Depois de deixar a casa de Shay, Emmett seguiu de volta pra casa dos pais, no intuito de se despedir a última vez de Alice e levar sua bonequinha adormecida pra casa.

Os pensamentos de Emmett, no momento, estavam uma bagunça. Como diz a citação do indescritivelmente mágico livro A Culpa é das Estrelas: “Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações”.

Emmett não conseguia arrumar suas estrelas. Organizar seus pensamentos agora parecia ser uma tarefa impossível. Tudo passava por sua cabeça, tão rápido e devagar, contraditoriamente ao mesmo tempo. Era difícil raciocinar.

Pensava em Rosalie, seu amor pra toda vida. Pra toda eternidade.

Pensava em Shay, sua nova amiga.

Não fazia sentido algum em sua cabeça compará-las. Mas isso estava acontecendo. Tinham algo em comum, e isso já bastava para deixá-lo confuso e ao mesmo tempo feliz.

O Cullen no momento era uma contradição ambulante. Precisava relaxar. Deitar ao lado da única pessoinha que conseguia fazê-lo esquecer dos problemas e relaxar. A única pessoinha que fazia sua vida ter sentido só com um sorriso de covinhas tão conhecido por ele. A única que conseguia fazer ter certeza de tudo.

Emmett estacionou em frente à casa dos pais, querendo entrar e sair dali o mais rápido possível. Sabia que Alice o encheria de perguntas pela demora, conhecia a irmã que tinha.

–Voltei pessoal. – Ele anunciou entrando na sala de estar, onde a família ainda conversava.

–E aí Emm, porque demorou? – Alice, que antes estava esparramada sobre Jasper, foi logo se sentando e perguntando. A curiosidade transparecendo pelos olhos castanhos escuros, que brilhavam como sempre.

– Segunda essa pestinha aí você deveria estar de agarração com a amiga dela no carro. – Esse foi Edward colocando lenha na fogueira. Alice o fuzilou com o olhar.

Emmett arregalou os olhos, não acreditando no que ele falou.

–Alice, pelo amor de Deus! Eu conheço a Shay há tão pouco tempo. Tá pensando que eu sou o que? – Emmett falou indignado.

–Um garanhão. – Edward falou, deitando no sofá de tanto rir.

Todos na sala riram também, mas Emmett não achou muita graça.

–Não é nada disso, cala boca Edward! – Alice reclamou. – Eu só disse que queria que rolasse algo entre você e a Shay. Qual é Emm, ela é linda, você é gato. Seriam perfeitos. – ela revirou os olhos, encostando a cabeça no braço do namorado.

–Eu não acreditando que você tá fazendo isso Alice. – Emmett passou a mão pelos cabelos, nervoso.

–Fazendo que?

–Se comportando feito uma adolescente boba. Pare de se meter na minha vida, eu sei bem o que eu faço. Em momento algum eu disse que estava procurando uma namorada. – Emmett falou visivelmente frustrado por Alice querer resolver questões de sua vida que nem ele mesmo sabia que tinham de ser resolvidas.

–Mas Emmett, eu só estou querendo ajudar. – Ela falou brava.

–Eu não pedi sua ajuda, Alice. – ele foi um tanto grosso, mas estava nervoso com toda aquela situação.

Emmett e Alice pareciam ter criado uma bolha própria, estavam brigando na frente da família, mas não parecia estarem notando a presença deles. Até Esme estourar a tal bolha.

–Já chega os dois. Não vão brigar justamente agora, depois de um jantar em família maravilhoso.

–Então mande a Alice parar de se intrometer na minha vida. – Emmett falou sério, bravo, porém seu respeito pela mãe era maior que a vontade gritar isso na cara da irmã.

–Acontece Emmett, que há alguns anos atrás você nem tinha vontade de viver quando a Rose morreu. Agora está aí, só vivendo em função da Emmelie. Acontece que ela vai crescer, vai embora e você vai ficar sozinho! – Alice esbravejou, fazendo todos da sala se virar para ela.

–Já chega Alice! Peças desculpas ao seu irmão. – Esme falou nervosa ficando de pé. A baixinha tinha ido longe demais.

A cara de Emmett era de cortar o coração. Não estava mais bravo com a irmã, estava consigo mesmo. As verdades das palavras de Alice lhe atingiram como um soco. Como se seu barco batesse num iceberg e afundasse.

–Tudo bem, mãe. Eu já estou indo. – Emmett falou se aproximando de Carlisle e tirando Emmelie de seu colo. A pequena fez manha querendo acordar, mas se aconchegou no colo do pai e logo voltou a dormir tranquilamente de novo.

