Hoje já é sexta-feira e infelizmente vou ter que sair com o Bernardo. Sério estou muito revoltada com isso. Maldita aposta. Agora estou sentada no banco da escola pensando na minha vida inútil.

–Tá nervosa? – Mingau perguntou me tirando dos meus pensamentos.

–Por que eu estaria? – perguntei.

–Porque hoje você vai ter um encontro. – ela respondeu sentando do meu lado.

–Grande coisa. – eu respondi.

–Ô mau humor.

–Sempre. – respondi.

O sinal tocou e entramos pra sala de tortura, quero dizer sala de aula, entrei e logo vi o Bernardo ele sorriu e veio até mim.

–Ansiosa pra hoje? – ele perguntou.

–Tão ansiosa quanto um caramujo velho. – respondi revirando os olhos.

–Sua animação é inspiradora. – ele retrucou.

–Que bom! – respondi.

–Que bom mesmo, eu passo na sua casa pra te pegar às sete. – ele disse.

–E se eu não quiser ir? – perguntei.

–Você vai. – ele disse decidido.

–Tudo bem, então para onde você vai me levar? – perguntei.

Ele me olhou e foi chegando mais perto, até chegar ao meu ouvido.

–Segredo. –ele disse no meu ouvido e eu me arrepiei e é claro que ele percebeu. – Se arrepiou?

–Não é dá sua conta. – respondi e sentei na minha cadeira.

Sentei bem na hora que a professora de matemática chegou, ela começou a explicar a matéria, eu estava em Nárnia. Mingau me cutucou.

–Que foi? – olhei pra ela.

–Eu vi aquela zoeira. – ela disse.

–Que zoeira?

–Você e o Bernardo se amando. – ela começou a rir, rir um pouco alto demais, a professora olhou pra gente, gente vírgula ela olhou pra Mingau.

–Senhorita, se não quiser assistir a minha aula sinta-se a vontade para sair. – ela ralhou.

–Desculpa. – Mingau gemeu baixinho.

O resto da aula demorou um milênio pra acabar e eu quase morri de tédio, quando acabou mudamos de sala, enfim chegou o terceiro horário e fomos para o intervalo. Mingau foi na lanchonete comprar o nosso lanche e eu fiquei no banco esperando ela.

–Soube do seu encontro. – Nicholas disse chegando do nada.

–Ai vai assustar sua vó. – eu disse.

–Não ela já morreu. – ele riu.

Nesses dias Nicholas e eu ficamos amigos.

–Coitada deve ter morrido quando te viu. – eu ri.

–Engraçadinha, mas enfim vai sair com Bernardo é? – ele me olhou com cara de “Tô sabendo das suas putarias”.

–Qual é a escola toda tá sabendo disso? – gritei.

–Não, mas se você continuar gritando ai todo mundo vai saber.

–Idiota. – eu disse.

–Não sou você. – ele rebateu. – Pra onde você e o Bernardo vão?

–Não faço a mínima ideia, só espero que ele não me leve pra eu baile funk.

Nicholas começou a rir.

–Estão rindo do que? – Mingau disse chegando do nada.

–Ah, vai assustar outro. – Nicholas e eu dissemos juntos.

–Nem vem eu sou linda. – ela disse rindo me estendendo o suco de caju e o pastel.

–Me dá um pedaço? –Nicholas me pediu.

–Tenho cara de fome zero? – perguntei.

–Quer arrancar meu braço não? – ele perguntou.

–Não como carne de quinta, se quer um pedaço pede pra Mingau, aposto que ela adoraria dividir com você. – disse e eles me fuzilaram.

–Yummi! – os dois gritaram.

–Que é? Falei apenas a verdade. – eu dei os ombros.

Silencio constrangedor.

–Achei vocês. – Bernardo chegou.

–Infelizmente. –murmurei e todos olharam pra mim.

Silencio constrangedor novamente.

–Pra onde você vai levar a Yummi hoje? – Mingau perguntou.

–Pra um lugar especial. – Bernardo disse sorrindo.

–Hmmmmmmm. – Nicholas e Mingau fizeram.

–Idiotas. – Bernardo e eu falamos juntos.

O sinal do final do intervalo tocou e então voltamos pra sala. O resto das aulas foi tão chato que eu quase morri. Enfim acabou e eu peguei os meus materiais e fui saindo da sala quando alguém puxa o meu braço.

–Vou passas na sua casa às sete. –Bernardo disse.

–Você já me disse isso anta. – respondi.

