Banquete maravilhoso eu tive semana passada. Nunca tive um jantar tão bom como aquele. Mas tenho que tomar cuidado, já é minha quinta vitima e as pessoas estão desconfiando de algo. O hospital está perdendo muitos pacientes. Isso não era normal, principalmente naquele hospital. As enfermeiras fofocavam o tempo todo e pude ouvir uma das conversas. Falavam que eu andava muito suspeito com relação aos meus pacientes, pois os pacientes que morriam eram meus. Claro, eu tenho que jantar também. Todos estão questionando as mortes desses pacientes. É melhor eu pensar em uma solução aceitável.

– Eu recebi uma proposta irrecusável para Baltimore, nos Estados Unidos. Preciso ir a outro lugar, estou muito... – não conseguia achar o sentimento, minha equipe me olhando na sala enquanto tentava fazer um discurso convincente – ....vazio.

E tinha mesmo uma proposta irrecusável. Para não suspeitarem de mim em Baltimore, não teria mais de ser o medico e sim um psiquiatra. Assim eu conheceria mais os meus pacientes e, talvez, seriam minhas vitimas. E melhor ainda, trabalharia para o FBI ajudando em casos difíceis de resolver.

Primeira coisa que fiz quando cheguei a Baltimore foi ver minha nova cozinha. Ampla. E o porão era melhor, maior e com mais luz. Iria agora conhecer meu novo emprego.

Jack Crawford era o chefe da unidade, um homem grande de altura e musculatura. Aquele homem eu não posso pensar em aborrecer, seria uma má ideia. O outro com quem trabalharia era Will Graham, um investigador especial. Um rapaz magro, de óculos, lembrando muito um nerd. Perguntaram-me o motivo de eu ter saído do hospital mais famoso de Paris. Respondi simplesmente que precisava sair um pouco da França, respirar novos ares.

Bom, já que nós três iriamos trabalhar juntos por muito tempo, acho melhor impressionar. E a melhor maneira que eu consigo fazer isso é num jantar. De uns tempos para cá eu aprimorei meu conhecimento culinário e aperfeiçoei meu treinamento. E é claro que a carne vai ser de um tipo diferente que vendem no açougue.

A campainha toca

– Boa noite Dr. Lector. – Falou Jack todo confiante.

– Boa noite. Por favor, me chame de Hannibal.

A conversa antes do jantar foi agradável. Mas uma coisa me intrigou. Will tem uma personalidade peculiar. Até se parece.....comigo? Meu pensamento foi interrompido pelo bip do fogão dizendo que o jantar estava pronto.

Sentei na ponta da mesa, Will do meu lado, na frente de Jack.

Jack pegou o maior pedaço, o molho vermelho escorrendo pela colher. Will pegou o menor pedaço. Servi-me de vinho, esperando os dois derem uma garfada na carne.

– Que carne espetacular!! – Jack falou, ainda de boca cheia – Que carne é essa?

Justamente essa pergunta que iria surpreendê-los, mas por ter adorado tanto essa carne, não ia estragar o prazer desse jantar falando que a carne pertencia ao meu ex “barra” novo vizinho.

– É de boi. Eu experimentei uma nova técnica para a carne ficar mais macia e suculenta. – E era verdade, tirando a primeira frase.

Eles estavam saboreando a carne que preparei, adorando cada garfada, o molho vermelho da própria carne dançando nos pratos, nos lábios de Will, deixando-os mais delicados. Ele agora estava repetindo o prato. Meu banquete estava feito. Minha fantasia estava feita.

“Foi uma ótima noite, Hannibal, e principalmente aquela carne”, estava mergulhado nos meus pensamentos, na fala de Jack. Ao longo do jantar, percebi que Will tinha uma índole psicótica. Ele é o responsável de entender os Serial Keller de Baltimore. Para mim, ele entende até de mais os assassinos, chegando ao ponto de se identificar com eles. O dom de Will não pode ser desperdiçado. Como psiquiatra, tenho que ajuda-lo. Ajudar a por em pratica seu dom, seu destino.