– Hannibal, se lembra do Garrett Jacob Hobbs? – Will falou com voz e mãos tremulas.

– Sim, o homem que você matou para salvar a vida de Abigail. – Vamos esclarecer esse “matou”, Will simplesmente deu 4 tiros no peito e depois mais 2 quando Hobbs caiu morto no chão.

– Então, eu tenho pensado dele.

– Er... Não sei onde quer chegar? – Estou com medo da resposta.

– Não, não desse jeito. Eu estou pensando nele, pois matei-o.

– É normal pensar nisso – desse jeito é – foi a primeira pessoa que matou. Além do mais, você salvou Abigail de ser morta pelo próprio pai. – falo com mais tranquilidade.

– Eu sei, mas tirei uma vida, teria que ficar triste com isso. Entretanto a única coisa que consigo pensar é: eu me sinto bem de ter o matado. Sinto-me até confortável.

Minhas suspeitas sobre a personalidade de Will foram confirmadas. No mês passado decidi que iria ajudar Will a colocar em pratica o instinto dele. Agora está mais fácil seguir por esse caminha, já que ele percebeu que tem algo de errado nele. É só eu fazer com que ele goste de se sentir bem matando.

No dia seguinte o trabalho começou cedo, mas foi no fim do dia que a coisa mais interessante aconteceu. Vi a oportunidade perfeita para que Will torna-se um assassino em serie. Desde nossa consulta percebi que Will está instável com seus sentimentos e, ás vezes, acordando no meio da noite não se lembrando do que fez. Outra oportunidade perfeita.

Havia um assassino a solta em Baltimore que se chama Estripador de Chesapeake, mas agora ele não será um problema. Durante anos o FBI tentava prende-lo e até conseguiu com a ajuda de Will Graham, mas ele fugiu. O jeito que o Estripador matava me impressionou muito, então resolvi colocar um culpado para minhas vitima e eu poder caçar tranquilo. E o Estripador seria perfeito, pois ele não está mais aqui e então não vai reclamar de mais acusações. Decidi matar um homem, que escreveu sobre o Estripador de Chesapeake numa revista, mostrando a assinatura do Estripador. E, somente no final, eu entraria na cabeça de Will e fizesse-o acreditar que foi ele que matou.

– Isso é nojento- Falou Jack. Ele não soube apreciar a arte da cena que estamos vendo. – Foi o Estripador de Chesapeake que matou esse homem?

– Creio que sim – Falou Will. Ele sim estava admirando a arte que proporcionei.

– A vitima é Dr. Paul Carruthers, publicou um artigo sobre o Estripador. – Falei, fingindo ler anotações num caderno. – E esse tipo de assinatura se chama Gravata Colombiana.

Gravata Colombiana é a assinatura do Estripador mais interessante que já vi. Diz a lenda que o Estripador de Chesapeake removeu a língua de um homem e usou como marcador da bíblia. Era fascinante. Mas a cena do Dr. Carruthers era diferente. Eu fiz parecer mais assustador. A língua do homem não saída pela boca e sim pela garganta, dando a ideia de uma gravata mesmo. A língua ia até a metade do peito. O mais impressionante foi que eu consegui não deixar vestígios de sangue no corpo.

– O Estripador deu algo melhor para fazer com a língua do que mostra-la. – Falou Will com seu intelecto de Serial Killer. – Qual foi a causa da morte?

– Hum... Aqui: Drenagem de sangue até o coração parar. Interessante, não foi o corte na garganta e o deslocamento da língua que matou o Dr. – Agora Jack entendeu a cena.

– Qual foi a hora da morte? – Will falou com um tom de preocupado.

– De acordo com a temperatura do fígado – o Legista entrou do nada na sala – é duas horas atrás, ou seja, ao meio dia.

Will, num súbito movimento, olhou no seu relógio de pulso. Ao concluir que eram duas horas da tarde nesse exato momento, ficou tenso e começou a suar. Suas mãos tremiam e suas pernas cambaleavam quando via em minha direção.

– Hannibal, preciso conversar com você.

O que pode ter deixado o Will tão tenso desse jeito? Entramos no carro, Will ainda suando e tremendo. E eu ainda não sabendo o que esperar da conversa. Ele começou a falar:

– Eu tive mais um apagão as duas horas atrás e eu não me lembro o que fiz nesse tempo, mas quando acordei eu estava coberto de sangue e uma faca no meu lado.

Será mesmo que meu propósito de transformar o Will tinha dado certo? Dei um sorriso de canto de boca, tinha dado certo.