acontecendo entre Emmett e Shay, já que ele estava demorando um pouquinho para chegar.

–Alice, Alice, o que está se passando nessa sua cabecinha de cabelos espetados? - Edward perguntou, se sentando ao seu lado no sofá. Ele havia acabo de chegar de volta, havia ido levar Isabella em casa.

Alice riu travessa, colocando os pés no colo do irmão, esparramando mais o corpo sobre Jazz, em quem estava recostada.

–Ed você não acha estranho o Emm estar demorando tanto? A Shay nem mora tão longe assim.

–Ah meu Deus, filha, você estava armando tudo isso? – Esme perguntou.

–Claro que não, mãe. Mas é claro que torço que role algo entre o Emm e a Shay. Qual é?! Ela é linda! E meu irmão já passou da hora de se apaixonar de novo.

–Alice, deixe seu irmão resolver a vida dele, por favor. Não se mete nisso, filha. – Esme pediu. Ela recostou a cabeça no ombro de Eleazar suspirando, pensando em tudo que o filho mais velho já havia passado.

–Eu não vou me meter. Poxa gente, até parece que se eu me metesse estragaria alguma coisa.

–Você? Não duvido nada. – Edward riu.

–Papai, você está vendo isso? Estão todos contra mim nessa casa. Eu sou sua garotinha, me defenda! – Alice pediu, virando a cabeça na direção de Eleazar no outro sofá.

–Eu não vou nem me pronunciar nessa discussão. Você já cresceu minha filha. A minha garotinha agora é aquela ali. – Eleazar apontou para Emmelie que dormia tranquilamente no colo de Carlisle recostado na poltrona bege.

–Nossa, perdi pra Emmelie. Tudo bem, ela é minha garotinha também. Mas, mesmo assim, eu super apoio se rolar algo entre meu irmão e minha amiga. – Alice sorriu triunfante.

–Você é uma peste! – Edward atirou uma almofada na cabeça dela, fazendo todos rirem. Alice se levantou, pegou a almofada e foi para bater no irmão.

–Edward seu... – Alice não pôde terminar de xingá-lo.

–Alice! – Esme a censurou.

–Mas você viu isso? Que folgado! – Ela jogou a almofada no chão, se jogando novamente no sofá. Jasper agarrou a baixinha, passando os braços em volta dela. Encheu de beijos o rosto da namorada a fazendo rir.

–Argh! Esses dois me dão ânsia. – Edward reclamou, revirando os olhos.

–Ed você devia aprender com meu Jazz a ser mais carinhoso. Carlisle, você ensinou seu filho a ser um cara perfeito, sabia? – Alice falou, apertando as bochechas do namorado. Depois sorriu agradecida para o sogro.

–Obrigado Alice. – Carlisle sorriu assentindo, embalando a netinha que se remexia no seu colo.

–Edward... – Alice o chamou. Edward olhou para irmã caçula que no mesmo instante começou a beijar Jasper. Edward revirou os olhos, fazendo gesto de que iria vomitar. Todos riram na sala, e Alice terminou o beijo intenso com vários selinhos.

Edward e Alice adoravam se provocar. Até Emmett adorava provocar a baixinha. Mas isso era o dava graça na relação de irmãos deles. Era tudo tão divertido que nunca rolava mágoa, fazia parte da rotina deles. E Esme e Eleazar tinham orgulho da criação que de deram aos filhos.