–E lembre-se que hoje à noite você não pode ser grossa. – ele sorriu e beijou a minha bochecha.

–Eu vi isso. – Mingau disse.

–Sinal de que você tem olho. – eu respondi.

–Bruta tá vermelhinha. – ela zombou.

–Que vermelhinha? É o seu olho.

–Aham meu olho. – ela disse maliciosa.

–Calada.

Fomos embora e pra variar eu almocei na casa da Mingau, fiquei lá até umas quatro horas e depois fui pra casa, cheguei em casa e fui dormir.

Eu estava sonhando com pôneis azuis e sorvete de chocolate quando alguém pula em mim, abro os olhos vejo a Nick sorrindo.

–Acorda!

–Já acordei. – eu disse.

–Soube que você tem um encontro hoje. – ela disse maliciosa.

–Cara até você? Quem te contou? – perguntei.

–Eu. –Mingau disse entrando no meu quarto.

–Fofoqueira. – ralhei.

–Nem sou. – ela disse dando os ombros.

–O fato é que você precisa se arrumar. – Nick disse. – Ainda mais porque você vai sair com o meu cunhado.

–Cunhado? – Mingau perguntou. – que parte da novela eu perdi?

Nick explicou tudo pra ela e eu dormi de novo, mas fui acordada.

–Acorda e vai tomar banho. – Nick mandou.

–E se eu não quiser? – eu perguntei.

–Eu queimo sua coleção do Percy Jackson. – Nick disse e eu arregalei os olhos.

–Você não fala sério.

–Não pague pra ver. – ela disse indo até a minha estante de livros.

–Tá bom, eu vou. – eu disse indo para o banheiro.

Tomei banho e quando saí vi que as duas tinham revirado o meu guarda roupa inteiro.

–Mas que merda é essa? – perguntei.

–Estamos escolhendo sua roupa. – Mingau disse.

–Veste. – Nick me estendeu as roupas.

Olhei as roupas, uma calça preta e uma blusa do capitão América. Voltei para o banheiro e me vesti.

–Calça esses. – Mingau me deu um par de All Star preto.

–Agora senta aqui. – Nick apontou pra minha cama e eu me sentei e ela começou a pentear o meu cabelo, ela secou eles com o secador e colocou uma tiara azul. – Tá linda! –Nick disse.

–Tá mesmo, só falta à maquiagem. – Mingau disse.

–Maquiagem não. – eu disse.

–O quê que tem? Maquiagem realça a beleza. –Mingau disse.

–Não quero.

–Ok.

A campainha tocou e as duas começaram a pirar.

–Seu par chegou. – Nick disse cantando.

–Ele não é meu par. – eu retruquei. – Vou descer.

Desci e abri a porta e lá estava o Bernardo, vestido com uma blusa xadrez vermelha e calça jeans azul e Vans.

Digamos que ele esteja meio bonitinho. Só digamos.

–Oi. – eu disse e ele não respondeu. – Que foi o gato comeu sua língua? – perguntei.

–N- não é isso é que você está muito bonita. – ele disse.

–O-obrigada. – senti minhas bochechas corarem.

Silencio constrangedor.

–Então vamos? – ele perguntou.

–Vamos. – quando ia fechar a porta Nick apareceu.

–Cuida da minha irmã. – ela disse.

–Pode deixar. – ele deu um risinho que mostrou suas covinhas. Meu coração acelerou.

Saímos da minha casa e fomos andando em silencio, isso estava me matando.

–Então... – eu disse.

–Então... – ele disse.

–Você devia aproveitar que hoje eu não posso te tratar mal. – eu disse.

–Eu vou aproveitar pode ter certeza. – ele riu.

–Então, pra onde vai me levar? –perguntei.

–Cinema. –ele disse.

Fomos andando até o shopping. Ele comprou ingressos pra um filme de terror, entramos na sessão. O filme começou e ele dava um pouco de medinho, então teve uma hora que me assustou e eu apertei o braço do Bernardo e enfiei minha cabeça no seu pescoço.

–Tá com medinho Yummi? – ele perguntou.

–N- não. – eu soltei o braço dele.

Eu nem sei o que aconteceu no resto do filme porque fiquei viajando no perfume bom do Bernardo. Cara o que está acontecendo comigo?

O filme acabou e fomos lanchar.

–Sabe quando você não fica me dando patada você é até legal. – ele disse.

–Obrigada, eu acho. – eu disse.

Por que eu estou nervosa? Por quê?