–Alice você passou dos limites dessa vez. – Eleazar a repreendeu.

–Eu não... Emm... – Alice não sabia o que dizer. – Emm desculpe, eu não devia ter dito isso. – ela passou a mão pelo rosto, preocupada com a besteira que havia falado.

Ela se levantou indo até a porta onde pra onde o irmão caminhava com a filha.

–É a verdade não é Alice? Então, fez bem em me dizer. – ele deu de ombros. Estava magoado.

–Não, não é. Por favor, eu vou viajar. Não vai embora bravo comigo, não vou conseguir aproveitar nada me sentindo culpada. Desculpa, vai Emm. – pediu ressentida pelo que disse.

Às vezes a baixinha se deixava levar pelo momento e agia por impulso. Emmett era tão igual às vezes. Sabia que tinha que perdoá-la. Mas era difícil encarar o choque da realidade.

Ele suspirou pesadamente. Mas atrás, afastado dos dois, Eleazar e Esme estavam lado a lado de pé observando. Carlisle, Jasper e Edward também prestavam atenção na conversa, porém sem olhar para os dois irmãos.

–Está tudo bem, Alice. Aproveite sua viagem. – Emmett falou simplesmente.

–Não, eu não vou se você vai ficar assim comigo. Emmett, por favor. Me perdoa, poxa. Eu sei que você dedicou os últimos anos cuidando da Emmy e dou graças a Deus por isso. Você se tornou um pai incrível e um irmão melhor ainda. Eu que sou uma idiota intrometida, me desculpa vai. – Alice praticamente suplicou.

–Okay, eu também fui grosso com você. Me desculpa então. – Emmett sorriu de leve pra ela, lhe mostrando as covinhas.

–Tá tudo bem então? – a baixinha sorria também, os olhinhos brilhando de novo.

Emmett sorriu assentindo e ela deu um pulinho de felicidade. Abraçou o irmão, apertando Emmelie entre eles.

–Alice, a Emmelie! – Esme avisou, fazendo a filha se afastar um pouco rindo.

–Desculpe. – Ele acariciou a cabeça da sobrinha, que estava acordando manhosa, querendo chorar. – Awn, não chora Emmy, dorme de novo sobrinha linda. – Ela beijou a bochecha gordinha da pequena.

–É melhor eu ir pra colocá-la na cama.

–Tchau filho. – Esme veio até ele o abraçando. – Boa noite netinha linda. – beijou a cabeça da neta.

Eleazar deu um tapinha nas costas do filho e beijou a neta na cabeça também. Os outros se despediram dele com acenos e sorrisos. Alice foi com o irmão até o carro, abrindo a porta para que ele ajeitasse Emmelie na cadeirinha. Ela se despediu da sobrinha mais uma vez e do irmão, derramando outro pedido de desculpas que foram descartadas por Emmett.

Voltou para casa, vendo o carro do irmão seguir pelas ruas iluminadas do bairro.

Emmett tentou não pensar muito no que aconteceu, não queria se estressar mais. Nem estava mais magoado pelas palavras de Alice, mas as sentiu como um choque o fazendo acordar para pensar na vida. Mas seus pensamentos não eram certamente seguir o que Alice havia dito.

Na cabeça de Emmett, ele não havia desperdiçado nenhum momento sequer da vida cuidando da filha. Nem na de ninguém. Todos sabiam que Emmett amava Emmelie mais que tudo, assim como todos eles. Só que ele pensava que no momento era só isso que ele podia fazer para viver. Se dedicar a seu tesouro.

Rosalie, sempre ao lado dele e da filha, mais do que ninguém, queria que ele seguisse em frente. Sabia que ela teria sempre um lugar guardado em seu coração. Queria que ele fosse feliz, que achasse um novo amor. Por que o que ela mais precisava era vê-lo sorrindo sinceramente de novo como só fazia antigamente ao lado dela e, agora, ao de Emmelie.

Nosso anjo queria que o seu eterno amor seguisse em frente, fosse completamente feliz outra vez. Se essa felicidade dependesse de ter outro amor ao seu lado então que tivesse, se não, tudo bem. Que ele apenas encontrasse uma maneira de ser completo de novo.

Mas para isso Emmett precisava seguir em frente, ter a certeza sem eu coração de que não estaria traindo Rose, que era isso que ela almejava. Sua completa, indiscutível e desejosa felicidade.